EXCELENTÍSSIMO DOUTO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE CONCEIÇÃO DO COITÉ – BA

“BAHIA” – QUALIFICAR ….

apresentar pedido de REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA, com fulcro

no artigo no artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal pelas razões de fato e de direito que
passa a expor.

DOS FATOS

O réu fora acusado do crime ...

DO DIREITO

Nos termos da lei 7.960/89:

Art. 1° Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos

necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida
na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes: [...]

A leitura do acima exposto, fica claro que a prisão temporária não pode ser
distribuída a toda maneira, mas deve obedecer critérios bastante explícitos. Além destes
critérios que serão abaixo abordados, é essencial para a decretação – e manutenção – da
prisão temporária que haja comprovado o “periculum libertatis”, pois, de outra maneira,
a decretação e a manutenção desta prisão estará desprotegido do manto da legalidade.

Pois bem.

1) É de imperiosa necessidade a comprovação de que a prisão temporária

decretada é imprescindível para as investigações do inquérito policial.
 Isto é: há que se demonstrar que sem a determinação da prisão o investigado vai,
de algum modo, atrapalhar as investigações. É necessário, no entanto, que se demonstre
de quais modos tais investigações serão prejudicadas se não houver a prisão. Em outras
palavras: não basta a imaginação ou a suposição de que as investigações serão
prejudicadas, mas demonstrada o mínimo de fundamento para tal afirmativa, a saber, que
em liberdade o investigado impedirá o bom andamento do trabalho investigativo da
policia.

Não houve em momento algum no pedido de decretação da prisão preventiva a

mínima comprovação de que m liberdade um senhor de mais de 65 anos, com problemas
para se locomover, com o corpo acometido de muitas enfermidades, poderia causar algum
prejuízo às investigações. Não teria como destruir provas, não teria como coagir
testemunhas, não teria como subornar pessoas influentes e etc.

Configura ilegal a prisão temporária quando não demonstrada a

imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial. Neste sentido caminha a
jurisprudência pátria:

PRISÃO TEMPORÁRIA. AUSÊNCIA DE REQUISITOS LEGAIS.

A decisão que decretou a prisão temporária do paciente não indica,

objetivamente, os motivos da alegada imprescindibilidade da prisão para as
investigações, em total afronta ao disposto no art. 1º, da lei 7.960/89.
Constrangimento ilegal configurado.

(Habeas Corpus. N.º 70073983132. Segunda Câmara Criminal. Tribunal de

Justiça do RS. Relator: Victor Luiz Barcellos Lima, julgado em 13/07/2017)

Desta maneira, vez que não restou demonstrada a imprescindibilidade da prisão

para as investigações e também já houve a colheita das testemunhas e das provas
essenciais para a investigação, nada mais justo do que a liberdade do acusado,
devolvendo-lhe o bem mais precioso que possui.

2) Pode-se pedir a prisão temporária quando o indiciado não tiver

residência fixa ou não fornecer elementos para sua identificação.
 Esta possibilidade para a decretação da prisão temporária visa garantir que as
investigações não tenham nenhum obstáculo para se concretizar, especialmente a barreira
criada com a dificuldade em localizar o acusado e a colheita de provas. Ora, desde o dia
em que foi apresentado à polícia que fora apresentado a cópia do seu comprovante de
endereço bem como a cópia, seguida do original, de seus documentos de identificação.

O acusado, idoso, tem residência fixa – aliás, onde é bastante conhecido e querido
por todos da mesma localidade – e forneceu todos os elementos para sua identificação.
Assim, desta maneira, demonstra ilegal a manutenção do mesmo, pois diante de afronta
à lei 7.960/89, art. 1º, II.

3) Admite-se a prisão temporária quando houver fundadas razões, de

acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria e
participação do indiciado em determinados crimes listados na própria lei
7.960/89.

Este ponto merece um debate mais aprofundado e cuidadoso. Da leitura apressada

do inciso III da lei que trata das prisões temporárias, parece-nos claro que basta a
configuração de um dos delitos listados para que a prisão temporária possa ser decreta. A
pressa, no entanto, é inimiga da perfeição – e a perfeição é de extrema necessidade quando
se discute a liberdade de um ser humano.

Não há como se desligar dos incisos I e II do artigo 1º da Lei 7.960/89 quando há

presente algum crime previsto no rol taxativo do Inciso III. Isto é: não basta dizer que
comprovada a autoria e a materialidade do crime de estupro automaticamente o acusado
deveria ter contra si uma prisão temporária decretada. É necessário, para que a tal seja
decretada, que o acusado i) ponha em risco as investigações ou ii) não tenha endereço
fixo ou não tenha fornecido elementos para sua identificação. Por quê? Porque de outro
modo estaríamos decretando uma prisão antecipada – que é vedada pela Constituição
Federal, art. 5º, LVII.

Que se repita à exaustão: para a decretação da prisão temporária há que se

demonstrar, objetivamente, o “periculum libertatis”. Se houve a comprovação da autoria
e materialidade e não há o periculum libertais, não há legalidade na decretação da prisão
temporária.
 O quadro pintado, então, é de absoluta ilegalidade e afronta aos direitos humanos:
um senhor de 65 anos, idoso, doente, preso sem que o perigo de sua liberdade fosse
demonstrado e o mais sério: é inocente, conforme se demonstrará no decorrer do
processo.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a REVOGAÇAO DA PRISÃO TEMPORÁRIA do

acusado, mandando que a seu favor se expeçam o competente e necessário alvará de
soltura, atendendo-se, destarte, aos reclamos da mais pura e cristalina JUSTIÇA!!

Nesses termos pede deferimento.

Conceição do Coité, Bahia. 03 de Julho de 2018

Wagner Francesco Pedro Cedraz Ramos

OAB/BA 58.110 OAB/BA