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STJ entende que a alegação de pequeno valor da

res furtiva, por si só, não se revela suficiente


para o reconhecimento do crime de bagatela,
notadamente quando o agente é reincidente e
contumaz na prática de delitos patrimoniais
A Procuradoria de Justiça Especializada em Recursos Constitucionais do MP/GO interpôs

agravo em face da decisão que inadmitiu recurso especial, manejado contra acórdão do Tribunal

de Justiça do Estado de Goiás – TJ/GO (AgREsp nº 1.260.055-GO), em razão da violação aos

artigos 14, inciso I, e 155 do Código de Processo Penal, requerendo, ao final, o afastamento da

aplicação do princípio da insignificância.

Nas razões do Recurso Especial, o órgão ministerial argumentou “'[...] a conduta perpetrada pelo

agente não é irrelevante para o direito penal. […] o acusado possui sentença condenatória

transitada em julgado, fato este que demonstra a sua vocação para o crime'”. Aduziu, ainda, que

“'[...] a reincidência em crimes contra o patrimônio demonstra claramente que o acusado optou

pelo crime como meio de vida, de modo que fica afastada aplicação do princípio da insignificância

ante a reprovabilidade da conduta do agente, uma vez que aludido princípio não foi estruturado

para resguardar e incentivar a prática de condutas desvirtuadas'”.

Ao analisar a controvérsia, o Ministro Relator, Felix Fischer, considerou que o recurso merecia

prosperar, pois o STJ “tem entendimento pacificado no sentido de que não há falar em atipicidade

material da conduta pela incidência do princípio da insignificância quando não estiverem

presentes todos os vetores para sua caracterização, quais sejam: (a) mínima ofensividade da

conduta; (b) nenhuma periculosidade social da ação; (c) reduzido grau de reprovabilidade do

comportamento; e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada”

Salientou o relator que, na linha da jurisprudência do STF e do STJ, “a alegação de pequeno

valor da res furtiva, por si só, não se revela suficiente para o reconhecimento do crime de

bagatela”, devendo-se observar também “as peculiaridades do caso concreto e as características

do autor”. Alegou que, no caso, “apesar de ser de pequeno valor a res furtiva, – uma peça de

picanha de 1.046 kg, avaliada em R$ 60 (sessenta reais) –, mostra-se incompatível com o


princípio da insignificância a conduta ora examinada tendo em vista que o ora agravado é

reincidente e contumaz na prática de delitos patrimoniais, conforme consta dos autos”.

Diante disso, concluiu que o acórdão recorrido está em desconformidade com a jurisprudência

desta Corte Especial acerca do tema”, incidindo a Súmula nº 568/STJ, que assim dispõe, verbis:

“O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento

ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema”.

Assim, o STJ conheceu do agravo para dar provimento ao Recurso Especial.

Eis o inteiro teor do acórdão.

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furtiva-por-si-so-nao-se-revela-suficiente-para-o-reconhecimento-do-crime-de-bagatela-
notadamente-quando-o-agente-e-reincidente-e-contumaz-na-pratica-de-delitos-
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