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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia Mecatrônica

Transdutores Resistivos
- Parte II -

PMR 2727 – Sensores: Tecnologias e Aplicações


– Nº USP:
Professor: Celso Massatoshi Furukawa
2.4 Strain Gages Metálicos

Provavelmente os mais conhecidos sensores elétricos de força os Strain Gages convertem tensões aplicadas
diretamente em resistência elétrica. Considerando a deformação de um arame com um determinado comprimento. À
medida que ele é esticado seu comprimento irá aumentar e sua área de seção transversal irá diminuir, bem como a
estrutura molecular do metal será aumentada. Ambos os efeitos mudam a resistividade do arame.
Strain Gages de metal são usualmente arranjados em zigue-zague. Isso faz com que se produza resistência
suficiente para ser útil e maximizar sensitividade em uma direção. A resistência dos Strain Gages depende do
comprimento, largura e espessura de uma chapa metálica ou depende do comprimento e diâmetro do arame usado.

2.4.1 Considerações de Temperatura

Sem um projeto adequado, as variações de temperatura podem induzir erros quase tão grandes quanto os
valores medidos. Igualmente importantes são deformações indesejáveis produzidas por expansão térmica entre o Strain
Gage e a superfície em que ele é fixo pode produzir erros que são parte significante da medida desejada. Strain Gages
estão disponíveis com ligas projetadas para produzir TCRs (Temperature Coefficient of Resistance) que anulam
deformações térmicas induzidas pela fixagem dos Strain Gages em vários materiais.
Porque os coeficientes de resistência e expansão não são perfeitamente lineares, a escolha da liga não depende
apenas do material da base mas também na faixa de temperatura de operações.

2.4.2 Configurações para Medição de Deformações

Strain Gages com dois, três ou quatro elementos em um apoio comum servem para uma grande variedade de
aplicações. Deformações são comumente medidos usando uma ponte de Wheatstone. Propriamente arranjados, pontes
com quatro elementos fornecem máxima sensitividade e mínimo coeficiente de temperatura.

2.4.3 Medições de Deformações Dinâmicas

Em muitas situações, tem-se que medir vibrações ou impulsos, ou seja deformações dinâmicas. Os requisitos
de Strain Gages para medições dinâmicas diferem daquelas para aplicações estáticas. Os materiais dos Strain Gages
incluindo o apoio, tem que suportar contínuas e repetidas flexões sem fatigar. Por outro lado, o coeficiente de
temperatura e estabilidade à longo prazo tornam-se não importantes.

2.4.4 Materiais e Performance

Os metais usados para Strain Gages típicos incluem ligas de cobre-níquel (coeficiente de temperatura baixo e
controlável, ideal para medições de deformações estáticas), níquel-cromo (liga de alta temperatura para medições
estáticas e dinâmicas), níquel-ferro (tem um maior fator Gage com um maior coeficiente de temperatura recomendado
principalmente para medições dinâmicas) e ligas de platina ( que dão estabilidade superior e resistência à fadiga em
temperaturas altas).

Os materiais para os apoios (suportes) incluem papel, baquelite, filmes fenóricos, etc. A escolha do material
do suporte deve levar em conta a faixa de temperatura, a faixa de deformações (flexibilidade do suporte) e
compatibilidade com adesivos usados para colocar o Strain Gage no lugar.
Flexibilidade, elasticidade, e vida em fadiga devem ser consideradas na escolhas dos Strain Gages.

2.4.5 Instalação de Strain Gages

Geralmente, Strain Gages são fixados à superfície a ser medida. Qualquer adesivo pode ser considerado.
Adesivos úteis devem ser suficientemente flexíveis para a aplicação, não devem introduzir deformações devido a
encolhimento ou a problemas relativos ao coeficiente de expansão, devem aderir ao material do suporte do Strain Gage
sem atacá-lo e devem ser compatíveis com as temperaturas em questão.

2.4.6 Strain Gages de Deposição em Filme

Através de deposição a vácuo, um Strain Gage pode ser depositado diretamente a um substrato de metal.
Um filme cerâmico é primeiramente depositado para isolar o substrato, então um ou mais elementos são
depositados através de moldes para obter o padrão desejado.
2.4.7 Aplicações

Strain Gages são largamente usados em medições industriais e comerciais de pressão, força e peso. Outras
aplicações incluem aceleração, tensão e análise de vibração.

2.5 Strain Gages Semicondutores


Strain Gages semicondutores mudam resistência com tensão aplicada. Porém termina aí a similaridade com
Strain Gages metálicos. Ao contrário dos metais, a condução em semicondutores ocorre através dos portadores de
cargas minoritários supridos principalmente por impurezas ou dopantes adicionados. A resistência de um
semicondutor é afetada pela concentração dos portadores de cargas minoritários e sua mobilidade.
Uma deformação aplicada muda tanto a concentração quanto a mobilidade resultando em mudanças na
resistência muitas vezes maior que aquelas encontradas nos metais.
Ao contrário dos metais é possível criar Strain Gages cujas resistências decrescem e, também crescem com
uma deformação aplicada. Strain Gages semicondutores oferecem as vantagens de sensibilidade maior, tamanho
menor, resistência maior, maior vida em fadiga e baixa histerese.

2.5.1 Especificações Típicas

Em geral, há uma relação entre sensibilidade e outras características desejáveis. Strain Gages altamente
dopados, que exibem comportamento de temperatura e linearidade superior, possuem o menor fator Gage e a menor
resistência.
Elementos de Strain Gages semicondutores são muito mais fortes em compressas do que em tensão.
Elementos semicondutores quase nunca fraturam em compressão.
Linearidade é melhor próximo à deformação zero. Strain Gages semicondutores do tipo P são mais lineares
em tensão do que em compressão, enquanto os do tipo N são mais lineares em compressão.
A vida em fadiga dos Strain Gages semicondutores é muito melhor que a de uma chapa ou de um arame
devido à sua elasticidade teoricamente perfeita.

2.5.3 Compensação de TCR

O TCR (Temperature Coefficient of Resistance) de um Strain Gage semicondutor é muito maior do que o de
um Strain Gage metálico, enquanto o coeficiente de temperatura de expansão de um Strain Gage semicondutor é
menor que os dos materiais mais comuns. Quando fixado em um substrato, um acréscimo de temperatura vai exercer
tensão no Strain Gage. Assim como Strain Gages metálicos, sensores semicondutores podem ser projetados para que
os TCRs deles anulem as deformações termicamente induzidas.

2.5.4 Compensação TCGF

Ao contrário dos Strain Gages metálicos, Strain Gages semicondutores mostram uma mudança significativa
no fator Gage com a temperatura. Os mais altamente dopados elementos tem um coeficiente de temperatura de fator
Gage (TCGF) próximo a zero. No entanto, seus TCRs são consider4áveis e suas sensibilidade, menores. É
frequentemente melhor usar Strain Gages levemente dopados para compensar mudanças no fator Gage.
Os fatores Gage da maioria dos semicondutores decrescem com o crescimento da temperatura. Isto é melhor
compensado aumentando a excitação de voltagem ou corrente do sensor à medida que a temperatura cresce.

2.5.5 Compensação de Linearidade

Quando dois Strain Gages do tipo P são usados, um em tensão e outro em compressão em ramos adjacentes
de uma ponte, as não-linearidades deles tendem a anular uma a outra. O resultado é que a sensibilidade na ponte
permanece relativamente constante, fornecendo linearidade muito melhor que com apenas um elemento.

2.5.6 Montagem de Strain Gages Semicondutores Difusos

Vários elementos de Strain Gages podem ser difusos em uma placa de silício e interconectados para formar
uma ponte. Em um dispositivo monolítico, os elementos do Strain Gages, o substrato, as interconexões elétricas e o
revestimento protetor tornam-se um único e integrado dispositivo.
A construção monolítica deles se traduz em melhor união entre os elementos individuais e maior
confiabilidade. A montagem inteira retém uma elasticidade teoricamente perfeita de um sensor dew silício e, por isso,
não apresenta histerese.

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