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Repartição de Rendimentos (2)

Os rendimentos entregues ao fator capital (=investidores) são lucros, rendas e juros.

Lucros = é a parte de rendimento obtida pelas empresas (empresários) graças ao


investimento realizado, e resulta da diferença entre os custos de produção e a receita
das vendas.

Podemos distinguir lucros brutos (= o valor total obtido pelas receitas da empresa) e os
lucros líquidos ( = o valor obtido pela empresa depois de serem deduzidas as
amortizações, isto é, os encargos com a reposição do desgaste dos bens de produção)

Rendas = é a parte de remuneração entregue aos proprietários de prédios (bens


imóveis = casas ou terrenos)

Juros = é a parte de remuneração entregue aos financiadores ( bancos) pela cedência


temporária de moeda aos outros agentes económicos.

O juro é assim o preço do dinheiro que é disponibilizado a quem o solicitar.

Os juros variam conforme a quantia emprestada,

o tempo (prazo) do empréstimo

e a taxa de juro fixada

Existem juros de operações passivas (=depósitos bancários) e juros de operações ativas


( empréstimos bancários aos seus clientes)

A taxa de juro pode ser nominal ou real

Tal como acontece com os salários, para calcular a taxa de juro real temos de
considerar o IPC registado nesse ano.
Assim a taxa de juro real num determinado ano é a taxa de juro nominal corrigida do
IPC registado nesse ano

A Repartição Pessoal do Rendimento é a forma como este é repartido pelos


agregados familiares independentemente da função que desempenham no processo
produtivo (somatório dos rendimentos de factores). Assim, a repartição pessoal do
rendimento permite-nos verificar as desigualdades existentes nos agregados familiares
e, consequentemente, o rendimento que estes têm para viverem, mostrando-nos os
seus níveis de vida.

O rendimento pessoal engloba o total das receitas, ou dinheiro, recebido por um


indivíduo, ou família, durante um dado período de tempo (normalmente um ano).

As famílias têm diferentes estruturas de rendimentos: há famílias que só recebem rendimento


por via dos salário, e outras famílias cujos rendimentos são provenientes de outras fontes tais
como os lucros, as rendas e os juros. Por isso, é que há disparidades e desigualdades entre as
famílias.

Existem famílias a receberem apenas salários, e outras a receberem


Salários, Juros, Lucros e Rendas provocando assim desigualdades de
rendimentos

Daí que seja necessário analisar as assimetrias / desigualdades dos rendimentos das famílias,
com a finalidade de estudar os seus efeitos na economia

Imaginemos que um país só tem 4 famílias

salários lucros rendas juros Total da


Repartição
Pessoal

Família A 500 euros 500 euros

(tem 5
pessoas)

Família B 1000 750 500 2.250

(tem 2
pessoas)

Familía C 3000 2000 4000 9000

(tem 4
pessoas

Família D 4000 2500 6500

(tem 1 pessoa)

Total da 1500 euros 7750 euros 2500 euros 6500 euros


Repartição
Funcional

Total de rendimentos desse país ( Rendimento Nacional) =

Causas para as disparidades (desigualdades) de rendimento :

- acumulação de vários tipos de rendimentos

- os rendimentos do capital são maiores que os rendimentos do trabalho

- diferenças entre salários ( há quem receba um salário mínimo e quem


receba salários elevados)

-concentração de rendimentos em certos grupos sociais

- disparidades de rendimentos entre regiões

-disparidades (desigualdades) de rendimentos entre homens e mulheres

Causas da diferenciação salarial:

- Diferentes níveis de formação e qualificação

- Produtividade das empresas, sector e/ou ramo

- Localização das empresas

-Idade

- Sexo
Leque salarial é a relação entre o valor mínimo (salário mais baixo) com
que o trabalho é remunerado e o seu valor máximo ( salário mais alto) . É
uma medida de amplitude ou de dispersão salarial

O indicador mais comum da desigualdade salarial é o leque salarial


que se define como:

Leque Salarial = Salário máximo/ Salário mínimo

Exemplo: num país o salário mínimo é 300 euros e o salário mais elevado é 1500
euros. Assim o leque salarial desse país será 5, isto é, o salário máximo é 5 vezes
mais alto que o salário mínimo.

O leque salarial em vários países


Desigualdade salarial em Portugal é das mais elevadas da Europa

Portugal é o quarto país da União Europeia com a maior desigualdade


salarial. Os dados do Eurostat de 2014 divulgados esta segunda-feira
revelam que a discrepância salarial portuguesa só é superada pelo Chipre, a
Roménia e a Polónia que lidera o ranking. O país com menor desigualdade
salarial é a Suécia.
Curva de Lorenz - é representação gráfica que se utiliza para estudar as
desigualdades ocorridas na distribuição do rendimento pelas famílias.

A curva de Lorenz relaciona a percentagem da população de um país (eixo


das abcissas) e a percentagem do Rendimento Nacional (eixo das
ordenadas) que essa população recebe.

Assim, se houver uma repartição equitativa do Rendimento Nacional, 60%


da população devia receber 60% do Rendimento Nacional. O que é
representada pela linha diagonal
Mas em nenhum país isso acontece. Há sempre desigualdades, mas pode
haver mais ou menos desigualdades sociais.

Quanto mais afastada for a curva de Lorenz da linha da diagonal, maior


será a desigualdades na repartição dos rendimentos.

Assim, na imagem, vemos que na curva azul 60% da população recebe


quase 40% do Rendimento Nacional, enquanto na linha verde esses 60% da
população só recebe 20% do rendimento nacional.

Na imagem seguinte pode-se observar que há mis desigualdade na


repartição de rendimentos no país A que no país B

https://www.youtube.com/watch?v=MZ3kviBTMvU
Onde se encontra o rendimento melhor distribuído?

Uma aproximação à resposta poderá ser dada pela repartição funcional


do rendimento, isto é, calculando a percentagem do rendimento que cabe
ao trabalho em cada país.

Regra de três -> 150x 100 /430 = 34,9%

240x100/430 = 55,8%

305 x 100 /430 = 70,9%

Concluir-se-ia que em princípio o rendimento se encontra melhor


distribuído no país 3, onde 70,9% do rendimento nacional é
atribuído aos salários, - o rendimento mais comum - um valor muito
acima de 34,9% e 55,8%, nos países 1 e 2.

O coeficiente de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um


instrumento estatístico para medir a desigualdade de uma distribuição. Por
isso ele é utilizado para medir a diferença entre rendimentos dos que têm
mais e os que têm menos. O objetivo central é analisar a concentração de
rendimento e para apresentar as desigualdades.
O coeficiente de Gini mede numa escala entre 0 e 100 a desigualdade na
distribuição do rendimento da população. O coeficiente de Gini teria o valor
mínimo de 0 caso toda a população ficasse com o mesmo rendimento e o
valor máximo de 100 caso todo o rendimento fosse para a mesma pessoa.
Indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar
num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0
(quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o
rendimento se concentra num único indivíduo).

O índice de Gini foi criado com base na curva de Lorenz. Ela nos indica o
quanto uma proporção acumulada de renda, representada na vertical, pode
variar conforme a proporção acumulada da população, representada na
horizontal.

Outro medidor das desigualdades de rendimento é o Rendimento Nacional


per capita:

RN per capita = RN / População total

O Rendimento Nacional per capita dá-nos uma média do rendimento que é


distribuído às famílias mas não nos diz quem recebe mais ou quem recebe
menos nem se a vida das pessoas está ou não a melhorar

Vantagens do PIB per capita:


- permite fazer comparações internacionais
- permite fazer comparações entre regiões

Limitações (críticas) ao PIB per capita:


- o facto de ser uma média, esconde as desigualdades de rendimento
-não abrange os rendimento gerados na economia informal
- não abrange os rendimento gerados na economia subterrânea
-não contabiliza os danos ambientais nem a poluição
-não nos fornece o retrato do nível de vida concreto das pessoas

Face a estas limitações têm sido procuradas outras formas de medir o


desenvolvimento de um país, como o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) que se baseia em 3 indicadores:
- o rendimento (RN per capita)
- a educação ( nº de anos de escolaridade)
- a saúde ( a esperança média de vida num país)
A repartição primária dos rendimentos provoca desigualdades que estão na
base das desigualdades sociais e no diferente acesso à satisfação das
necessidades básicas, como a alimentação, a saúde, a habitação ou a
educação.

Para atenuar essas desigualdades surge a Redistribuição dos Rendimentos


feita pelo Estado
A redistribuição dos rendimentos é o conjunto de medidas e políticas com o
objetivo de corrigir as desigualdades que ocorrem na repartição primária
dos rendimentos, ou seja, é uma repartição secundária.

Assim, o Estado intervém cobrando, a quem tem mais rendimento,


impostos e contribuições sociais que depois transferir, sob a forma de
prestações sociais, para as pessoas e as famílias mais carenciadas.

Repartição primária dos rendimentos = repartição dos rendimento pelas


famílias ( salários, rendas, lucros, juros)

Repartição secundária dos rendimentos = é feita pelo Estado através de


subsídios, isenções, abonos, apoios às famílias mais carenciadas

A intervenção do Estado pode ser feita de 2 maneiras:

- verticalmente através da aplicação de impostos ( quem ganha mais, paga


mais impostos,quem ganha menos paga menos impostos)

- horizontalmente através de apoios e ajudas como os subsídios

Os objetivos da intervenção e acção do Estado são:

 Corrigir as desigualdades ( atenuar)

 Cobrir coletivamente os riscos individuais ( ex: subsídio de


desempregro, etc)

 Facilitar o acesso da população a bens e serviços essenciais ( ex.:


Serviço Nacional de saúde, escola pública, etc)
São várias as políticas de redistribuição utilizadas pelo Estado: política de
preços, social e fiscal, por exemplo.

 Política de preços: aumento ou diminuição dos preços dos produtos à


venda através da aplicação de impostos indiretos sobre o consumo de
bens e serviços consumidos

 Política social: criação de sistemas de Segurança Social, garantindo a


proteção de cidadãos em situações de invalidez, doença, velhice ou
desemprego; Transferências sociais: através das contribuições
sociais, ou seja, das entregas obrigatórias que os trabalhadores e as
entidades patronais fazem à Segurança Social, o Estado procede às
transferências sociais, que são prestações, de âmbito social,
entregues aos cidadãos, podemos incluir os abonos, as pensões, os
subsídios de desemprego, invalidez, etc.

 Política fiscal: aplicação de impostos diretamente sobre o rendimento


das pessoas ou de impostos indiretos que incidem sobre os bens e
serviços.

Impostos: prestações pecuniárias (em dinheiro) cobradas aos cidadãos,


sem nenhuma contrapartida. Este podem ser diretos ou indiretos.

Impostos diretos: impostos que incidem diretamente sobre o


rendimento,. Ex.: IRS (Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas
Singulares) e IRC (Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas
Coletivas);

Impostos indiretos: impostos sobre o consumo de bens e serviços,


ou seja, que recaem sobre a utilização dos seus rendimentos. Ex.:
IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), IA (Imposto Automóvel) e
ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos).

Taxas: prestações pecuniárias cobradas aos cidadãos pela prestação de


determinados serviços. Estas diferem dos impostos pois pressupõem a
prestação de um serviço com contrapartida do valor pago, como é o caso
das taxas moderadoras dos serviços públicos de saúde.

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