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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito do ____ Juizado

Especial de Fazenda Pública da Capital

JOSÉ MAURO CAVALCANTE, brasileiro, casado,


militar, RG n. 15041 – PM/Pa, CPF n. 301.223.682/15, residente e domiciliado
à Av. Visconde de Inhaúma, n. 1370, apt. 1902, Bairro Pedreira, CEP n.
66.085-734, Belém/Pa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seus advogados abaixo firmados, propor a
presente AÇÃO DE CONHECIMENTO DE COBRANÇA DE

LOCALIDADE ESPECIAL, em face do ESTADO DO PARÁ na pessoa de


seu Procurador Geral do Estado, com endereço à Rua dos Tamoios, nº. 1671,
Bairro Batista Campos, CEP nº. 66025-540, Belém Pará, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:
1. PRELIMINAR DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
O Autor por não dispor de meios suficientes para arcar
com o ônus do pagamento de custas processuais e honorários advocatícios,
pede conceda o MM.º, os benefícios da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, com
fulcro no art. 5º, inc. XXXIV, alínea "a", da Carta Magna e no artigo 98 e
seguintes do CPC/2015 em vigor, declarando, assim, ser pobre sob as penas
das leis 1.060/50 e 7.115/83, bem como no caso de eventual recurso.
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Rua Jerônimo Pimentel, 657 – 1º. Andar – Sala 03 – Umarizal – Belém – Pará
CEP: 66055.000 - Fone: (91) 3212-2550 – (91) 8417-7006 • E-mail: cafeecal@gmail.com
Registro OAB/Pa 468/2010
2. DOS FATOS:
O Autor é oficial da policial militar e foi lotado no Comando
Geral da Polícia Militar do Estado do Pará em 04JUN2014, conforme BOLETIM
GERAL Nº 104 - 05 JUNHO 2014

Em 10 de Fevereiro de 2015, o Comando Geral foi


transferido para o endereço da Rodovia Augusto Montenegro, km 09, n. 8101,
CEP n . 66.821-000, Bairro do Parque Guajará, Distrito de Icoaraci, conforme
publicação no Boletim Geral n. 028, de 10FEV2015, publicado no Diário Oficial
do Estada do Pará n. 32.826, de 10FEV2015.

Em 27JUN2016, o Autor fora transferido do Comando


Geral em Icoaracy para a Corregedoria do Comando de Policiamento Regional
XII, sediada em Belém, conforme BOLETIM GERAL Nº 119 - 27JUN2016:

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Em 26OUT2016, o Autor retornou ao Comando Geral
localizado em Icoaracy, conforme BOLETIM GERAL Nº 201 - 26 OUT 2016:

Em 06ABR2018, o Autor foi transferido para a Reserva


Remunerada, conforme PORTARIA RR N° 1125, DE 06 DE ABRIL DE 2018
(Processo n. 2017/509422).
Desde que foi lotado no Comando Geral da Polícia Militar
do Estado do Pará, endereço localizado no Distrito de Icoaraci (vide BG n. 018
de 10FEV2015), o Autor não recebeu o percentual correto da Localidade
Especial, tendo em vista que o Comando Geral fica localizado no distrito de
Icoaraci, sendo esse classificado como localidade especial na categoria “B”, e
tem remuneração de 30% sobre o valor do soldo.
Nada obstante, o Estado do Pará, contrariando a Lei n.
4.491/73, conforme regulamentação do Decreto 1.461 de 05 de março de 1981,
deixou de pagar corretamente a gratificação de localidade especial do Autor,
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que seria de 30% (trinta por cento), razão pela qual se busca o provimento
judicial para o reconhecimento do direito ao correto percentual e cobrança dos
retroativos a contar de MARÇO de 2015 à MAIO DE 20016 (1º Período no
CMT Geral) e de NOVEMBRO DE 2016 à até a data de sua transferência para
a Reserva Remunerada, ocorrida em 06ABR2018, conforme PORTARIA RR
N° 1125, DE 06 DE ABRIL DE 2018.
3. DO DIREITO:
Antes de se discorrer sobre o direito do Autor, cumpre
lembrar o axioma basilar da ciência jurídica que vê o “direito como uma
organicidade própria, sistêmica, onde as normas não podem ser interpretadas
isoladamente, casuisticamente, isoladamente, tal como uma ilha perdida no
vasto oceano”.
Aliás, essa lição está sufragada pelo Supremo Tribunal
Federal, onde o Ministro Marco Aurélio deixou claramente lecionado:

“Abandone-se à interpretação verbal, gramatical [...]. A ordem


jurídica é um todo, não podendo partir para interpretação isolada
que acabe por fulminar o sistema que lhe é próprio. Substitua-se
a interpretação literal pela sistemática e, mais do que isto, pela
teleológica. Medite-se sobre o alcance desse preceito sem
perder de vista a racionalidade. O legislador não há de ser
causuísta e esgotar, na disciplina almejada todas as hipóteses
possíveis. Ele não lança regras que extravasam no alcance, a
inteligência presente quando da elaboração (do texto legal). (HC
72.402-7/PA, Julg. em 06/06/95 – 2ª Turma do STF)”.
A gratificação de localidade especial tem assento na
legislação estadual n. 4.491/73, que nos artigos 26 à 29, assegura ao militar
que trabalhe em regiões inóspitas do Estado do Pará o recebimento da
gratificação e que terá seus valores regulados conforme classificação das
regiões consideradas como localidades especiais de acordo com as condições
de vida e salubridade.

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LEI 4.4491/73:

Art. 26 – A Gratificação de Localidade Especial é devida ao


policial-militar que servir em regiões inóspitas, seja pelas
condições precárias de vida, seja pela insalubridade.

Art. 27 – A Gratificação de Localidade Especial, terá valores


correspondentes às categorias em que serão classificadas as
regiões consideradas localidades especiais, de acordo com a
variação das condições de vida e salubridade.

Art. 28 – O Poder Executivo, por proposta do Comando Geral,


regulará o disposto no artigo anterior.

Art. 29 – O direito à Gratificação de Localidade Especial,


começa no dia da chegada do policial-militar à sede da referida
localidade e termina na data de sua partida.

Parágrafo Único – É assegurado o direito do policial-militar à


Gratificação de Localidade Especial, nos seus afastamentos do
local em que serve, por motivo de serviço, férias, luto, núpcias,
dispensa do serviço, hospitalização por motivo de acidente em
serviço ou de moléstia adquirida em serviço em consequência
da inospitalidade da região.
A lei estadual n. 4.491/73 foi regulamentada pelo Decreto
n. 1.461/1981, que assim dispõe sobre a classificação das localidades e
regiões para estabelecimento das categorias e percentuais para a percepção
dos militares da gratificação de localidade especial, in verbis:

Art. 1° - Para efeito de percepção pelo policial militar da


Gratificação de Localidade Especial instituida pela Lei n° 4.491,
de 28 de novembro de 1973, as regiões ou localidades do
Estado consideradas inóspitas ou hostis, serão classificadas em
três (3) categorias denominadas "A", "B" e "C", as quais serão
atribuídas, respectivamente, a remuneração de 40%, 30% e

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20%, sobre o soldo correspondente ao posto ou graduação do
policial-militar.

PARÁGRAFO ÚNICO - O Comando Geral da Polícia Militar do


Estado fica autorizado a classificar, mediante estudo, para os
efeitos do presente Decreto, as localidades e regiões
correspondentes a cada categoria, levando em conta as
dificuldades de vida e de hospitalidade, inclusive no tocante à
saúde, saneamento, educação, transporte, moradia,
alimentação e utilidades necessárias, encontradas em cada
local ou região.

Art. 2º - O policial-militar terá direito de perceber a Gratificação


de Localidade Especial, a partir de sua chegada à localidade ou
região onde irá servir, até o seu regresso à sede.

Art. 3° - As despesas correspondentes ao pagamento da


Gratificação de Localidade Especial correrão por conta das
disponibilidades financeiras do Estado.

Art. 4° - Os efeitos pecuniários do presente Decreto serão


devidos a partir de 1° de março de 1981 e serão pagos após a
classificação das localidades e regiões consideradas inóspitas.
O Comandante Geral da Corporação através da Portaria
n. 001/99-DRH/3, no uso de suas atribuições, classificou as localidades em A,
B e C, sendo que os distritos de Outeiro, Mosqueiro e ICOARACI, são
classificados como localidades classe B, cujo militar que desenvolve suas
atividades nessas localidades devem receber um acréscimo remuneratório de
30% (trinta por cento) calculado sobre o soldo do policial militar.
Nada obstante a perfeita demonstração da
verossimilhança e plausibilidade do direito invocado, uma vez que o Autor é
militar estadual, e como tal está lotado em região considerada localidade
especial classe “B” nos termos dos artigos 26 a 29 da Lei 4.491/73, conforme

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regulamentação do Decreto 1.461 de 05 de março de 1981, o Estado do Pará
vem pagando somente o percentual de 20%.
Nesse desiderato, a gratificação de localidade especial, a
que faz jus o Autor, deveria estar sendo paga na proporção de 30% sobre o
valor do seu soldo a partir de MARÇO de 2015 à MAIO DE 20016 (1º Período
no CMT Geral) e de NOVEMBRO DE 2016 à até a data de sua transferência
para a Reserva Remunerada, ocorrida em 06ABR2018, porém o Estado do
Pará no período somente pagou o percentual de 20%, como se observa nos
contracheques dos períodos em anexo.
Portanto, como se trata de matéria indubitavelmente
prevista e regulamentada validamente por lei, destaca-se que de nenhum modo
haverá prejuízo aos cofres públicos quando da majoração da gratificação de
20% para os corretos 30% aos proventos do Autor, posto que já faz parte do
orçamento de despesas dos referidos órgãos pagadores.
4. DOS VALORES A SEREM PAGOS:
A requerente tem direito a receber os retroativos da
gratificação de localidade especial, ou seja, os valores atrasados da diferença
de percentual de 10%, a contar do mês de MARÇO de 2015 à MAIO DE 20016
(1º Período no CMT Geral) e de NOVEMBRO DE 2016 à ABRIL DE 2018.
A apuração do valor devido deve ser feita incialmente
sobre o soldo de Tenente-Coronel de R$ 2700,72 (dois mil, cento e sessenta e
cinco reais e noventa e um centavos) e que aplicando o percentual de 30%
sobre o soldo encontraremos o valor correto da Gratificação de Localidade
Especial de R$ 864,23 (oitocentos e sessenta e quatro reais e vinte e três
centavos), no entanto o Estado do Pará somente vem pagamento 20%, ou
seja, o valor de R$ 540,14 (quinhentos e quarenta reais e quatorze centavos),
gerando assim uma diferença nominal e mensal de R$ 324,09 (trezentos e
vinte e quatro reais e nove centavos) que multiplicados pelos meses do 1º
período de Março de 2015 à Maio de 2016, temos o período de 16 meses
(incluso 13), e assim encontraremos o valor de R$ 5.185,44 (cinco mil, cento
e oitenta e cinco reais e quarenta e quatro centavos).
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Para o 2º Período que vai de NOVEMBRO DE 2016 à
ABRIL DE 2018, temos 20 meses do valor mensal de R$ 324,09 (trezentos e
vinte e quatro reais e nove centavos), o que resulta no valor dos retroativos
para o 2º Período de R$ 6.481,80 (seis mil, quatrocentos e oitenta e um
reais e oitenta centavos).
Dessa forma, o Estado do Pará deve o direito ao
percentual correto de 30% da localidade especial e ainda pagar os retroativos
do 1º e do 2º Períodos, no valor total de R$ 11.667,24 (onze mil, seiscentos e
sessenta e sete reais e vinte e quatro centavos).
5. DOS PEDIDOS:
Ex positis, presentes os melhores fundamentos de fato e
de direito, requer-se, após sábia apreciação, que se digne Vossa Excelência
julgar procedente a presente ação concedendo a prestação jurisdicional
requerida na forma dos seguintes pleitos:
a) Que seja determinada a CITAÇÃO do Requerido,
na pessoa de seu representante legal para, querendo, contestar a presente
ação, sob pena confissão e revelia;
b) Ante a faculdade prevista no inciso VII do artigo 319
do NCPC, O Autor opta por NÃO realizar audiência prévia de conciliação ou
mediação, posto se matéria eminentemente de direito, em que a Requerida
não realiza acordos, por precaução;
c) No mérito, que julgue procedente a ação em todos
os seus termos, condenando o Estado do Pará reconhecimento da
GRATIFICAÇÃO DE LOCALIDADE ESPECIAL, conforme assim determina a
Lei Estadual n. 4.491/73, regulamentada pelo Decreto n. 1.461/1981 e Portaria
n. 001/99-DRH/3 do Comandante Geral, no percentual de 30% (trinta por
cento) e dessa forma o pagamento dos RETROATIVOS que devem ser
calculados sobre o Soldo de TENENTE-CORONEL, o que importa o valor da
GLE mensal de R$ 864,23 (oitocentos e sessenta e quatro reais e vinte e
três centavos), e os valores retroativos a contar de MARÇO de 2015 à MAIO
DE 20016 (1º Período no CMT Geral) e de NOVEMBRO DE 2016 à ABRIL
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DE 2018 (2º Período no CMT Geral), no valor total de R$ 11.667,24 (onze mil,
seiscentos e sessenta e sete reais e vinte e quatro centavos), valor este
que deverá ser corrigido pela TR, acrescido de juros de mora da caderneta de
poupança, a partir da citação.
d) A CONDENAÇÃO DO REQUERIDO ao pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios com base no valor da
condenação, calculados sobre o montante a ser pago em caso de recurso as
Turmas Recursais;
e) A concessão do benefício da justiça gratuita em
face do Autor não ter condições de arcar com o pagamento de custas
judiciais, sem prejuízo do sustento familiar, cabendo-se esclarecer, desde
logo, que o a presente demanda é acompanhada por advogado privado em
razão do Autor pertencer a Associação de Defesa dos Servidores Civis e
Militares do Pará – ADECIMPA (doc. contracheque), que entre outros serviços
disponibiliza serviços jurídicos gratuitos aos Associados, porém a Associação,
pelo estatuto e finalidade social, não arca com custas e despesas
processuais;
f) Desde logo, requer o julgamento antecipado da lide,
por tratar-se de matéria de direito em conformidade com o art. 355, I e art.
357, IV, do CPC/2015;
Dá-se à causa o valor de R$ 11.667,24 (onze mil,
seiscentos e sessenta e sete reais e vinte e quatro centavos).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Belém (PA), 12 de julho de 2018.

Eduardo Cardoso
Advogado – OAB/Pa 9.083

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