Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vívian Schneider
Vívian Schneider1
Resumo: Metodologia criada e idealizada no Japão, nos anos 60, visando à melhoria do ambiente das empresas,
o programa 5S – seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke – que na tradução interpreta-se senso de utilização,
organização, limpeza, padronização e disciplina, é uma ferramenta essencial a todas as empresas que procuram
um melhor ambiente de trabalho, o bem estar de seus funcionários e colaboradores, bem como a satisfação dos
clientes. Cita-se como objetivo do programa a melhoria no ambiente de trabalho, a redução de desperdícios,
prevenção de acidentes, aperfeiçoamento dos processos, melhoria da moral dos funcionários e o incentivo a
criatividade. Este trabalho mostrará como foi feita a implantação do programa e os resultados obtidos em uma
empresa de embalagens de papelão, que procurava melhorar a questão física e moral no ambiente de trabalho.
Antes da implantação do programa, a organização, a limpeza, a utilização do espaço e a facilidade de encontrar o
material procurado dentro da empresa eram consideradas regular e ruins, já após a implantação estes quesitos
passaram a ser considerados bons e ótimos. Tanto os colaboradores quanto a direção da empresa corresponderam
de forma positiva à implantação do programa, o que reflete não somente nos setores onde o mesmo foi
implantado, mas na empresa de um modo geral. Percebe-se, de forma nítida, a preocupação que todos têm em
manter os utensílios e materiais padronizados e em bom estado. Por fim, conclui-se que o programa “5S” é de
simples e fácil implantação, porém seu sucesso depende unicamente do envolvimento dos colaboradores, além
de trazer benefícios imediatos para a empresa. Considera-se que o programa é essencial a todas as empresas, pois
os avanços realizados por ele trazem melhor qualidade de vida e de trabalho, além de melhor produtividade, com
um produto final de maior qualidade, e finalmente maior ganho financeiro.
OBJETIVO
O desenvolvimento deste trabalho objetiva melhorar o funcionamento da empresa,
com a implantação da ferramenta 5S´s, deixando cada setor mais limpo e organizado, com as
ferramentas de trabalho separadas e sempre a mão para quando for necessária a sua utilização.
Selecionar e nomear ferramentas para facilitar sua localização na empresa, bem como,
conscientizar a todos os envolvidos a importância de manter o local de trabalho sempre
organizado e com práticas que visem à segurança de todos.
1 INTRODUÇÃO
O programa ”5S” tem grande importância nas mudanças a serem realizadas dentro da
empresa, visando à implantação de um programa de qualidade total.
Após a implantação, foram realizadas auditorias para verificação de cada setor onde o
programa foi instaurado e os resultados foram levados ao conhecimento de todos os
colaboradores, demonstrando os benefícios que a implantação do programa gera a empresa.
2 O PROGRAMA E OS 5 SENSOS
O programa 5S é uma metodologia criada e idealizada no Japão, nos anos 60, visando
à melhoria do ambiente das empresas, que eram muito sujas e desorganizadas, e ainda, acabar
com o desperdício, diminuir o número de acidentes pessoais e impessoais e melhorar a
produtividade das empresas (FILHO, 2003).
Seu nome provém de palavras que, em japonês, iniciam com S. Na tradução para o
português, foram interpretados como Sensos, não somente para manter o nome 5S, mas
porque refletem melhor o significado das palavras em japonês (UDESC, 1996).
Identificação Providências
Quando é usado toda hora Manter ao alcance das mãos para uso
imediato.
Quando é usado todo dia Colocar próximo ao local de execução do
serviço.
Quando é usado semanalmente Colocar no depósito ou almoxarifado.
Quando não há freqüência de uso Colocar no arquivo inativo ou depósito de
sucata.
Quando é desnecessário Certificar-se se o material não é útil no setor
e verificar se pode ser doado, trocado,
vendido, recolhido ao almoxarifado ou até
descartado.
Fonte: Filho, 2003.
A implantação deste Senso traz vários benefícios para a empresa, que vão desde a
melhoria do ambiente de trabalho e da moral dos funcionários, até a liberação de áreas que
eram ocupadas com materiais desnecessários, redução do estoque de peças sobressalentes,
redução de risco de acidentes por materiais dispostos sem controle, redução e eliminação do
tempo de procura de materiais, ferramentas e documentos, reciclagem de materiais e liberação
de máquinas paradas sem uso (ABRANTES, 2007).
Deve-se usar o conceito de que o primeiro material que entra é o primeiro que deve
sair, assim como é preciso padronizar a nomenclatura dos objetos, evitando que um material
tenha vários nomes e para que todos os colaboradores falem apenas um idioma dentro da
empresa (FILHO, 2003).
Este senso literalmente acaba com os “feudos” e segredos, onde apenas poucos
funcionários sabem onde estão guardados os objetos, documentos e dados (ABRANTES,
2007).
Para Filho, (2003) o senso de limpeza não se limita em retirar pó e sujeira, mas é
imprescindível que cada pessoa, após utilizar o material ou equipamento, deixe-o em
condições de uso.
Já para Udesc (1996), significa também demonstrar que está limpo e que cada pessoa
deve ter o compromisso de manter limpo seu local de trabalho antes, durante a após a jornada
diária.
Todo e qualquer lixo deve ser jogado em local apropriado, pois um local limpo não é o
que mais se varre, e sim o que menos se limpa. Lixo no lixo e sucata na sucata: cada coisa em
seu lugar (FILHO, 2003).
A limpeza é a atividade mais básica do 5S, não existe trabalho que não envolva
limpeza. Pode também ser encarada como uma inspeção, pois com equipamentos e máquinas
limpas, é possível detectar qualquer problema enquanto ele ainda é pequeno, possibilitando
que seu reparo seja realizado imediatamente. O grau de limpeza é muito importante para a
segurança e a qualidade dos produtos oferecidos (OSADA, 1992).
O senso de limpeza tem como benefícios: prevenção de acidentes, refletindo na
redução de afastamentos de funcionários; ambientes de trabalho mais limpos e seguros;
combate aos desperdícios; redução de poluição e agressões ao meio ambiente e maior controle
na conservação de materiais (ABRANTES, 2007).
Filho (2003), afirma que este senso refere-se à manutenção das condições de trabalho
físicas e mentais adequadas a boa saúde. Osada (1992) aponta esse senso como sendo o
resultado de concentração constante em organização, arrumação e limpeza, além disso, é
preciso manter rotinas definidas e esforços constantes para manter os sensos anteriores.
Os apelos visuais estão entre as ferramentas mais eficazes à disposição. Pode-se usar
etiquetas para identificação de materiais, equipamentos ou produtos armazenados em
determinado local; uso de marcadores para visualização do que está ocorrendo, realizar o
mapeamento dos problemas (OSADA, 1992).
É o senso mais complexo de ser alcançado, pois exige ações e tempo para que todos o
desenvolvam, principalmente porque este senso mexe com a cultura e o comportamento das
pessoas (ABRANTES, 2007).
3 CONTROLE E AVALIAÇÃO
4 A IMPLANTAÇÃO
Para a implantação do programa iniciou-se pela conscientização da gerência e demais
envolvidos na empresa, com a distribuição de material explicativo.
Após definir os setores nos quais se implantará o programa, realizou-se uma pesquisa
de opinião, para verificar a satisfação dos colaboradores da empresa quanto à organização,
limpeza, utilização do espaço e facilidade de encontrar o material procurado em cada setor.
Após esta etapa, fez-se uma limpeza no local, para posteriormente guardar o que é
necessário em local adequado e de forma organizada.
Adquiriu-se uma estante para acomodar os arquivos que necessitam ser guardados,
sendo que estes arquivos foram dispostos por ordem anual. As amostras foram guardadas por
tamanho, o que permite melhor visualização e acomodação das mesmas. Estas amostras
também foram colocadas em um local específico, facilitando o acesso às mesmas.
Observou-se neste setor muitas telas e navalhas inativas misturadas com as que são
usadas com freqüência, o que dificulta o acesso ao material que se necessita. Também
percebeu-se que estes materiais eram dispostos sem nenhuma ordenação e sem qualquer
disciplina.
As telas não utilizadas foram retiradas do local e encaminhadas para armazenagem,
onde não ocuparão o lugar de equipamentos que são necessários para uso periódico.
Neste setor não se observou materiais jogados, porém os produtos acabados estavam
dispostos sem ordenação, com espaços vazios sem utilidade e sem qualquer informação que
indicasse o cliente, quantidade e o período em que o material se encontra estocado.
Após ser feita a seleção dos materiais e o descarte do que não é útil, guardou-se os
materiais necessários em caixas identificadas com seu conteúdo, o que facilita a localização
de cada material.
Os materiais e utensílios classificados como úteis, mas que são usados com pouca
freqüência foram armazenados em locais nos quais não interferem no desenvolvimento diário
da empresa.
As telas não usadas foram guardadas em uma sala a parte, localizada na parte externa
da empresa, onde podem ser localizadas caso haja necessidade.
4.6 DESCARTE
Sua opinião é muito importante para a realização satisfatória das mudanças. Por isso,
aponte sua opinião sobre os itens de cada setor.
1- Em relação ao depósito de amostras:
1.1- A organização do espaço:
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo
1.2- A limpeza do espaço:
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo
4.8 AUDITORIAS
1º S – Seiri (Utilização)
Itens Nota
1- Existem instrumentos, ferramentas ou objetos não necessários na área?
2- Os materiais de uso estão em quantidade adequada no local de trabalho?
3- Estes materiais estão devidamente arrumados e armazenados?
4- O acesso aos itens utilizados todos os dias está adequado?
5- O aspecto visual da seção analisada pode ser considerado agradável?
Total
2º S – Seiton (Organização)
Itens Nota
1- Os materiais e ferramentas do local estão identificados corretamente?
2- Os locais de armazenamento de materiais e ferramentas permitem a conservação
dos mesmos?
3- Os materiais estão em local próprio e bem localizado facilitando o acesso aos
mesmos?
4- Durante o trabalho, as bancadas e locais de trabalho são mantidos em ordem?
5- O aspecto visual do setor, de modo geral, encontra-se organizado?
Total
3º S – Seiso (Limpeza)
Itens Nota
1- Os equipamentos estão limpos, organizados e em bom estado de conservação?
2- Existe lixo espalhado pelo chão?
3- Os armários e as ferramentas e materiais neles contidos, assim como as paredes,
estão limpos?
4- Os produtos existentes no processo estão sujos a ponto de comprometer sua
qualidade?
5- Os sanitários estão limpos?
Total
4º S – Seiketsu (Segurança)
Itens Nota
1- Os equipamentos de proteção coletiva do setor são eficientes?
2- Os uniformes estão limpos e adequados?
3- Existe no setor alguma condição considerada insegura? Se existe, já foi tomada
alguma providência?
4- As lâmpadas estão limpas e em funcionamento?
5- Os colaboradores zelam a limpeza da sua área de trabalho?
Total
5º S – Shitsuke (autodisciplina)
Itens Nota
1- Qual o envolvimento dos colegas de trabalho com o programa?
2- Todos respeitam os avisos de não fumar, utilizar protetor auricular e proteção
respiratória?
3- Todos estão utilizando uniformes?
4- No local de trabalho, todas as condições estão seguras e livres de acidentes?
5- De modo geral, o setor passa a impressão de ser um ambiente disciplinado?
Total
Total Geral:
(soma dos totais de cada um dos 5 Ss)
Comentários ou sugestões:
Também se realizou nova pesquisa de opinião, para demonstrar se houve ou não
melhoria na satisfação dos envolvidos quanto à organização, limpeza, utilização do espaço e
facilidade de encontrar o material procurado em cada setor.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
50%
25%
12,50% 12,50% 12,50%
0% 0% 0% 0%
100%
50%
25%
12,50% 12,50%
0% 0% 0% 0% 0%
50%
37,5%
62,5% 62,5%
25% 25%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0%
Analisando os gráficos, conclui-se que, a maior parte dos quesitos perguntados antes
da implantação do programa 5S, foram avaliados como regulares ou ruins.
62,5%
50%
37,5%
25%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0%
37,5%
25% 25% 25%
12,5%
0% 0% 0% 0%
50%
25% 25%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0%
25%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0%
87,5% 87,5%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0% 0% 0%
50%
37,5%
25%
12,5%
0% 0% 0% 0% 0%
50%
37,5%
25%
12,5%
0% 0% 0% 0% 0%
62,50%
50%
37,50% 37,50%
12,50%
0% 0% 0% 0% 0%
Com a implantação do programa, estas necessidades foram realizadas, o que pode ser
comprovado através da análise dos gráficos, onde se observa que a organização passou de
regular para boa, a limpeza foi avaliada boa pela maioria e a utilização do espaço foi
considerada por 25% dos colaboradores como ótima, e boa por 75%. Quanto à facilidade de
encontrar os materiais procurados, verificou-se que 37,5% consideraram ótima, 50%
considerou boa e apenas 12,5% ainda consideram regular, o que pode ter ocorrido devido ao
pouco tempo de implantação do programa, que ainda não fez modificar os velhos hábitos.
0% 0% 0% 0%
62,5%
50%
25% 25%
12,5% 12,5% 12,5%
0% 0% 0%
87,5%
37,5%
25% 25%
12,5% 12,5%
0% 0% 0% 0%
37,5%
25% 25% 25%
12,5%
0% 0% 0% 0%
A utilização do espaço era considerada por 25% como péssima, 25% como ruim e
ainda 37,5% considerava regular. Após o 5S, 87,5% avaliaram a utilização do espaço como
boa e 12,5% como ótima. Sendo assim, pode-se verificar que melhorou muito a
disponibilidade de espaço, como a organização do local, ficando mais fácil o acesso aos
materiais, que antes era considerado pela maioria como regular.
Após analisar os gráficos dos setores separadamente, de um modo geral avalia-se que
a implantação do programa reflete de forma positiva no ambiente de trabalho, tornando-o
mais saudável e motivador.
Os colaboradores inicialmente mostraram-se resistentes quanto ao descarte de alguns
materiais, por acharem que poderiam vir a usá-los um dia, porém ressaltam que se sentem
mais motivados para o trabalho diário ao encontrarem a empresa limpa e organizada.
Expressam-se ainda, satisfeitos pela facilidade que a implantação do programa trouxe ao dia-
a-dia, pois diminuiu o tempo perdido na procura de materiais.
Além disso, alguns colaboradores ainda acham difícil manter um padrão de limpeza,
pois ainda não é possível retirar toda a poeira produzida durante o processo de fabricação de
embalagens de papelão, mas acreditam que pode ser possível manter a organização e a
utilização dos espaços, bastando apenas que cada um faça sua parte e que se torne rotina
cuidar de todos os setores da empresa e dos equipamentos nela contidos.
5.6 AUDITORIAS
Durante as auditorias, os setores passaram por uma avaliação, onde alguns itens foram
auditados, a fim de analisar se o programa foi corretamente implantado.
6 CONCLUSÃO
Através do estudo realizado por SANTOS et al, 2006, pode-se afirmar que a
estruturação de um sistema de qualidade, baseado no programa 5Ss viabiliza a implantação de
outros programas, os quais podem vir a acelerar a modernização da empresa, fornecendo a
base cultural para a implantação de um programa de qualidade total.
Por fim, considera-se o Programa 5S essencial a todas as empresas, uma vez que os
avanços realizados por ele trazem melhor qualidade de vida e de trabalho, além de melhor
produtividade, com um produto final de maior qualidade, e finalmente maior ganho
financeiro.
REFERÊNCIAS
ABRANTES, José. Programa 8S: Da alta administração à linha de produção: o que fazer
para aumentar o lucro? O combate aos desperdícios nas empresas, protegendo o meio
ambiente e facilitando o desenvolvimento sustentável. Editora Interciência, Rio de Janeiro,
2007, 2ª edição.
EGOSHI, Koiti. Os 5 S da administração japonesa. 2006. Artigo em hipertexto. Disponível
em: <http://www.infobibos.com/artigos/20062/5s/index.htm>. Acesso em: 28 de fevereiro de
2015.
FILHO, Geraldo Vieira. Gestão da qualidade Total: uma abordagem prática. Alínea
Editora, Campinas, SP, 2003.
KRETZER, kleiton. Aula 02 - Qualidade - Telecurso profissionalizante.
http://programa5s.com/video-programa-5s-telecurso/. 11 de agosto de 2014. Vídeo assistido
em 03 de março de 2015.
OSADA, Takashi. Housekeeping, 5S’s: seiri, seiton, seiso, seiketsu, shitsuke. São Paulo:
Instituto IMAM, 1992.
SANTOS, Nadia Cristina R. dos. SCHMIDT, Alberto Souza. GODOY, Leoni Pentiado.
PEREIRA, Aline Soares. Implantação do 5S para qualidade nas empresas de pequeno
porte na região central do Rio Grande do Sul. Bauru, São Paulo, novembro de 2006.
SILVA, Nivaldo Pereira da. FRANCISCO, Antonio Carlos de. THOMAZ, Marcos Surian. A
implantação do 5S na Divisão de Controle de Qualidade de uma Empresa Distribuidora
de Energia do Sul do País: um estudo de caso. 4º Encontro de Engenharia e Tecnologia dos
Campos Gerais, 25 a 29 de agosto de 2008.