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Cálculo

Cálculo
Cálculo
Cálculo D
D
CálculoDD
Cálculo
Cálculo D
DD
Cálculo
CálculoD
Cálculo DD
Márcia
Márcia
Germán
Germán
Ramón
GermánRamón
Ramón
Cálculo D
Márcia Rosales Ribeiro Simch
Rosales
RosalesRibeiro
Ribeiro
Canahualpa
Canahualpa
Canahualpa
Simch
Simch
Suazo
Silvia Prietsch WendtSuazo
Suazo
Pinto
Silvia
SilviaPrietsch
PrietschWendt
WendtPinto
Pinto
Márcia Rosales Ribeiro Simch
Germán Ramón Canahualpa Suazo
Silvia Prietsch Wendt Pinto
Ministério da Educação
Universidade Federal
Ministério dade
Ministério da Pelotas
Educação
Educação
Pelotas 2008 Curso de Licenciatura em Matemática
Universidade
Universidade
Federal
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Pelotas
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Pelotas 2008
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Licenciatura
Licenciatura
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Matemática
Matemática a Distância
a Distância
Obra publicada pela Universidade Federal de Pelotas

Reitor: Prof. Dr. Antonio Cesar Gonçalves Borges


Vice-Reitor: Prof. Dr. Manoel Luiz Brenner de Moraes
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Prof. Dr. Luiz Ernani Gonçalves Ávila
Pró-Reitora de Graduação: Prof. Dra.Eliana Póvoas Brito
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Manoel de Souza Maia
Pró-Reitor Administrativo: Eng. Francisco Carlos Gomes Luzzardi
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Prof. Ms. Élio Paulo Zonta
Pró-Reitor de Recursos Humanos: Admin. Roberta Trierweiler
Pró-Reitor de Infra-Estrutura: Mario Renato Cardoso Amaral
Pró-Reitora de Assistência Estudantil: Assistente Social Carmen de Fátima de Mattos do Nascimento

CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Antonio Jorge Amaral Bezerra Prof. Dr. Elomar Antonio Callegaro Tambara
Prof. Dra. Isabel Porto Nogueira Prof. Dr. José Justino Faleiros
Profa. Lígia Antunes Leivas Profa. Dra. Neusa Mariza Leite Rodrigues Felix
Prof. Dr. Renato Luiz Mello Varoto Prof. Ms. Valter Eliogabalos Azambuja
Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes Prof. Dr. Wilson Marcelino Miranda

Curso de Licenciatura em Matemática a Distância


Coordenador do Colegiado: Prof. Msc. Maurício Braga de Paula

Projeto Gráfico e Diagramação


Celina Bastos Lemos Mateus Dias Vilela
Eduardo Harry Luersen Rodrigo Pizarro dos Santos
Guilherme Camargo

FOTOGRAFIA DA CAPA
Grande Hotel
por Marcio Kinzeski

Editora e Gráfica Universitária


R Lobo da Costa, 447 – Pelotas, RS – CEP 96010-150
Fone/fax: (53) 3227 8411
e-mail: editora@ufpel.edu.br

Diretor da Editora e Gráfica Universitária: Prof. Dr.Volmar Geraldo da Silva Nu-nes


Gerência Operacional: Carlos Gilberto Costa da Silva

Impresso no Brasil
Edição: 2009

ISBN : 978-85-7192-627-1
Tiragem: xxx exemplares

Dados de Catalogação na Fonte Internacional:


(Bibliotecária Daiane Schramm – CRB-10/1881 )

S588c Simch, Márcia Rosales Ribeiro


Cálculo D. / Márcia Rosales Ribeiro Simch; Germán Ramón
Canahualpa Suazo; Silvia Prietsch Wendt Pinto. – Pelotas: Edito-
ra Universitária/UFPEL, Ministério da Educação, 2009.
196p. : il. ; gráfs. ; 21 cm.

ISBN 978-85-7192-627-1

1. Matemática. 2. Integração Múltipla. 3. Integrais de Linha. 4.


Equações Diferenciais Ordinárias Lineares. I. Título. II. Suazo,
Germán Ramón Canahualpa. III. Pinto, Silvia Prietsch Wendt.

CDD510

Material produzido pelo Laboratório de Ensino de Matemática a Distância - LEMAD


Direitos autorais do Curso de Licenciatura em Matemática a Distância da UF
Apresentação

A literatura didática para o ensino de matemática recebe, através dessa publicação, um novo fôlego
em material preparado para o ensino. Trata-se de um novo caminho que começamos a trilhar, por
onde estamos aprendendo a caminhar através da pesquisa, da discussão e, acima de tudo, da
dedicação de nossos professores.
Esta obra nasce a partir do esforço conjunto de professores da Universidade Federal de Santa
Catarina, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade Estadual de Maringá, da
Universidade Federal de Pelotas, de alunos e profissionais do Laboratório de Ensino de Matemáti-
ca a Distância desta, que, apoiados com recursos do Ministério da Educação, aceitaram o desafio
de preparar os materiais necessários para a execução do Curso de Licenciatura em Matemática a
Distância da UFPel.
Esperamos que este livro, que ora apresentamos, seja um instrumento útil nas mãos de alunos e
professores e sirva de apoio para a melhoria da educação em nosso país.

Prof. Msc. Maurício Braga de Paula


Coordenador do Colegiado do Curso de Licenciatura
em Matemática a Distância

Este trabalho é parte integrante dos materiais de apoio ao estudo da disciplina Cálculo D, do
currículo do CLMD - UFPel. A complementação destes textos acontece através do ambiente virtual
de aprendizagem, vídeo-aulas e webconferências.

Algumas figuras neste texto foram geradas pelo autor Carl Madigan, Professor de Matemática da
Nova Scotia Agricultural College, Truro, N.S., B2N 5E3 e estão disponíveis na seção Application
Center do User Community na página http://www.maplesoft.com .

Alguns exercícios apresentados, para a fixação de conteúdos, são resultados de pesquisas


bibliográficas.

Profa. Márcia Rosales Ribeiro Simch


Prof. Gemán Ramón Canahualpa Suazo
Profa. Silvia Prietsch Wendt Pinto
Sumário
Capítulo 1 – Integração Múltipla

1.1 - Introdução...................................................................................................................................................................10
1.2 - Integrais Duplas..........................................................................................................................................................11
1.2.1 - Integrais Duplas Sobre Regiões Retangulares........................................................................................................11
1.2.2 - Alguns Teoremas e Propriedades............................................................................................................................15
1.2.3 - Algumas Interpretações para Integral Dupla............................................................................................................19
1.2.3.1 - Interpretação como Área.......................................................................................................................................19
1.2.3.2 - Interpretação como Volume..................................................................................................................................19
1.2.3.3 - Interpretação como Valor Médio...........................................................................................................................22
1.2.3.4 - Interpretação Quando o Integrador é uma Função Densidade.............................................................................22
1.2.3.5 - Interpretação como Centro de Massa...................................................................................................................23
1.2.4 - Integrais Duplas em Regiões Não-Retangulares.....................................................................................................25
1.2.5 - Cálculo de Integrais Duplas.....................................................................................................................................28
1.2.6 - Integrais Duplas em Coordenadas Polares.............................................................................................................34
1.3 - Integrais Triplas...........................................................................................................................................................38
1.3.1 - Introdução................................................................................................................................................................38
1.3.2 - Integrais Triplas em Coordenadas Cilíndricas.........................................................................................................43
1.3.3 - Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas...........................................................................................................45
1.4 - Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas: Jacobianos.........................................................................................48

Capítulo 2 – Integrais de Linha

2.1 - Integrais de Funções Escalares sobre Curvas...........................................................................................................52


2.2 - Cálculo de Integrais de Linha......................................................................................................................................53
2.3 - Integrais de Linha em Relação a x, y e z................................................................................................................... 55
2.4 - Integração de Funções Vetoriais sobre Curvas..........................................................................................................57
2.5 - Campos Vetorias Conservativos e Independentes do Caminho.................................................................................60
2.6 - Teorema de Green......................................................................................................................................................65

Capítulo 3 – Equações Diferenciais Ordinárias Lineares

3.1 - Noções gerais.............................................................................................................................................................68


3.2 - Equações Lineares de 1ª Ordem................................................................................................................................78
3.2.1 - Equações em que P(x)=0........................................................................................................................................78
3.2.2 - Equações em que P(x)≠0 (caso geral)....................................................................................................................81
3.2.2.1 - Método de Bernoulli..............................................................................................................................................86
3.2.2.2 - Método de Lagrange (Método de Variação dos Parâmetros)...............................................................................88
3.2.3 - Equações Transformadas em Lineares...................................................................................................................93
3.3 - Equações Diferenciais Lineares de 2a Ordem.............................................................................................................95
3.4 - Determinação de uma Solução Linearmente Independente a Outra Solução não Trivial de uma EDOLH............. 102
3.5 - EDOLH com Coeficientes Constantes......................................................................................................................105
3.6 - Equações Lineares não Homogêneas......................................................................................................................118
3.6.1 - Determinação de Soluções Particulares de Equações não Homogêneas com Coeficientes Constantes pelo Método
dos Coeficientes a Determinar.................................................................................................................................................119
3.6.2 - Determinação de Soluções Particulares de Equações não Homogêneas com Coeficientes Constantes pelo Método de
Variação dos Parâmetros..................................................................................................................................................128

Apêndice I

Integrais Impróprias...........................................................................................................................................................134

Apêndice II

Integrais de Superfície......................................................................................................................................................138
Apêndice III

Resolução de Sistemas de Equações Diferenciais Lineares............................................................................................142

Apêndice IV

Aspectos Históricos...........................................................................................................................................................148

Apêndice V

Coletânea de Exercícios Resolvidos Disponíveis na Bibliografia.....................................................................................154


Integração Múltipla
1.1 Introdução

A noção de integral definida de função de uma variável pode ser estendida para funções de várias variáveis. Existem
várias situações onde necessitamos integrar em mais de uma variável, por exemplo, no cálculo de áreas, volumes, centro
de massa, centro geométrico, cálculo de grandezas escalares tais como trabalho e fluxo, e cálculo de grandezas vetoriais
tais como os campos de velocidades e deslocamentos. Neste capítulo trataremos de integrais duplas (para funções de
duas variáveis) e integrais triplas (para funções de três variáveis), com o objetivo principal de resolvermos problemas que
requeiram tal habilidade. Porém, antes de estudarmos a integração múltipla, propriamente dita, vamos relacioná-la com
alguns conhecimentos de derivadas parciais.

Exemplo 1.1.1: Determinar uma primitiva para a função f ( x, y ) = 3 x 3 y 2 em relação a x .

Ao admitirmos y como constante e integrarmos em relação a x , resulta:

3
∫ 3x y dx = 4 x
3 2 4
y2 + C ,

onde C = C ( y ) é uma função que depende unicamente de y e faz o papel de constante de integração.
3 2 3 4 2
Assim, uma primitiva para f ( x, y ) = 3 x y pode ser, por exemplo, a função F ( x, y ) = x y + C ( y ) , com
4
C ( y ) qualquer função (polinomial, exponencial, logarítmica, etc.) na variável y . Dessa forma temos:

∂F ( x, y ) ∂C ( y )
= 3x 3 y 2 + = 3 x 3 y 2 + 0 = 3 x 3 y 2 = f ( x, y ) .
∂x ∂x
De forma análoga podemos dizer que uma primitiva de f ( x, y ) = 3 x 3 y 2 em relação a y pode ser a função
∂G ( x, y ) ∂ (e x )
G ( x, y ) = x 3 y 3 + e x , desde que = 3x 3 y 2 + = 3 x 3 y 2 = f ( x, y ) .
∂y ∂y

1 x +1

∫ G( x)dx , sendo G( x) = ∫ 3x y dy .
3 2
Exemplo 1.1.2: Calcular
0 x

Pelo “Teorema Fundamental do Cálculo” temos G ( x) = x 3 ( x + 1) 3 − x 3 ( x 3 ) , ou seja, G ( x) = 3 x 5 + 3 x 4 + x 3 .


Temos G (x) é uma função só de x .

Agora, utilizando novamente o Teorema Fundamental do Cálculo obtemos:


1 1
3 6 3 5 1 4 x =1
27
∫0 G( x)dx = ∫0 (3x + 3x + x )dx = ( 6 x + 5 x + 4 x ) .
5 4 3
=
x =0 20

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Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
No exemplo anterior podemos usar o comando do “software MAPLE”, para a conferência de resultado, conforme segue:

• int(3*x^5+3*x^4+x^3,x=0..1);
27
20

Observação 1.1.1: O Exemplo 1.1.2, que poderia ter sido escrito na forma:
1
 x +1 3 2  1 x +1
27
∫0  ∫x ∫0 ∫ 3x y dydx = 20 ,
3 2
3 x y dy  dx =
 x

a qual é um exemplo de integral dupla.

1.2. Integrais Duplas

1.2.1 Integrais Duplas Sobre Regiões Retangulares

Seja z = f ( x, y ) uma função real limitada em uma região retangular R = [a, b] × [c, d ] .
2
Inicialmente, vamos considerar uma partição regular (ou uniforme) de R , em n sub-retângulos, conforme a figura
abaixo,

b−a d −c
onde ∆x = xi +1 − xi = , ∆y = y j +1 − y j = , com i, j = 0, , n − 1 e S n uma soma de Riemann
n n
de f sobre R :
n −1 n −1 n −1
Sn = ∑ ∑ f (u , v )∆x∆y = ∑
i j f (ui , v j )∆Α ,
j =0 i =0 i , j =0

com ∆Α = ∆x∆y e (u i , v j ) um ponto qualquer de um sub-retângulo de R .

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Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
A integral dupla de f ( x, y ) sobre R , denotada por ∫ ∫ f ( x, y)dxdy , é dada por
R

∫ ∫ f ( x, y)dxdy =
R
lim S n = lim S n ,
∆x , ∆y → 0 n →+∞

desde que esse limite exista e seja único.

Observação 1.2.1.1: Dizemos que z = f ( x, y ) é uma função limitada em D ⊂ R 2 se existe uma constante real
positiva M tal que f ( x, y ) ≤ M , ∀ ( x, y ) ∈ D .

Observação 1.2.1.2: Se a integral de z = f ( x, y ) sobre uma região R existe, então a função é dita integrável sobre
R.

Observação 1.2.1.3: Toda função contínua numa região R é integrável sobre R . A demonstração dessa afirmativa
será trabalhada em outras disciplinas do curso e pode ser vista em LIMA, E.L., Curso de Análise, Projeto Euclides, IMPA,
1981.

Observação 1.2.1.4: Se a região R é a união de duas regiões disjuntas R1 e R2 , então

∫ ∫ f ( x, y)dxdy = ∫ ∫ f ( x, y)dxdy + ∫ ∫ f ( x, y)dxdy .


R R1 R2

Observação 1.2.1.5: A observação anterior pode ser estendida para um número arbitrário (finito) de regiões.

Observação 1.2.1.6: A partição não necessariamente precisa ser regular, como inicialmente foi considerada, ou seja,
podemos considerar uma partição P = {Ri , i = 1,  , n} interior de R , formada por sub-retângulos que podem ter
áreas diferentes, para a qual denotaremos a norma (comprimento da maior de todas as diagonais das Ri ) por P ,
a área de cada Ri por ∆Αi e (u i , v j ) ∈ Ri . Nessas condições, a integral dupla de f ( x, y ) sobre R será
definida por:

∫∫ f ( x, y )dxdy = lim ∑ f (ui , vi )∆Αi ,


P →0
R i =1

quando o limite existir e for único.

Exemplo 1.2.1.1: Calcular ∫ ∫ f ( x, y)dxdy , sendo f ( x, y ) = x 2 + y 2 definida na região retangular


R = [0,1] × [0,1] . R

Como f ( x, y ) é contínua em R , então é integrável sobre essa região. Vamos considerar uma partição regular de

1
R tal que ∆x = ∆y = . Pela definição dada em 1.2.1, temos:
n
n −1

∫ ∫ ( x + y )dxdy = lim
2 2
n →+∞

i , j =0
f (ui , v j )∆x∆y .
R

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Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
O limite acima independe da escolha de (u i , v j ) nos sub-retângulos da partição.

 i +1 j +1
Se escolhermos (u i , v j ) = ( xi +1 , y j +1 ) ∈ Ri , teremos (u i , v j ) =  ,  . Assim:
 n n 

n −1
 i + 1 j + 1 1 1 1 n −1
 (i + 1) 2 ( j + 1) 2  1  n −1 (i + 1) 2 n −1 ( j + 1) 2 
Sn = ∑ f
i , j =0  n
,  . = 2
n n n n
∑  n 2 + n 2  = 2 n. ∑ 2
+∑
n2


i , j = 0  n  i =0 n j =0 
ou seja,

2 n −1 (i + 1) 2 2  1 1 n  2n 2 + 3n + 1
Sn = ∑
n i =0 n 2
=  + +
n  6n 2 3
=
3n 2
.

Como

2
lim S n = ,
n →+∞ 3
obtemos

2
∫∫ ( x
2
+ y 2 )dxdy = .
R
3

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Nesse exemplo também podemos usar alguns comandos do “software MAPLE”, para a conferência de resultados,
conforme segue:

> 2/(n)*sum(((i+1)/n)^2, i=0..n-1);

1 1 n
2  + + 
6n 2 3
n

> limit(2/n*(1/(6*n)+1/2+1/3*n),n=infinity);

2
3

Exemplo 1.2.1.2: Calcular ∫∫ ( x + 2 y)dxdy , com R = [0,1] × [0,2] .


R

Observemos que f ( x, y ) = x + 2 y é contínua em R = [0,1] × [0,2] . Agora vamos considerar

i 2j 1 2
xi = , i = 0,  , n ; y j = , j = 0,  , m ; ∆x = ; ∆y = ; (u i , v j ) = ( xi −1 , y j −1 ) ∈ Rij .
n m n m

i −1 2( j − 1)
Assim, teremos f (u i , v j ) = xi −1 + 2 y j −1 = +2 .
n m

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Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Nessas condições, uma soma de Riemann da função sobre R será:
n m
 i − 1 4( j − 1)  1 2 2 1 n m 4 n m 
S n ,m = ∑∑  +  =  ∑∑ (i − 1) + ∑∑ ( j − 1)  ,
i =1 j =1  n m  n m nm  n i =1 j =1 m i =1 j =1 
então

2 m n 4n m  2  m  n(n + 1)  4n  m(m + 1) 
Sn,m =  ∑ (i − 1) + ∑ ( j − 1)  =   − n +  − m  ,
nm  n i =1 m j =1  nm  n  2  m 2 
ou seja,

2  n +1  8  m +1 
S n ,m =  − 1 +  − 1 .
n 2  m 2 
O limite abaixo nos indica o resultado procurado:

 n − 1 4(m − 1) 
lim S n ,m = lim  +  = 5.
n , m →+∞ n , m →+∞
 n m 

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
A soma S n pode ser escrita como:
n
b−a d −c
Sn = ∑ f (u , v )∆Α ,
i , j =1
i j i, j = 1,  , n e ∆x = xi − xi −1 =
n
, ∆y = y j − y j −1 =
n
.

ATIVIDADES
Lista 1.2.1 - Ver exemplo E1 no apêndice V.

1. Calcular ∫ ∫ f ( x, y)dxdy , sendo


R
f ( x, y ) = x 3 + y 3 definida na região retangular R = [0,1] × [0,1] ,

i
considerando a partição uniforme xi = y i = , i = 0, , n .
n
1
Resp:
2

i
2. Calcular ∫∫ (2 x + y)dxdy , com R = [0,1] × [0,2] , considerando a partição x
R
i =
n
, i = 0,  , n ;

2j
yj = , j = 0,  , m .
m
Resp: 4

i
3. Calcular ∫∫ (4 − x − y)dxdy , com R = [0,1] × [0,2] , considerando a partição x
R
i =
n
, i = 0,  , n ;

2j
2 1
 
yj =
m
, j = 0,  , m . Verificar, também, que ∫∫R (4 − x − y ) dxdy = ∫0  ∫0 (4 − x − y)dx  dy , sendo

14
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
que para integrar o lado direito, assume-se que as variáveis x e y não dependem uma da outra.

Resp: 5

1.2.2 Alguns Teoremas e Propriedades

Teorema 1.2.2.1 - Teorema de Fubini

Se z = f ( x, y ) é contínua em R = [a, b] × [c, d ] , então:



b d
 
d b

∫∫
R
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ f ( x, y )dy dx = ∫  ∫ f ( x, y )dx  dy .
a c  c a 
Demonstração:


b d

Vamos demonstrar que ∫∫
R
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ f ( x, y )dy dx .
a c 
d
Seja F ( x) = ∫ f ( x, y )dy definida para cada x ∈ [a, b] .
c

Seja P1 = {y 0 ,  , y n } uma partição regular de ordem n para o intervalo [c, d ] . Podemos escrever:
n −1 y j +1
F ( x) = ∑ ∫ f ( x, y )dy .
yj
j =0

Aplicando o teorema do valor médio para integrais de funções de uma variável no intervalo [ y j , y j +1 ] , j = 0,  , n − 1 ,
temos
y j +1
∫ yj
f ( x, y )dy = f ( x, Υ j ))( y j +1 − y j ) ,

onde Υ j ∈ [ y j , y j +1 ] .

Pela definição de integral de função de uma variável como limite de somas de Riemann, podemos escrever:
b n −1

∫ F ( x)dx = lim n →+∞


∑ F ( X )( x
i =0
i i +1 − xi ) ,
a

com P2 = {x0 ,  , x n } uma partição regular de ordem n para o intervalo [a, b] e X i ∈ [ xi , xi +1 ] .

Tomando (ui , v j ) = ( X i , Y j ) ∈ R i j = [ xi , xi +1 ] × [ y j , y j +1 ] , temos:


n −1
F ( X i ) = ∑ f (ui , v j )( y j +1 − y j ) .
j =0

Assim,
b d b

∫ ∫ f ( x, y)dxdy = ∫ F ( x)dx =
a c a

15
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
n −1
= lim
n →+∞
∑ F ( X )( x
i =0
i i +1 − xi ) =

 n −1
n −1 
= lim
n →+∞
∑  ∑
i =0  j =0
f (ui , v j )( y j +1 − y j )  ( xi +1 − xi ) =

= ∫∫ f ( x, y )dxdy .
R


d b

De modo análogo podemos mostrar que ∫∫
R
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ f ( x, y )dy dx .
c a 
b
d  
d b

Observação 1.2.2.1: As integrais da forma ∫a  ∫c f ( x , y ) dy 

dx e ∫  ∫ f ( x, y )dx  dy são denominadas
c a 
b d
integrais iteradas. Os símbolos ∫ f ( x, y)dx e ∫ f ( x, y)dy denotam integrais definidas parciais; a primeira é
a c

chamada integral definida parcial em relação a x (mantemos y fixo e integramos em relação a x ) e a segunda é
chamada integral definida parcial em relação a y (mantemos x fixo e integramos em relação a y ).

Observação 1.2.2.2: O “Teorema de Fubini” nos fornece uma forma prática para o cálculo de integrais duplas através do
cálculo de duas integrais sucessivas de funções de uma variável. Esse método será amplamente explorado na próxima
seção.

Teorema 1.2.2.2: Seja z = f ( x, y ) uma função limitada em R = [a, b] × [c, d ] . Se o conjunto dos pontos de
descontinuidade de z = f ( x, y ) pode ser descrito como uma união finita de gráficos de funções contínuas, então
essa função é integrável sobre a região R .

Demonstração:

A demonstração deste teorema pode ser vista em APOSTOL, T.M., Cálculo, Reverte, 1982.

Observação 1.2.2.3: O “Teorema de Fubini” ainda é válido se a função é descontínua apenas numa união finita de gráficos
de funções contínuas.

Propriedade 1.2.2.1 - Linearidade

Sejam f1 ( x, y ) e f 2 ( x, y ) funções integráveis numa região R , c1 e c 2 ∈ R . Então, a função c1 f1 + c 2 f 2 é


integrável em R e

∫∫ [c f ( x, y) + c
R
1 1 f ( x, y ) ]dxdy = c1 ∫∫ f1 ( x, y )dxdy + c2 ∫∫ f 2 ( x, y )dxdy .
2 2
R R

Observação 1.2.2.4: A propriedade de linearidade pode ser estendida para um número arbitrário finito de funções.

16
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Propriedade 2.2.2 - Monotonicidade

Se f1 ( x, y ) e f 2 ( x, y ) são funções integráveis numa região R e f 1 ( x, y ) ≥ f 2 ( x, y ) , ∀( x, y ) ∈ R ,


então

∫∫ f ( x, y)dxdy ≥ ∫∫ f ( x, y)dxdy .
R
1
R
2

Observação 1.2.2.5: Uma conseqüência imediata é:

f1 ( x, y ) ≥ 0 em R ⇒ ∫∫ f1 ( x, y )dxdy ≥ 0 em R ,
R

utilizando a propriedade de monotonicidade com f 2 ( x, y ) = 0 .

Propriedade 1.2.2.3 - Aditividade

Se a regiãoR for subdividida em n sub-retângulos R1 ,  , Rn e f ( x, y ) for integrável sobre cada Ri , i = 1,  , n ,


então f ( x, y ) será integrável sobre R e

∫∫ f ( x, y )dady = ∑ ∫∫ f ( x, y )dxdy .
R i =1 Ri

n
Observação 1.2.2.6: Na propriedade de aditividade, R = ∪ Ri com dois Ri sem pontos interiores em comum.
i =1

Teorema 1.2.2.3: Seja z = f ( x, y ) uma função contínua em R = [a, b] × [c, d ] .

Se f ( x, y ) ≤ M = máx f ⇒ ∫∫ f ( x, y )d Α ≤ ∫∫ Md Α = M (b − a )(d − c) . Também, se


R R R

m = min f ≤ f ( x, y ) ⇒ ∫∫ md Α = m(b − a )(c − d ) ≤ ∫∫ f ( x, y )dA .


R
R R

Demonstração:

Lista de exercícios 1.2.2

Teorema 1.2.2.4 - Teorema do Valor Médio

Se f ( x, y ) é integrável em uma região R = [a, b] × [c, d ] , então existe p 0 ∈ R tal que

∫∫ f ( x, y)d Α = f ( p )(b − a)(d − c) .


R
0

17
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Demonstração:

Lista de exercícios 1.2.2

Nos exemplos abaixo são calculadas integrais duplas, sobre regiões retangulares, com uso de propriedades.

Exemplo 1.2.2.1: f ( x, y ) = x + 2 y; R = [0,1] × [0,2] .


2
1  2
 x2 1
∫∫R ( x + 2 y ) d Α = ∫0  ∫0 ( x + 2 y ) dx 

dy = ∫
0
 + 2 yx  0dy
2 
2
1 y y2  2  y 2 2
= ∫ ( + 2 y )dy =  + 2  =  + y 2  = ( + 22 ) − (0) = 5
0
2 2 2  0 2 0 2

Exemplo 1.2.2.2: f ( x, y ) = e y sen(2 x), R = [0, π2 ] × [0,1] .


π π π
2
1 y  2 1 2

∫∫ e sen(2 x)d Α = ∫ ∫ ∫0 ∫0 (e − 1) sen(2 x)dx =


y y
e sen (2 x ) dy  dx = e sen (2 x ) dx =
0
R 0 0 
π
2
cos(2 x)
= −(e − 1) = (e − 1).
2
0

Exemplo 1.2.2.3: ∫∫ y sen( xy)dA,


R
R = [1,2] × [0, π ] .

2
π
 π 2 π

∫∫R y sen( xy)d Α = ∫0  ∫1 y sen( xy)dx  dy = ∫0 − cos( xy) 1dy = −∫0 [cos(2 y) − cos( y)]dy =
 sen(2 y ) π
= − − sen( y )  = 0.
 2 0

ATIVIDADES
Lista 1.2.2 - Ver exemplos E2 e E3 no apêndice V.

1. Provar a propriedade de aditividade.

2. Provar o teorema 2.2.3.

3. Provar o “Teorema do Valor Médio”.

4. Resolver os exemplos 2.1.1 e 2.1.2, da seção anterior, usando o teorema de Fubini.

∫∫ ( y cos( x) − xe
y
5. Calcular )d Α , onde R = [0, π2 ] × [−1,1] ; fazer o cálculo das integrais iteradas e comparar
R

os resultados.

18
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1
Resp: − π 2 (e − e −1 )
8

1.2.3 Algumas Interpretações para a Integral Dupla

1.2.3.1 Interpretação como Área

Se z = f ( x, y ) = 1 , ∀( x, y ) ∈ R = [a, b] × [c, d ] , cada termo da soma de Riemann de f ( x, y ) sobre R é


1∆Αi , com i = 1,  , n . Então, geometricamente,
n

∫∫ 1d Α = limn →+∞
∑ ∆Α
i =1
i = Área ( R) .
R

Exemplo 1.2.3.1.1: Seja R = [a, b] × [c, d ] um retângulo. Logo:


b
d  b
Área ( R) = ∫∫ 1d Α ∫  ∫ dy  dx = ∫ (d − c)dx = (b − a )(d − c) .
R a c  a

1.2.3.2 Interpretação como Volume

Seja z = f ( x, y ) ≥ 0 contínua em R = [a, b] × [c, d ] . Seja Α i , i = 1,  , n , a área da sub-região Ri do


particionamento de R . Seja Vi = f (u i , vi ) Α i o volume de cada prisma de altura f (u i , vi ) e área da base Α i .
O volume aproximado do sólido delimitado superiormente por f ( x, y ) e inferiormente pela região R é

n n
V = ∑ Vi = lim ∑ f (u , v )∆Α = ∫∫ f ( x, y)dxdy .
i i i
n →+∞
i =1 i =1 R

Exemplo 1.2.3.2.1: Calcular o volume de uma caixa de base retangular R = [a, b] × [c, d ] e altura h > 0 .

19
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Nesse caso temos f ( x, y ) = h , onde h é uma constante positiva. Então

V = ∫∫ f ( x, y )dxdy = ∫∫ hdxdy = h(b − a )(d − c)


R R

é o volume aproximado em u.v.

Exemplo 1.2.3.2.2: Calcular o volume do prisma triangular limitado superiormente por f ( x, y ) = 1 − y e inferiormente
pela região retangular R = [0,1] × [0,1] .

O volume aproximado, em unidades de volume, é dado por


1
1  1
1
V = ∫∫ f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ (1 − y )dx dy = ∫ (1 − y )dy = .
R 0 0  0
2
Observamos que a figura indica que o volume deve ser a metade do volume do cubo com lado 1u.c. .

Exemplo 1.2.3.2.3: Encontrar o volume do sólido limitado pelo parabolóide x 2 + 2 y 2 + z = 16 , pelos planos x = 2 ,
y = 2 e pelos três planos coordenados.
2 2 2
y3 2
V = ∫∫ (16 − x − 2 y )dA = ∫ dx ∫ (16 − x − 2 y )dy = ∫ (16 y − yx − 2 ) dx =
2 2 2 2 2

R 0 0 0
3 0

2
 16   2 x3 16 x  2 16 32
= ∫  32 − 2 x 2 − dx =  32 x − −  0 = 64 − − = 48 u.v.
0
3  3 3  3 3

20
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 1.2.3.2.1: Interpretação geométrica para o Teorema de Fubini

Para cada y ∈ [c, d ] , a área da seção plana, obtida com a interseção do plano paralelo ao plano xz passando por
b
(0, y,0) com o sólido de volume ∫∫ f ( x, y)dxdy , é dada por A( y) = ∫ f ( x, y)dx . Pelo “Princípio de Cavalieri”
R a
d
podemos expressar o volume ∫∫ f ( x, y)dxdy por ∫ A( y)dy . Dessa forma, obtemos:
R c


d b

∫∫
R
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ f ( x, y )dx dy .
c a 
De forma análoga podemos pensar na área da seção plana resultante da interseção do sólido com o plano paralelo ao
plano yz passando por (x,0,0) e teremos:
b
d 
∫∫
R
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ f ( x, y )dy dx .
a c 

21
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1.2.3.3 Interpretação como Valor Médio

O valor médio de uma função f ( x, y ) numa região R pode ser calculado por

1
Área ( R) ∫∫
Valor médio de f na região R = f ( x, y )dxdy .
R

Exemplo 1.2.3.3.1: Encontrar o valor médio da função f ( x, y ) = 3 − x 2 − xy na região R = [0,1] × [0,2] .


Observemos que
2
1
2  1
 1 
1

∫∫ f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ (3 − x 2 − xy )dy dx = ∫  3 y − x 2 y − xy 2  dx = ∫ (6 − 2 x 2 − 2 x )dx =


R 0 0  0
2 0 0
1
 2  13
=  6 x − x3 − x 2  = .
 3 0 3

Por outro lado, area( R) = 2 .

1 13
Assim, Valor médio de f na região R = ∫∫
Área ( R) R
f ( x, y )dxdy = .
6

Em termos físicos, se considerarmos a função f ( x, y ) como a superfície de um líquido (por exemplo, água) contida
dentro de um recipiente cilíndrico com base R e z ≥ 0 , então, após um tempo, o líquido contido nesse recipiente atingirá
uma altura igual ao valor médio da função sobre R .

1.2.3.4 Interpretação Quando o Integrando é uma Função Densidade

Uma função de duas variáveis f ( x, y ) pode representar, por exemplo, a densidade de uma população por unidade
de área ou a densidade de massa de uma placa. A integral dupla ∫∫ f ( x, y)dxdy
R
representará, nesses casos, a

população total ou a massa total da região R.

Exemplo 1.2.3.4.1: Se a densidade por unidade de área de uma população de bactérias sobre a região R = [ a , b ] × [c, d ]
é f ( x, y ) = x + 4 y em cada posição ( x, y ) ∈ R , calcular a população total sobre essa região.
22
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Basta calcularmos

b
d  b b
f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ ( x + 4 y )dy dx = ∫ (xy + 2 y ) dx = ∫ ((d − c) x + 2(d 2 − c 2 ) )dx =
d

∫∫
2
c
R a c  a a
b
 x2  (d − c)(b 2 − a 2 )
=  (d − c) + 2(d 2 − c 2 ) x  = + 2(d 2 − c 2 )(b − a )
 2 a 2
a +b 
= (d − c)(b − a )  + 2(c + d )  .
 2 

a +b 
Logo, a população é de (d − c)(b − a )  + 2(c + d )  indivíduos.
 2 

1.3.2.5 Interpretação como Centro de Massa

O centro de massa, de uma lâmina cuja medida da densidade de área é ρ ( x, y ) e cuja medida da massa é
M = ∫∫ ρ ( x, y )dxdy , tem coordenadas ( x , y ) :
R

Mx My
x= e y= ,
M M
sendo

M x = ∫∫ x ρ ( x, y )dxdy e M y = ∫∫ y ρ ( x, y )dxdy .
R R

De forma simplificada, podemos dizer que o centro de massa ou centro de gravidade é o ponto de aplicação do peso de
um corpo, ou seja, é “o ponto de equilíbrio de um sistema”.

Exemplo 1.2.3.5.1: Seja uma lâmina retangular de largura a = 2 u.c e altura b = 1 u.c. Se um sistema de coordenadas
retangulares é disposto como mostramos na figura, determinar as coordenadas do centro de massa dessa lâmina sabendo
que a densidade de área é ρ ( x , y ) = x cos( y ) ua.

Considerando R = [0,2] × [0,1] , temos que a massa da lâmina é

1 2
 2
1
2
M = ∫∫ ρ ( x, y )dxdy = ∫  ∫ x cos( y )dy dx = ∫ x sen(y ) 0 dx = ∫ x sen(1)dx =
R 0 0  0 0
2
 x2 
=  sen(1)  = 2 sen(1)
 2 0

23
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 2 2
 2
1
2
M x = ∫∫ x ρ ( x, y )dxdy = ∫  ∫ x cos( y )dy dx = ∫ x sen(y ) dx = ∫ x 2 sen(1)dx =
2
0
R 0 0  0 0
2
 x3  8
=  sen(1)  = sen(1)
 3 0 3

1 2
 2
1
M y = ∫∫ y ρ ( x, y )dxdy = ∫  ∫ xy cos( y )dy dx = ∫ x (cos( y ) + y sen(y ) ) 0 dx =
R 0 0  0
2
2
 x2 
= ∫ x (cos(1) + sen(1)-1)dx =  (cos(1) + sen(1)-1) = 2 (cos(1) + sen(1)-1).
0  2 0

As coordenadas do centro de massa são:


8
sen(1)
Mx 3 8
x= = = u
M 2 sen(1) 6
e

My 2 (cos(1) + sen(1) - 1) cos(1) + sen(1) - 1


y= = = u.
M 2 sen(1) sen(1)

ATIVIDADES
Lista 1.2.3 - Ver exemplos E4 ao E6 no apêndice V.

1. Calcular o volume do sólido cilíndrico limitado superiormente por f ( x, y ) = xy e inferiormente pela região retangular
R = [0,1] × [0,1] .

1
Resp:
4
2. Calcular o volume do sólido cilíndrico limitado superiormente por f ( x, y ) = ( x + y ) 2 e inferiormente pela região
retangular R = [0,1] × [0,1] .

7
Resp:
6

24
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3. Calcular o volume do sólido cilíndrico limitado superiormente por f ( x, y ) = ( x − a )( y − c) e inferiormente pela
região retangular R = [a, b] × [c, d ] .

(b − a ) 2 (d − c) 2
Resp:
4
4. Encontrar o valor médio da função f ( x, y ) = xy − x na região R = [0,1] × [0,2] .

Resp: 0

5. Encontrar o valor médio da função f ( x, y ) = xy − x na região R = [0,2] × [0,1] .

Resp: −1

6. Se a densidade de uma população de organismos sobre a região R = [0,3] × [0,1] é f ( x, y ) = xy + y 2 milhares


por unidade de área em cada ponto ( x, y ) ∈ R , calcular a população total sobre essa região.

Resp: 3250

7. Se a densidade por unidade de área de uma população de bactérias sobre a região R = [ a , b ] × [c, d ] é

x−a y−c
f ( x, y ) = + em cada posição ( x, y ) ∈ R , calcular a população total sobre essa região.
b−a d −c

Resp: (b − a )(d − c)

1.2.4 Integrais Duplas em Regiões Não-Retangulares

Agora, o conceito de integral dupla será estendido a regiões mais gerais. Inicialmente, vamos considerar um subconjunto
limitado e fechado W ⊂ R = [a, b] × [c, d ] ; z = f ( x, y ) contínua em W ; z = f ( x, y ) definida em R por

 f ( x, y ) se ( x, y ) ∈ W

f ( x, y ) = 
0 se ( x, y ) ∈ R − W .

A função f é contínua, exceto possivelmente na fronteira W . Entretanto, se a fronteira de W consiste de um número


finito de gráficos de funções contínuas, então (pelo teorema 1.2.2.2) a função f é integrável sobre R . Nessas condições,
podemos definir:

∫∫ f ( x, y)d Α = ∫∫ f ( x, y)d Α .
W R

A integral ∫∫ f ( x, y)d Α acima independe da escolha de R . Antes de provarmos essa afirmativa, vamos observar
W

que todas as regiões do plano xy , aqui consideradas, serão do tipo I ou tipo II (figuras abaixo) ou poderão ser divididas
num número finito de sub-regiões desses tipos.
25
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Região W do tipo I, onde ψ 1 ( x) ≤ ψ 2 ( x) são contínuas em [ a, b] :

W = {( x, y ) ∈ R 2 / a ≤ x ≤ b e ψ 1 ( x) ≤ y ≤ ψ 2 ( x)}.

Região W do tipo II, onde ϕ1 ( y ) ≤ ϕ 2 ( y ) são contínuas em [c, d ] :

W = {( x, y ) ∈ R 2 / ϕ1 ( y ) ≤ x ≤ ϕ2 ( y ) e c ≤ y ≤ d }.

região tipo I

região tipo II

Teorema 1.2.4.1 – Seja a função z = f ( x, y ) definida e contínua em um subconjunto fechado e limitado W ⊂ R n


.

b ψ 2 ( x)
a) Se W é uma região do tipo I, então ∫∫ f ( x, y)d Α = ∫ ∫
W
a ψ1 ( x )
f ( x, y )dydx .
d ϕ2 ( y )
b) Se W é uma região do tipo II, então ∫∫ f ( x, y)d Α = ∫ ∫
W
c ϕ1 ( y )
f ( x, y )dxdy .

26
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Demonstração:

Seja W ⊂ R = [a, b] × [c, d ] . Seja z = f ( x, y ) definida de modo que seja nula em R − W e coincida com f
em W . Então:

∫∫ f ( x, y)d Α = ∫∫ f ( x, y)d Α .
W R

Como temos que para cada x ∈ [a, b] , a função f é limitada em [c, d ] e contínua, exceto possivelmente em dois
pontos.

d ψ1 ( x ) ψ 2 ( x) d
Assim, a integral ∫c
f ( x, y )dy = ∫
c
f ( x, y )dy + ∫
ψ1 ( x )
f ( x, y )dy + ∫
ψ 2 ( x)
f ( x, y ) dy existe.

Como para c < y < ψ 1 ( x) e ψ 2 ( x) < y < d temos f ( x, y ) = 0 , então:


d ψ 2 ( x) ψ 2 ( x)
∫ c
f ( x, y )dy = ∫
ψ1 ( x )
f ( x, y )dy = ∫
ψ1 ( x )
f ( x, y )dy .

Finalmente, pelo Teorema de Fubini, temos:

∫∫ f ( x, y)d Α =∫  ∫ f ( x, y )dy  dx = ∫ dx ∫


b d b ψ 2 ( x) b ψ 2 ( x)
f ( x, y )dy = ∫ ∫ f ( x, y )dydx .
a c  a ψ1 ( x ) a ψ1 ( x )
R

Para completarmos a demonstração, podemos, de modo análogo, mostrar que

d ϕ2 ( y )
∫∫ f ( x, y)d Α = ∫ ∫
W
c ϕ1 ( y )
f ( x, y )dxdy .

Observação 1.2.4.1: Toda função real definida e contínua em um subconjunto fechado e limitado W ⊂ R n é limitada.

Observação 1.2.4.2: O fato da integral ∫∫ f ( x, y)d Α ser independente de R fica demonstrado pelas fórmulas a) e
W
b) do teorema 2.4.1.

Observação 1.2.4.3: Se W é uma região do tipo I tal que

W = {( x, y ) ∈ R 2 / a ≤ x ≤ b e ψ 1 ( x) ≤ y ≤ ψ 2 ( x)},
b ψ 2 ( x) b
a integral ∫∫ dxdy = ∫ ∫ dydx = ∫ [ψ 2 ( x) −ψ 1 ( x) ]dx = Área (W ) .
a ψ1 ( x ) a
W

ATIVIDADES
Lista 1.2.4 - Ver exemplos E7 e E8 no apêndice V.

Determinar a região de integração e trocar a ordem de integração das integrais abaixo:


1 1
1. ∫ ∫ f ( x, y)dydx
0 x

27
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 y
Resp: ∫ ∫ f ( x, y)dxdy
0 0

1 1
2. ∫ ∫ f ( x, y)dxdy
0 y

1 x
Resp: ∫ ∫ f ( x, y)dydx
0 0

1 x
3. ∫ ∫ f ( x, y)dydx
0 x3

1 3 y

Resp: ∫ ∫ f ( x, y)dxdy
0 y2

π
2 1
4. ∫ ∫ f ( x, y)dxdy
0 cos y

π
1 2

Resp: ∫ ∫ f ( x, y)dydx
0 arccos x

1 1+ y 2

5. ∫ ∫ f ( x, y)dxdy
0 1− y

1 1 2 1
Resp: ∫ ∫
0 1− x
f ( x, y )dydx + ∫ ∫ f ( x, y)dydx
1 x 2 −1

1.2.5 Cálculo de Integrais Duplas

No cálculo de integrais duplas é fundamental o reconhecimento da região de integração (domínio de integração). Para
tal é importante o reconhecimento das curvas que delimitam a região de integração. Essas curvas podem ser escritas
em função de x , y = f (x) , ou convenientemente em função de y , x = g ( y ) ; a conveniência é devida ao menor
trabalho exigido no processo de cálculo.

Exemplo 1.2.5.1: Calcular o valor da integral ∫∫ x


R
y 2 + 1 d Α , sendo R a região delimitada por x = 0 , y = 2

x
e y= .
3

28
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
6 2 
∫0  ∫x
2
Primeiro, vamos resolver  x y + 1 dy dx ; para tal, obtivemos o gráfico da região e os limites dessa região.
3 

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O gráfico da região pode ser obtido usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

> plot({2,x/3},x=-6..10,color=red,scaling=constrained);

Os pontos de interseção também podem ser obtidos usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

> solve({y=2,y=x/3},{x,y});
{ y = 2, x = 6 }

6 2  81 5 9
∫0  ∫x
2
O valor da integral é  x y + 1 dy dx = − ln( 5 + 2) .
 8 16
3 
2
3 y 
∫0  ∫0 x y + 1 dx dy e comparar os resultados obtidos. Esta integral pode ser calculada
2
Agora, vamos calcular
 
mediante o comando

> student[Doubleint](x*sqrt(y^2+1),x=0..3*y,y=0..2); value(%);


> simplify(%);

81 5 9
− ln( 5 + 2 )
8 16

29
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
∫∫ xyd Α , onde R é delimitada por y = x − 1 e y
2
Exemplo 1.2.5.2: Calcular o valor da integral = 2x + 6 .
R

y = x −1
As soluções (5,4) e (−1,−2) do sistema  2 são os pontos de intersecção das curvas dadas. Assim,
temos:  y = 2x + 6

 y2+1 xydx dy = 4  y ( y + 1) − y ( y − 6) dy = 36 .


2 2 2
4
∫∫R xydA = ∫−2  ∫y 2−6  ∫−2  2 8 

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Os pontos de interseção entre as curvas podem ser obtidos usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

> solve({y=x-1,y^2=2*x+6},{x,y});
{ y = -2, x = -1 }, { y = 4, x = 5 }

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O gráfico da região pode ser obtido usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

> plots[implicitplot]({y=x-1, y^2=2*x+6}, x=-4..6, y=-5..6,scaling=constrained,color=red);

30
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
4 y +1
Agora, vamos resolver ∫ ∫
−2
y 2 −6
2
xydxdy ; podemos facilmente fazer isto mediante os seguintes comandos do
“MAPLE”:

> student[Doubleint](x*y,x=(y^2-6)/2..y+1,y=-2..4);
> value(%);

∫∫ 12 xyd Α , onde R é delimitada por y = x


2
Exemplo 1.2.5.3: Calcular o valor da integral e y= x.
R

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O gráfico da região pode ser obtido usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

• plots[implicitplot]({y=x^2, y=sqrt(x)}, x=-1..2, y=-1..2,scaling=constrained,color=red);


1 x
A integral a ser avaliada fica ∫∫
0 x2
12 xydydx , que pode ser resolvida pelo “MAPLE” mediante os comandos

> student[Doubleint](12*x*y,y=x^2..sqrt(x),x=0..1);
> value(%);

31
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
∫∫ 12 xyd Α , onde R é delimitada por x = y
2
Exemplo 1.5.4: Calcular o valor da integral e x= y.
R

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O gráfico da região pode ser obtido usando o “software MAPLE”, através do comando abaixo:

> plots[implicitplot]({x=y^2, x=sqrt(y)}, x=-1..2, y=-1..2,scaling=constrained,color=red);

1 y
A integral a ser calculada é ∫∫ 0 y 2
12 xydxdy . Isto pode ser conferido mediante os comandos:

> student[Doubleint](12*x*y,x=y^2..sqrt(y),y=0..1);
> value(%);

∫∫ 2 xyd Α , onde R é delimitada por y = x


2
Exemplo 1.5.5: Calcular o valor da integral , y + x = 6 e y = 1.
R

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
A região pode ser desenhada pelo comando

> plots[implicitplot]({y=x^2, y+x=6, y=1}, x=-10..10, y=-10..10,scaling=constrained,color=red,numpoints=5000);

ATIVIDADES
Lista 1.2.5 - Ver exemplos E9 ao E21 no apêndice V.

1. Calcular a área da região delimitada pelas curvas x = y2 , y = 1+ x , y −1 = 0 e y +1 = 0 .

2. Calcular o volume do sólido limitado pelas superfícies y + x 2 = 4 , y − 3x = 0 , z − x = 4 e z = 0 .

3. Calcular a integral ∫∫ ( x + y)dxdy , sendo R o triângulo de vértices (0,1) ,


R
(1,0) e (−1,0) . Efetuar o

cálculo como região do tipo II e depois como decomposição em duas regiões do tipo I.

1
4. Calcular ∫∫ ( x + y)dA sendo R a região compreendida pelas curvas y = 2 x , y =
R
x , x =1 e x = 4.

∫∫ ( x
2
5. Calcular − y )dA sendo R a região compreendida pelas retas y = − x + 1 , y = x + 1 e y = 2 .
R

6. Calcular ∫∫ ( x − y)dA sendo R a região do primeiro quadrante compreendida por y = x e


R
y = x3 .
2 1
∫∫
2
7. Calcular a integral e x dxdy invertendo a ordem de integração.
0 y/2

2 1
8. Calcular a integral ∫∫
0 y/2
cos( x 2 )dxdy invertendo a ordem de integração.

32
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 2
9. Utilizar uma integral dupla para calcular a área da região R entre a parábola y = x e a reta y = 3 x .
2
10. Utilizando uma integral dupla, calcular o volume do sólido no primeiro octante limitado pelo parabolóide
z = x 2 + y 2 , pelo cilindro x 2 + y 2 = 4 e pelos planos coordenados.

∫∫ cos( y )dA sendo R a região limitada por y =


3
11. Calcular a integral x , y = 2 e x = 0.
R
r2
12. Uma lente circular de raio igual a 5 cm tem uma espessura de 1 − cm nos pontos que estão a uma distância
5
igual a r cm do centro da lente. Encontrar a espessura média da lente. (sugestão: usar coordenadas polares)

∫∫ ( x + y 2 )dA , sendo R o anel compreendido entre as circunferências x 2 + y 2 = 1 e


2
13. Encontrar o valor de
R
x 2 + y 2 = 9 . (sugestão: usar coordenadas polares)

14. Calcular a área da região delimitada pelas curvas x = y2 , y = 1+ x , y −1 = 0 e y +1 = 0 .

15. Calcular o volume do sólido limitado pelas superfícies y + x 2 = 4 , y − 3x = 0 , z − x = 4 e z = 0 .

16. Calcular a integral ∫∫ ( x + y)dxdy , sendo R o triângulo de vértices (0,1) , (1,0)


R
e (−1,0) . Depois, refazer

a integral considerando a região como do tipo II e ainda como decomposição em duas regiões do tipo I.

17. Calcular o volume limitado pelos cilindros x2 + y2 = r 2 e x2 + z2 = r 2 .

Sugestão: O volume pode ser visualizado mediante o comando a baixo:

> plots[implicitplot3d]({x^2+y^2=1, x^2+z^2=1}, x=-2..2, y=-2..2, z=-2..2,scaling=constrained);

Respostas na página 193

33
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1.2.6 Integrais Duplas em Coordenadas Polares

Muitas vezes a região sobre a qual a integral dupla está sendo calculada é mais facilmente descrita por coordenadas
polares do que por coordenadas retangulares. A seguir, vamos estudar o processo para cálculo de integrais duplas em
coordenadas polares.

  2
Ak
    
rk , k  r
 Q  

R ra
r  g 2 ( )
3r
2r r  g1 ( )
 r  0
0

Inicialmente, vamos considerar uma partição P = { α = θ 0 ,α + ∆θ ,α + 2∆θ , , θ n = β } em coordenadas


polares do arco Ω = αβ , conforme a figura acima. Consideremos a sub-região Ω i de Ω delimitada por ρ i −1 , ρ i ,
θ i −1 e θ i . Cada Ω i é aproximadamente um retângulo de área Ai = ∆ρ i ρ i ∆θ i . Se ( ρ ki , θ ki ) é um ponto interior
de Ω i , podemos formar um sólido cuja área da base é Ai e altura f ( ρ ki ,θ ki ) , e, portanto, com volume :

Vi = f ( ρ ki , θ ki )∆ρ i ρ i ∆θ i .

O volume sob f ( ρ , θ ) pode ser aproximado por:


n
Vn = ∑ f ( ρ ki ,θ ki )∆ρ i ρ i ∆θ i .
i =1

Seja P a diagonal da maior sub-região Ω i de Ω . Se P → 0 temos ∆ρ i → 0 , ∆θ i → 0 , ρ ki → ρ ,


θ ki → θ e ρ i → ρ , então
n
V = lim Vn = lim ∑ f ( ρ ki , θ ki )∆ρ i ρ i ∆θ i ,
P →0 P →0
i =1

ou

β ρ2
V =∫ ∫ f ( ρ , θ ) ρ dρdθ .
α ρ1

Observação 1.2.6.1: As coordenadas retangulares e as polares de um ponto no plano estão relacionadas por:

x = ρ cos θ e y = ρ senθ ,

com ρ ≥ 0 e θ 0 ≤ θ ≤ θ 0 + 2π .

34
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Ai = ∆xi ∆y i (áreas de sub-regiões retangulares de uma partição por retas paralelas aos eixos
É claro que as áreas
x e y ) e Ai = ∆ρ i ρ i ∆θ i não são iguais. Porém,
lim ∆xi ∆y i
∆x , ∆y →0
= 1,
lim ∆ρ i ρ i ∆θ i
∆ρ , ∆θ →0

o que implica dxdy = ρ dρ dθ .

Portanto, temos a equivalência entre uma integral dupla em coordenadas retangulares e em coordenadas polares, sobre
uma mesma região, como segue:

b = x2 d = y2 θ =β ρ =ρ2
∫ ∫
a = x1 c = y1
f ( x, y )dxdy = ∫
θ =α ∫
ρ = ρ1
f ( ρ , θ ) ρ dρ dθ .

∫∫ ln( x
2
Exemplo 1.2.6.1. Calcular + y 2 )dxdy , sendo R a região do primeiro quadrante entre as circunferências
R

concêntricas x + y = 1 e x2 + y2 = 4 .
2 2

Usando a mudança polar

x = ρ cos θ e y = ρ senθ ,

a região do primeiro quadrante entre as circunferências dadas pode ser descrita por:

R = {( ρ , θ ) ∈ R 2 /1 ≤ ρ ≤ 2 e 0 ≤ θ ≤ π2 }.

35
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Assim, obtemos:

2 π 2 π

∫∫ ln( x + y )dxdy = ∫ ∫ ρ ln( ρ 2 )dθ d ρ = ∫ ∫


2 2
2 ρ ln( ρ )dθ d ρ =
2 2

1 0 1 0
R

ρ =2
π 2 π 2 ρ2  π
= ∫ 2 ρ ln( ρ )dρ =  ρ ln( ρ ) −  = (8 ln(2) − 3) .
2 1 2 2  4
ρ =1
1
Exemplo 1.2.6.2. Calcular ∫∫ ρ dA , sendo R a região do primeiro quadrante fora da circunferência ρ = 1 e dentro
R

da rosácea ρ = 2sen (3θ ) .

A figura a seguir, mostra a região de integração:

que pode ser descrita por R = {( ρ , θ ) ∈ R 2 /1 ≤ ρ ≤ 2sen(3θ ) e π


18 ≤θ ≤ 5π
18 }. Os extremos para os valores
do ângulo θ podem ser calculados a partir da equação 1 = 2sen (3θ ) .

Assim,


θ =
18
1 5π 2sen (3θ ) 1 5π
 2 
∫∫R ρ dA = ∫18π ∫ ρ d ρ dθ = ∫π (2sen(3θ ) − 1)dθ =  − cos(3θ ) − θ 
18 18

1 ρ 18  3  π
θ =
18

2 3 5π 2 3 π 2 2
= − + + = 3− π
3 2 18 3 2 18 3 9

36
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo 1.2.6.3. Calcular, mediante uma integral dupla, a área compreendida pela rosácea de três pétalas ρ = cos(3θ )
.

A rosácea é mostrada na figura:

e temos que a área é igual a três vezes a área de uma pétala:

π cos(3θ ) 3 π6
Área ( R) = ∫∫ dA = 3∫ ∫ ρ d ρ dθ = ∫ cos 2 (3θ )dθ
6

R
− π6 0 2 6
− π

π
θ =
6
3 π
3 sen(3θ )  1
= ∫ (1 + cos(6θ ) )dθ =  θ +
6
 = π u.a.
4 −6π
4 6  π
4
θ = −
6

ATIVIDADES

Lista 1.2.6 - Ver exemplos E22 ao E28 no apêndice V.

1. Calcular o volume limitado pelo cilindro x 2 + y 2 − 2 y = 0 e pelo parabolóide z = x 2 + y 2 , acima do plano


xy .

Dica: Verificar que o volume será dado por V = ∫∫ ( x 2 + y 2 )dA sendo R o círculo com centro em (0,1) e raio
igual a 1 . R

2. Usar uma integral dupla em coordenadas polares para calcular a área da região compreendida pela cardióide
ρ = 1 + sen (θ ) .

∫∫ e
− ( x2 + y 2 )
3. Calcular a integral dA sendo R o círculo unitário.
R

3 25 − x 2
4. Calcular a integral ∫ ∫
0 4
dydx utilizando integração dupla em coordenadas polares.

2 4− y 2 1
5. Calcular a integral ∫ ∫
0 y
4 + x2 + y 2
dxdy .

37
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1.3 Integrais Triplas

1.3.1 Introdução

Vamos considar integrais triplas através de somas de Riemann, analogamente ao que foi feito para integrais duplas.
Portanto, vamos esboçar apenas as idéias principais. Seja w = f ( x, y, z ) uma função real definida e limitada numa
região regular tridimensional R = [ a, b] × [c, d ] × [ p, q ] . Sejam P1 , P2 e P3 partições regulares, de ordem n, de
[a, b] , [c, d ] e [ p, q ] , respectivamente. O produto cartesiano P1 × P2 × P3 é uma partição regular de ordem n
3
de R . Essa partição secciona R , por planos paralelos aos eixos coordenados, em n sub-regiões, conforme a figura
abaixo:

Podemos formar uma soma de Riemann S n de w = f ( x, y, z ) sobre R ,

n −1 n −1 n −1
Sn = ∑ ∑ ∑ f (c ijk )∆x∆y∆z ,
k =0 j =0 i =0

b−a d −c q− p
onde ∆x = xi +1 − xi = , ∆y = y j +1 − y j = e ∆z = z k +1 − z k = , com
n n n
i, j , k = 0, , n − 1 e cijk = ( xi , y j , z k ) é um ponto qualquer de uma sub-região de R .

Se lim S n existe e independe da escolha de cijk , chamamos este limite de integral tripla de f ( x, y, z ) sobre R , e
n →+∞

denotamos por:

∫∫∫ f ( x, y, z )dxdydz ou ∫∫∫ f ( x, y, z )dV


R R
.

Observação 1.3.1.1: O fracionamento de R obtido pela partição descrita é um conjunto de sub-parelelepípedos que podem
ser chamados células da partição. Considerando que uma célula tenha dimensões ∆x , ∆y e ∆z , então o seu volume é

38
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Vijk = ∆x∆y∆z . Seja cijk = ( xi , y j , z k ) um ponto qualquer da ijk -ésima célula e f a função densidade (de R
no conjunto dos reais) em cada ponto de R , então uma estimativa da massa dessa célula é mijk = f (cijk )∆x∆y∆z ;
n −1 n −1 n −1
assim, uma estimativa da massa do sólido R é mn = ∑ ∑∑ f (cijk )∆x∆y∆z . Se D é a célula de maior
k =0 j =0 i =0
diagonal da partição, então a massa de Ré
n −1 n −1 n −1
m = lim mn = lim
D →0 D →0
∑∑∑
k =0 j =0 i =0
f (cijk )∆x∆y∆z = ∫∫∫ f ( x, y, z )dxdydz .
R

Observação 1.3.1.2: Se f ( x, y, z ) = 1 , temos m = ∫∫∫ dV = V ; a massa e o volume, nesse caso, tem o mesmo
valor numérico. R

Observação 1.3.1.3: As observações feitas sobre as condições de integrabilidade de funções de duas variáveis,
quando estudamos integrais duplas, podem ser estendidas para funções de três variáveis. Assim, temos que toda
função w = f ( x, y, z ) contínua em R é integrável sobre R . Além disso, funções limitadas, cujos conjuntos de
descontinuidades podem ser descritos como união finita de gráficos de funções contínuas, tais como x = x ( y , z ) ,
y = y ( x, z ) ou z = z ( x, y ) , são integráveis. Também, como no caso de funções de duas variáveis, o Teorema de
Fubini é válido para funções de três variáveis: Se w = f ( x, y , z ) é contínua em R , então é possível encontrar seis
integrais iteradas:
b d q

∫∫∫ f ( x, y, z )dV = ∫ ∫ ∫ f ( x, y, z)dzdydx =


R a c p

d b q

=∫ ∫ ∫ f ( x, y, z )dzdxdy =
c a p

=  =
q b d
=∫ ∫ ∫ f ( x, y, z )dydxdz .
p a c

Agora, para completar a analogia com o cálculo das integrais duplas, vamos calcular integrais triplas, sobre regiões
fechadas e limitadas, em coordenadas retangulares.

∫∫∫ xyz dV , sendo R = [0,1] × [−1,2] × [0,3] .


2
Exemplo 1.3.1.1: Calcular a integral tripla
R
1 2 3 27
∫∫∫ xyz dV = ∫ dx ∫ dy ∫ xyz dz =
2 2

R
0 −1 0 4

ATIVIDADES
Lista 1.3.1.1 - Ver exemplos E29 ao E35 no apêndice V

1. Calcular o volume do sólido delimitado pelas superfícies de equações z = 9 − x2 , z = 4 − y , y = 0 e


y = 4.
39
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
O sólido é limitado superiormente pela superfície z = 9 − x 2 e inferiormente pelo plano z = 4 − y . Portanto,
4 y +5 9− x2 8
V =∫ ∫ ∫ dzdxdy = (243 − 25 5)u.v.
0 − y +5 4− y 15

Este gráfico pode ser gerado através do comando:

> implicitplot3d([z=9-x^2,z=4-y,y=0,y=4],x=-3..3,y=-1..5,z=-3..9,axes=normal,numpoints=4000);

2. Calcular o volume delimitado pela interseção, no primeiro octante, dos cilindros x2 + y2 = r 2 e x2 + z2 = r 2


de raio r = 3 .

Como o sólido resultante da interseção está no primeiro octante, temos os planos x = 0 , y=0 e z=0
delimitando-o.

3 9− x2 9− x2
V =∫ ∫ ∫ dzdydx = 18u.v.
0 0 0

40
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3. Calcular o volume do sólido delimitado pelas superfícies de equações z = 9 − x2 , z = 5 − y , y = 0 e
y = 5.

5 y+4 9− x2 1688
V =∫ ∫ ∫ dzdxdy = u.v.
0 − y+4 5− y 15

4. Calcular o volume do sólido delimitado pelos planos x = 0 , y = 0 , z = 0 e 2x + 4 y + z = 8 .

No esboço abaixo, escolhemos o plano xy para fazer a projeção do tetraedro.

4 2 − 2x 8− 2 x − 4 y 32
V =∫ ∫ ∫ dzdydx = u.v.
0 0 0 3

41
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 1.3.1.2

Calcular as seguintes integrais triplas:

∫∫∫ xyz dV , com R o tetraedro limitado pelos planos x = 0 , y = 0 , z = 0 e x + y + z = 1 .


2
1.
R
4 1− x 1− x − y
Dica: Calcular ∫ ∫
0 0 ∫ 0
dzdydx .

2. ∫∫∫ zdxdydz , onde R é a região limitada pelos planos


R
y = 0 , z = 0 , x + y = 2 , x + 2 y = 6 e o cilindro

, no primeiro octante.

Dica: Observar a figura mediante o comando:


> plots[implicitplot3d]([y=0,z=0,x+y=2,x+2*y=6,y^2+z^2=4],x=0..7,y=0..2,z=0..2,axes=normal,numpoints=4000);

3. ∫∫∫ zdxdydz , onde R é a região limitada pelas superfícies


R
, y = x2 ,

z=0 e .

Dica: Tentar o comando:


> plots[implicitplot3d]([y=1,z=0,y=x^2,z=sqrt(x^2+y^2)],x=-2..2,y=0..1.1,z=0..2,axes=normal,numpoints=4000);

π
4. ∫∫∫ y cos( x + z ) dxdydz , onde R é a região limitada pelo cilindro
R
x = y 2 e os planos z = 0 e x + z =
2
.

∫∫∫ xy z dxdydz , onde R é a região no primeiro octante limitada pela superfície


2 3
5.
R

z = xy e os planos x = y , x = 1 e z = 0 .

Calcular o volume dos sólidos descritos abaixo:

6. Sólido limitado pelo cone z = x 2 + y 2 e o parabolóide z = x 2 + y 2 .

Dica: Tentar o comando:


>plots[implicitplot3d]([z=x^2+y^2,z=sqrt(x^2+y^2)],x=-1.1..1.1,y=-1.1..1.1,z=0..1.1,axes=normal,numpoints=4000,
style=wireframe);

7. Sólido limitado pelas superfícies z = 8 − x 2 − y 2 e z = x 2 + 3y 2 .

8. Sólido limitado pelas superfícies y = z e z = 4 − x 2 − y 2 , interior ao cilindro x 2 + y 2 = 1 , com z ≥ 0 .

42
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
9. Sólido limitado pelo cone z = x 2 + y 2 , pelo cilindro x 2 + y 2 = x + x 2 + y 2 e pelo plano z = 0 .

10. Calcular a massa de um corpo delimitado por y = 16 − x 2 , y = 4 − x , y = 2 x + 13 , z = 0 e z = 10 ,


com densidade f ( x, y, z ) = xyz .

1.3.2 Integrais Triplas em Coordenadas Cilíndricas

Um ponto Ρ de coordenadas retangulares ( x, y, z ) tem coordenadas cilíndricas ( ρ , θ , z ) , onde ρ e θ são as


coordenadas polares da projeção de Ρ no plano xy .

Z
z

P

z

 Y

Podemos relacionar as coordenadas retangulares e cilíndricas do ponto Ρ através das equações :

x = ρ cos θ , y = ρ senθ , z = z,

onde ρ ≥ 0 , θ ∈ [θ 0 , θ 0 + 2π ) e z ∈ (−∞, +∞) . A integral tripla


b y2 ( x ) g2 ( x, y )
∫ ∫
a y1 ( x ) ∫g1 ( x , y )
f ( x, y, z )dzdydx ,

pode ser escrita em coordenadas cilíndricas, como segue:

b y2 ( x ) g2 ( x , y ) θ2 ρ 2 (θ ) h2 ( ρ ,θ )
∫ ∫
a y1 ( x ) ∫ g1 ( x , y )
f ( x, y, z )dzdydx = ∫
θ1 ∫ ρ1 (θ ) ∫
h1 ( ρ ,θ )
f ( ρ cos θ , ρ senθ , z ) ρ d ρ dθ dz .

Na seção 1.4 faremos um detalhamento dessa mudança de variáveis.

Observação 1.3.2.1: As equações x = ρ cos θ , y = ρ senθ e z = z definem uma aplicação T : A ⊂ R 3 → R 3


A = {ρ , θ , z ) ∈ R 3 , ρ ≥ 0, θ 0 ≤ θ ≤ θ + 2π , − ∞ < z < +∞} . Essa aplicação será injetora quando
restrita ao conjunto A = {ρ ,θ , z ) ∈ R 3 , ρ > 0, θ 0 ≤ θ ≤ θ + 2π , − ∞ < z < +∞} .

43
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 1.3.2.2: No espaço tridimensional, imagem de ρ = c1 ( c1 constante) é um cilindro de raio c1 com eixo
coincidente com o eixo z . A imagem de θ = c 2 ( c 2 constante) é um semi-plano que contém o eixo z . A imagem de
z = c3 ( c3 constante) é um plano paralelo ao plano xy .

∫∫∫ zdxdydz , onde R é limitada pelas superfícies x


2
Exemplo 1.3.2.1: Calcular + y 2 − 2z = 0 e
R
2 2
z = 8− x − y .

Usando mudança de variáveis cilíndricas, obtemos:

(8 − ρ )
2 2π 8− ρ 2 2 2π
∫∫∫ zdxdydz = ∫ ∫ ∫ z ρ dzdθ d ρ = ∫ ∫
2
ρ
ρ2 2
2
− ρ4 dθ d ρ =
0 0 2
0 0
R

(
= π 4 ρ 2 − ρ4 − ρ24
2 6

)ρρ == 02 = 283π
Exemplo 1.3.2.2: Calcular o volume do sólido delimitado pelo parabolóide x 2 + y 2 − z + 1 = 0 , pelo cilindro
x 2 + y 2 − 2 y = 0 e o plano z = 0 .

π 2 senθ 1+ ρ 2 5π
V =∫ ∫ ∫ ρ dzd ρ dθ = u.v.
0 0 0 2

44
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 1.3.2 - Ver exemplo E36 no apêndice V.

2π 1 1− ρ 2
1. Calcular a integral ∫ ∫ ∫
0 0 0
zρ dzdρdθ .
3 9− x 2 9− x 2 − y 2
2. Usar coordenadas cilíndricas para calcular ∫ ∫
−3 − 9− x 2 ∫0
x dzdydx .
0 a2 −x2 a2 −x2 − y2
3. Usar coordenadas cilíndricas para calcular ∫ ∫
−a − a2 −x2 ∫0
x 2 dzdydx sendo a > 0 .

1.3.3 Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas

Um ponto Ρ de coordenadas retangulares ( x, y, z ) tem coordenadas esféricas ( ρ , θ , ϕ ) , onde ρ é a distância


do ponto Ρ à origem, θ é o ângulo entre a semi-eixo positivo x e o segmento de reta de (0,0) a ( x, y ) e ϕ é o
ângulo entre a semi-eixo positivo z e o segmento de reta de Ρ à origem .

z
p.sen .d d 

  .d
 d

0
y

As coordenadas retangulares e esféricas do ponto P estão relacionadas pelas equações:

x = ρ senϕ cos θ , y = ρ senϕ senθ , z = ρ cos ϕ ,

onde ρ ≥ 0 , θ ∈ [θ 0 , θ 0 + 2π ) e ϕ ∈ [0, π ] . Então, a integral tripla


b y2 ( x ) g2 ( x, y )
∫ ∫ a y1 ( x ) ∫
g1 ( x , y )
f ( x, y, z )dzdydx ,

em coordenadas esféricas é escrita:

b y2 ( x ) g2 ( x, y ) θ2 ρ 2 (θ ) h2 ( ρ ,θ )
∫ ∫
a y1 ( x ) ∫
g1 ( x , y )
f ( x, y, z )dzdydx = ∫
θ1 ∫ρ1 (θ ) ∫ h1 ( ρ ,θ )
f ( ρ senϕ cos θ , ρ senϕ senθ , ρ cos ϕ ) ρ 2 senϕ dρdθdϕ

45
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Na seção 1.4 também faremos uma abordagem mais detalhada dessa mudança de variáveis.

x = ρ senϕ cos θ , y = ρ senϕ senθ e z = ρ cos ϕ definem uma


Observação 1.3.3.1: As equações
3 3 3
aplicação T : A ⊂ R → R , A = {ρ , θ , ϕ ) ∈ R , ρ ≥ 0, θ 0 ≤ θ ≤ θ + 2π , 0 ≤ ϕ ≤ π }
Essa aplicação também será injetora quando restrita ao conjunto
A = {ρ , θ , ϕ ) ∈ R 3 , ρ > 0, θ 0 ≤ θ ≤ θ + 2π , 0 ≤ ϕ ≤ π } .

Observação 1.3.3.2: No espaço tridimensional, imagem de ρ = c1 ( c1 constante) é uma esfera centrada na origem.
A imagem de θ = c 2 ( c 2 constante) é um semi-plano que contém o eixo z . A imagem de ϕ = c3 ( c3 constante) é
um cone circular com eixo coincidente com o eixo z .

Exemplo 1.3.3.1: Mostrar, fazendo uso de coordenadas esféricas, que o volume de uma esfera de raio r é dado por

4π r 3
V = u.v.
3
Considerando a esfera centrada na origem, a sua projeção no plano xy é a circunferência x 2 + y 2 = r 2 ; então,

0 ≤ θ ≤ 2π e 0 ≤ ϕ ≤ π .

2π π r 4π r 3
V =∫ ∫ ∫ ρ 2 senϕ dρ dϕ dθ = u.v.
0 0 0 3

(x )
2 3
+ y2 + z2
Exemplo 1.3.3.2: Calcular ∫∫∫ e
R
dxdydz , onde R é a região, no primeiro

x2 + y2
octante, delimitada pela esfera x 2 + y 2 + z 2 = 16 e pelos cones z = e z = 3x 2 + 3 y 2 .
3

Usando a mudança de variáveis esféricas temos que a esfera x 2 + y 2 + z 2 = 16 é a imagem


x2 + y2 π π
de ρ = 4 , e os cones z = e z = 3 x 2 + 3 y 2 são as imagens de φ = e φ= ,
3 3 6
respectivamente.

Assim, podemos escrever:

(x ) π
( 3 − 1)(e
3

− 1).
2 π π
+ y2 + z2 4
∫∫∫ e dxdydz = ∫ π ∫ ∫
3
ρ 2 e ρ senφ dθ d ρ dφ = 64
3 2

R
6
0 0 12

Exemplo 1.3.3.3: Calcular o volume do sólido delimitado pelas superfícies z2 = x2 + y2 , z2 = 4 − x2 − y2 e


z 2 = 3 x 2 + 3 y 2 , com z ≥ 0 .

46
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância

( 3 − 2 ) u.v.
2π π 2
V =∫ ∫ ∫ ρ 2 senφ d ρ dφ dθ =
4

0 π
6
0 3

Exemplo 1.3.3.4: Calcular a integral tripla, em coordenadas esféricas, da função f ( x, y, z ) = x 2 + y 2 + z 2 sobre


a região limitada superiormente pela esfera x 2 + y 2 + ( z − 1) 2 = 1 e inferiormente pelo cone z = x 2 + y 2 .

O volume de integração pode ser visualizado mediante o comando:

> plots[implicitplot3d]([x^2+y^2+(z-1)^2=1,z=sqrt(x^2+y^2)],x=-1.1..1.1, y=-1.1..1.1, z=0..2.1, axes=normal,


numpoints=4000, style=wireframe);

π
2π cos ϕ + senϕ
∫ ∫ ∫ ρ 4 senϕ dρ dϕdθ .
4
A integral a ser calculada é
0 0 0

47
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 1.3.3

Usar coordenadas esféricas para calcular o volume dos seguintes sólidos

x2 + y2
1. Sólido abaixo da esfera x 2 + y 2 + z 2 = 16 e acima do cone z = .
3
2. Sólido limitado pelo cone z = x 2 + y 2 e compreendido entre as esferas x 2 + y 2 + z 2 = 9 e

x 2 + y 2 + z 2 = 16 .

3. Sólido limitado pela esfera x 2 + y 2 + z 2 = 16 e os planos z = 0 e z = 2 .

1.4 Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas: Jacobianos

As mudanças de variáveis em integrais, em geral, objetivam facilitar os cálculos das mesmas. Muitas vezes, nas integrais
b
de funções de uma variável, usamos o método da substituição para simplificar o cálculo de uma integral ∫a
f ( x)dx .
Nesse método, é utilizada a fórmula abaixo, desde que f seja contínua em [a, b] e g seja inversível, com derivada
contínua, em [c, d ] :
b d
∫a
f ( x)dx = ∫ f ( g (u )) g ′(u )du ,
c

onde a = g (c) e b = g (d ) .

Nas seções anteriores usamos coordenadas polares, cilíndricas e esféricas para simplificar integrais iteradas. Agora,
faremos uma discussão mais geral sobre mudança de variáveis em integrais; nesse processo ficará claro de onde vem,
por exemplo, o fator ρ 2 senϕ quando mudamos de coordenadas cartesianas para esféricas.

Teorema 1.4.1: Seja g definida por

g (u , v) = ( x(u, v) , y (u, v) ) ,

com x e y funções de classe C 1 em A ⊂ R 2 . Seja B ⊂ A limitado e fechado, tal que:

i ) g é injetora em B ;
∂x ∂x
∂ ( x, y ) ∂u ∂v , não se anula em B . Se f é integrável em
ii ) o determinante Jacobiano da aplicação g , =
∂ (u, v) ∂y ∂y
∂u ∂v
g (B) , então:

∂ ( x, y )
∫∫
g (B)
f ( x, y )dxdy = ∫∫ f ( x(u, v), y (u, v))
B
∂ (u , v)
dudv .

48
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Demonstração:

A demonstração desse teorema pode ser vista em RUDIN, W., Principles of Matematical Analysis, McGraw Hill, 1976.

∂ ( x, y )
Observação 1.4.1: Se g não for injetora e = 0 em subconjuntos de B que podem ser descritos por um
∂ (u , v)
ponto ou pelo gráfico de uma função contínua ou por uma união finita de conjuntos desses dois tipos, então a fórmula
descrita no teorema 1.4.1 ainda é válida.

∂ ( x, y )
Observação 1.4.2: A área de g (B) é aproximada por ∑ ∂(u, v) ∆u∆v ; o limite dessas somas é ∫∫ ∂ ( x, y )
∂ ( u ,v ) dudv .
B

Essa é, portanto, uma interpretação geométrica, quando f ( x, y ) = 1 em g (B) , da fórmula descrita no teorema.

Observação 1.4.3: No caso integrais triplas, para funções de três variáveis sob condições análogas as que aparecem no
teorema 1.4.1, é válida a fórmula:

∫∫∫ f ( x, y, z )dxdydz =
g (B)

∂ ( x, y , z )
= ∫∫∫ f ( x(u , v, t ) , y (u, v, t ) , z (u, v, t ) ) dudvdt .
B
∂ (u , v, t )

( x+ y )

Exemplo 1.4.1: Calcular ∫∫ e dxdy , sendo R limitada por x + y = 1 e os eixos coordenados.


( x− y )

Os termos x + y e x − y sugerem uma mudança linear definida por u = x + y e v = x − y ; nesse caso, o


Jacobiano é dado por

∂ ( x, y ) 1 1
= = −2.
∂ (u , v) 1 − 1
Assim, com a transformação sugerida teremos:

( x+ y ) u 1 v u 1 e2 − 1
∫∫ e dxdy = ∫∫ e v − 12 dudv = 1
∫ ∫ e v dudv = 1
∫ v(e − 1e )dv = 14 ( ).
( x− y )
2 2
R S
0 −v 0 e

R , no plano xy , foi transformada numa região triangular, no plano uv ,


É importante observar que a região triangular
delimitada pelas retas u = v , u = −v e v = 1 .

Observação 1.4.4: Para transformar uma integral das variáveis x , y a coordenadas u , v fazemos três mudanças:
I) Substituímos x e y no integrando em termos de u e v ;

II) Mudamos a região R no plano xy para uma região S no plano uv .

∂ ( x, y )
III) Introduzimos o valor absoluto do Jacobiano , representando a mudança no elemento de área.
∂ (u , v)
49
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
∂ ( x, y )
Exemplo 1.4.2: Verificar que o Jacobiano para coordenadas polares é dado por =ρ.
∂ (u , v)
Quando mudamos de coordenadas retangulares para polares, fazemos as seguintes substituições:

x = ρ cos θ e y = ρ senθ ; o Jacobiano é dado por

∂ ( x, y ) cos θ senθ
= = ρ cos 2 θ + ρ sen 2θ = ρ .
∂ (u , v) − ρsenθ ρ cos θ

ATIVIDADES
Lista 1.4.1

∂ ( x, y )
1. Encontrar o jacobiano se:
∂ (u , v)

a) x =u +v, y =u −v

2v 2u
b) x =− y=
u + v2
2
u + v2
2

c) u = e x , v = ye − x

2x + y
2. Usar a transformação u = x − 2 y , v = 2 x + y para encontrar ∫∫ 2 x − y dA sendo R a região limitada
R

pelas retas x − 2 y = 1, x − 2 y = 4 , 2 x + y = 1, 2 x + y = 5 .

3. Calcular a integral ∫∫
R
x 2 + 4 y 2 dA , sendo R a região envolvida pela elipse x 2 + 4 y 2 = 4 .

50
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Integrais de Linha

51
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
2.1. Integrais de Funções Escalares sobre Curvas

Existem varias motivações físicas para definirmos uma integral de linha, ou seja, integrarmos uma função ao longo de
uma curva. Por exemplo, quando consideramos o problema de encontrar a massa de um arame muito fino cuja densidade
linear (massa por unidade de comprimento) seja conhecida.

Especificamente, suponhamos que o arame descreva uma curva lisa C, e para cada ponto (x,y,z) em C, a função densidade
linear seja f(x,y,z).

Uma maneira de calcularmos a massa do arame seria dividir C em n seções muito pequenas usando os pontos { P0 , P1 ,... , Pn },
onde P0 é o ponto inicial de C e Pn é o ponto final, conforme a figura.

Em cada secção de Pi–1 a Pi escolhemos um ponto(x , y , z ). Considerando o comprimento da seção muito pequeno
*
i
*
i
*
i

e igual a ∆S , podemos aproximar a função f nessa seção pelo valor f (x , y , z ), Assim, a massa dessa secção
* * *
i i i i
será
∆M i ≈ f (xi* , yi* , zi* )∆Si

e a massa do arame pode ser aproximada por

n n
M ≈ ∑ ∆M i = ∑ f (xi* , yi* , zi* )∆Si .
i =1 i =1

Se definirmos o comprimento da partição { P0 ,P1 ,.. , Pn } como max ∆Si , então o erro de aproximação da massa deve
tender a zero quando max ∆Si → 0 . Dessa maneira, o valor exato de M deve ser dado por

∑ f (x , y , z )∆S
n
* * *
M = lim i i i i .
max ∆Si →0
i =1

Definição 2.1.1: Seja C uma curva lisa. A integral de linha de uma função real f, ( f ( x, y ) ou f ( x, y, z ) ), em relação
a S ao longo de C é definida como:

∫ C
f ( x, y )dS = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y )∆S
i =1
*
i
*
i i

ou n

∫ C
f ( x, y, z )dS = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y , z )∆S
i =1
*
i
*
i
*
i i

sempre que os limites mencionados existam.


52
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 2.1.1: A utilização da definição de integrais de linha não facilita o seu cálculo, mas ajuda na sua interpretação
física.
Exemplo 2.1.1: Seja C a curva em R3 que modela um arame fino e suponha que f ( x, y, z ) é a função densidade linear
do arame. Assim, a massa do arame é dada por M = ∫ f ( x, y, z )dS .
C

Exemplo 2.1.2: Se C a for uma curva lisa, o seu comprimento L está dado por L = ∫ dS .
C

Exemplo 2.1.3: Se C for uma curva no plano xy e uma função f(x,y) for contínua e não negativa em C, então ∫ C
f ( x, y )dS
será a área da superfície cilíndrica cuja projeção no plano xy é a curva C desde o plano até uma altura f(x,y) como ilustra
a figura abaixo.

2.2 Cálculo de integrais de linha

Se a curva C é descrita por r (t ) = x(t )i + y (t ) j + z (t )k , t ∈ [a,b], então o comprimento da curva de Pi–1 a Pi é


dado por

ti  
∆Si = ∫ || r '(t ) || dt =|| r '(ti* ) || ∆ti ,
ti −1

para algum ti* ∈ [ ti −1 , ti ], usando o teorema do valor médio para integrais.

Como foi suposto que as funções x(t), y(t) e z(t) têm derivadas contínuas em [a,b], então:

∫ C
f ( x, y, z )dS = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y , z )∆S
i =1
*
i
*
i
*
i i

n 
= lim
max ∆ti →0
∑ f (x (t ), y (t ), z (t ))|| r '(t ) || ∆t
i =1
*
i
*
i
*
i
*
i i


= ∫ f (x (t ), y (t ), z (t ))|| r '(t ) || dt .
b


f (x, y )dS = ∫ f (x (t ), y (t ))|| r '(t ) || dt .
b
Em R 2 , teremos ∫ C a

53
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo 2.2.1: Seja C: r (t ) = (1 + t )i + (2 − t ) j , t ∈ [0,1]. Calcular a integral de linha ∫ C
( x 2 y − 2)dS .

'
Nesse exemplo temos que r (t ) = i − j e r '(t ) .= 2.

1
Logo, ∫
C
( x 2 y − 2)dS = ∫ ((1 + t ) 2 (2 − t ) − 2  . 2dt
0

1
= 2 ∫ (3t − t 3 )dt
0

1
 3t 2 t 4  5 2
= 2 −  = .
 2 40 4

Exemplo 2.2.2: Calcular a integral de linha ∫ C


( xy 2 − z 2 )dS , ao longo da curva C dada por:

 π
r (t ) = sen (t )i + cos(t ) j + t k , t ∈ 0,  .
 2
(A curva em questão é uma hélice, vejamos a figura).


Como r '(t ) = cos(t )i − sen (t ) j + k , então r '(t ) = cos 2 (t ) + sen 2 (t ) + 12 = 2 .

Logo , π

∫ ( xy − z )dS = ∫ sen(t ) cos (t ) − t  2dt


2 2 2 2 2
C 0

π
 cos (t ) t 3 3 2
= 2 − − 
 3 30

 π 3 1 2
= 2 − +  = (8 − π 3 ) .
 24 3  24
54
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
2.3 Integrais de linha em relação a x, y e z

Seja C uma curva de linha e { P0 ,P1 ,.. , Pn } uma partição. Considerando os pontos Pi −1 = (xi −1 , yi −1 , zi −1 ) e
Pi = (xi , yi , zi ), denotamos

∆xi = xi − xi −1 , ∆yi = yi − yi −1 , ∆zi = zi − zi −1 .

Logo, definimos

∫ C
f ( x, y, z )dx = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y , z )∆x ,
i =1
*
i
*
i
*
i i

∫ C
f ( x, y, z )dy = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y , z )∆y ,
i =1
*
i
*
i
*
i i

∫ C
f ( x, y, z )dz = lim
max ∆Si → 0
∑ f (x , y , z )∆z .
i =1
*
i
*
i
*
i i

Agora, se C: r (t ) = x(t )i + y (t ) j + z (t )k , t є [a,b], então:

b

C
f ( x, y , z )dx   f ( x (t ), y (t ), z (t )).x' (t ) dt ,
a

e, similarmente as outras integrais são ∫ C


f ( x, y, z )dy e ∫ C
f ( x, y, z )dz .

Exemplo 2.3.1: Calcular ∫ C


( xy + z )dx , sendo C como nos casos a seguir:

a) C­1: r (t ) = t i + t j + t k , t ∈ [0,1]

b) C­2: r (t ) = (1 − t )i + (1 − t ) j + (1 − t )k , t ∈ [0,1]

1
1  t3 t2  5
a) ∫ ( xy + z ) dx = ∫ (t + t ).1dt =  −  = .
2
C1 0
 3 2 0 6

1
∫ C2 ( xy + z )dx = ∫0 (1 − t ) + (1 − t )  .(−1)d t
2
b)

1
= − ∫ (2 − 3t + t 2 )dt
0

1
 3t 2 t 3  5
= −  2t − +  = − .
 2 3 0 6

55
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 2.3.1: É importante observarmos que as curvas acima descrevem os mesmos pontos, mas os sentidos são
opostos:

Seja C uma curva. A curva − C consiste dos mesmos pontos que a curva C , percorridos em sentido contrário.

Temos que:
C
f ( x, y , z )dx    f ( x, y , z )dx
C

e similarmente para os outros casos em y e z.

Também é válida a propriedade:

  f ( x, y, z )  g ( x, y, z )dx  
C C
f ( x, y , z ) dx   g ( x, y, z)dx .
C

Exemplo 2.3.2: Calcular ∫ ( x 2 − y 2 )dx + ( x 2 + y 2 )dy , sendo C: r (t ) = sen (t )i + cos(t ) j , t ∈ [0, π ].


C

π
∫ C ( x − y )dx = ∫ 0 sen (t ) − cos (t )  cos(t )dt
2 2 2 2

π
= ∫  2sen 2 (t ) − 1 cos(t )dt
0

π
 sen 3 (t ) 
= 2 − sen (t ) = 0 .
 3 0

π π
∫ C
( x 2 + y 2 )dy = − ∫ 1.sen(t )dt = cos(t ) 0 = −2 .
0

Assim,

∫ C
( x 2 − y 2 )dx + ( x 2 + y 2 )dy  = ∫ C
( x 2 − y 2 )dx + ∫ C
( x 2 − y 2 )dy

= 0 + (-2) = -2.

56
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
2.4 Integração de Funções Vetoriais sobre Curvas

Seja C : r (t ) = x(t )i + y (t ) j + z (t )k , t = [a,b] uma curva lisa e

F ( x, y, z ) = f ( x, y, z )i + g ( x, y, z ) j + h( x, y, z )k

uma função vetorial (campo vetorial).



 dr   
Então, r '(t ) = = x '(t )i + y '(t ) j + z '(t )k ou
dt

      
d r =  x '(t )i + y '(t ) j + z '(t )k  d t = d xi + d y j + d zk

 
e escrevemos ∫ C
Fd r = ∫
C
[ f ( x, y, z )dx + g ( x, y, z )dy + h( x, y, z )dz ].

Definição 2.4.1: Se F (t ) é um campo vetorial contínuo e C uma curva lisa orientada, então a integral de linha de F
 
ao longo de C é ∫ C
F .d r .

Se C : r (t ) , t ∈ [a,b], então:
  b   
∫ C
( )
F .d r = ∫ F r (t ) .r '(t )dt .
a

Exemplo 2.4.1: Calcular ∫ F ⋅ d r onde F ( x, y) = sen( x)i − cos( y) j


C
se C: r (t ) = t 2 i + t j , 0 ≤ t ≤ π .

π    π    
∫ ∫ ∫ [sen(t )i − cos(t ) j ] ⋅ [2ti + j ]d t
2
Temos que F ⋅ d r = F ( r (t )) ⋅ r '(t ) d t =
C 0 0

∫ (2tsen(t ) − cos(t ))d t = (− cos(t 2 ) − sent ) |π0 = 1 − cos(π 2 ) .


2

57
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Se T = r (s ) denota o vetor tangente unitário (logo, s é o parâmetro de comprimento de arco) ao longo de C, então
π    b    b  


C
F ⋅ d r = ∫ F ( r (t
0
)) ⋅ r '(t ) d t = ∫ F ( r (t
a
)) ⋅ T ( s ) d s = ∫ F ⋅ Td s
c

Cabe observarmos que F ⋅ T tem sinal positivo se ambos vetores estiverem orientados mais ou menos na mesma
direção, F ⋅ T é zero se F e T são perpendiculares e F ⋅ T é negativo se os vetores tiverem direções mais ou
menos opostas.

 
Então ∫ F ⋅ Td s pode ser interpretado como o efeito acumulado da magnitude de F ao longo de C.
C

Uma aplicação importante das integrais de linha é que ∫ F ⋅ d r pode ser interpretado como o trabalho realizado pelo
C
campo de forças F para deslocar uma partícula ao longo da curva r .

Se a curva C é lisa por partes, então a integral de linha pode ser calculada somando-se as integrais de linha ao longo
das seções lisas.

∫ x y d x + yd y ,sendo C o triângulo com vértices (0,0) , (1,0) e (2,2), com o trajeto anti-
2
Exemplo 2.4.2: Calcular
horário. C

Consideremos a seção C1 = t i + 0 j , t ∈ [0, 1]:


1 1
.
∫ x y d x + yd y = ∫ (t ⋅ 0 ⋅1 + 0)d t = ∫ 0d t = 0
2 2

C 0 0

A seguir a seção C2 = (1 + t) i + 2t j , t ∈ [0, 1]:

1 1
 4 4 3 2 13
∫C x y d x + yd y = ∫0 (1 + t ) (2t ) ⋅1 + 2t ]d t =  t + 3 t + 2t  0 = 3
2 2

Enfim, a seção C3 = (2 − 2t) i + (2 − 2t) j , t ∈ [0, 1]:


1

∫ x y d x + ydy = ∫ (2 − 2t ) (2 − 2t ) ⋅ (−2) + (2 − 2t ) (−2) ]d t = (4t − 16t + 2 6t − 2 0t + 4 ) = −6


1
2 2 4 3 2
0
C 0

Logo:
13 5
∫ x y d x + ydy = ∫ x y d x + ydy + ∫ xy dx + ydy + ∫ x y d x + ydy = 0 +
2 2 2 2
−6 = −
C C1 C2 C3
3 3

  
Isto significa que para deslocar uma partícula no campo de forçaF ( x, y ) = x y 2 i + y j de maneira que faça um trajeto
5
como o da curva lisa por partes C, foi realizado um trabalho de − (unidades físicas respectivas).
3

58
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 2.1 - Ver exemplos E37 ao E40 no apêndice V.

1. Seja C : t i + t 2 j + t 3 k , 0 ≤ t ≤ 1 . Calcular as seguintes integrais de linha:


∫ x y z d s ∫ x y z d x ∫ x y z d y ∫xy z d z
2 2 2 2 2 2 2 2
a) b) c) d)
C C C C

2. Calcular a integral de linha ∫ [( x − y)d x + ( x + y)d y ], sendo C :


C

a) o segmento de reta de (0,1) a (1,0) ,


b) o arco cúbico y = 1 − x3 de (0,1) a (1,0) ,

c) a curva ( 2)
y = cos π x de (0,1) a (1,0) .

∫ [yzdx − xzdy + xydz], sendo C : e i + e


t 3t
3. Calcular a integral de linha j + e −t k , 0 ≤ t ≤ 1 .
C

4. Calcular ∫ [ydx − xdy], sendo C :


C

a) o triângulo de vértices (0,0) , (1,0) e (0,1) orientado no sentido anti-horário;


b) o quadrado de vértices (1,0) , (0,1) , (−1,0) e (0,−1) orientado no sentido anti-horário.

∫  x zdx − y x d y + 3d z  quando C é:
2 2
5. Calcular
C

a) o triângulo de vértices (0,0,0) , (1,1,0) e (1,1,1) , orientado na ordem em que foram enumerados os vértices,
b) a linha poligonal de vértices (0,0,0) , (1,0,0) , (1,1,0) e (1,1,1) orientada na ordem em que foram enumerados
os vértices.

6. Calcular ∫ F ⋅ d r , sendo
C
  
a) F ( x, y ) = x yi + y 2 j e C : 2 cos(t )i + 2sen (t ) j , 0 ≤ t ≤ π ; b) F ( x, y ) = yi + z j + x k e
π
C : cos(t )i + 2 cos(t ) j + cos 2 (t )k , 0 ≤ t ≤ .
2
7. Calcular a massa de um arame fino com o formato da curva C : e t sen (t )i + e t cos(t ) j , 0 ≤ t ≤ 1 se a função
de densidade linear é proporcional à distância da origem.

F na partícula que se move ao longo da curva C , sendo


8. Calcular o trabalho realizado pelo campo de forças
  2 2
a) F ( x, y ) = x yi + y j e C : t i + t j , 0 ≤ t ≤ 1 ;

b) F ( x, y ) = xi + y j + z k e C é a linha poligonal com vértices (0,0,0) , (1,3,0) e (0,1,3) , orientado na


ordem em que foram enumerados os vértices.

Respostas páginas 193

59
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
9. Um fazendeiro, que pesa 80 Kg, carrega um saco de grãos pesando 10 Kg sobe por uma escada helicoidal circular de
raio igual a 5 m em torno de um silo. À medida que o fazendeiro sobe, os grãos vazam a uma razão de 2 Kg por cada 10 m.
Qual o trabalho executado pelo fazendeiro subindo uma distância vertical de 20 m em exatamente quatro revoluções?

2.5 Campos Vetoriais Conservativos e Independência do Caminho

Exemplo 2.5.1: O Campo vetorial F ( x, y ) = ydx + xdy é conservativo, pois as suas componentes são derivadas

parciais da função ϕ ( x, y ) = x y , ou seja F ( x, y ) = grad (ϕ ( x, y )) .

Vamos calcular o trabalho realizado pelo campo para deslocar uma partícula desde a origem (0,0) até o ponto (1,1) ,
através de diferentes trajetos:

a) C1 : t i + t j , t ∈ [0, 1]:

  1 1

∫ ∫ ∫ 2tdt = t |0 = 1.
2 1
F ⋅ d r = (t ⋅ 1 + t ⋅ 1) dt =
C1 0 0

b) C2 : t i + t 2 j , t ∈ [0, 1]:
  1 2 1

∫ ∫ ∫ 3t d t = t |0 = 1 .
2 3 1
F ⋅ d r = (t ⋅ 1 + t ⋅ (2t ) ) d t =
C2 0 0

c) C3 : t i + t j , t ∈ [0, 1]:

  1  1  3
1 1

∫C F ⋅ d r = ∫0  t ⋅1 + t ⋅ 2 t  d t = ∫ 2 td t = t 0 = 1 .
3

3
 0

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Todas as integrais acima são iguais independentemente do caminho de integração.

Teorema 2.5.1: Seja F ( x, y ) = f ( x, y )i + g ( x, y ) j um campo vetorial conservativo com alguma região aberta
D contendo (x0, y0) e (x1, y1) e tal que nessa região as funções f(x, y), g(x, y) são contínuas.

Se C for uma curva lisa por partes que começa em (x0, y0) e termina em (x1, y1) e está contida na região D, então

F ( x, y ) = grad (ϕ ( x, y )) = ∇ϕ ( x, y ) , é
 
∫ F ( x , y )
C2
⋅ d r = ϕ ( x1 , y1 ) − ϕ ( x0 , y0 ) .

60
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Prova: Seja C: r (t ) , t ∈ [a, b] de maneira que (x0, y0) = r (a ) e (x1, y1) = r (b)

Logo,
 ∂ϕ  ∂ϕ 
F ( x, y ) = i+ j
∂x ∂y
e
  ∂ϕ ∂ϕ
b
 ∂ϕ dx ∂ϕ dy 
∫C F ⋅ d r = ∫C ∂x dx +
∂y
dy = ∫
a
 ⋅ + ⋅  dt
∂x dt ∂y dt 
b
d
=∫ ϕ (x(t ), y (t ) )dt = ϕ (x(b), y (b) ) − ϕ (x(a ), y (a ) )
a
dt
 
∫ F ⋅ d r = ϕ ( x1 , y1 ) − ϕ ( x0 , y0 ) .
C

Definição 2.5.1: Uma curva C: r (t ) , t ∈ [a, b], é fechada se r (a ) = r (b) .

Consequência: Sejam C e F como no teorema anterior. Além do mais, se C é fechada, então:


 

C
F ⋅dr = 0.

Mais ainda, pode ser verificado facilmente que C é fechada e lisa por partes, então:

 

C
F ⋅dr = 0.

As afirmações recíprocas podem ser enunciadas no teorema abaixo.

Teorema 2.5.2: Se f(x, y) e g(x, y) são contínuas em alguma região D aberta e conexa, então as seguintes afirmações
são equivalentes.

a) F ( x, y ) = f ( x, y )i + g ( x, y ) j é um campo vetorial conservativo em D.

 
b) ∫
C
F ⋅ d r = 0 para cada curva C fechada e lisa por partes contida em D.

 
c) ∫
C
F ⋅ d r é independentemente do caminho de qualquer ponto P em D a qualquer ponto Q em D, para cada curva C

lisa por partes contida em D.

Prova:
a) ⇒ b) Enunciado no parágrafo anterior
b) ⇒ c) Observe a figura: Sejam C1 e C2 curvas lisas por partes de P a Q.

61
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Logo C1 ∪ (−C 2 ) é uma curva lisa por partes e fechada.

Assim ,
 

C1 ∪( − C2 )
F ⋅dr = 0.

Mas,
     

C1 ∪( − C2 )
F ⋅dr = ∫ F ⋅dr +
C1

− C2
F ⋅dr ,

     

C1 ∪( − C2 )
F ⋅dr = ∫ F ⋅dr − ∫ F ⋅dr .
C1 C2
   
Logo, ∫ F ⋅ d r = ∫ F ⋅dr .
C1 C2

 
c) ⇒ a) : Suponhamos que ∫ F ⋅ d r é independente do caminho para qualquer curva lisa por partes em D.
C
∂φ ∂φ
Devemos mostrar que existe uma função φ ( x, y ) tal que ∇φ = F , ou seja, = f e =g.
∂x ∂y
Fixando um ponto (a, b) ∈ D, definimos
φ ( x, y ) = ∫ F ⋅ d r ,
C

onde C é uma curva lisa por partes de (a, b) a (x, y).

Como ∫ F ⋅ d r é independente do caminho, então φ ( x, y) possui um único valor. Este fato prova que φ é uma função
C
real nas variáveis x e y.

Dado (x, y) ∈ D, devemos observar que sempre é possível construir a curva lisa por partes de (a, b) até (x, y) e de (x, y1)
até (x, y), como mostra a figura:

   
Temos então, que φ ( x, y ) = ∫ F ⋅dr + ∫ F ⋅ d r = ∫ ( fdx + gdy ) + ∫ ( fdx + gdy ) .
C1 C2 C1 C2

62
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
A primeira integral de linha não depende de y, logo


∂y C∫1
( fdx + gdy ) = 0

e
y
∂ϕ ∂ ∂ ∂
= ∫
∂y ∂y C2
( fdx + gdy ) = ∫
∂y C2
gdy =
∂y ∫y1
g ( x, u ) d u = g ( x, y ) .

∂ϕ
Similarmente, = f ( x, y ) .
∂x
Teorema 2.5.3: Se f(x, y) e g(x, y) possuem derivadas parciais de primeira ordem contínuas em alguma região aberta

D, temos que se F ( x, y ) = f ( x, y )i + g ( x, y ) j é um campo vetorial conservativo, então:

∂f ∂g
= .
∂y ∂x

∂f ∂g
Reciprocamente, se D for simplesmente conexo e = , ∀( x, y ) ∈ D , então:
∂y ∂x
F ( x, y ) = f ( x, y )i + g ( x, y ) j é um campo vetorial conservativo.

A prova deste teorema será omitida.

  
Exemplo 2.5.2: Seja F ( x, y ) = ( x3 − 3 x y 2 )i + (−3 x 2 y + y 3 ) j . Mostrar que F é conservativo em R 2 e
determinar a função φ tal que ∇φ = F (função potencial).

Temos que
∂f ∂g
= −6 x y e = −6 x y .
∂y ∂x
Pelo teorema 2.5.3, o campo é conservativo.

∂φ ∂φ
A função potencial φ deve satisfazer = x 3 − 3 xy 2 e = −3 x 2 y + y 3 .
∂x ∂y

Assim, φ ( x, y ) pode ser obtida integrando qualquer uma dessas derivadas.

Por exemplo,
x4 3 2 2
φ ( x, y ) = ∫ x 3 − 3 xy 2 dx = − x y + h( y )
4 2
ou

3 2 2 y4
φ ( x, y ) = ∫ (−3 x y + y )dy = − x y + + l ( x) .
2 3

2 4

63
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Comparando estes resultados podemos concluir que a forma geral da função potencial é

x4 3 2 2 y4
φ ( x, y ) = − x y + +C ,
4 2 4
sendo C uma constante real.

Exemplo 2.5.3: O campo vetorial F ( x, y ) = ( x + y )i + ( y − x) j satisfaz:

∂f ∂g
=1 ≠ = −1 .
∂y ∂x
Logo, de acordo com o teorema, F não é conservativo em região alguma.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
As condições para um campo vetorial tridimensional ser conservativo é que se F = f i + g j + h k , então:

∂f ∂g ∂f ∂h ∂g ∂h
= ; = ; =
∂y ∂x ∂z ∂x ∂z ∂y
ou seja, o rotacional de F é 0.

ATIVIDADES
Lista 2.2

1. Determinar se F é um campo vetorial conservativo. Em caso afirmativo, achar uma função potencial para tal
campo.

a) F ( x, y ) = y i + x j ,

b) F ( x, y ) = e x cos( y )i − e x sen ( y ) j ,

x y
c) F ( x, y ) = 2 2
i− 2 j,
x +y x + y2
  
d) F ( x, y ) = − ysen(x y )i − xsen(x y ) j .

2.

∫  2 xydx + x d y  é independente do caminho.


2
a) Mostrar que a integral de linha
C

b) Calcular a integral de linha anterior ao longo do segmento de reta de (1,0) a (0,1) .


c) Calcular a integral de linha ao longo do mesmo segmento de reta anterior, utilizando 2.4.1.

3. Mostrar que a integral ∫ [ydx + ( x + 2 y)d y ] é independente do caminho e calcular a integral


C

(4,6)

∫ [ydx + ( x + 2 y)d y ].
(2,3)

64
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   
4. Verificar se F ( x, y ) = y zi + x z j + x 2 yk é um campo conservativo.

y x
5. Seja F ( x, y ) = 2 2
i− 2 j
x +y x + y2

a) Mostrar que ∫ F ⋅ d r ≠ ∫ F ⋅ d r sendo C1 : cos(t )i + sen(t ) j , 0 ≤ t ≤ π e C2 : cos(t )i − sen(t ) j,


0 ≤ t ≤ π. C1 C2

∂f ∂g
b) Verificar que as componentes f ( x, y ) e g ( x, y ) satisfazem = .
∂y ∂x
c) Explicar por que os resultados obtidos nas partes anteriores não contradizem 2.4.1.

Respostas página 194

2.6 Teorema de Green

Teorema 2.6.1: Seja R uma região plana simplesmente conexa, cuja fronteira é uma curva C lisa por partes, fechada,
simples e orientada no sentido anti-horário. Se f(x, y) e g(x, y) possuem derivadas de primeira ordem contínuas em ℜ,
então:
 ∂g ∂f 
∫ ( fdx + gdy) = ∫∫  ∂x − ∂y d A .
C ℜ

∫x
2
Exemplo 2.6.1: Usar o teorema de Green para calcular ydx + xdy ao longo de C como é mostrado na figura.
C

Pelo teorema de Green:


1 1− x 1
 ∂g ∂f  1− x 5
∫C ∫∫ℜ  ∂x ∂y  ∫∫ℜ ∫0 ∫0 ∫
2 2 2
x ydx + xdy = − dA = (1 − x ) dA = (1 − x ) y dx = (1 − x − x 2 + x3 )dx =
0
0
12

65
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 2.3

1. Utilizando o teorema de Green, calcular a integral de linha ∫ [ ydx + xdy ], onde C é a circunferência unitária
orientada em sentido horário. C

2. Utilizando o teorema de Green, calcular a integral ∫ [ ydx + xdy ] onde C é o triângulo com vértices (0,1) ,
(2,1) e (4,2) . C

3. Podemos verificar que a área de uma região R , encerrada por uma curva C lisa por partes, fechada, simples e
orientada no sentido anti-horário, é dada por :

1
[− ydx + xdy ].
2 C∫
área(R) =

Mediante essa fórmula, calcular a área da região varrida pelo segmento de reta desde a origem até o ponto com
a t −t b t −t 
coordenadas  (e + e ) , (e − e )  , sendo a > 0 e b > 0 , constantes fixas, e t variando de t = 0 a
2 2 
t = t 0 com t 0 ≥ 0 .

66
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Equações Diferenciais
Ordinárias Lineares

67
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3.1 Noções gerais

Equações diferenciais são equações que envolvem uma função incógnita e suas derivadas, além de variáveis independentes.
Através de equações diferenciais podemos fazer a formulação diferencial dos modelos representativos de vários fenômenos
estudados, tanto nas ciências físicas, como nas ciências biológicas e sociais. Os primeiros exemplos de equações diferenciais
encontramos em algumas Leis da Física. Porém, com o desenvolvimento do conhecimento científico, usamos equações
diferenciais em muitas áreas desse conhecimento. Com os exemplos abaixo, temos a intenção de motivar o estudo de
equações diferenciais que propomos, mostrando algumas aplicações das mesmas.

Exemplo 3.1.1: Queda livre de um corpo quando é desprezado o coeficiente de atrito.

d 2 y (t )
=g
d t2

Exemplo 3.1.2: Queda livre de um corpo quando consideramos a resistência do ar.

d 2 y (t ) d y (t ) d v(t )
m 2
= m g −k ou m = m g − k v(t )
dt dt dt

68
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo 3.1.3: Movimento de um pêndulo simples.

d 2θ
l + g senθ = 0
d t2

Exemplo 3.1.4: Corrente num circuito elétrico.

dI
L + RI = E
dt

Exemplo 3.1.5: Forma assumida por um cabo suspenso.

y ′′ = k 1 + ( y ′) 2

Fonte: FAMAT em revista n°5 - setembro/2005 Fonte: www.guiasaovicente.com.br

69
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo 3.1.6: Problemas de perseguição.

y
y′ =
a − y2
2

P = (x,y)
y

x a

Exemplo 3.1.7: Sistema massa-mola: posição ocupada pela massa m no sistema.


d 2x dx
m 2
+γ + kx = F0 cos(ω t )
dt dt

Exemplo 3.1.8: Problemas de vazão.

h′ = −k h

Ainda podermos citar outras aplicações, facilmente encontradas na bibliografia, tais como: resistência de fluidos; juros;
dinâmica populacional; datação de carbono 14; lei de resfriamento de Newton, absorção de drogas; problemas de diluição,
decaimento radioativo, etc..

70
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Nos exemplos 3.1.1 ao 3.1.8, a função incógnita é função de uma variável independente; por isso as derivadas envolvidas
são totais e as equações são designadas por equações diferenciais ordinárias (EDO). Quando a função incógnita for
função de mais de uma variável, as derivadas presentes na equação serão parciais e a equação será designada por
equações diferenciais parciais (EDP). Aqui estudaremos somente algumas equações diferenciais ordinárias.

A forma geral das equações diferenciais ordinárias é dada por:

F ( x, y ′, y ′′, y ′′′,  , y ( n ) ) = 0 ,

para n ∈ N fixado. Ordem de uma equação diferencial é a ordem da derivada mais elevada n ∈ N que figura
nessa equação. Além disso, as equações diferenciais ordinárias podem ser apresentadas tanto na forma normal
y′( x) = f ( x, y ( x)) , como na forma diferencial M ( x, y )d x + N ( x, y )d y = 0 .

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
• Resolver uma equação diferencial significa encontrar uma função incógnita que satisfaça identicamente essa equação
diferencial. Assim, solução de uma equação diferencial é uma função, definida num certo intervalo I, tal que, conjuntamente
com as suas derivadas, verifica a equação. Solução geral é uma expressão que contém um ou mais parâmetros reais
arbitrários e que nos fornece todas as soluções da equação. Solução particular é uma qualquer solução da equação
satisfazendo certas condições dadas. Certas equações diferenciais possuem ainda solução que foge ao formato geral,
denominada de solução singular.
• Os comandos após o símbolo > correspondem a “comandos do software maple”.

Exemplo 3.1.9: A solução geral da equação y ′( x) = y ( x) é a função y ( x) = C e x , C ∈ R , que representa


uma família de curvas, enquanto cada uma das curvas abaixo, onde C=2, C=1, C=0, C=-1, C=-2, são mas soluções
particulares. É importante observar que essa equação é uma EDO de primeira ordem e primeiro grau.

2
d y dy
Exemplo 3.1.10: A solução geral da equação   −x + y = 0 é a função y ( x) = C x − C 2 ; as retas
 d x  x
x2
y ( x) = x − 1 , y ( x) = 2 x − 4 , y ( x) = − x − 1 , etc., são soluções particulares; a parábola y ( x) = é a
4
solução singular. Esse é um exemplo de EDO de primeira ordem e segundo grau. Então, como podemos observar, o grau
de uma EDO é o grau a que está submetida a mais alta derivada da equação.

71
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 3.1.1: É bastante habitual utilizarmos a designação de “integrar uma equação” para “resolver uma equação”.
Portanto, determinar a integral geral, significa determinar sua solução geral.

Observação 3.1.2: No Cálculo Diferencial e Integral já aprendemos a resolver algumas equações diferenciais. Ou seja,
na resolução de uma integral temos uma equação diferencial solucionada.

Observação 3.1.3: Campos de direções – Constituem uma ferramenta útil para termos idéia do comportamento das
soluções de uma EDO de 1ª ordem sem resolvê-la.

Para obtermos o campo de direções de uma EDO, primeiro consideramos a equação na forma normal. Geometricamente,
a forma normal estabelece, em qualquer ponto, o valor do coeficiente angular y ′ da reta tangente à solução da equação
diferencial nesse ponto. Então, em cada ponto de uma malha retangular, desenhamos um segmento orientado que tem
inclinação igual a da reta tangente à solução que passa pelo ponto da malha. A seguir, mostramos, usando MAPLE, a
relação entre o campo de direções e as soluções da equação diferencial do exemplo 3.1.9.

> with(DEtools):

> with(plots):

> eq:=diff(y(x),x)=y(x)

d
eq := y( x ) = y( x )
dx

> dsolve(eq,y(x));

y( x ) = _C1 e x

> g1:=contourplot(y/exp(x),x=-1..1,
y=-1..1,contours=[0,1,2,3,-1,-2,-3,0.5,-0.5],numpoints=3000,color=black,thickness=2):

> g2:=dfieldplot(eq,y(x),x=-1..1,y=-1..1,arrows=LINE):

> display({g1,g2});

72
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O campo de direções de uma EDO também é muito importante numa análise qualitativa das soluções da equação. Por
exemplo, na referência “Boyce, W.E. & Di Prima, R.C., Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores
de Contorno, Guanabara Koogan, 1994”, podemos observar a modelagem da queda livre de um objeto com massa
m = 1 0 k g , próximo ao nível do mar. Considerando o coeficiente da resistência do ar como γ = 2 k g / s , foi

obtido o modelo matemático


dv v
= 9,8 − . Através do campo de direções dessa equação, é possível
dt 5
observarmos uma solução de equilíbrio v(t ) = 4 9 m / s (equilíbrio entre a gravidade e a resistência do ar, ou seja,
dv
valores de v (t) tais que seja zero).
dt
Todas as outras soluções parecem estar convergindo para a solução de equilíbrio quando a variável “tempo” aumenta;
dv dv
abaixo da solução de equilíbrio > 0 ; acima, < 0 . Quando o tempo fica muito grande, todas as soluções se
dt dt
aproximam da solução de equilíbrio.

> with(DEtools):

> with(plots):

> eq1:=diff(v(t),t)=9.8-(v(t))/5;

d 1
eq1 := v( t ) = 9.8 − v( t )
dt 5

> dfieldplot(diff(v(t),t)=9.8-(v(t))/5,v(t),t=0..10,v=0..60);

73
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> dsolve(eq1,v(t));
− t 
 
 5
v( t ) = 49 + e _C1

> A:=plot(49,t=0..10):

> B:=plot(49+exp(-1/5*t),t=0..10):

> C:=plot(49+exp(-1/5*t)*5,t=0..10):

> d:=plot(49+exp(-1/5*t)*(-1),t=0..10):

> E:=plot(49+exp(-1/5*t)*(-5),t=0..10):

> display({A,B,C,d,E});

74
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> g1:=contourplot(v-49-exp(-1/5*t),t=0..10,v=0..60,contours=[0,4,10,-6],numpoints=3000,color=black,thickness=2):

> g2:=dfieldplot(eq1,v(t),t=0..10,v=0..60,arrows=LINE):

> display({g1,g2});

Observação 3.1.4: Sem o uso do “software Maple”, as soluções do exemplo 3.1.9 são obtidas a partir da situação elementar
na forma normal abaixo:

y ′( x) = f ( x) ⇒ y ( x) = ∫ f ( x)dx + C .

dx
Esta seqüência também pode ser aplicada para = f ( y ) . Nesse caso, determinamos a solução x( y ) . Ainda
dy
podemos ter a situação y ′( x) = f ( y ) , para a qual devemos obter a solução implícita y = g ( x, y ) .

Exemplo 3.1.11: A solução geral da equação 2 yy ′ = −6 x é dada implicitamente por y 2 = −3 x 2 + C . As soluções


são elipses (curvas de nível de z = F ( x, y ) = y 2 + 3 x 2 ). O gráfico de F é um parabolóide elíptico.

> with(DEtools):

> with(plots):

> eq:=2*y(x)*diff(y(x),x)=-6*x;

d
eq := 2 y( x )  y( x )  = −6 x
 dx 
> dsolve(eq,y(x),’implicit’);

y( x ) 2 + 3 x 2 − _C1 = 0

75
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> implicitplot({seq(y^2+3*x^2-C=0,C=-5..5)},x=-3..3,y=-3..3,numpoints=5000);

> plot3d(y^2+3*x^2,x=-10..10,y=-10..10);

Observação 3.1.5: Para a situação elementar na forma diferencial,

M ( x)dx + N ( y )dy = 0 ,

que é conhecida como uma equação diferencial com variáveis separáveis, a solução geral é obtida por:

∫ M ( x)dx + ∫ N ( y)dy = C .

x2 x3
Exemplo 3.1.12: Para equação diferencial y ′ = cos( x) − , temos y = sen( x ) − +C.
3 9

76
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 3.1.6: A seguinte situação na forma normal

 y
y ′( x) = f   ,
x
pode ser reduzida a uma equação com variáveis separáveis mediante seguinte a mudança de variável:

y ( x)
u ( x) = ⇒ y ( x) = u ( x) x ⇒ y ′( x) = u ′( x) x + u ( x) .
x

ATIVIDADES
Lista 3.1 - Ver exemplos E41 ao E45 no apêndice V.

1. Mostrar que y = e −3 x + c é solução da equação diferencial y ′ + 3 y = 0 .

2. Mostrar que y = sen(2 x) é solução da equação diferencial y ′′ + 4 y = 0 .

3. Mostrar que a função y (x) , definida implicitamente por y 3 + 3 y − x 3 = 4 , é solução da equação diferencial

x2
y′ = .
( y 2 + 1)

77
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
4. Mostrar que a função y (t ) , definida implicitamente por (1 + y 3 ) 2 = (1 + t 2 ) 3 , é solução da equação
diferencial

dy t (1 + y 3 )
= .
dt y 2 (1 + t 2 )

5. Mostrar que a função dada na forma paramétrica

 x = α sen t

 y = β cos t

β2 x
é solução da equação y′ = − .
α2 y

6. Sejam as equações

dy
a) + P( x) y = 0
dx

dy
b) + P( x) y = Q( x) .
dx
Mostrar que se y1 ( x) é solução da equação (a) e y2 ( x) é solução da equação (b), então y ( x) = Cy1 ( x) + y2 ( x)
é solução da equação (b), para qualquer C .

3.2 Equações Lineares de 1° Ordem

Equações lineares de primeira ordem são equações da forma

dy
+ P( x) y = Q( x) ,
dx
onde P(x) e Q(x) são funções contínuas em um intervalo I. A função incógnita e suas derivadas aparecem na forma
linear.

3.2.1 Equações em que P(x) = 0

Na equação linear acima, se P( x) = 0 , resulta


dy
= Q( x) ,
dx
cuja solução obtemos ao integrarmos os dois membros. Assim, a solução geral será:

78
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y ( x) = ∫ Q( x)dx + C .
Exemplo 3.2.1.1: A solução geral da equação linear y ′ = cos 3 x , obtida por integração direta, é dada por

1
y ( x) = sen(3 x) + C .
3
> with(DEtools):

> with(plots):

> contourplot(y-1/3*sin(3*x),x=-3..3,
y=-3..3,contours=[0,1,2,3,5,7,-1,-2,-3,
-5],numpoints=3000,color=black,thickness=2);

Soluções da equação y ′ = cos 3 x

1
Exemplo 3.2.1.2: A solução geral da equação linear y ′ = e −2t é y (t ) = − e −2t + C .
2
> with(DEtools):

> with(plots):

> contourplot(y+1/2*exp(-2*t),t=-3..3,
y=-3..3,contours=[0,1,2,3,5,7,-1,-2,-3,
-5],numpoints=3000,color=black,thickness=2);

79
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Soluções da equação y ′ = e −2t

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Problema de valor inicial (PVI) - é uma equação diferencial a ser resolvida conjuntamente com condições sobre a função
incógnita y e as suas derivadas – condições essas a serem satisfeitas para um dado valor da variável independente.
Estas condições são chamadas condições iniciais.

 dy
 = f ( x, y )
O problema  dx é chamado de PVI.
 y ( x0 ) = y0

A solução do PVI, em um intervalo I, é uma função definida em I tal que sua derivada, também definida em I, satisfaz
o PVI.

 dy 3x
 =e
Exemplo 3.2.1.3:  dx
 y (0) = 1

1
Solução geral da EDO: y ( x) = e 3 x + C .
3
1 2
A solução obtida deve satisfazer a condição inicial y (0) = 1 , assim, y (0) = 1 ⇒ + C = 1 , e então C = .
3 3

80
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 2
Logo, y ( x) = e 3 x + é a solução do PVI.
3 3

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Problema de valores de fronteira - é uma equação diferencial a ser resolvida conjuntamente com condições sobre
a função incógnita y e as suas derivadas - condições essas a serem satisfeitas para dois ou mais valores da variável
independente. Estes pontos poderão ser os extremos do intervalo onde se considera a solução, e as referidas condições
são designadas por condições de fronteira.

Exemplo 3.2.1.4: Resolver a equação y′′ + y = 0 , com as condições de fronteira y(0 ) = 2 e y(π/2 ) = 5 . Esse tipo de
problema será resolvido posteriormente quando estudarmos equações de segunda ordem.

3.2.2. Equações em que P(x) ≠ 0 (caso geral)

Seja a equação

dy
+ P( x) y = Q( x) .
dx
Vamos usar uma função auxiliar µ ( x) ≠ 0 , de forma que ao multiplicarmos essa equação por µ (x) , obtemos uma

dy
equação do tipo = f ( x) , cuja solução geral obtém-se com a integração de ambos os membros.
dx
µ ( x) = e ∫
P ( x ) dx
Esta função será chamada fator integrante da equação linear; depois mostraremos porque µ (x)
deve ser definida dessa forma.

Inicialmente, vamos multiplicar a equação por µ (x) :

dy
µ ( x) + µ ( x) P ( x) y = µ ( x)Q( x) .
dx
Como

d µ ( x) d  ∫ P ( x ) dx  ∫ P ( x ) dx d
dx
= e
dx 
=e
 dt
(∫ P( x)dx ),
ou seja,

d µ ( x)
= e∫
P ( x ) dx
P( x) = µ ( x) P( x) ,
dx

dy
após a substituição desse resultado na equação µ ( x) + µ ( x) P ( x) y = µ ( x)Q( x) , temos:
dx
dy d µ ( x)
µ ( x) + y = µ ( x)Q( x) .
dx dx

81
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
d dy d µ ( x)
Sabemos que ( µ ( x) y ) = µ ( x) + y , então substituindo esse resultado no primeiro membro dessa
dx dx dx
equação resultante, vem:

d 1 
( µ ( x) y ) = µ ( x)Q( x) ⇒ µ ( x) y = ∫ µ ( x)Q( x)dx ⇒ y = µ ( x)Q( x)dx + C  .
dx µ ( x)  ∫

Finalmente, a solução geral será:

1  e ∫ P ( x ) dx ⋅ Q( x)dx + C  .
y=  ∫ 
e∫
P ( x ) dx

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
µ ( x) = e ∫
P ( x ) dx
Agora vamos provar porque :

Inicialmente, devemos observar que µ ( x) ≠ 0 deve satisfazer a seguinte equação:

d µ ( x)
= µ ( x) P( x) .
dx

1
Como µ ( x) ≠ 0 , podemos multiplicar essa equação por :
µ ( x)

1 d µ ( x) d d µ ( x)
. = P( x) ⇒ (ln µ ( x)) = P( x) ,
µ ( x) dx dµ dx
e pela regra da cadeia, resulta

d
(ln µ ( x)) = P( x) .
d ( x)

Agora, integrando ambos os membros, obtemos

ln µ ( x) = ∫ P( x)dx + C1 ,

de onde:

µ ( x) = e ∫ P ( x )dx +C1 = eC1 .e ∫ P ( x )dx = C.e ∫ P ( x )dx .

µ ( x) = e ∫
P ( x ) dx
Portanto, de fato .

Observação 3.2.2.1: É importante salientarmos que qualquer múltiplo de µ (x) também será um fator integrante, ou um
fator de integração, para a EDO linear de 1ª ordem.

82
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
dy y 2
Exemplo 3.2.2.1: Determinar a solução geral da equação + =t .
dt t
1
e ∫ t = eln t = t
dt
F.I:

Multiplicando a equação pelo fator integrante, obtemos:

dy y dy
t + t = t 2 .t ⇒ t + y = t 3 .
dt t dt

O primeiro membro da equação acima é a derivada do produto ty (t ) :

d t4 t3 C
(ty (t )) = t 3 ⇒ ty (t ) = ∫ t 3 dt ⇒ ty (t ) = + C ⇒ y (t ) = + .
dt 4 4 t

t3 C
Logo, a solução geral é y (t ) = + .
4 t

 dy y 2
 + =t
Exemplo 3.2.2.2: Resolver o PVI  dt t .
 y (2) = 4

t3 C
A solução geral da equação já foi determinada no exemplo anterior: y (t ) = + .
4 t
Agora, temos de satisfazer a condição inicial y (2) = 4 : assim, para t = 2 temos y = 4 .

Com a substituindo da condição inicial na solução y (t ) :

22 C
4= + ,
4 2
determinamos C = 6 .

t3 6
Sendo assim, a solução do PVI é dada por y = + .
4 t

dy
Exemplo 3.2.2.3: Achar a solução geral da equação − 2 y = et .
dt
e∫
−2 dt
F.I: = e −2t

Quando multiplicamos a equação pelo fator integrante, obtemos:

dy −2t
e −2t − e 2 y = e −2t et ,
dt
ou seja,

83
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
dy −2t
e −2t − e 2 y = e−t .
dt
A seguir, usamos a regra da cadeia e procedemos a integração dos dois membros da equação:

d −2t e −t C
dt
(e y )= e − t ⇒ e −2t y = −e − t + C ⇒ y = − − 2t + − 2t ⇒ y = −et + Ce 2t
e e
Logo, a solução geral é y = −et + Ce 2t .

> with(DEtools):

> with(plots):

> odeadvisor(eq);

[ [ _linear, class A ] ]

> eq:=diff(y(t),t)-2*y(t)=exp(t);

d
eq :=  y( t )  − 2 y( t ) = e t
 dt 
> dsolve(eq,y(t));
(2 t)
y( t ) = −e t + e _C1

> g1:=contourplot(y+exp(t)-exp(2*t),t=-10..10,y=-10..10,contours=[0,1,2,3,-1,-2,-3],numpoints=3000,color=black,th
ickness=2):

> g2:=dfieldplot(eq,y(t),t=-10..10,y=-10..10,arrows=LINE):

> display({g1,g2});

84
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> limit(-exp(t)+exp(2*t),t=infinity);

> limit(-exp(t)+exp(2*t),t=0);
0

> limit(-exp(t)+exp(2*t),t=-infinity);
0

Exemplo 3.2.2.4: Calcular a velocidade de um paraquedista com massa corporal m = 75kg , no instante (t = 15s )
em que abre o para-quedas, considerando o coeficiente de atrito k = 5kg / s . Calcular também a velocidade limite,
considerando o coeficiente de atrito, após a abertura do pára-quedas, como k = 110kg / s .

O modelo matemático que descreve a queda livre, obtido a partir da 2ª Lei de Newton ∑ F = ma , é a EDO linear de
i
i
1ª ordem:

dv(t ) k
+ v(t ) = g ,
dt m
com g a aceleração gravitacional.

A solução dessa equação diferencial é:

mg − kt
v(t ) = + Ce m
.
k
A constante de integração é determinada a partir da condição inicial. Assim, para v(t = 0) = 0 , temos:

mg
C=− ;
k

85
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
nesse caso a solução particular é

v(t ) =
mg
k
( − kt
1− e m , ) t ≤ 15s .

Então, a velocidade alcançada no instante (t = 15s ) é v = 92,92m / s .

A distância percorrida em queda livre é obtida por:

dy (t ) mg  m − kmt 
v(t ) = ⇒ y (t ) = ∫ v(t )dt ⇒ y (t ) = t + e  + C .
dt k  k 
Assim, para y (t = 0) = 0 :
m2 g
C=− ;
k2
passados 15s , temos y = 811,15m .

Com a abertura do para-quedas, devido ao maior coeficiente de atrito, a variação da velocidade começa a decrescer, até
ser eventualmente atingido um equilíbrio entre a força gravitacional e a força de atrito; a partir desse momento a velocidade
é constante e para um tempo suficientemente grande teremos a chamada velocidade limite:

mg 75 × 9,8
vmin = lim v(t ) = = = 6, 68m / s .
t →∞ k 110

Para a obtenção da solução geral das equações lineares de primeira ordem, em que P(x) ≠ 0, também estudaremos os
métodos “de Bernoulli” e “de Lagrange”, além da utilização de fator integrante, como procedemos.

3.2.2.1 Método de Bernoulli

Inicialmente, vamos considerar y = u.v , com u e v funções incógnitas arbitrárias, solução de uma EDO linear de
primeira ordem.

Então
y = u.v ⇒ y ' = u.v'+u '. v .

dy
Substituindo y e y ′ na equação linear não homogênea + P ( x) y = Q( x) , obtemos:
dx

uv '+ u ' v + P( x)uv = Q( x) ,

ou
u.[v'+ P( x)v ]+ u ' v = Q( x) .

Considerando que v pode ser determinada arbitrariamente, temos:

dv dv
v'+ P ( x). v = 0 ⇒ v' = − P( x). v ⇒
dx
= − P ( x).v ⇒ ∫ v
= − ∫ P ( x)dx ⇒ v = e − ∫ P ( x ) dx .

86
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Substituindo v '+ P( x).v = 0 e v = e − ∫ P ( x ) dx em u.[v'+ P( x). v ]+ u '. v = Q( x) , resulta:

du
u '.e − ∫ P ( x ) dx = Q( x) ⇒ = Q( x)e ∫ P ( x ) dx ⇒ ∫ du = ∫ Q( x).e ∫ P ( x ) dx dx ⇒
dx
u = ∫ Q( x)e ∫ P ( x ) dx dx + C .

Finalmente, levando u e v à equação, temos a solução geral na forma:

y = e − ∫ P ( x ) dx [ ∫ Q ( x )e ∫ P ( x ) dx
dx + C ].
 y′ + y = x

Exemplo 3.2.2.1.1: Achar a solução geral do PVI  y0 .
 y (1) =
e

A solução da equação diferencial pode ser obtida pelo método de Bernoulli: inicialmente, fazemos y = u.v ⇒
y ' = u.v'+u '. v ; após, substituímos na EDO e obtemos:

u.v '+ u '.v + uv = x ⇒ u.[v'+v ]+ u '. v = x .

A seguir, determinamos v:

dv
⇒ v'+v = 0 ⇒ v' = −v ⇒ ∫ v
= − ∫ dx ⇒ ln v = − x ⇒ v = e − x .

Usando esse resultado, encontramos u:

du
u '. e − x = x ⇒ = x.e x ⇒ ∫ du = ∫ x.e x dx ⇒ u = ∫ x.e x dx ⇒ u = x.e x − e x + C .
dx
Logo, a solução geral da EDO é y = ( x − 1) + C.e − x .

y0 y
Agora, temos de satisfazer a condição inicial y (1) = : assim, para x =1 temos y = 0 .
e e
Com a substituindo da condição inicial na solução determinamos C = y0 .

A solução do PVI é dada por y = ( x − 1) + y 0 e − x .

Exemplo 3.2.2.1.2: Achar a solução geral da equação y ' = y.tgx + cos x usando o método de Bernoulli.

Substituindo y = u.v e y ' = u.v'+u '. v na equação, temos:

u.v '+ u '.v = u.v.tgx + cos x ⇒ u.[v '− v.tgx ]+ u '.v = cos x .

Da igualdade v '− v.tgx = 0 , temos:

87
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
dv
v ' = v.tgx ⇒ ∫ v
= ∫ tgxdx ⇒ ln v = − ln(cos x) ⇒ v = e − ln(cos x ) ⇒
−1
⇒ v = e ln(cos x ) ⇒ v = (cos x) −1 .

A seguir, determinamos u:

du 1 + cos 2 x
u '.(cos x) −1 = cos x ⇒ = cos 2 x ⇒ u = ∫ cos 2 xdx ⇒ u = ∫ dx ⇒
dx 2
1 1 1 1 1
⇒ u=
2 ∫ dx + . ∫ cos 2 x.2dx ⇒ u = x + sen 2 x + C
2 2 2 4

1 1  1 
Substituindo u e v na equação: y =  x + sen 2 x + C  .  .
2 4   cos x 

dy 2
Exemplo 3.2.2.1.3: Achar a solução geral da equação + y = t , através do método de Bernoulli.
dt t
Segundo Bernoulli, y = u.v ; assim y ' = u.v'+u '. v .

Com a substituição na equação, resulta:

2  2 
u.v'+u '. v + u.v = t ⇒ u.v'+ v  + u '. v = t .
t  t 
De onde temos:

2 2 dv 2
v'+ v = 0 ⇒ v' = − v ⇒ ∫ = − ∫ dt ⇒ ln v = −2 ln t ⇒ v = e −2ln t ⇒ v = t −2 .
t t v t
Agora, determinamos u:

t4
u '. t −2 = t ⇒ u ' = t 3 ⇒ u =
+C .
4
t2 C
Substituindo u e v em y = u.v , chegamos a seguinte solução geral: u = + .
4 t2

3.2.2.2 Método de Lagrange (Método de variação dos parâmetros)

Dada uma equação diferencial linear, quando o termo independente da variável incógnita é nulo, a equação é denominada
homogênea. Assim, dada a equação

dy
+ P( x) y = Q( x) ,
dx
se Q( x) ≠ 0 , a equação é dita equação diferencial linear não homogênea; se Q( x) = 0 , temos uma equação

88
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
diferencial linear homogênea.
Primeiramente, dada uma equação diferencial linear homogênea

dy
+ P( x) y = 0 ,
dx

y = C.e ∫
− P ( x ) dx
por integração obtemos a solução , onde C é uma constante arbitrária.

Agora, se a equação é não homogênea, podemos usar, além dos métodos já estudados, o método de Lagrange para

y = C.e ∫
− P ( x ) dx
determinar a solução dessa equação. Nesse método, usamos a solução e consideramos a constante
como uma função de x , ou seja, fazemos variar o parâmetro:

y = C ( x).e ∫
− P ( x ) dx
,

com C (x) uma função derivável que precisa ser determinada.

y = C ( x).e ∫
− P ( x ) dx
Derivando temos:

dy d  − P ( x ) dx  dy − P ( x ) dx d d − P ( x ) dx 
=  C ( x).e ∫ ⇒ =e ∫ . (C ( x) ) + C ( x).  e ∫ .
dx dx   dx dx dx  

dy
Substituindo y e na equação não homogênea, obtemos:
dx

− P ( x ) dx d
+ P ( x).  C ( x).e ∫
− P ( x ) dx 
e ∫ . (C ( x) ) − C ( x).P ( x).e ∫
− P ( x ) dx
 = Q( x)
dx  

d
(C ( x) ) = e ∫ .Q( x) ⇒ C ( x) = ∫ e ∫ .Q( x)dx + C1
P ( x ) dx P ( x ) dx

dx
Assim, a solução geral é dada por:

− P ( x ) dx  ∫ P ( x ) dx .Q( x)dx + C  ,
y = C ( x).e ∫ ⇒ y=e ∫
− P ( x ) dx

 ∫ e 1

onde C1 é uma constante arbitrária.

Exemplo 3.2.2.2.1: Resolver a solução geral da equação y '− y.tgx = cos x , usando o método de Lagrange.

Primeiro, vamos considerar a EDO linear homogênea


y '− y.tgx = 0 ,

89
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
−1
cuja solução é y = Ce ∫ tgxdx = Ce − ln(cos x ) = Celn(cos x ) = C (cos x) −1 .

C ( x)
Pelo método de Lagrange, a solução procurada é da forma y= . Temos então:
cos x

C '( x).cos x + C ( x).senx


y'= .
cos 2 x
Substituindo y e y ′ na equação dada, resulta:

C '( x).cos x + C ( x).senx C ( x)


y' = − tgx = cos x .
cos 2 x cos x
Após algumas simplificações, temos como determinar C (x) através da integração de C ′(x) :

C ' ( x) x 1
= cos x ⇒ C ' ( x) = cos 2 x ⇒ C ( x) = ∫ cos 2 xdx ⇒ C ( x) = + sen 2 x + C1 .
cos x 2 4

1 1 1 
Então, a solução geral é: y=  x + sen 2 x + C1  .
cos x  2 4 

A seguir, vamos resolver, por esse método, alguns exemplos que já foram solucionados anteriormente.

Exemplo 3.2.2.2.2: Achar a solução geral da equação y '+ y = x através do método de Lagrange.

Dada a equação homogênea y '+ y = 0 , a solução é y = Ce − ∫ dx = Ce − x .

Logo, a solução de Lagrange será da forma:

y = C ( x )e − x ;

a derivada dessa função é dada por

y ' = C '( x).e − x − C ( x).e − x .

Substituindo y e y ′ na equação dada, temos:

C '( x).e − x − C ( x).e − x + C ( x).e − x = x ⇒ C '( x) = xe x ⇒

⇒ C ( x) = ∫ xe x dx C ( x) = x.e x − e x + C1 .

Substituindo em y = C ( x )e − x :

y = (x.e x − e x + C1 )e − x ⇒ y = x.e x .e − x − e x .e − x + C1.e − x ⇒ y = ( x − 1) + C1.e − x .

90
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
dy 2
Exemplo 3.2.2.2.3: Achar a solução geral da equação + y = t pelo método de Lagrange.
dt t

2
Inicialmente, resolvemos a equação homogênea y '+ y = 0:
t
2
− ∫ dx
−2ln t ln t −2 −2
y = Ce t
= Ce = Ce = C.t .

C (t )
Logo, a solução a ser determinada é y= , cuja derivada é:
t2
C ' (t ). t 2 − 2t.C (t )
y' = .
t4
Substituindo na equação dada:

C '(t ).t 2 − 2t.C (t ) 2 C (t )


+ =t
t4 t t2

C '(t ).t 2 2C (t ) 2C (t )
− 3 + 3 =t
t4 t t
C '(t ). t4

3 3
= t ⇒ C '(t ) = t ⇒ C (t ) = t dt = + C1
t2 4

t 2 C1
Logo, a solução geral é y= + .
4 t2
Observação 3.2.2.2.: Muitas vezes é conveniente resolvermos uma EDO linear de 1ª ordem, com função incógnita x( y ) :

(1 + y )dx = (arc tan y − x )dy ,


2

dx arc tan y − x
= ,
dy 1+ y2

dx x arc tan y
+ = ,
dy 1 + y 2
1+ y2

Solução Geral: x = arc tan y − 1 + Ce − arc tan y .

91
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 3.2.2 - Ver exemplos E46 ao E52 no apêndice V.

Resolver as equações diferenciais lineares de primeira ordem:

2 1 3
1. y′ + y = x2 Resp: y= x + Cx −2
x 5

2. x 2 y′ + 2 xy = 1 Resp: yx 2 = C + x

3. y′ cos 2 x + y = tg x Resp: y + 1 = tg x + Ce − tg x

3
4. y ′ + x 2 y − x 2 = 0 Resp: y = 1 + Ce − x /3

dy ty 1 
5. + = t + arcsent Resp: y = 1 − t 2  (arcsen t ) 2 − 1 − t 2 + C 
dt 1 − t 2 2 

2
6. Seja a EDO linear de 1ª ordem y′ + y − x = 0 . Determinar a solução geral. Determinar os pontos críticos da
x
solução. Calcular lim y ( x) .
x→ 0

x2 C
Resp: y ( x ) = + 2 ; se C > 0 , os pontos críticos das soluções são x = ± 4 4C e se C < 0 não têm
4 x
pontos críticos; lim y ( x) = +∞ quando C > 0 e lim y ( x) = −∞ quando C < 0 .
x →0 x →0

7. Dado o PVI

 ′ 2
y + y − x = 0
 x .
 y (−2) = 3

Determinar o intervalo de validade da solução.

Resp. (−∞, 0)

92
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3.2.3. Equações Transformadas em Lineares

Uma equação de Bernoulli é uma EDO de 1ª ordem da forma

y ′ + P( x) y = Q( x) y n ,

com n ∈ R e onde P(x) e Q(x) são funções contínuas em um intervalo I. É claro que se n = 0, n = 1 a equação é
linear. Porém, se n ≠ 0, n ≠1 a equação não é linear. Nesse caso, a mudança de variável

z = y 1− n

transforma a EDO de Bernoulli em uma EDO linear de 1ª ordem.

De fato, se z = y 1− n , temos:
1 1 1−nn
y = z 1− n ⇒ y ′ = z z′ .
1− n

Substituindo y e y′ na equação de Bernoulli, resulta:

1 1−nn 1 n 1
z z′ + P( x) z 1−n = Q( x) z 1−n ⇒ z′ + P( x) z = Q( x) ,
1− n 1− n
que é uma EDO linear de 1ª ordem.

Observação 3.2.3.1: Com a mudança de variável proposta, se o expoente 1 − n for negativo, precisamos verificar
separadamente se y = 0 é uma solução da EDO de Bernoulli, pois essa solução, nesse caso particular, é eliminada ao
fazermos a substituição z = y 1− n .

Uma equação de Riccatti é uma EDO de 1ª ordem da forma

dy
+ a2 ( x) y 2 + a1 ( x) y + a0 ( x) = 0 ,
dx
em que a0 ( x) , a1 ( x) e a2 ( x) são contínuas um intervalo I e a2 ( x) ≠ 0 em I.

Se y1 ( x) é uma solução particular da equação de Riccatti, então a mudança de variável

1
y = y1 +
z
reduz a uma EDO linear de 1ª ordem. Assim, podemos concluir que a solução geral de uma equação de Riccatti pode ser
determinada desde que se conheça uma solução particular.

Observação 3.2.3.2: Uma equação de Riccatti com coeficientes constantes

dy
+ ay 2 + by + c = 0 ,
dx

93
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
tem uma solução y = λ , λ um número real, se e somente se λ é raiz da equação quadrática

aλ2 + bλ + c = 0 .

Observação 3.2.3.3: Se y1 ( x) e y2 ( x) são soluções particulares da equação de Riccatti, então a solução geral é
dada por:

y − y1
= Ce ∫
a2 ( x )( y2 − y1 ) dx
,
y − y2
com C uma constante arbitrária.

Observação 3.2.3.4: Se y1 ( x) , y2 ( x) e y3 ( x) são soluções particulares da equação de Riccatti, então a solução


geral é dada por:

( y − y1 )( y3 − y2 )
=C,
( y − y2 )( y3 − y1 )
com C uma constante arbitrária.

ATIVIDADES
Lista 3.2.3 - Ver exemplos E53 ao E56 no apêndice V.

Achar a solução geral de cada uma das seguintes equações:

1. y′ + y = x 2 y 2 ;

Resp: y = (2 + 2 x + x 2 + Ce x ) −1 e y = 0 .

2. yy′ + xy 2 − x = 0 ;

Resp: > eqb:=y(x)*diff(y(x),x)+x*(y(x))^2-x=0;

d
eqb := y( x )  y( x )  + x y( x ) 2 − x = 0
 x
d 
> dsolve(eqb,y(x));
2 2
( −x ) ( −x )
y( x ) = 1+e _C1 , y( x ) = − 1+e _C1

> dsolve(eqb,y(x),’implicit’);
2
( −x )
y( x ) 2 − 1 − e _C1 = 0

94
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3. y′ + y 2 − 2 y + 1 = 0 ;
x + 1 + _C1
Resp. y( x ) =
x + _C1

4. y′ + 4 y 2 − 9 = 0 ;
9x
Resp. y( x ) = + _C1
4

Achar a solução geral de cada uma das seguintes equações, sendo dada uma solução particular:

y2
1. 2 y′ − = 1 ; solução particular y = x ;
x2
2. y′ − xy 2 + (2 x − 1) y = x − 1 ; solução particular y = 1 .

3.3 Equações Diferenciais Lineares de 2ª Ordem

Equações diferenciais lineares de segunda ordem são equações da forma

d 2 y ( x) d y ( x)
2
+ f ( x) + g ( x ) y ( x ) = h( x ) ,
dx dx
onde f (x) , g (x) e h(x) são funções definidas num intervalo I. Para simplificar a escrita, usaremos a notação

y ′′ + f ( x ) y ′ + g ( x ) y = h ( x ) .

Também vamos considerar o operador diferencial linear L( y ) = y′′ + f ( x) y′ + g ( x) y .

Em geral, para L( y ) = y′′ + f ( x) y′ + g ( x) y , temos

i ) L( y1 + y 2 ) = L( y1 ) + L( y 2 )
i i ) L(C y ) = C L( y ) ;

por isso o operador é chamado linear.

Assim, quando resolvemos a equação y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = h( x) , determinamos as funções que satisfazem

L ( y ) = h( x ) .

Teorema 3.3.1: Teorema de Existência e Unicidade

O problema de valor inicial

95
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 y"+ f ( x) y '+ g ( x) y = h( x)
 ,
 y ( x 0 ) = a, y ' ( x 0 ) = b
para f (x) , g (x) e h(x) contínuas no intervalo aberto I, x0 ∈ I, a e b reais, tem uma única solução nesse
intervalo.

A demonstração desse teorema pode ser encontrada em KREIDER, D.L., KULLER, R.G. & OSTBERG, D.R., Equações
Diferenciais, Edgard Blucher, São Paulo, 1972.

3.3.1 Equações Lineares Homogêneas

Uma equação diferencial linear de segunda ordem é homogênea (EDOLH) quando h( x) ≡ 0 , isto é, pode ser escrita
como L( y ) = 0 :
y ′′ + f ( x ) y ′ + g ( x ) y = 0 .

Observação 3.3.1.1: É importante observarmos as seguintes correspondências:

oscilações livres (sem forças externas) ↔ equações homogêneas


oscilações forçadas ↔ equações não homogêneas

Observação 3.3.1.2: Toda EDOLH admite y ( x) = 0 como solução. Por esta razão y ( x) = 0 é chamada de solução
trivial.

Teorema 3.3.1.1: Princípio de Superposição

Se y1 ( x) e y 2 ( x) são duas soluções de uma EDOLH, então qualquer combinação linear C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) ,


com C1 e C 2 constantes, também é solução.

Demonstração:

Sejam y1 ( x) e y 2 ( x) soluções de uma EDOLH L( y ) = 0 . Então, L( y1 ) = 0 e L( y 2 ) = 0 . Pela linearidade,


temos L(C1 y1 + C 2 y 2 ) = C1 L( y1 ) + C 2 L( y 2 ) = C1 .0 + C 2 .0 = 0 . Logo, C1 y1 ( x ) + C 2 y 2 ( x) também
é solução de L( y ) = 0 , para quaisquer C1 e C 2 .

Observação 3.3.1.3: Caso particular do “Princípio de Superposição”

Se y (x) é uma solução de uma EDOLH, então qualquer múltiplo Cy ( x) também o é.

Exemplo 3.3.1.1: As funções y1 ( x) = e − x e y1 ( x) = e 3 x são soluções da EDOLH y ′′ − 2 y ′ − 3 y = 0 .

Exemplo 3.3.1.2: A partir das soluções do exemplo anterior, usando o “Princípio de Superposição”, podemos construir
uma família de soluções para a equação y ′′ − 2 y ′ − 3 y = 0 :

96
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) = C1e − x + C 2 e 3 x .

Exemplo 3.3.1.3: Considerando o PVI

 y"−2 y '−3 y = 0

 y (0) = 2, y ' (0) = −3
e a família y = C1e − x + C 2 e 3 x , podemos determinar C1 e C 2 de modo a satisfazer as condições iniciais dadas
no PVI:

 C1 + C 2 = 2

− C1 + 3C 2 = −3

9 1 9 −x 1 3x
Encontramos C1 = e C 2 = − ; a solução do PVI é y = e − e .
4 4 4 4
> ode := diff(y(x),x,x) = 2*diff(y(x),x) + 3*y(x);

d2 d
ode := 2 y( x ) = 2  y( x )  + 3 y( x )
dx  dx 
> dsolve(edo);
(3 x) ( −x )
y( x ) = _C1 e + _C2 e

> ci := y(0)=2, D(y)(0)=-3;


ics := y( 0 ) = 2, D( y )( 0 ) = -3

> dsolve({edo,ci});
1 ( 3 x ) 9 ( −x )
y( x ) = − e + e
4 4

Observação 3.3.1.4: De forma simplificada, podemos dizer que duas funções y1 ( x) e y 2 ( x) são ditas linearmente
independentes se uma não for um múltiplo da outra. Caso contrário são ditas linearmente dependentes.

Observação 3.3.1.5: Se y1 = ky2 , então a combinação linear y = C1 y1 + C2 y2 = (C1 + kC2 ) y1 é da forma


y = Cy1 , ou seja, a função y 2 é totalmente desnecessária na combinação linear.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Um sistema fundamental de soluções para uma EDOLH de 2ª ordem é um par de soluções linearmente
independentes.

Exemplo 3.3.1.4: O conjunto {cos x, sen x} é um sistema fundamental de soluções para a EDOLH

y ′′ + y = 0 ;

portanto, a partir de uma combinação linear, obtemos a solução geral y = C1 cos x + C 2 sen x .

> edo := diff(y(x),x,x)+y(x)=0;

97
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 d2 
edo :=  2 y( x )  + y( x ) = 0
> dsolve(edo);  dx 
y( x ) = _C1 sin( x ) + _C2 cos( x )

Exemplo 3.3.1.5: Dada a equação y′′ − 1 6 y = 0 , vamos procurar uma solução na forma y = e λx (mais tarde ficará
λx
esclarecido por que na forma de exponencial). Substituindo y = e na EDOLH, obtemos:

λ 2 eλ x − 1 6eλ x = 0 ,

ou seja,

eλ x (λ 2 − 1 6) = 0 ;

como eλ x > 0 , a condição para que y = e λx seja solução da EDOLH y′′ − 1 6 y = 0 , é que λ seja raiz da equação
algébrica:

λ 2 −1 6 = 0 .

Assim, um sistema fundamental de soluções para essa equação é { y1 = e4x , y2 = e-4x }.

Observação 3.3.1.6: É importante observarmos que o sistema fundamental de soluções de uma EDOLH não é único. No
exemplo anterior, podemos obter outro sistema fundamental {y3 , y 4 } de soluções para a mesma EDOLH:
y1 + y 2
y3 = = cos h (4 x) ,
2
y − y2
y4 = 1 = sen h (4 x) .
2

Exemplo 3.3.1.6: O conjunto {e , e }é um sistema fundamental de soluções para a EDOLH


x −x

y ′′ − y = 0 ;

entretanto, {cosh x, senh x} é outro sistema fundamental de soluções para essa mesma EDOLH, pois
e x + e−x e x − e−x
cosh x = e senh x = . Portanto, temos formas alternativas de representar a solução geral:
2 2

y = C1e x + C 2 e − x e y = C1 cosh x + C 2 senhx .

98
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Agora, vamos generalizar a situação do exemplo 3.3.1.6. Dada uma EDOLH y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 , se
encontrarmos duas soluções linearmente independentes y1 e y 2 , então poderemos obter todas as demais soluções
fazendo superposição y = C1 y1 + C 2 y 2 .

Por isso, y = C1 y1 + C 2 y 2 é chamada de solução geral da EDOLH de 2ª ordem.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Seja y p uma solução particular da equação y ′′ − 2 y ′ − 3 y = 0 . Sejam as constantes a e b definidas por
a = y p (0) e b = y ′p (0) .

Vamos considerar o PVI

 y"−2 y '+3 y = 0

 y (0) = a, y ' (0) = b
e procurar se existem C1 e C 2 tais que

 C1 + C 2 = a
 ;
− C1 + 3C 2 = b
1
esse sistema linear é compatível determinado. Resolvendo o sistema encontramos C1 = (3a − b) e
4
1 1 1
C2 = (a + b) . Assim, y p e y = (3a − b)e − x + (a + b)e 3 x são soluções do PVI; mas pelo
4 4 4
“Teorema de Existência e Unicidade” a solução do PVI é única. Então, concluímos que
1 1
yp = (3a − b)e − x + (a + b)e 3 x
4 4
e que toda solução particular da EDOLH y ′′ − 2 y ′ − 3 y = 0 é da forma y = C1e − x + C 2 e 3 x .

Para um sistema linear ser possível e determinado, o determinante da matriz principal deve ser diferente de zero; portanto,
conforme exemplificamos acima, o determinante

 y (x ) y 2 ( x0 ) 
det 1' 0 
 y1 ( x0 ) y 2' ( x0 ) 
desempenha um papel fundamental nessa teoria. Ele é conhecido por Wronskiano.

Então, dadas duas funções y1 ( x) e y 2 ( x) , o Wronskiano dessas funções é definido como o determinante

 y (x ) y 2 ( x0 ) 
W ( x) = det 1' 0 .
 y1 ( x0 ) y 2' ( x0 ) 

Exemplo 3.3.1.7: Dadas y1 ( x) = e 2t e y 2 ( x) = e 3t , o Wronskiano é:


 e 2t e 3t 
W (t ) = det 2t  = e 5t .
3t 
 2e 3e 

99
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Teorema 3.3.1.2: Se y1 ( x) e y 2 ( x) são linearmente dependentes, então o Wronskiano dessas funções é nulo.

Demonstração:

Suponhamos que y1 ( x) e y 2 ( x) sejam linearmente dependentes. Suponhamos que y1 ( x) = C y2 ( x) . Dessa


forma, temos que a segunda coluna do Wronskiano é um múltiplo da primeira e, portanto, esse determinante se anula
para qualquer x.

Observação 3.3.1.7: O teorema acima também pode ser enunciado assim: “se o Wronskiano de y1 ( x) e y 2 ( x) for
diferente de zero, então y1 ( x) e y 2 ( x) são linearmente independentes”.

Observação 3.3.1.8: A recíproca do teorema 3.3.1.2 não é verdadeira: se duas funções são linearmente independentes,
nada podemos concluir sobre o Wronskiano.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

As funções y1 ( x) e y 2 ( x) são ditas linearmente independentes se e somente se a equação

C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) = 0

implica que C1 = C 2 = 0 .

Teorema 3.3.1.3: Duas funções soluções de uma mesma EDOLH são linearmente dependentes se e somente se o seu
Wronskiano é nulo.

Demonstração:

Suponhamos y1 ( x) e y 2 ( x) , soluções da EDOLH y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 tais que W ( x) = 0 . Precisamos


mostrar que y1 ( x) e y 2 ( x) são linearmente dependentes. Fixemos x 0 no intervalo de definição das funções y1 ( x)
e y 2 ( x) . A hipótese W ( x) = 0 implica que o sistema

C1 y1 ( x0 ) + C 2 y 2 ( x0 ) = 0
 ' '
C1 y1 ( x0 ) + C 2 y 2 ( x0 ) = 0
tem solução não trivial. Agora, suponhamos (C1 , C 2 ) uma solução não nula desse sistema algébrico e seja a
função ϕ ( x ) = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) . Pelo Princípio de superposição, temos que ϕ (x ) é uma solução de
y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 . Mas, o sistema acima nos diz que ϕ ( x0 ) = ϕ ' ( x0 ) = 0 , então, como y = 0
(solução trivial) é uma solução do PVI

 y"+ f ( x) y '+ g ( x) y = 0
 ,
 y ( x0 ) = y ' ( x0 ) = 0
ϕ ( x) = 0 . Podemos assim concluir que C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) = 0 , sem
pelo Teorema de Existência e Unicidade,
que as constantes sejam simultaneamente nulas. Segue daí que y1 ( x) e y 2 ( x) são linearmente dependentes.

100
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 3.3.1.9: Através desse teorema, demonstramos que se W ( x ) = 0 em um ponto do intervalo de definição
de duas funções y1 ( x) e y 2 ( x) , então essas funções são linearmente dependentes. Como conseqüência, se y1 ( x)
e y 2 ( x) forem duas soluções linearmente independentes de uma EDOLH, o sistema algébrico

C1 y1 ( x0 ) + C 2 y 2 ( x0 ) = 0
 ' '
C1 y1 ( x0 ) + C 2 y 2 ( x0 ) = 0
é sempre possível e determinado e portanto toda solução do PVI

 y"+ f ( x) y '+ g ( x) y = 0

 y ( x 0 ) = a, y ' ( x 0 ) = b
é da forma y = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) .

Teorema 3.3.1.4: Se y1 ( x) e y 2 ( x) são duas soluções linearmente independentes de uma EDOLH


y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 , então toda solução dessa equação é da forma y = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) , ou seja,
y = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) é a solução geral da EDO.

Demonstração: Lista de exercícios 3.3.1

Teorema 3.3.1.5: Teorema de Abel

Sejam y1 ( x) e y 2 ( x) duas soluções de uma EDOLH y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 e seja

 y (x ) y2 ( x0 ) 
W ( x) = det  1' 0  = y y′ − y′ y o seu wronskiano. Então W (x) satisfaz a EDOLH de 1ª ordem
 y1 ( x0 ) y2' ( x0 )  1 2 1 2
W ′ + f ( x)W = 0 .

Demonstração:

Suponhamos que y1 ( x) e y 2 ( x) sejam duas soluções da EDOLH y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 e que W (x)


seja o seu wronskiano. Então:

W = y1 y 2′ − y1′ y 2
e

W ′ = y1 y 2′′ − y1′′y 2 .

Então,
W ′ + f ( x)W = y1 y 2′′ − y1′′y 2 + f ( x) ( y1 y2′ − y1′ y2 ) = y1 ( y 2′′ + f ( x) y 2′ ) − y 2 ( y1′′+ f ( x) y1′ ) =
= 0−0 = 0.

Corolário: Sejam y1 ( x) e y 2 ( x) duas soluções de uma EDOLH y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y = 0 e o W (x) seu


wronskiano, então uma das seguintes alternativas é válida:

101
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
I) ou W ( x) ≠ 0;
II) ou W ( x) = 0 , para todo x .

Não existe a possibilidade do wronskiano se anular para alguns valores de x e ser diferente de zero para outros valores
de x.

Demonstração:

Pelo Teorema de Abel, W (x) é solução da equação W ′ + f ( x)W = 0 . Essa equação é uma equação de variáveis

W ( x) = Ce ∫
− f ( x ) dx
separáveis, cuja solução é . Como a função exponencial é sempre diferente de zero, temos duas
possibilidades:

I) Se C = 0, então W ( x) = 0 , ou
II) se C ≠ 0, então W ( x) ≠ 0 , para todo x .

ATIVIDADES
Lista 3.3 - - Ver exemplos E57 ao E60 no apêndice V.
1. Demonstrar o teorema 3.3.1.4.

2. Se y1 ( x) = x 2 e y 2 ( x) = x x , mostrar que W ( x) = 0 .

3. Provar que e λ1 x e e λ2 x são linearmente independentes sempre que λ1 e λ 2 são números reais distintos.

4. Mostrar que y1 ( x) = xeλ x e y 2 ( x) = e λx são soluções da equação y ′′ − 2λy ′ + λ2 y = 0 ; mostrar também


que y1 e y 2 são linearmente independentes.

senx cos x
5. Mostrar que y1 = e y2 = são soluções, linearmente independentes, da equação x y "+ 2 y '+ x y = 0 .
x x

3.4 Determinação de uma Solução Linearmente Independente a Outra Solução Não


Trivial de uma EDOLH

Dada uma solução y1 ( x) ≠ 0 para a EDOLH

y ′′ + f ( x ) y ′ + g ( x ) y = 0 ,

podemos determinar uma segunda solução da forma y 2 ( x) = v( x) y1 ( x) , de modo que {y1 , y 2 } seja linearmente
independente. De fato, temos

102
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y2' = v ' y1 + v y1'

y2" = v " y1 + 2v ' y1' + v y1" ;

substituindo esses resultados na equação, segue que:

(v " y1 "+ 2v ' y1' + v y1" ) + f ( x) (v ' y1 + vy1' ) + g ( x)v y1 = 0 .

Como queremos determinar v , escrevemos

y1v"+(2 y1' + f ( x) y1 )v' = 0 ,

que é uma EDOLH de segunda ordem sem termo em v , e portanto pode ser redutível à primeira ordem.

senx
Exemplo 3.4.1: Se y1 = é uma solução da EDOLH xy "+ 2 y '+ xy = 0 , determinar uma segunda solução
x
linearmente independente a y1 .

A solução procurada é da forma:

y2 = v y1 .

Calculando as derivadas y 2′ e y 2′′ :

y2' = v ' y1 + vy1' e y2" = v " y1 + 2v ' y1' + v y1"

e substituindo na equação dada, temos:

x y1v "+ (2 x y1' + 2 y1 ) v '+ ( x y1" + 2 y1' + x y1 ) v = 0 .

Nessa equação, o coeficiente de v é nulo, pois y 2 é solução da equação dada. Assim,

x y1v "+ (2 xy1' + 2 y1 ) v ' = 0 .

senx x cos x − senx


Substituindo y1 = e y1' = , teremos
x x2
 2 x cos x − 2senx 2 senx 
( senx)v"+ + v ' = 0 ,
 x x 
ou

( senx)v"+2(cos x)v' = 0 .

103
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Assim, foi obtida uma equação que poderemos reduzir, fazendo v ′ = z , a uma equação de primeira ordem:

( senx) z ′ + 2(cos x) z = 0 .

Então, separando as variáveis e integrando

dz 2 cos x
∫ z
= −∫
senx
d x,

determinamos

ln z = −2 ln senx + A .

Escolhendo a constante arbitrária A = 0 , temos:

z = csc 2 x
e finalmente:

v′ = csc 2 x ⇒ v = ∫ csc xdx = t g x + B .

Escolhendo, novamente, a constante de integração B = 0 , determinamos uma segunda solução linearmente independente
à primeira:

senx cos x cos x


y2 = ⋅ = .
x senx x

ATIVIDADES
Lista 3.4

1. Se y1 = x é uma solução da EDOLH ( x 2 − 1) y ′′ + 2 xy ′ − 2 y = 0 , determinar uma segunda solução


linearmente independente a y1 .

x −1
Resp: y2 = 1 + x ln
x +1

2. Se y1 = x + 1 é uma solução da EDOLH x(3 x + 2) y ′′ + 6( x + 1) y ′ − 6 y = 0 , determinar uma segunda


solução linearmente independente a y1 .

1
Resp: y2 =
x
3. Determinar a solução geral da equação y ′′ − 2 y = 0 , sabendo que y1 = e 2x
é solução dessa equação.

2x 2x
Resp: y = C1e + C2e −

4. Determinar a solução geral da equação y ′′ − 2 y ′ = 0 , sabendo que y1 = e 2 x é solução dessa equação.


104
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Resp: y = C1 + C 2 e 2 x

d 2 y dy
5. Determinar a solução geral da equação + − 2 y = 0 , sabendo que y1 = e t é solução dessa equação.
dt 2 dt
6. As equações de Euler são equações que podem ser escritas como

d2y dy
x2 2
+ ax + by = 0 ,
dx dx
com a e b constantes. Mostrar que ∃λ tal que y ( x) = x λ é uma solução da equação de Euler se, e só se,

λ2 + (a − 1)λ + b = 0 ;

essa equação é chamada equação indicial da equação de Euler.

3.5 EDOLH com Coeficientes Constantes

Vamos considerar L( y ) = y ′′ + α y ′ + β y = 0 , com α e β constantes. Então,

L(eλ ⋅ x ) = (λ 2 + αλ + β )eλ ⋅ x .

Assim, uma EDOLH com coeficientes constantes, L( y ) = 0 , pode ter solução da forma y = e λ ⋅ x , desde que λ seja
raiz da equação algébrica

λ 2 + αλ + β = 0 ,

chamada de equação característica.

λ2 + 3λ + 2 = 0 , que tem raízes reais


Exemplo 3.5.1: Dada a equação y” + 3y’ + 2y = 0, a equação característica é
λ1 = 1 e λ 2 = 2 . Então, teremos duas soluções linearmente independentes y1 = e x e y 2 = e 2 x .

Teorema 3.5.1: Para resolver uma EDOLH de segunda ordem da forma

L ( y ) = y ′′ + α y ′ + β y = 0 ,

primeiro determinamos as raízes λ1 e λ 2 da equação característica

λ2 + α λ + β = 0 .

A solução geral da equação L( y ) = y ′′ + α y ′ + β y = 0 pode ser expressa em termos de λ1 e λ 2 conforme


segue:

105
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Raízes da Equação Característica Solução Geral

Reais distintas λ1 ≠ λ 2 C1e λ1x + C 2 e λ2 x

Reais repetidas λ1 = λ 2 = λ (C1 + C 2 x)e λx

λ1 = a + bi
Complexas  e ax (C1 cos bx + C2 senbx)
λ2 = a − bi

Observação 3.5.1: Se a equação característica λ 2 + αλ + β = 0 tem raiz real dupla λ1 = λ2 , significa que o

α
discriminante dessa equação de 2º grau é nulo, ou seja α 2 − 4 β = 0 e λ1 = λ 2 = − .
2
− α2 x
Portanto, temos uma solução exponencial y1 = e . A segunda solução, linearmente independente da primeira, será
dada por
− α x
y2 = v ( x ) e 2
.

Substituindo na equação diferencial obtemos v ′′( x) = 0 , de onde

v( x) = Ax + B .

− α x
Escolhendo A = 1 e B = 0, determinamos y2 = xe 2

Exemplo 3.5.2: Resolver a equação ( D 2 − 4) y = 0 . Essa equação pode ser escrita como y ′′ − 4 y = 0 . A
2
equação característica é λ − 4 = 0 que tem raízes características λ1 = −2 e λ 2 = 2 . Portanto, a solução geral
−2 x
é y = C1e + C2e 2x .

> edo := diff(y(x),x,x) -4*y(x)=0;


 d2 
edo :=  2 y( x )  − 4 y( x ) = 0
 dx 
> dsolve(edo);
( −2 x ) (2 x)
y( x ) = _C1 e + _C2 e

Exemplo 3.5.3: A equação ( D 2 + 4 D + 4) y = 0 tem por equação característica λ2 + 4λ + 4 = 0 , com raiz


λ1 = λ 2 = −2 de multiplicidade 2. Portanto, a solução geral é y = C1e −2 x + C2 e 2 x .

> edo := diff(y(x),x,x)+4*diff(y(x),x) +4*y(x)=0;

 d2  d
edo :=  2 y( x )  + 4  y( x )  + 4 y( x ) = 0
 dx   dx 

106
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> dsolve(edo);
( −2 x ) ( −2 x )
y( x ) = _C1 e + _C2 e x

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Revisão sobre exponenciais complexas

Para z = x + yi ∈ C
/ , temos inicialmente

e z = e x eiy .

Porém,
(iy ) 2 (iy )3
eiy = 1 + iy + + + .... ,
2! 3!
de onde:

 y2 y4   y3 y5 
eiy = 1 − + − ...  + i  y − + − ...  .
 2! 4!   3! 5! 
Acima, temos envolvidas as séries de cos y e sen y . Assim, obtemos a denominada “Fórmula de Euler”:

eiy = cos y + i ⋅ seny .

Definimos, a seguir, a exponencial para z = x + yi ∈ C


/:

e z = e x +iy = e x eiy = e x (cos y + i ⋅ seny ) = e x cos y + i ⋅ e x seny .

Observação 3.5.2: Se a equação característica tem raízes complexas λ1 = a + bi e λ2 = a − bi podemos definir


duas soluções linearmente independentes:

y1 = e ax +bix = e ax eibx = e ax cos bx + ie ax senbx

y2 = e ax −bix = e ax e − ibx = e ax cos bx − ie ax senbx .

Usando o “Princípio de Superposição”, podemos tomar convenientes combinações lineares, e obter duas soluções
linearmente independentes reais:

y1 + y2 y1 − y2
y3 = = e ax ⋅ cos bx e y4 = = e ax ⋅ senbx .
2 2i

y′′ + 4 y′ + 13 y = 0 . A equação característica é λ 2 + 4λ + 13 = 0 , que tem


Exemplo 3.5.4: Resolver a equação
−2 x
raízes complexas λ1 = −2 + 3i e λ 2 = −2 − 3i . Portanto, a solução geral é (C1 cos 3 x + C 2 sen3 x)e .

107
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> edo := diff(y(x),x,x)+4*diff(y(x),x) +13*y(x)=0;

 d2  d
edo :=  2 y( x )  + 4  y( x )  + 13 y( x ) = 0
 dx  dx 
 
> dsolve(edo);
( −2 x ) ( −2 x )
y( x ) = _C1 e sin( 3 x ) + _C2 e cos( 3 x )

Observação 3.5.3: Devemos estar atentos ao fato de que as raízes complexas de um polinômio real ocorrem sempre aos
pares conjugados.

Observação 3.5.4: Uma solução y = C1 cos bx + C2 senbx , onde C1 e C 2 são constantes arbitrárias, pode ser
escrita, em termos de outras constantes arbitrárias C e θ , como y = Csen(bx + θ ) , pois

y = Csen(bx + θ ) = C ( senθ cosbx + cos θ senbx) ,

sendo

C1 = Csenθ e C 2 = C cos θ .

Essa expressão alternativa é importante para algumas aplicações porque envolve uma senóide submetida a um deslocamento
horizontal.

ATIVIDADES
Lista 3.5 - Ver exemplos E61 ao E70 no apêndice V.
Determinar a solução geral de cada uma das seguintes equações diferenciais:

1) 3 y ′′ + 2 y ′ = 0 .

2) y ′′ + 4 y ′ + 8 y = 0 .

3) y ′′ + y ′ − 2 y = 0 .

4) y ′′ + 4 y ′ = 0 .

5) y ′′ − 2 y ′ + 2 y = 0 .

6) y ′′ + 2 y ′ + 4 y = 0 .

7) 9 y ′′ + 6 y ′ + y = 0 .

8) 2 y ′′ − 2 2 y ′ + y = 0 .

9) 4 y ′′ − 4 y ′ + 3 y = 0 .

108
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
10) 2 y ′′ − 5 3 y ′ + 6 y = 0 .

Respostas:

> edo1 := 3*diff(y(x),x,x)+2*diff(y(x),x) =0;

 d2  d
edo1 := 3  2 y( x )  + 2  y( x )  = 0
 dx   dx 
> dsolve(edo1,y(x)); − 2 x 
 
 3 
y( x ) = _C1 + _C2 e

> edo2 := diff(y(x),x,x)+4*diff(y(x),x) +8*y(x)=0;

 d2  d
edo2 :=  2 y( x )  + 4  y( x )  + 8 y( x ) = 0
 dx   dx 
> dsolve(edo2,y(x));
( −2 x ) ( −2 x )
y( x ) = _C1 e sin( 2 x ) + _C2 e cos( 2 x )

> edo3 := diff(y(x),x,x)+diff(y(x),x) -2*y(x)=0;

 d2  d
edo3 :=  2 y( x )  +  y( x )  − 2 y( x ) = 0
 dx   dx 
> dsolve(edo3,y(x));
( −2 x )
y( x ) = _C1 e x + _C2 e

> edo4 := diff(y(x),x,x)+4*diff(y(x),x) =0;

 d2  d
edo4 :=  2 y( x )  + 4  y( x )  = 0
 dx  x
d 
 
> dsolve(edo4,y(x));
( −4 x )
y( x ) = _C1 + _C2 e

> edo5 := diff(y(x),x,x)-2*diff(y(x),x) +2*y(x)=0;

 d2  d
edo5 :=  2 y( x )  − 2  y( x )  + 2 y( x ) = 0
 dx   x
d 
> dsolve(edo5,y(x));
y( x ) = _C1 e x sin( x ) + _C2 e x cos( x )

> edo6 := diff(y(x),x,x)+2*diff(y(x),x) +4*y(x)=0;

 d2  d
edo6 :=  2 y( x )  + 2  y( x )  + 4 y( x ) = 0
 dx  dx 
 

109
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> dsolve(edo6,y(x));
( −x ) ( −x )
y( x ) = _C1 e sin( 3 x ) + _C2 e cos( 3 x )

> edo7 := 9*diff(y(x),x,x)+6*diff(y(x),x) +y(x)=0;

 d2  d
edo7 := 9  2 y( x )  + 6  y( x )  + y( x ) = 0
 dx   dx 
> dsolve(edo7,y(x));
− x  − x 
   
 3  3
y( x ) = _C1 e + _C2 e x

> edo8 := 2*diff(y(x),x,x)-2*sqrt(2)*diff(y(x),x) +y(x)=0;

 d2  d
edo8 := 2  2 y( x )  − 2 2  y( x )  + y( x ) = 0
 dx   dx 
> dsolve(edo8,y(x));
 2 x  2 x
   
 2   2 
y( x ) = _C1 e + _C2 e x

> edo9 := 4*diff(y(x),x,x)-4*diff(y(x),x) +3*y(x)=0;

 d2  d
edo9 := 4  2 y( x )  − 4  y( x )  + 3 y( x ) = 0
 dx  dx 
 
> dsolve(edo9,y(x));
x x
   
2  2 x 2  2 x
y( x ) = _C1 e sin  + _C2 e   cos 
 2   2 
> edo10 := 2*diff(y(x),x,x)-5*sqrt(3)*diff(y(x),x) +6*y(x)=0;

 d2  d
edo10 := 2  2 y( x )  − 5 3  y( x )  + 6 y( x ) = 0
 dx   x
d 
> dsolve(edo10,y(x));
 3 x
 
 2  (2 3 x)
y( x ) = _C1 e + _C2 e

Determinar as soluções dos problemas de valor inicial:

1) 16 y′′ + 8 y ′ + 5 y = 0 ; y (0) = 4 , y ′(0) = −1 .

2) y′′ + 4 y′ + 13 y = 0 ; y (0) = 0 , y ′(0) = −2 .

3) y ′′ − 2 5 y ′ + 5 y = 0 ; y (0) = 0 , y ′(0) = 3 .

110
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
4) y ′′ + 2 y = 0 ; y (0) = 2 , y ′(0) = 2 2 .

7
5) 4 y′′ − 12 y′ + 9 y = 0 ; y (0) = 1 , y ′(0) = .
2
Respostas:

> edo1 := 16*diff(y(x),x,x)+8*diff(y(x),x)+5*y(x) =0;

 d2  d
edo1 := 16  2 y( x )  + 8  y( x )  + 5 y( x ) = 0
 dx   dx 
> ci1 := y(0)=4, D(y)(0)=-1;
ci1 := y( 0 ) = 4, D( y )( 0 ) = -1

> dsolve({edo1,ci1});
− x 
 
x
cos 
 4
y( x ) = 4 e
2
> edo2 := diff(y(x),x,x)+4*diff(y(x),x) +13*y(x)=0;

 d2  d
edo2 :=  2 y( x )  + 4  y( x )  + 13 y( x ) = 0
 dx   dx 
> ci2 := y(0)=0, D(y)(0)=-2;
ci2 := y( 0 ) = 0, D( y )( 0 ) = -2

> dsolve({edo2,ci2});
2 ( −2 x )
y( x ) = − e sin( 3 x )
3

> edo3 := diff(y(x),x,x)-2*sqrt(5)*diff(y(x),x) +5*y(x)=0;

 d2  d
edo3 :=  2 y( x )  − 2 5  y( x )  + 5 y( x ) = 0
 dx   x
d 
> ci3 := y(0)=0, D(y)(0)=3;
ci3 := y( 0 ) = 0, D( y )( 0 ) = 3

> dsolve({edo3,ci3});
( 5 x)
y( x ) = 3 e x

> edo4 := diff(y(x),x,x)+2*y(x) =0;


 d2 
edo4 :=  2 y( x )  + 2 y( x ) = 0
 dx 
> ci4 := y(0)=2, D(y)(0)=2*sqrt(2);
ci4 := y( 0 ) = 2, D( y )( 0 ) = 2 2

111
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> dsolve({edo4,ci4});
y( x ) = 2 sin( 2 x ) + 2 cos( 2 x )

> edo5 := 4*diff(y(x),x,x)-12*diff(y(x),x) +9*y(x)=0;

 d2  d
edo5 := 4  2 y( x )  − 12  y( x )  + 9 y( x ) = 0
 dx   dx 
> ci5 := y(0)=1, D(y)(0)=7/2;
7
ci5 := y( 0 ) = 1, D( y )( 0 ) =
2

> dsolve({edo5,ci5});
3x 3x
   
 2   2 
y( x ) = e +2e x

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
No começo do capítulo fizemos referência a algumas aplicações das equações diferenciais; como foi possível observar,
algumas equações, que descreviam determinados fenômenos, eram equações lineares de 2ª ordem. Assim, agora faremos
algumas considerações sobre a modelagem de três sistemas, muito importantes, onde dois dos três são governados pela
mesma equação diferencial de 2ª ordem.

Pêndulo Simples


→ Velocidade angular
dt


L → Velocidade
dt

112
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 dθ
Energia cinética: m( L ) 2 .
2 dt
Energia potencial: ( L − L cos θ )mg .

Principio de conservação de energia: ENERGIA CINÉTICA + ENERGIA POTENCIAL = CTE


2
1  dθ 
m L  + (1 − cos θ ) Lmg = CTE .
2  dt 
Derivando essa expressão teremos:

dθ d 2θ dθ
L2 m 2
+ Lmgsenθ = 0,
dt dt dt

d 2θ g
+ senθ = 0 (equação não linear).
dt 2 L
Para oscilações de pequena amplitude temos senθ ≈ θ :

d 2θ g
+ θ = 0 (equação linear).
dt 2 L
Circuito RLC

dQ
I= ( Q = carga e I = corrente, variam com o tempo)
dt

1
Q = diferença de potencial entre as placas do capacitor
C

113
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Aplicando a regra das malhas ao circuito, percorrendo-o no sentido horário a partir da bateria:

dQ dI 1
E (t ) − L −R − I =0,
dt dt C

d 2I dI 1
L 2
+ R + I = E (t ) .
dt dt C
Sistema Massa – Mola.

dx
Fm = −γ v = −γ → força de resistência
dt
Fext = F0 cos(ϖ t ) → força externa

F = − kx → força restauradora de um sistema harmônico simples.

Como esse sistema é mais complexo, devemos somar à força restauradora de um S.H.S., uma força externa e a força
de resistência:

dx
Frest = −kx − γ + F0 cos(ϖ t ) . (i)
dt
Pela 2ª. Lei de Newton, temos:

F = ma . (ii)

Como (i) = (ii):

d 2x dx
m 2
+γ + kx = F0 cos(ϖ t ) .
dt dt

114
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
 d 2x dx
m 2 + γ + kx = F0 cos(ϖ t )
Assim, o PVI  dt dt tem solução única.
 x(0) = x0 , x '(0) = v0

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Como o sistema massa – mola e o circuito RLC são governados, matematicamente, pela mesma equação diferencial,
podemos fazer simulações de oscilações mecânicas em circuitos elétricos, com as correspondências:


m → L

γ → R
 1
k →
 C

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Todas as noções estudadas neste capítulo podem ser generalizadas para EDOLH de ordem maior que dois. Por exemplo,
o wronskiano de n funções y1 ( x), y2 ( x), , yn ( x) é definido por

 y1 y2 y3 ... yn 
 ' 
 y1 y 2' y 3' ... y n' 
W ( x) = det y1" y 2" y 3" ... y n" .
 
 : : : : 
 y ( n −1) ( n −1) 
 1 y 2( n −1) y 3( n −1) ... y n 

As funções y1 ( x), y2 ( x), , yn ( x) são ditas linearmente independentes, se e somente se, a equação

C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) +  + C n y n ( x) = 0

implica que C1 = C 2 =  = C n = 0 .

As n funções serão ditas linearmente dependentes se não forem linearmente independentes, isto é, se uma delas for
combinação linear das demais.

O “Princípio de Superposição” fica assim enunciado:


Se y1 ,  , y n são n soluções de uma EDOLH de n -ésima ordem

y ( n ) + f n −1 ( x) y ( n −1) + ... + f1 ( x) y '+ f 0 ( x) y = 0 ,


então qualquer combinação linear y = C1 y1 +  + C n y n também é solução dessa equação.

115
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
“Teorema de Abel”:
Sejam y1 ( x), y2 ( x), , yn ( x) n soluções de uma EDOLH de ordem n

y ( n ) + f n −1 y ( n −1) + ... + f1 ( x) y '+ f 0 ( x) y = 0 .

Então o W (x ) satisfaz a EDOLH de 1ª ordem W ′ + f ( x)W = 0 .

ATIVIDADES
Determinar a solução geral de cada uma das seguintes equações diferenciais:

1) y ′′′ + 3 y ′′ − y ′ − 3 y = 0 .

2) y′′′ + 5 y′′ − 8 y′ − 12 y = 0 .

3) y ′′′ + 3 y ′′ + y ′ + 3 y = 0 .

4) y (i V ) = 0 .

5) ( D 4 + 1) y = 0 .

Respostas:

> edo1 := diff(y(x),x,x,x)+3*diff(y(x),x,x)-1*diff(y(x),x)-3*y(x) =0;

 d3   d2  d
edo1 :=  3 y( x )  + 3  2 y( x )  −  y( x )  − 3 y( x ) = 0
 dx
   dx   x d 

> dsolve(edo1,y(x));

( −x ) ( −3 x )
y( x ) = _C1 e x + _C2 e + _C3 e

> edo2 := diff(y(x),x,x,x)+5*diff(y(x),x,x)-8*diff(y(x),x)-12*y(x) =0;

 d3   d2  d
edo2 :=  3 y( x )  + 5  2 y( x )  − 8  y( x )  − 12 y( x ) = 0
 
 dx   dx   dx 
> dsolve(edo2,y(x));

(2 x) ( −6 x ) ( −x )
y( x ) = _C1 e + _C2 e + _C3 e

> edo3 := diff(y(x),x,x,x)+3*diff(y(x),x,x)+1*diff(y(x),x)+3*y(x) =0;

 d3   d2  d
edo3 :=  3 y( x )  + 3  2 y( x )  +  y( x )  + 3 y( x ) = 0
 dx   dx   dx 

116
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> dsolve(edo3,y(x));
( −3 x )
y( x ) = _C1 e + _C2 sin( x ) + _C3 cos( x )

> edo4 := diff(y(x),x,x,x,x) =0;


d4
edo4 := y( x ) = 0
dx 4
> dsolve(edo4,y(x));
_C1 x 3 _C2 x 2
y( x ) = + + _C3 x + _C4
6 2

> edo5 := diff(y(x),x,x,x,x)+y(x) =0;

 d4 
edo5 :=  4 y( x )  + y( x ) = 0
 dx 
> dsolve(edo5,y(x));
 2 x  2 x  2 x
 −     − 
 2   2 x  2   2 x  2   2 x
y( x ) = −_C1 e 
sin 
 − _C2 e 
sin 
 + _C3 e cos 
 2   2   2 
 2 x
 
 2   2 x
+ _C4 e cos 
 2 

117
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3.6 Equações Lineares não Homogêneas

Seja o operador diferencial linear


L( y ) = y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y

e a equação diferencial linear de segunda ordem não homogênea

L( y ) = q ( x) .

A equação diferencial homogênea associada à equação L( y ) = q ( x) será:



L( y ) = 0

Sejam y p uma solução particular da equação não homogênea e y0 = C1 y1 + C2 y2 a solução geral da equação
homogênea correspondente. Então,

L( y ) = L( y 0 + y p ) = L( y 0 ) + L( y p ) = 0 + q ( x) = q ( x) .

Portanto, podemos concluir que

y = y0 + y p

são soluções da equação não homogênea. Reciprocamente, qualquer solução da equação não homogênea é uma solução
da equação homogênea. De fato:

L( y 0 ) = L( y − y p ) = L( y ) − L( y p ) = q ( x) − q ( x) = 0 .

Assim, podemos afirmar que existem constantes arbitrárias tais que:

y0 = y − y p = C1 y1 + C 2 y2 ,

e conseqüentemente, y = y 0 + y p é a família das soluções da equação não homogênea. Essas considerações são
escritas formalmente através da demonstração do teorema abaixo.

Teorema 3.6.1: Seja y p (x) uma solução da equação não homogênea y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q ( x) . Sejam
y1 ( x) e y 2 ( x) soluções fundamentais da equação homogênea correspondente. Então, a solução geral da equação
não homogênea y ′′ + f ( x ) y '+ g ( x) y = q ( x) é y ( x ) = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) + y p ( x) .

Demonstração:

Seja y (x) uma solução qualquer da equação y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q ( x) e y p (x) uma solução particular
dessa equação. Então, Y ( x ) = y ( x ) − y p ( x ) é solução da equação homogênea associada

y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = 0 ,

118
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
pois

Y ′′ + f ( x)Y ′ + g ( x)Y =  (y ( x) − y p ( x) )  + f ( x)(y ( x) − y p ( x) ) + g ( x)(y ( x) − y p ( x) )=
′ ′
 
= (y ′′ + f ( x) y ′ + g ( x) y )− (y ′p′ + f ( x) y ′p + g ( x) y p )= q ( x) − q ( x) = 0 .

Assim, se y1 ( x) e y 2 ( x) soluções fundamentais da equação y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = 0 , existem constantes


C1 e C 2 , tais que

Y ( x) = y ( x) − y p ( x) = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) ,

ou seja,

y ( x) = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) + y p ( x) .

Observação 3.6.1: Para determinarmos a solução geral de uma equação linear de 2ª ordem não homogênea, precisamos
de uma solução particular dessa equação e duas soluções fundamentais da equação homogênea correspondente.

Observação 3.6.2: A solução da equação homogênea associada também pode ser chamada de “função
complementar”.

Teorema 3.6.2: Princípio de Superposição para Equações Não homogêneas

Seja y (p1) ( x) uma solução da equação y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q1 ( x) e y (p2 ) ( x) uma solução da


equação y ′′ + f ( x ) y '+ g ( x) y = q 2 ( x) . Então, y p ( x) = y p ( x) + y p ( x) é solução da equação
(1) 2

y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q1 ( x) + q 2 ( x) .

Demonstração:

Seja y p ( x) = y (p1) ( x) + y 2p ( x) ,com y (p1) ( x) solução de y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q1 ( x) e y (p2 ) ( x)

solução de y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q 2 ( x) , então



 (2) ′  (2) ′
y′′p + f ( x) y′p + g ( x) y p =  (y p + y p )  + f ( x) (y (1)
(1)
p + y p ) + g ( x ) (y p + y p ) =
(1) (2)

 
= ( y (1) ′′ (1)
′ (1) (2)
′′ (2)
′ (2)
p ) + f ( x )( y p ) + g ( x ) y p + ( y p ) + f ( x )( y p ) + g ( x ) y p = q1 ( x ) + q 2 ( x ) .

3.6.1 Determinação de Soluções Particulares de Equações não Homogêneas com Coeficientes


Constantes pelo Método dos Coeficientes a Determinar

O método dos coeficientes a determinar é um método para encontrar uma solução particular de um EDO linear não
homogênea com coeficientes constantes; assim, podemos dizer que uma das limitações desse método é a restrição que
a equação deve ser uma EDOL com coeficientes constantes. Além disso, o termo não homogêneo deve ser uma

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combinação de polinômios, exponenciais, senos e/ou cossenos. Porém, apesar dessas restrições, sempre que for aplicável
é preferível aos demais, por ser um método que não envolve integrações, puramente algébrico.

Dada uma equação da forma

y′′ + α y′ + β y = q (x) ,

com α , β ∈ R , esse método pode ser resumido como segue:

i ) Se q ( x) = (a0 + a1 x +  + an x n )e ax , onde a, ai ∈ R , devemos procurar uma solução particular da forma:

y p ( x) = x r ( K 0 + K1 x +  + K n x n )e ax ,

com r o menor inteiro não negativo, tal que nenhuma parcela de y p (x) seja solução da equação homogênea associada
e K i , i = 0,  , n , são coeficientes a serem determinados com a substituição de y p (x) na equação dada.

ii ) Se q ( x) = a 0 + a1 x +  + a n x n , onde ai ∈ R , devemos procurar uma solução particular da forma

y p ( x) = x r ( K 0 + K1 x +  + K n x n ) ,

com r o menor inteiro não negativo, tal que nenhuma parcela de y p (x) seja solução da equação homogênea associada
e K i , i = 0,  , n , são coeficientes a serem determinados com a substituição de y p (x) na equação dada.

iii ) Se q ( x) = (a0 + a1 x +  + an x n )e ax cos bx + (b0 + b1 x +  + bm x m )e ax senbx , onde ai , bi ∈ R ,


devemos procurar uma solução particular da forma

y p ( x) = x r [( A0 + A1 x +  + As x s )e ax cos bx + ( B0 + B1 x +  + Bs x s )e ax senbx] ,

com s = max{n, m} e r o menor inteiro não negativo, tal que nenhuma parcela de y p (x) seja solução da equação
homogênea associada e Ai , Bi , i = 0,  , n , são coeficientes a serem determinados com a substituição de y p (x)
na equação dada.

Observação 3.6.1.1: Podemos dizer que o método consiste: primeiramente na determinação de uma relação básica com
os termos de q (x) e os que aparecem por derivação dos mesmos; depois a determinação dos coeficientes da relação
básica, através da identidade resultante, com a substituição da relação básica na equação.

Observação 3.6.1.2: A relação básica deve ser modificada quando um termo de q (x) é também um termo da função
complementar. Por exemplo, se um termo v de q (x) também é um termo da função complementar correspondente
µ
a uma raiz de multiplicidade µ , devemos acrescentar na relação básica x v e mais os termos que aparecem por
derivação deste.

Observação 3.6.1.3: Quando um termo de q (x) é x r v e v é um termo da função complementar correspondente


r+µ
a uma raiz de multiplicidade µ , devemos acrescentar na relação básica x v e mais os termos que aparecem por
derivação deste.

120
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Observação 3.6.1.4: Esse método também é chamado “método dos coeficientes indeterminados”.

Exemplo 3.6.1.1: Resolver a equação diferencial y ′′ + 5 y '+6 y = 5e 2 x .

A equação característica é λ2 + 5λ + 6 = 0 , cujas raízes são λ1 = −2 e λ 2 = −3 , para a qual, duas soluções


linearmente independentes da equação homogênea associada são y1 = e −2 x e y 2 = e −3 x .

Vamos determinar uma solução particular da forma y p = Ke 2 x , onde K é um coeficiente a ser determinado. Substituindo
y p e suas derivadas na equação diferencial,

(( Ke )′) + 5 (Ke )'+ 6Ke
2x 2x 2x
= 5e 2 x ,

temos

4 Ke 2 x + 10 Ke 2 x + 6 Ke 2 x = 5e 2 x .

1 1 2x
Assim, K= e uma solução particular da EDO é y p = e ; a solução geral é
4 4

1
y = C1e − 2 x + C 2 e −3 x + e 2 x .
4
> eq1:=diff(y(x),x,x)+5*diff(y(x),x)+6*y(x)=5*exp(2*x);

 d2  d
eq1 :=  2 y( x )  + 5  y( x )  + 6 y( x ) = 5 e
(2 x)

 dx   dx 
> dsolve(eq1,y(x));

( −3 x ) ( −2 x ) 1 (2 x)
y( x ) = e _C2 + e _C1 + e
4

Exemplo 3.6.1.2: Determinar uma solução particular para a equação diferencial y ′′ − y '−2 y = 2e t − 3 .

Agora , devemos encontrar: y p1 tal que L( y p1 ) = 2e t e y p2 tal que L( y p2 ) = −3 ; depois fazemos


y p = y p1 + y p2 . Pela linearidade temos:

L( y p ) = L( y p1 + y p2 ) = L( y p1 ) + L( y p2 ) = 2e t − 3 .

Quando procuramos y p1 da forma y p1 = Ket . Substituindo na equação L( y p1 ) = 2e t , temos

K − K − 2 K = 2 ⇒ k = −1 ⇒ y p1 = −e t .

Na EDO L( y ) = −3 , q (t ) é da forma q (t ) = Ke at , a = 0 . Assim, devemos procuramos uma solução particular

121
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3 3
da forma y p2 = K . Substituindo na equação L( y p2 ) = −3 , temos − 2 K = −3 , ou seja, k = e y p2 = .
2 2
Finalmente, uma solução particular da EDO é
3
y p = −e t + .
2
> eq2:=diff(y(t),t,t)-diff(y(t),t)-2*y(t)=2*exp(t)-3;

 d2  d
eq2 :=  2 y( t )  −  y( t )  − 2 y( t ) = 2 e t − 3
 dt   dt 
> dsolve(eq2,y(t));

(2 t) ( −t ) 3
y( t ) = e _C2 + e _C1 − e t +
2

Exemplo 3.6.1.3: Achar a solução da equação diferencial y′′ − 10 y '+ 25 y = 3e5 x .



A equação característica é λ 2 − 10λ + 25 = 0 , que tem raiz dupla λ1 = λ1 = 5 . Devemos determinar uma solução
2 5x
particular tal que y p ( x ) = Kx e . Temos:

y ' p ( x) = 2 Kxe5 x + 5Kx 2 e5 x ⇒ y′′p ( x) = (2 K + 20 Kx + 25 Kx 2 )e5 x .

3
Substituindo na equação dada, encontramos K= ; portanto, obtemos:
2
3 2 5x
y= x e + C1e5 x + C2 xe5 x .
2
> eq3:=diff(y(x),x,x)-10*diff(y(x),x)+25*y(x)=3*exp(5*x);

 d2  d
eq3 :=  2 y( x )  − 10  y( x )  + 25 y( x ) = 3 e
(5 x)
 dx  dx 
 
> dsolve(eq3,y(x));

(5 x) (5 x) 3 2 (5 x)
y( x ) = e _C2 + e x _C1 + x e
2

Exemplo 3.6.1.4: Resolver a equação diferencial y′′ − 4 y '+ 3 y = te3t + 4 .

A equação característica λ2 − 4λ + 3 = 0 tem raízes λ1 = 3 e λ 2 = 1 . Duas soluções linearmente independentes


da equação homogênea associada são y1 = e 3t e y 2 = e t . Inicialmente, vamos determinar uma solução particular
y p1 para y′′ − 4 y '+ 3 y = te3t :

y p1 = ( K1t + K 2 )te3t = ( K1t 2 + K 2t )e3t .


Derivando y p1 obtemos:

y ' p1 = (3K 1t 2 + (2 K 1 + 3K 2 )t + K 2 )e 3t

122
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
e

y′′p1 = (9 K1t 2 + (12 K1 + 9 K 2 )t + (2 K1 + 6 K 2 ))e3t .

1 1
Substituindo na equação determinamos K1 = e K 2 = − . Portanto:
4 4

(t 2 − t )e 3t
y p1 = .
4
Agora, devemos achar uma solução particular y p2 para a equação

y ′′ − 4 y '+3 y = 4 .

4
Tomando y p2 = K , com K constante, encontramos y p2 = .
3
Desta forma, uma solução particular para a equação dada, inicialmente, é:

(t 2 − t )e 3t 4
y p = y p1 + y p2 = + .
4 3
Finalmente, a solução geral será:

(t 2 − t )e 3t 4
y= + + C1e t + C 2 e 3t .
4 3
> eq4:=diff(y(t),t,t)-4*diff(y(t),t)+3*y(t)=t*exp(3*t)+4;

 d2  d
eq4 :=  2 y( t )  − 4  y( t )  + 3 y( t ) = t e
(3 t)
+4
 dt   d t 
> dsolve(eq4,y(t));

(3 t) 4 1 (3 t)
y( t ) = e t _C2 + e _C1 + + ( −6 t + 3 + 6 t 2 ) e
3 24

> simplify(%);

(3 t) 4 1 (3 t) 1 (3 t) 1 2 (3 t)
y( t ) = e t _C2 + e _C1 + − te + e + t e
3 4 8 4

Exemplo 3.6.1.5: Encontrar uma solução particular para a equação diferencial y ′′ − 3 y '+2 y = e 2t .

A equação característica é λ2 − 3λ + 2 = 0 , cujas raízes são λ1 = 2 e λ 2 = 1 . A função complementar é dada


por y = C1e 2t + C 2 e t .

Pela observação 3.6.1.2, teremos y p = y p1 + y p2 com y p1 = K1te 2t + K 2 e 2t e y p2 = K 3 e t .

123
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
> eq5:=diff(y(t),t,t)-3*diff(y(t),t)+2*y(t)=exp(2*t);

 d2  d
eq5 :=  2 y( t )  − 3  y( t )  + 2 y( t ) = e
(2 t)

 dt   dt 
> dsolve(eq5,y(t));

y( t ) = ( e t ( −1 + _C1 + t ) + _C2 ) e t

Exemplo 3.6.1.6: Resolver a equação diferencial y ′′ + 2 y '+2 y = 3e − x senx .

Temos q ( x) = e − x senx . Também sabemos que q (x) é a parte imaginária de uma exponencial complexa:

e( −1+i ) x = e − x .eix = e − x cos x + ie − x senx .

Assim, é conveniente considerarmos uma nova equação:

z ′′ + 2 z '+2 z = 3e ( −1+i ) x ,

a fim de tornarmos os cálculos mais práticos.

A equação característica tanto da equação dada, quanto dessa nova equação, é a mesma :

λ 2 + 2λ + 2 = 0 ,

com raízes λ = −1 ± i .

A raiz λ1 = −1 + i é um raiz simples da equação característica, portanto, podemos procurar uma solução particular da
forma
z p = Kxe λ1 x .

Calculando as derivadas de z p e substituindo na nova equação, obtemos:

Keλ1x ((2λ + λ x )+ 2 (1 + λ x )+ 2 x )= 3e
1 1
2
1
λ1 x
,

(
K (λ12 + 2λ1 + 2 )x + 2λ1 + 2 = 3 . )
Como λ1 é raiz da equação característica, o coeficiente de x acima é nulo, resultando:

K (2λ1 + 2 ) = 3 .

Substituindo λ1 = −1 + i ,

3 3i
K= =− .
2i 2

124
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Logo,

3i ( −1+i ) x 3i
zp = − xe = − xe − x (cos x + isenx ) .
2 2

Considerando o operador linear L = D 2 + 2 D + 2 , associado a EDO, temos:

 3 xe − x senx 3 xe − x cos x  −x −x
L −i  = 3 xe cos x + 3ixe senx ,
 2 2 

pois, pela propriedade de linearidade:

 3 xe − x senx   3 xe − x cos x  −x −x
L  − iL   = 3 xe cos x + 3ixe senx .
 2   2 

Como a igualdade acima é uma igualdade entre números complexos, obtemos:

 3 xe − x senx  −x
L  = 3 xe cos x ,
 2 

 3 xe − x cos x  −x
L−  = 3 xe senx .
 2 
Dessa segunda igualdade,

3 xe − x cos x
yp = −
2

3 xe − x cos x − x
e, portanto, a solução geral é y = − + e (C1 cos x + C2senx) .
2

Exemplo 3.6.1.7: Determinar a solução geral de y ′′ − y ' = t 2 .

Nesse caso, q (t ) = t 2 e 0t , mas zero é raiz simples da equação característica λ2 − λ = 0 . Então, y p será da
forma

y p (t ) = ( K 1t 2 + K 2 t + K 3 )t = K 1t 3 + K 2 t 2 + K 3 t ,

substituindo suas derivadas na equação e agrupando os termos obtemos:

125
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
6 K 1t + 2 K 2 − (3K 1t 2 + 2 K 2 t + K 3 ) = t 2

− 3 K 1 = 1

6 K 1 − 2 K 2 = 0 .
2 K − K = 0
 2 3

1
A solução desse sistema algébrico é K 1 = − , K 2 = −1 , K 3 = −2 .
3
Uma solução particular da EDO é

1
y0 = − t 3 − t 2 − 2t ,
3
e a solução geral:

1
y = − t 3 − t 2 − 2t + C1e t + C 2 .
3
> eq7:=diff(y(t),t,t)-diff(y(t),t)=t^2;

 d2  d
eq7 :=  2 y( t )  −  y( t )  = t 2
 dt
   dt 
> dsolve(eq7,y(t));

t3
y( t ) = −t 2 − + e t _C1 − 2 t + _C2
3

 y ′′ + 3 y '+2 y = 5

Exemplo 3.6.1.8: Resolver o problema de valor inicial  y (0) = −1 .
 y ' (0) = 3

> eq8:=diff(y(t),t,t)+3*diff(y(t),t)+2*y(t)=5;

 d2  d
eq8 :=  2 y( t )  + 3  y( t )  + 2 y( t ) = 5
 dt   dt 
> ci:=y(0)=-1,D(y)(0)=-3;

ci := y( 0 ) = -1, D( y )( 0 ) = -3
> dsolve({eq8,ci});

5 13 ( −2 t ) ( −t )
y( t ) = + e − 10 e
2 2

126
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
Lista 3.6.1

Determinar uma solução particular para as seguintes equações, usando do método dos coeficientes a determinar:

1. y′′ − 4 y '+ 5 y = te cos t.


2t

t 2e 2t sent
Resp: yp = .
4

2. y ′′ + 2 y '+5 y = 5e − t cos2t − 2e − t sen 2t .

5te − t sen2t te − t cos 2t


Resp: yp = +
4 2

3. y ′′ + 4 y ' = t cos 2t .

t 2sen 2t + t cos 2t
Resp: yp =
4

4. y ′′ + 9 y = x 2 e 3 x + 6 .
2
2 1  1  (3 x)
Resp: y( x ) = sin( 3 x ) _C2 + cos( 3 x ) _C1 + +  x −  e
3 18  3

5. y ′′ + y ′ = 3sen(2 x) + x cos(2 x) .

Resp:
11 17 1 1 ( −x )
y( x ) = − sin( 2 x ) − cos( 2 x ) + sin( 2 x ) x − x cos( 2 x ) − e _C1 + _C2
25 100 10 5

Resolver os problemas de valor inicial a seguir:

n 2
1. y + 4 y = t + 3e ,
t
y (0) = 0 , y ′(0) = 2 .
13 19 t2 1 3 t
Resp: y( t ) = − sin( 2 t ) − cos( 2 t ) + − + e
10 40 4 8 5

2. y ′′ + 2 y '+5 y = 4e − t cos2t , y (0) = 1 , y ′(0) = 0 .


1 ( −t ) 1 ( −t ) 1 ( −t )
Resp: y( t ) = e sin( 2 t ) + e cos( 2 t ) + e ( cos( 2 t ) + 2 sin( 2 t ) t )
2 2 2

127
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3.6.2 Determinação de Soluções Particulares de Equações não Homogêneas pelo Método de
Variação dos Parâmetros

Este método pode ser aplicado a qualquer equação linear de segunda ordem

y ′′ + f ( x) y '+ g ( x) y = q ( x) ,

para a qual se conheça a solução geral da equação homogênea correspondente:

y ( x) = C1 y1 ( x) + C 2 y 2 ( x) ,

com W [ y1 , y2 ]( x) ≠ 0 , para x no intervalo de validade de y1 ( x) e y 2 ( x) .

O método consiste em determinar uma solução particular da equação não homogênea que tenha a forma da solução geral
da equação homogênea associada; para tal, substituímos os parâmetros (constantes C1 e C 2 ) por funções a serem
determinadas C1 ( x) e C 2 ( x) . Assim, vamos procurar uma solução particular da forma

y ( x) = C1 ( x) y1 ( x) + C 2 ( x) y 2 ( x)
com a condição

y ′( x) = C1 ( x) y1′ ( x) + C 2 ( x) y 2′ ( x) ,

ou equivalentemente

C1′ ( x) y1 ( x) + C 2′ ( x) y 2 ( x) = 0 .

Então,

y ′′( x) = C1′ ( x) y1′ ( x) + C1 ( x) y1′′( x) + C 2′ ( x) y 2′ ( x) + C 2 ( x) y 2′′( x) .

Substituindo y (x) , y ′(x) e y ′′(x) na equação, temos:

C1′ ( x) y1′ ( x) + C1 ( x) y1′′( x) + C 2′ ( x) y 2′ ( x) + C 2 ( x) y 2′′( x) + f ( x)(C1 ( x) y1′ ( x) + C 2 ( x) y 2′ ( x) )+

+ g ( x)(C1 ( x) y1 ( x) + C 2 ( x) y 2 ( x) ) = q ( x) ,

que podemos escrever

C1′ ( x) y1′ ( x) + C 2′ ( x) y 2′ ( x) + C1 ( x)(y1′′( x) + f ( x) y1′ ( x) + g ( x) y1′ ( x) )+

+ C 2 ( x)(y 2′′( x) + f ( x) y 2′ ( x) + g ( x) y 2′ ( x) ) = q ( x) ;

portanto, C1 ( x) e C 2 ( x) também satisfazem a equação

128
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
C1′ ( x) y1′ ( x) + C 2′ ( x) y 2′ ( x) = q ( x) .

Assim, obtemos o sistema de equações lineares para C1′ ( x) e C 2′ ( x) :

 y1 ( x)C1′ ( x) + y 2 ( x)C 2′ ( x) = 0
 .
 y1′ ( x)C1′ ( x) + y 2′ ( x)C 2′ ( x) = q ( x)

Esse sistema pode ser escrito, matricialmente, na forma

 y1 ( x) y 2 ( x)  C1′ ( x)   0 
=
 y ′ ( x)
 1 y 2′ ( x) C 2′ ( x) q ( x) ,

com solução:

 C1′( x)  1  y2′ ( x) − y2 ( x)   0  1  − y2 ( x ) q ( x ) 
C ′ ( x)  = W [ y , y ]( x)  − y′ ( x) y ( x)   q ( x)  = W [ y , y ]( x)  y ( x)q ( x)  .
 2  1 2  1 1   1 2  1 

Desta forma, obtemos duas equações diferenciais de 1ª ordem, com soluções C1 ( x) e C 2 ( x) , respectivamente, que
substituídas em

y ( x) = C1 ( x) y1 ( x) + C 2 ( x) y 2 ( x) ,

nos permitem escrever uma solução particular:

y p ( x) = C1 ( x) y1 ( x) + C 2 ( x) y 2 ( x) .

ex
Exemplo 3.6.2.1: Resolver a EDO ( D 2 − 2 D + 1) y = .
x
A equação característica é λ2 − 2λ + 1 = 0 , cujas raízes são λ1 = λ 2 = 1 . Então, a função complementar pode
ser escrita como:

y = C1e x + C2 xe x .

Assim, vamos procurar uma solução particular da forma:

y p = C1 ( x)e x + C2 ( x) xe x .

Nesse caso é obtido o sistema de equações:

129
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância

C1′( x).e x + C2′ ( x).xe x = 0


 x
C1′( x).e x + C2′ ( x)(e x + xe x ) = e
 x

com solução:

1
C1′ = −1 e C 2′ = .
x
Integrando as igualdades acima, obtemos:

C1 = ∫ C1′dx = − ∫ dx = − x e C2 = ∫ C2′ dx = ∫ dxx = ln x ,

de onde y p = − xe x + xe x ln x . A solução da equação pode ser escrita como

y ( x) = C1e x + C2 xe x − xe x + xe x ln x = e x (C1 + C2 x − x + x ln x ) .

Exemplo 3.6.2.2: Resolver (


y ′′ − 4 y ′ + 3 y = 1 + e − x )
−1
.

> edo:=diff(y(x),x,x)-4*diff(y(x),x)+3*y(x)=(1+exp(-x))^(-1);

 d2  d 1
edo :=  2 y( x )  − 4  y( x )  + 3 y( x ) =
 dx   dx  1+e
( −x )

> dsolve(edo,y(x));

(3 x) 1 (3 x) 1 1 (2 x) 1 (3 x)
y( x ) = e _C2 + e x _C1 − ln( e x + 1 ) e − ex + e + ln( e x ) e
2 4 2 2
1 x ( −x )
+ e ln( ( e x + 1 ) e )
2

ATIVIDADES
Lista 3.6.2

Determinar uma solução particular para as seguintes equações, através do método de variação dos parâmetros:

1. y ′′ + y = sec x .

Resp: y p = (cos x)(ln cos x ) + xsenx

2. ( D 3 + D) y = csc t .

130
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Resp: y p = (cos t )(ln sen t ) − tsen t − ln csct+cot t

3. y ′′ − 2 y ′ = e x senx .

1
Resp: y p = − e x senx
2

2 e 3t
4. ( D − 6 D + 9) y = 2 .
t
Resp: y p = −e3t ln t
x
5. 4 y′′ − 4 y′ + y = 16e 2 .
x
Resp: y p = 2x 2e 2

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

• Os métodos estudados acima podem ser generalizados para EDO não homogêneas com ordem maior do que dois.

2
• A EDO ( D + 2 D + 5) y = 17sen ( 2t ) , que representa oscilações forçadas num sistema massa-mola,
tem solução y = (−2 2 cos ( 2t )+ 3sen ( 2t ))+ (C e cos 2t + C e sen 2t ) ; essa solução
−t −t
1 2

é a resposta do sistema à força externa 17sen ( 2t ) ; as constantes C e C dependem das condições


1 2

iniciais; o termo (C e
1
−t
cos 2t + C 2 e − t sen 2t ) é chamado de parte transiente da solução; devido à presença
da exponencial, a parte transiente tende a zero quando t → +∞ ; assim, após certo tempo, podemos afirmar

que y ≈ −2 2 cos ( 2t )+ 3sen ( 2t ) ; por esta razão esse termo é chamado de parte estacionária da
resposta.

131
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ANOTAÇÕES

132
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Apêndice I

133
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Integrais Impróprias

Em diversas situações, é preciso calcular integrais múltiplas de funções não limitadas ou definidas sobre regiões de área
ou volume infinitos.

Devemos observar que esta situação, no cálculo de funções de uma variável, era resolvida mediante a existência ou não
dos seguintes limites:

• No caso de funções definidas sobre domínios de comprimento infinito:


+∞ b b b +∞ a


a
f ( x)dx = lim
b →+∞ ∫
a
f ( x)dx , ∫
−∞
f ( x)dx = lim
a →−∞ ∫
a
f ( x)dx e ∫
−∞
f ( x)dx = lim
a →+∞ ∫
−a
f ( x)dx

• No caso de funções não limitadas sobre o intervalo (a, b) mas integráveis nos intervalos (a + ε , b) , ∀ε > 0 :
b b

∫ f ( x)dx = lim ∫
a
ε →0 +
a +ε
f ( x)dx

Estas idéias podem ser estendidas facilmente para o caso de integração múltipla:

x
Exemplo 1: Calcular a integral ∫∫ f ( x, y)d Α sendo
R
f ( x, y ) =
y3
e R = [0,1] × [1, +∞) .

Resolução:

Temos que
x
+∞
1 x  +∞
1  x2  1
∫∫ R
y3
dΑ = ∫
1
∫ 3 
0 y
dx

dy = ∫
1
y 3 
2
 
 0dy

+∞ b b
1 1  1  1 1  1
= ∫
1
2y 3
dy = lim ∫
b →+∞ 2 y
1
3
dy = lim  − 2  = lim  − 2  =
b →+∞
 4 y  1 b→+∞  4 4b  4

Exemplo 2: Calcular a integral ∫∫ f ( x, y)d Α sendo R o plano xy .


R

Resolução:

Aqui, utilizaremos uma conversão para coordenadas polares:

b
 e− r 
2
+∞
 2π − r 2  b

∫∫ e ∫ ∫ b →+∞ ∫
− ( x2 + y 2 ) −r2
dΑ = e rdθ  dr = 2π lim e rdr = 2π lim − 
b →+∞ 
R 0 0  0  2 0
b
 1 e−b 
2

= 2π lim  −  = π
b →+∞  2 2
 0

134
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ATIVIDADES
y
1. Calcular a integral ∫∫ f ( x, y)d Α sendo
R
f ( x, y ) =
x3
e R = [1, +∞) × [1, 2) .

1
2. Calcular a integral ∫∫ ( x
R
2
+ y 2 )5/2
d Α sendo R o plano xy .

135
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ANOTAÇÕES

136
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Apêndice II

137
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Integrais de Superfície

Suponhamos uma lâmina curva que pode ser representada mediante uma superfície no espaço tridimensional σ.

Suponhamos que para cada ponto ( x, y, z ) de tal superfície, a função f ( x, y, z ) represente a densidade por área.

Se desejarmos calcular a massa da lâmina, podemos proceder como segue:

1. Dividimos a superfície em pequenas porções σ 1,σ 2,,σ n de áreas ∆S1 , ∆S 2 ,, ∆S n respectivamente,
como mostra a figura:

2. Seja ( x k* , y k* , z k* ) um ponto da k -ésima porção e ∆M k a massa dessa porção.

3. Se as dimensões de σ k forem muito pequenas, então a massa da lâmina pode ser calculada mediante:
n n
M = ∑ ∆M k ≈ ∑ f ( xk* , y k* , z k* )∆S k
k =1 k =1

4. Para certas condições teremos:

n
M = lim
n →+∞
∑ f ( x , y , z )∆S
k =1
*
k
*
k
*
k k

Definição 1:
Se σ é uma superfície paramétrica lisa, então a integral de superfície de f ( x, y, z ) em σ é
n

∫∫ f ( x, y, z )dS = lim
n →+∞
∑ f ( x , y , z )∆S ,
k =1
*
k
*
k
*
k k
σ

desde que tal limite exista.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Podemos mostrar que se f ( x, y, z ) é contínua em σ , então tal limite existe.

Teorema 1:
Seja σ é uma superfície paramétrica lisa, cuja equação vetorial é

r = x(u , v)i + y (u , v) j + z (u , v)k ,

138
Curso de LiCenCiatura em matemátiCa a distânCia
onde (u , v) ∈ R . Se f ( x, y, z ) é contínua em σ , então
 
∂r ∂r
∫∫ f ( x, y, z )dS = ∫∫
σ R
f ( x(u, v), y (u, v), z (u, v)) ×
∂u ∂v
dA .

O teorema anterior, cuja demonstração será omitida, pode ser utilizado para calcular as integrais de superfície de maneira
prática.

Exemplo 1: Calcular a integral ∫∫ xdS ,sendo σ


σ
a esfera x2 + y2 + z2 = 1.

Resolução: Podemos verificar que σ tem equação vetorial

r (u , v) = sen (u ) cos(v)i + sen (u )sen (v) j + cos(u )k , 0 ≤ u ≤ π , 0 ≤ v ≤ 2π , e

∂r ∂r
× = sen(u )
∂u ∂v
Utilizando o teorema anterior, temos que:

π 
∫∫ f ( x, y, z )dS = ∫∫ sen(u) cos(v) sen(u)dA = ∫  ∫ sen (u ) cos(v)du  dv
2

σ R 0 0 

π
= ∫ 2 cos(v)dv = 0
0

Teorema 2: Seja σ é uma superfície paramétrica lisa com equação z = g ( x, y ) e R sua projeção sobre o plano
xy . Se g tiver derivadas parciais de primeira ordem contínuas em R e f ( x, y, z ) for contínua em σ , então

2 2
 ∂z   ∂z 
∫∫ f ( x, y, z )dS = ∫∫
σ R
f ( x, y, g ( x, y ))   +   + 1 dA
 ∂x   ∂y 

Similarmente, se a superfície for y = g ( x, z ) , temos que

2 2
 ∂y   ∂y 
∫∫
σ
f ( x, y, z )dS = ∫∫ f ( x, g ( x, z ), z )   +   + 1 dA
R  ∂x   ∂z 

e se a superfície for x = g ( y, z ) , então

2 2
 ∂x   ∂x 
∫∫ f ( x, y, z )dS = ∫∫
σ R
f ( g ( y, z ), y, z )   +   + 1 dA .
 ∂y   ∂z 

Exemplo 2: Calcular a integral ∫∫ xyd Α sendo σ


σ
a parte do plano x + y + z = 1 que fica no primeiro octante.

139
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Resolução: A equação do plano é z = 1 − x − y . Logo,

2 2
 ∂z   ∂z 
1
1− x 
∫∫σ xydS = ∫∫R xy  ∂x  +  ∂y  + 1 dA = ∫∫R xy 3 dA = ∫0  ∫0 xydy  dx
1
x(1 − x) 2 1
=∫ dx =
0
2 24

Teorema 3: (Teorema da Divergência)

Seja G um sólido cuja superfície σ é orientada para fora. Se

F = f ( x, y, z )i + g ( x, y, z ) j + h( x, y, z )k ,

onde f , g e h têm derivadas parciais de primeira ordem contínuas em algum conjunto aberto contendo G , e se n
for o vetor normal unitário para fora de σ , então

  
∫∫
σ
F ⋅ ndS = ∫∫∫ F )dV .
div (
G

Este teorema é útil para calcularmos o fluxo passando através de uma superfície fechada.

Exemplo 3: Calcular o fluxo de saída do campo vetorial F ( x, y, z ) = z k através da esfera x 2 + y 2 + z 2 = 1 .

Resolução: Seja σ a superfície orientada para fora e G o sólido esférico envolvido por ela. Observemos que a divergência
∂z
do campo vetorial está dado por div( F ) = = 1 , e assim, pelo teorema da divergência temos que o fluxo é
∂z

  4π
fluxo = ∫∫ F ⋅ ndS = ∫∫∫ dV = ,
σ G
3

pois a integral tripla é igual ao volume da esfera.

ATIVIDADES

∫∫ z d Α sendo σ ∫∫ x d Α e ∫∫ y d Α . Comparar estes valores e tentar


2 2 2
1. Calcular a esfera unitária. Calcule
σ σ σ

encontrar uma explicação para este fato.

2. Calcular ∫∫ ( xy − z )d Α sendo σ
σ
a parte do plano x + 2 y + 3 z = 6 no primeiro octante.

3. Verificar o teorema da divergência, calculando a integral de superfície e a integral tripla sendo


   
F = xyi + yz j + xzk e σ é o cubo de lado 1 localizado no primeiro octante e com um dos vértices coincidindo
com a origem do sistema de coordenadas.

140
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Apêndice III

141
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Resolução de Sistemas de Equações Diferenciais Lineares

O processo básico para resolução de um sistema de equações diferenciais ordinárias de ordem n , consiste na determinação,
através da derivação das equações dadas, de outro conjunto onde todas as variáveis, exceto uma, possam ser eliminadas.
Com a resolução da equação resultante obtemos o valor da variável não eliminada. As demais variáveis são obtidas de
modo análogo.

Por exemplo, para o sistema

 dx
 dt + 2 x + 3 y = 0

 ,
 dy
3 x + + 2 y = 2e 2t
 dt

podemos apresentar as alternativas de resolução a seguir.

Resolução 1:

Podemos observar que a solução geral {x = x(t ), y = y (t )} também irá satisfazer à equação

d 2x dx dy
2
+2 +3 = 0,
dt dt dt
obtida com a derivação da primeira equação do sistema em relação à variável livre t . Temos ainda, que multiplicando a
primeira equação do sistema por 2, a segunda por -3 e adicionando esses resultados à equação obtida, inicialmente, por
derivação, obtemos:

d 2x dx
2
+ 4 − 5 x = −6e 2t ,
dt dt

que também será satisfeita por {x = x(t ), y = y (t )}. A solução dessa equação linear de segunda ordem,
6
independente de y e suas derivadas, é x(t ) = C1e t + C 2 e −5t − e 2t . Essa solução pode ser obtida através do
7
Maple:

> eq:=diff(x(t),t,t)+4*diff(x(t),t)-5*x(t)=-6*exp(2*t);

 d2  d
eq :=  2 x( t )  + 4  x( t )  − 5 x( t ) = −6 e
(2 t)

 dt   d t 
> dsolve(eq,x(t));
( −5 t ) 6 (2 t)
x( t ) = e t _C2 + e _C1 − e
7

142
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Para determinarmos y = y (t ) podemos proceder de forma análoga: derivamos a segunda equação do sistema e somamos
com a primeira equação multiplicada por -3 e a segunda por 2. Então, y = y (t ) será solução da equação:

d2y dy
+ 4 − 5 y = 8e 2t .
dt dt
> eq:=diff(y(t),t,t)+4*diff(y(t),t)-5*y(t)=8*exp(2*t);

 d2  d
eq :=  2 y( t )  + 4  y( t )  − 5 y( t ) = 8 e
(2 t)

 dt   dt 
> dsolve(eq,y(t));

( −5 t ) 8 (2 t)
y( t ) = e t _C2 + e _C1 + e
7

6 8
Assim, x(t ) = C1e t + C 2 e −5t − e 2t , y (t ) = C1e t + C 2 e −5t + e 2t é a solução geral do sistema.
7 7
Resolução 2:

d
Quando adotamos a notação D= , podemos observar a semelhança com a resolução de sistemas algébricos. Assim,
dt
o sistema considerado por ser escrito na forma:

( D + 2) x + 3 y = 0

 .
3 x + ( D + 2) y = 2e 2t

Procedendo como no caso de sistemas a duas variáveis x e y , determinamos ao somarmos os resultados das
multiplicações da primeira equação por ( D + 2) e da segunda por -3, respectivamente, a seguinte equação:

( D + 2) 2 x − 9 x = −6e 2t ,

6
cuja solução é x(t ) = C1e t + C 2 e −5t − e 2t .
7

Substituindo esse resultado numa das equações do sistema e resolvendo a equação agora obtida, temos:

8
y (t ) = C1e t + C 2 e −5t + e 2t .
7

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Ao multiplicarmos a primeira equação por ( D + 2) , estamos somando a derivada da primeira equação do sistema ao
resultado da multiplicação dessa equação por 2; equivalentemente ao que foi feito na resolução anterior, esse resultado
ainda foi adicionado à segunda equação do sistema multiplicada por -3.

143
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Resolução 3:
( D + 2) x + 3 y = 0

Também podemos fazer uso de determinantes para a resolução do sistema  :
3 x + ( D + 2) y = 2e 2t

( D + 2) 3 0 3
x = 2t
3 ( D + 2) 2e ( D + 2)
e

( D + 2) 3 ( D + 2) 0
y= .
3 ( D + 2) 3 2e 2t

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Todas essas alternativas determinam a mesma solução geral.

ATIVIDADES
Resolver os seguintes sistemas:

( D + 3) x + y = 0

1. 
2( D − 2) x + ( D − 1) y = e t

Resp:

> sys1:={diff(x(t),t)+3*x(t)+y(t)=0,2*diff(x(t),t)-4*x(t)+diff(y(t),t)-y(t)=exp(t)};

d d d
sys1 := {  x( t )  + 3 x( t ) + y( t ) = 0, 2  x( t )  − 4 x( t ) +  y( t )  − y( t ) = e t }
 dt   dt   dt 
> dsolve(sys1);

{ y( t ) = sin( t ) _C2 + cos( t ) _C1 + 2 e t,


3 3 1 1 1
x( t ) = − sin( t ) _C2 − cos( t ) _C1 − e t + cos( t ) _C2 − sin( t ) _C1 }
10 10 2 10 10

2 Dx + (2 D + 1) y = t

2. 
 Dx + ( D − 1) y = 2t + 1

Resp:

> sys2:={2*diff(x(t),t)+2*diff(y(t),t)+y(t)=t,diff(x(t),t)+diff(y(t),t)-y(t)=2*t+1};

144
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
d d d d
sys2 := { 2  x( t )  + 2  y( t )  + y( t ) = t,  x( t )  +  y( t )  − y( t ) = 2 t + 1 }
 dt   dt   dt   dt 
> dsolve(sys2);

1 2 4 2
{ x( t ) = t + t + _C1, y( t ) = −t − }
2 3 3
 x + ( D − 1) y = e 2t

3. 
 Dx − ( D + 1) y = −et

Resp:

> sys3:={x(t)+diff(y(t),t)-y(t)=exp(2*t),diff(x(t),t)-diff(y(t),t)-y(t)=-exp(t)};

d d d
sys3 := { x( t ) +  y( t )  − y( t ) = e ,  x( t )  −  y( t )  − y( t ) = −e t }
(2 t)

 d t   d t   t d 
> dsolve(sys3);

3 (2 t)
{ x( t ) = sin( t ) _C2 + cos( t ) _C1 + e ,
5
1 1 2 (2 t) 1 1 1
y( t ) = cos( t ) _C2 − sin( t ) _C1 + e + sin( t ) _C2 + cos( t ) _C1 + e t }
2 2 5 2 2 2

145
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ANOTAÇÕES

146
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Apêndice IV

147
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Aspectos Históricos

Cálculo Integral

As principais idéias que norteiam o cálculo se desenvolveram, sem dúvida, ao longo de um vasto período de tempo. Os
primeiros passos foram dados pelos matemáticos gregos, cuja principal contribuição é o método axiomático-dedutivo
como método científico. O primeiro problema envolvendo cálculo integral é o problema de quadratura, isto é, o problema
de encontrar um quadrado com a mesma área que qualquer figura cuja área quisesse determinar. Este problema foi
resolvido para alguns casos específicos pelos gregos. Cabe mencionar que o problema da quadratura do círculo, cuja
impossibilidade depende do fato que o número π é transcendente, teve inúmeras tentativas de resolução por parte de
dezenas de gerações de matemáticos, desde a época dos gregos até o aparecimento de ferramentas algébricas na época
de Evariste Galois (1811 - 1832).

O Renascimento, no século XVI, possibilitou o ressurgimento da metodologia axiomático-dedutiva inventada pelos gregos.
Luca Valerio (1552-1618) publicou De quadratura parabolae em Roma (1606) que continuava os métodos gregos para
abordar este tipo de problemas de calcular áreas. Johannes Kepler (1571 - 1630), no seu trabalho sobre movimentos
planetários, tinha que encontrar a área de setores de uma elipse e seu método consistia em pensar nas áreas como somas
de linhas, uma forma rudimentar de integração.

Posteriormente, Pierre de Fermat (1601 – 1665), Gilles Personne de Roberval (1602 – 1675) e Bonaventura Francesco
Cavalieri (1598 – 1647) foram os próximos a fazer contribuições principais. Cavalieri chegou ao ‘método dos indivisíveis’
partindo das tentativas de integração de Kepler. Ele não foi rigoroso na sua abordagem e não ficou claro como criou esse
método. Pelo que parece, Cavalieri imaginou uma área como sendo formada por componentes que eram linhas e somou
seu número infinito de ‘indivisíveis’. Mediante este método, mostrou que a área abaixo do gráfico de x n e acima o eixo x
a n +1
entre 0 e a era verificando o resultado para alguns valores de n e inferindo o resultado geral. Roberval considerou
n +1
problemas do mesmo tipo, mas foi muito mais rigoroso que Cavalieri. Roberval pensou na área entre uma curva e uma reta
como sendo formada por um número infinito de retângulos infinitamente finos. Aplicou isto para determinar a área abaixo do
n 0 n + 1n +  + (m − 1) n
gráfico de x e acima o eixo x entre 0 e 1 , mostrando que tinha um valor aproximado de
m n +1
1
e afirmou que quando m tende a infinito.
n +1
Fermat também foi mais rigoroso na sua abordagem mas não forneceu demonstrações. Generalizou o problema descrito
n
anteriormente para os casos da parábola e a hipérbole. Fermat calculou a soma ∑i
i =1
p
. Fermat também pesquisou sobre

máximos y mínimos considerando onde a tangente à curva é paralela ao eixo x . Este último resultado foi comunicado
a René Descartes (1596 - 1650). Devido a este fato, Joseph Louis Lagrange (1736 -1813) afirmou que ele considerava
Fermat como o inventor do cálculo.

Descartes inventou um importante método para determinar normais em La Géometrie, em 1637 Johann van Waveren
Hudde (1628 - 1704) inventou um método mais simples, denominado a ‘Regra de Hudde’. O método de Descartes e a
Regra de Hudde tiveram uma influência importante sobre Isaac Newton (1643 – 1727).

Newton escreveu um tratado sobre ‘fluxões’ em outubro de 1666. Esta obra não foi publicada nesse momento mas foi

148
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
lida por muitos matemáticos e teve grande influência no rumo que tomaria o cálculo. Newton imaginou que uma partícula
que percorre una curva com duas retas móveis que eram as coordenadas. A velocidade horizontal x ' e a velocidade
verticaly ' eram os ‘fluxões’ de x e y associados com o fluxo do tempo. Os ‘fluentes’ eram os mesmos x e y . Com
y'
esta notação de ‘fluxão’, era a tangente a f ( x, y ) = 0 . Neste mesmo tratado, Newton discute o problema inverso:
x'
y'
dada a relação entre x e , encontrar y . Este problema foi resolvido por antiderivação. Este método lhe permitiu o
x'
cálculo de áreas e também foi enunciado de maneira clara o Teorema Fundamental do Cálculo.

Newton teve problemas para publicar sua obra matemática. A obra de Newton sobre Analysis with infinite series foi escrita
em 1669 e circulou como manuscrito. Não foi publicada até 1711. De modo similar, a obra Method of fluxions and infinite
series foi escrito em 1671 e publicado em inglês em 1736. O original em latim foi publicado muito depois. Nestas duas
obras, Newton calculou a expansão em séries de sen(x) e cos(x) e a expansão do que é, na verdade, a função exponencial,
mas esta função não ficaria estabelecida como tal até que Leonhard Euler (1707 – 1783) apresentou a notação atual ex .
Também, a obra Tractatus de Quadrarura Curvarum escrita em 1693, só foi publicada em 1704.

Gottfried von Leibniz (1646 - 1716) aprendeu muito numa viagem pela Europa em que conheceu Christiaan Huygens
(1629 - 1695), em Paris, em 1672. Também conheceu Robert Hooke (1635 - 1703) e Robert Boyle (1627 – 1691), em
Londres, em 1673 onde comprou vários livros de matemática, incluindo as obras de Isaac Barrow (1630 - 1677). Leibniz
manteria correspondência por um longo período com Barrow. Na sua volta a Paris, Leibniz fez um trabalho muito bom
sobre cálculo, pensando nos fundamentos de maneira bem diferente a Newton.

Newton considerava que as variáveis mudam ao longo do tempo. Leibniz imaginava que as variáveis x e y variavam
dy as diferenças entre valores consecutivos de
sobre seqüências de valores infinitamente próximos. Denotou por dx e
dy
essas seqüências. Leibniz sabia que dava a tangente mas não a usou como propriedade de definição.
dx
Para Newton, a integração consistia em encontrar fluxos para um “fluxons”, de maneira que tem-se que a integração e a
diferenciação são inversas. Leibniz usava a integral como uma suma, de forma muito similar à de Cavalieri e também as
‘infinitesimais’ dx e dy , enquanto Newton usava x' e y ' que eram velocidades finitas. É claro que nem Leibniz nem
Newton pensavam em termos de funções, mas em termos de gráficos. Para Newton, o cálculo era geométrico enquanto
Leibniz estava mais orientado à análise.

Leibniz sabia que encontrar uma boa notação era muito importante e pensou nela por muito tempo. Newton, por outro lado,
escreveu mais para ele mesmo e como conseqüência, tendia a usar qualquer notação que se lhe ocorria no momento. A
notação d e ∫ de Leibniz destacavam o aspecto de operadores que provaria se importante mais adiante. Em, Leibniz

y2
usava ∫ ydy = 2
como se faz hoje. Seus resultados sobre cálculo integral foram publicados em 1864 y 1686 sob o nome
Calculus Summatorius; o termo ‘cálculo integral’ foi sugerido por Jacob Jacques Bernoulli (1654 - 1705) em 1690.

Após Newton e Leibniz, o desenvolvimento do cálculo foi continuado por Jacob Bernoulli y Johann Bernoulli. Porém,
quando Berkeley publicou seu Analyst em 1734 atacando a falta de rigor no cálculo e disputando a lógica usada como
base, passaram-se a fazer grandes esforços para fechar o raciocínio. Colin Maclaurin (1698 - 1746) intentou colocar o
cálculo sobre uma base geométrica rigorosa mas os fundamentos realmente satisfatórios teriam que esperar pelo trabalho
de Agustín Louis Cauchy (1789 - 1857).

149
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Equações Diferenciais

As equações diferenciais são um ramo principal das matemáticas pura e aplicada desde sua apresentação na metade
do século XVII Aqui, consideram-se as partes mais importantes de sua história, desde seu início com Newton e Leibniz
até agora.

As equações diferenciais começaram com Leibniz, os irmãos Bernoulli brothers e outros desde a década de 1680, não
muito depois das equações fluxonais de Newton. Foram feitas muitas aplicações a problemas geométricos e mecânicos.

O problema de determinar uma curva dada uma propriedade das tangentes a dita curva foi proposto na segunda metade
do século XVII. Descartes descreveu como podem ser construídas curvas algébricas satisfazendo tais propriedades.
Mas logo os problemas perderam seu contexto cartesiano e começaram a aparecer métodos para construção de curvas
transcendentes.

Em 1707, Gabriele Manfredi publicou um livro sobre equações diferenciais de primeiro grau seguindo as diretrizes dos
irmãos Bernoulli e Leibniz. Aqui, se dão os inícios aos estudos das equações de variáveis separáveis e homogêneas.

Em 1752, Vincenzo Riccati publicou um tratado em latim sob o título De usu motus tractorii in constructione aequationum
differentialium, sobre movimento de tração na geometria. A importância desta publicação explica-se porque resumia idéias
importantes sobre esta geometria vindas de Euler e Clairaut.

D’Alembert publicou duas obras importantes: Traité da dynamique (1743) e Rechercher sur Le Calcul Intégral (1745 – 1752).
A primeira destas obras versa sobre a resolução do problema de um pêndulo múltiplo, e, a segunda, sobre a resolução de
sistemas diferenciais lineares, utilizando a redução de equações a sistemas diferenciais de primeira ordem. Estas obras
tiveram boa acolhida entre os contemporâneos tais como Lacroix e Euler. Porém, deve-se a Cauchy a sistematização e
organização do conhecimento de cálculo e equações diferenciais no período de 1817 a 1824.

A matemática do século XVIII caracterizou-se por considerar as funções sob dois aspectos importantes: são objetos que
podem ser tabelados e calculados, e, surgem da extensão de propriedades algébricas e da transição do finito para o
infinito. Esta concepção fez surgir as funções transcendentes (Legendre e Euler) e seu tratamento analítico. Aqui, cabe
mencionar o trabalho de Joseph Fourier.

A visão matemática do século XVIII foi enormemente ampliada com os trabalhos de Gauss e a introdução de funções
especiais como soluções de equações diferenciais específicas e o surgimento de operadores funcionais. Em 1824, Abel
apresentou as funções elípticas como sendo a inversa de uma integral elíptica.

As séries de Lagrange, pouco conhecidas hoje, tiveram um papel fundamental nos trabalhos de Kepler e Laplace.

Já no século XIX, a transformação de variáveis permitiu resolver diversos tipos de equações diferenciais. Foi estabelecida
uma teoria geral sobre as transformações. Nesta época aparece o estudo sistemático das equações diferenciais parciais
por Hamilton, Jacobi e posteriormente por Hertz e Maxwell. Este século foi fechado com broche do ouro pelas idéias de
Poincaré sobre a equação de Hamilton-Jacobi. Desse século, vale a pena mencionar os trabalhos de Riemann, Fredholm
e Hilbert.

150
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
O século XX é marcado, de maneira geral, por dois fatos importantes: a sistematização da teoria matemática e a aparição
dos computadores, que possibilitou a análise numérica como uma ferramenta fundamental para a resolução de equações
diferenciais.

151
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ANOTAÇÕES

152
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Apêndice V
Exemplo E1: O volume do sólido que está acima do quadrado R = [-2,2] x [-2,2] e abaixo do parabolóide z = x2 + y2 ,
pode ser aproximado pela subdivisão de R em nove quadrados iguais; a área de cada quadrado é igual a 16/9.

Aproximando o volume pela soma de Riemann abaixo, com m = n = 3, temos:


3 3
V ≈∑ ∑ f (x , y
ij ij )∆A =
i =1 j =1

= f(-1,-1)∆A + f(-1,0)∆A + f(-1,1) ∆A + f(0,-1) ∆A + f(0,0) ∆A + f(0,1) ∆A + f(1,-1)∆A


+ f(1,0)∆A + f(1,-1) ∆A =
= 12x16/9 = 21,333u.v.

A figura abaixo mostra a diferença entre o volume do sólido e a soma dos volumes das caixas que foi calculado:

R ie ma nn sum ? 40 .9 60 0

2
?do ubl e i nt egra l ? 42 .6 66 7

?1

?2
8

0
?2

?1
0

Podemos melhorar a aproximação do volume aumentando o número de subdivisões em R. As ilustrações


abaixo mostram aproximações de 100 e 400 quadrados, respectivamente.

Rie man n su m ? 4 2 . 2 4 0 0

2
?d ou b le in te g ra l ? 4 2 . 6 6 6 7 Rie man n s um ? 42.5600

2
?
d ou b le in te g ral ? 4 2 . 6 6 6 7

1 1

0 0

?1 ?1

?2 ?2
8 8

6 6

4 4

2 2

0 0
?2 ?2

?1 ?1
0 0

1 1

2 2

154
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
∫∫ x
2
Exemplo E2: O valor da integral ydA , onde R = [0,3] x [1,2], pode ser obtido através do cálculo:
R

3
2 2 3
 3
 2 y2 
2
 2 4 2 1
∫∫R x ydA = ∫  ∫ x ydy  dx = ∫  x 2  dx = ∫0  x 2 − x 2  dx =
2

0 1  0 1

3  y 3 
3 3
3 2 33 2 = 3  (3) 3 (0 )3  3 27 27
= ∫  x  dx = ∫ y dy =  −  = ⋅ = = 13,5
0
2  20 2 3  2  3 3  2 3 2
 0

ou
2 3
3 2  2
 x3  2
 27 
∫∫R x ydA ∫  ∫ x ydx  dy ∫  3 y  dy ∫  y − 0  dy =
2
= = =
1 0  1 0 1
3 
2
2
9 y2  36 9 27
= ∫ (9 y )dy =  == − = = 13,5 .
1 2 1 2 2 2
O valor obtido corresponde ao volume do sólido acima de R e abaixo do gráfico da função f(x,y) = x2y, conforme a ilustração
abaixo.

Exemplo E3: A integral ∫∫ y sen( xy)dA , quando R = [1,2] x [0,π], é nula. De fato:
R

π 2 π

∫∫ y sen( xy)dA = ∫ ∫ y sen( xy)dxdy = ∫ [− cos xy ] dy =


2
1
R 0 1 0
π π
1 
∫0 (− cos 2 y + cos y)dy = − 2 sen 2 y + sen y  0 =
1 1
− sen π + sen π + sen 0 − sen 0 = 0
2 2
O valor obtido nesta integral representa a diferença de volume da parte do sólido que está acima do retângulo R e da parte

155
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
do sólido que está abaixo de R. Como o resultado é zero, estes volumes são iguais.

Se mudarmos a ordem de integração, invertendo as integrais iteradas, a resolução das mesmas irá requerer a aplicação
de técnicas de integração, tornando o trabalho mais demorado. Portanto, também é importante observar o tipo de função
que iremos integrar e fazer uma boa escolha da ordem de integração.

Exemplo E4: O volume do sólido S que é delimitado pelo parabolóide elíptico x2 + 2y2 + z = 16, os planos x = 2 e y = 2 e os
três planos coordenados, é igual ao volume do sólido que está abaixo da superfície z = 16 – x2 – 2y2 e acima do retângulo
R = [0,2] x [0,2], como mostra a figura abaixo. Assim, o cálculo do volume deste sólido, usando integral dupla, é dado
por:

V = ∫∫ (16 − x 2 − 2 y 2 )dA =
R
2 2
= ∫ ∫ (16 − x 2 − 2 y 2 )dxdy =
0 0

2 2
 x3 
= ∫ 16 x − − 2 xy 2  dy =
0 
3 0
2
 8 
= ∫  32 − − 4 y 2  dy =
0
3 
2
 88 
= ∫  − 4 y 2  dy =
0
3 
2
 88 y 3  88.2 − 4.8
=  y−4  = = 48u.v.
3 3 0 3

Exemplo E5: Para a determinação do valor médio da função f ( x, y ) = xy − x na região R = [0,2] × [0,1] ,
podemos usar integração dupla; inicialmente, a integral de f ( x, y ) sobre R é:

1 2 2

1
2  x x2
1
 (2) 2 (2) 2 
∫∫ f ( x, y )dxdy = ∫  ∫ ( xy − x)dx  dy = ∫  y −
0 0  0
 2 2
dy = ∫ 
 0
2
y−
2
− 0 + 0  dy =

R 0

156
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 1
y2
= ∫ (2 y − 2 )dy = 2 − 2 y = (1) 2 − 2(1) − 0 + 0 = −1 .
0
2 0

Como valor médio de uma função f ( x, y ) numa região R é dado por:

1
Área ( R) ∫∫
f ( x, y )dxdy
R

e a área do retângulo R é Área(R) = 1 × 2 = 2u.a., temos que o valor médio da função f ( x, y ) no retângulo R dado é

1 1
igual a ⋅ (−1) = − .
2 2
Exemplo E6: Se a densidade por unidade de área de uma população de organismos sobre a região R = [0,3] × [0,1]
2
é f ( x, y ) = xy + y em cada ponto ( x, y ) ∈ R , a população total sobre essa região será:

3
3
1
 1
 x2 2
1
 32 02 
∫∫R ( ) ∫0  ∫0 ( )  ∫ 2 ∫
2 2 2
xy + y dxdy = xy + y dx dy = y + xy  dy =  y + 3 y − y − 0 y 2  dy =
 0 0 0
2 2 
1 2 3 1
9  9 y y 9 1 9 13
= ∫  y + 3 y 2  dy = . + 3 = ⋅ + 13 − 0 − 0 = + 1 =
0
2  2 2 3 0
2 2 4 4
milhares de bactérias ou 3250 bactérias.
1 1
Exemplo E7: Determinação da região de integração e troca da ordem de integração para a integral ∫ ∫ f ( x, y)dydx : temos
0 x

que y ∈ [x, 1] e x ∈ [0, 1], assim, a seguir temos um esboço desta região e os limites de integração na nova ordem.

> plot({x,1},x=-1..2,color=red,scaling=constrained);

157
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Os novos limites de integração serão:
1 y
x ∈ [0, y] e y ∈ [0, 1], logo, a integral pode ser escrita como ∫ ∫ f ( x, y)dxdy .
0 0

1 x
Exemplo E8: Para trocarmos a ordem de integração da integral ∫ ∫ f ( x, y)dydx , temos, inicialmente, que
0 x3

y ∈ [x3, x ] e x ∈ [0, 1]; então, fazendo com que x varie em função de y, ou seja, y = x ⇒ y 2 = x
1 1 1
y = x 3 ⇒ ( y) 3 = ( x 3 ) 3 ⇒ y 3 = x ⇒ x = 3 y

⇒ x ∈[ y 2 , 3 y ] ,

obtemos: y ∈ [0, 1]. 1 3 y

Logo, a integral também pode ser escrita como: ∫ ∫ f ( x, y)dxdy .


0 y2

3 1

Exemplo E9: O valor da integral dupla ∫ ∫ (1 + 4 xy)dxdy pode ser calculado através das seguintes integrais
iteradas: 1 0

3 1 3
x2
1
 3
 (1) 2 (0) 2 
∫1 ∫0 (1 + 4 xy ) dxdy = ∫1 
 x + 4 y
2 0
 dy = ∫1  1 + 4
2
y − 0 − 4
2
y  dy =

 

3 3
y2
= ∫ (1 + 2 y )dy = y + 2 = 3 + (3) 2 − 1 − (1) 2 = 10
1
2 1
π π
2 2
Exemplo E10: Calculando a integral dupla ∫ ∫ sin x cos 3 ydydx , temos
0 0

π π π π π
 
2 2

2
1 2 
2
 1 π 1 
∫∫
0 0
sin x cos 3 ydydx = ∫  sin x ⋅ ⋅ sin 3 y
0
3 0
dx = ∫0  sin x ⋅ 3 ⋅ sin 3 2 − sin x ⋅ 3 ⋅ sin 3 ⋅ 0 dx =
 
π π
12 1 2 1 π 1 1
= − ∫ sin xdx = − (− cos x ) = (cos ) − (cos 0 ) = − .
30 3 0 3 2 3 3
4 2
Exemplo E11: Calculando a integral ∫ ∫ (x +
1 0
y )dxdy , obtemos:

4 2  x2
4 2
 4
 (2) 2 (0) 2 
∫1 ∫0 ( x + y ) dxdy = ∫1  2
 + x y 

dy = ∫
1

2
+ 2 y −
2
− 0 y  dy =

 0

4 4
2 3 4 3 4 3 4 4
=∫ ( )
2 + 2 y dy = 2 y + 2 ⋅
3
y = 2(4) +
0 3
4 − 2(1) −
3
1 = 8 + ⋅8 − 2 − =
3 3
1

158
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
4 18 + 28 46
= 6+ 7⋅ = = .
3 3 3

1 2

∫ ∫ xye
y
Exemplo E12: Resolvendo dxdy , determinamos:
0 0

1 2  1 2
 1
 y (2) 2 1
y (0) 
2 2
y x
∫0 ∫0 ∫0  2  dy = ∫  ye  dy = ∫ (2 ye )dy ;
y
xye dxdy =  ye − ye y
 0
2 2 
 0 0

agora, utilizando a técnica de integração por partes, temos


1 1

∫ (2 ye )dy = 2 ye − 2 ∫ (e y )dy =2(1)e1 − 2(0)e0 − 2 e y =


y y 1 1

0 0
0 0

= 2e − (2e1 − 2e0 )= 2e − 2e + 2 = 2.

1 1
 1 + x2 
Exemplo E13: O valor de ∫ ∫  dxdy pode ser obtido como segue:
2 
0 0
1 + y 
1 1
 1 + x2  
1 1
1 1
x2  1
x x3 1
1

∫0 0∫  1+ y 2 
 dxdy = ∫0  ∫0 1+ y 2 ∫0 1 + y2  ∫0  1+ y 2 3 1 + y 2
 dx + dx dy =  + dy =
 0

1
 1 (1)3 1  1
 1  1 
= ∫ + − 0 − 0 dy =∫ 1 + 3  1 + y 2 dy =
0 
1 + y 2
3 1 + y 2
 0   
1 1
4  1  4 4 π π
= ∫   dy = arctan y =  − 0  = .
3 0  1+ y 2  3 0 34  3

Exemplo E14: A seguir, temos o cálculo de ∫∫ ( x + 2 y)dA , onde W é a região limitada pelas parábolas
W
y = 2x2 e y = 1 + x2.

Os pontos de intersecção das duas parábolas têm abscissas -1


y
e 1 e a região W, do Tipo I, pode ser escrita como:

y = 1 + x2 W = {(x, y) | –1 < x < 1, 2x2 < y < 1 + x2 }.

y = 2x2 Assim, podemos calcular a integral dupla através


das seguintes integrais iteradas:
–1 1 x

159
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1+ x
1  1
2 1+ x
2

∫∫W ( x + 2 y ) dA = ∫−1  ∫2
 ( x + 2 y ) dy 

dx = ∫−1 
 xy + y 
 2 x2 dx =
 2x 
1
= ∫  x(1 + x 2 ) + (1 + x 2 ) 2  −  2 x3 + 4 x 4  dx =
−1
1

∫ (x + x + 1 + 2 x 2 + x 4 − 2 x3 − 4 x 4 )dx =
3
=
−1
1

∫ (−3x − x3 + 2 x 2 + x + 1)dx =
4
=
−1
1
 x5 x 4 x3 x 2  32
=  −3 − + 2 + + x  = .
 5 4 3 2  −1 15

Exemplo E15: O volume do sólido que está abaixo do parabolóide z = x2 + y2 e acima da região do plano xy, limitada
pela reta y = 2x e pela parábola y = x2, pode ser obtido considerando W uma região do Tipo I como segue:

W = {(x, y) | 0 < x < 2, x2 < y < 2x }.


Assim, o volume é aproximadamente:

2x
2x 2
 2
 y3 
2
 8 x3 x6 
V = ∫∫ (x + y )dA = ∫  ∫ (x 2 + y 2 )dy  dx = ∫  x 2 y +  dx = ∫  2 x 3 +
2 2
− x 4 −  dx =
D 0 
 x2  0 
3  x2 0 
3 3
2 2
 14 x3 x6  14 x 4 x5 x 7  14.16 32 128 216
= ∫ − x 4 −  dx =  − −  = − − = u.v.
0
3 3  12 5 21  0 12 5 21 35

Também podemos descrever a região W como do Tipo II:

160
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y
W = {(x, y) | 0 < y < 4, ≤ x ≤ y }, onde, nas equações dadas inicialmente, isolamos a variável x, ou seja:
2
y
y = x2 → x = y e y = 2x → x = .
2
Agora, o volume pode ser calculado como:

 y  4  32
y3 y3 
4 4 y
 x3 2 y
V = ∫∫ (( x + y )dA = ∫ ∫ (x + y )dx dy = ∫  + xy  = ∫ 
5
2  22 2  + y 2 − −  dy =
  0 
3  y 2 0  3 24 2 
W 0 y
 2  
4 4
1 3 5 13 3   2 5 2 7 13 4  2 2 13 216
= ∫ y 2 + y 2 − y  dy =  y 2 + y 2 − y  = .32 + .128 − .256 = u.v.
0
3 24  15 7 96  0 5 7 96 35

Exemplo E16: Determinação do volume do tetraedro limitado pelos planos x + 2y + z = 2, x = 2y, x = 0 e z = 0.

Em uma questão como esta, é prudente desenhar dois diagramas: um do sólido tridimensional e outro da região plana
W, base do sólido.

Igualando as equações dos planos, duas a duas, obtemos as retas que contém as arestas do tetraedro:

z y
(0, 0, 2)
T
x + 2y = 2
1
x + 2y + z = 2
x = 2y W

(0, 1, 0) y
1
x
x x = 2y

A figura acima, à esquerda, mostra o tetraedro T, limitado pelos planos coordenados x = 0 e z = 0, o plano vertical x = 2y
e o plano x + 2y + z = 2.

Como x + 2y + z = 2 intercepta o plano xy (de equação z = 0) através da reta x + 2y = 2, vemos que T está sobre a região
triangular W, do plano xy, limitada pelas retas x = 2y, x + 2y = 2 e x = 0.

O plano x + 2y + z = 2 pode ser escrito como z = 2 – x – 2y e a região W como:

W = {(x, y) | 0 < x < 1, x/2 < y < 1 – x/2}.

Portanto, o volume de T é:

161
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
x
1 1− 2 1
1− x
V = ∫∫ (2 − x − 2 y )dA = ∫ ∫ (2 − x − 2 y )dydx = ∫ 2 y − xy − y  x 2 dx =
2 2

W 0 x /2 0

  x  x  x
1
x x2 
2 2
= ∫  2 1 −  − x 1 −  − 1 −  − x + + dx =
  2  2  2
0 
2 4 
1
 x2 x2 x2 x2 
= ∫  2 − x − x + − 1 + x − − x + +  dx =
0
2 4 2 4
1 1
 x3  1
= ∫ (1 − 2 x + x )dx =  x − x 2 +  = u.v.
2

0  3 0 3

Exemplo E17: Determinação da massa e do centro de massa de uma lâmina triangular com vértices (0,0), (1,0) e (0,2),
sendo a função densidade ρ(x,y) = 1 + 3x + y.

A região R está limitada pelas retas x = 0, y = 0 e


(0,2)
y = 2 – 2x. Podemos expressar R por:

R = {(x, y) | 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 2 – 2x}.

A massa da lâmina, em unidades de massa, é:


R
(0,0) (1,0) M = ∫∫ ρ ( x, y )dA = ∫∫ (1 + 3 x + y )dA .
R R

Portanto:

1 2−2 x 1 2− 2 x
 y2 
M =∫ ∫ (1 + 3x + y )dydx = ∫  y + 3xy +  dx =
0 0 0 
2 0
1
(2 − 2 x )  dx = 1 2 + 4 x − 6 x 2 + 2 − 4 x + 2 x 2 dx =
2

= ∫  2 − 2 x + 6 x − 6 x2 +
0
 2  ∫0 ( )

1 1
 x3  4 8
= ∫ (4 − 4 x )dx =  4 x − 4  = 4 − = .
2

0  3 0 3 3

162
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Os momentos são:

M Y = ∫∫ y ρ ( x, y )dA = ∫∫ (y + 3 xy + y 2 )dA =
D D
1 2−2 x 1 2− 2 x
 2 2 3

=∫ ∫ (y + 3xy + y )dydx = ∫  y2 + 3x y2 + y3 
2
dx =
0 0 0  0
1  (2 − 2 x )2 ( 2 − 2 x ) (2 − 2 x ) 
2 3

= ∫ + 3x +  dx =
0
 2 2 3 

1
 8 8 x3 
= ∫  2 − 4 x + 2 x 2 + 6 x − 12 x 2 + 6 x3 + − 8 x + 8 x 2 −  dx =
0  3 3 
1 1
 14 10  14 2 5 
= ∫  − 6 x − 2 x 2 + x3  dx =  x − 3 x 2 − x3 + x 4  =
0
3 3  3 3 6 0
14 2 5 5 11
= − 3 − + = 1+ = ;
3 3 6 6 6

M X = ∫∫ x ρ ( x, y )dA = ∫∫ (x + 3 x 2 + xy )dA =
D D
1 2− 2 x 1 2− 2 x
 y2 
=∫ ∫ (x + 3 x 2
+ xy )dydx = ∫0  xy + 3 x 2
y + x
2  0
dx =
0 0

 (2 − 2x) 
1 2

= ∫  2x − 2x + 6x − 6x + x
2 2 3
 dx =
0
 2 

1
= ∫ (2 x + 4 x 2 − 6 x 3 + 2 x − 4 x 2 + 2 x 3 )dx =
0
1
= ∫ (4 x − 4 x 3 )dx =  2 x 2 − x 4  = 2 − 1 = 1 .
1

0
0

Assim:

Mx 1 3
x= = = ,
M 8 8
3

My 11
y= = 6 = 11 . 3 = 11
.
M 8 6 8 16
3

Logo, o centro de massa da lâmina é o ponto (3/8, 11/16), indicado na figura:

163
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
(0,2)

y = 2 – 2x

(3/8, 11/16)

D
(0,0) (1,0)

∫∫ ( x
2
Exemplo E18: Cálculo de − y )dA , sendo R a região delimitada pelas retas y = − x + 1 , y = x + 1 e
R
y = 2.

Fazendo um esboço de R é possível observar uma simetria. Assim, podemos inicialmente, calcular a integral sobre uma
metade de R; o resultado procurado é o dobro desse resultado obtido.

> plot({1-x,x+1,2},x=-1..1);

Logo, considerando a região y ∈ [1 − x,2] e x ∈ [−1,0] , a integral sobre essa região será:
0 2  0
y2
2
 0
 (1 − x) 2 
∫ ∫ ∫   dx = ∫  2 x 2 − 2 − x 2 (1 − x) +
2 2
( x − y ) dydx = yx − dx =
−1 1− x −1 
2 
1− x  −1 
2 

0 0
 1 − 2 x + x2  1
= ∫  2 x 2 − 2 − x 2 + x3 +
2
 dx = ∫
2 −1
(4 x 2 − 4 − 2 x 2 + 2 x3 + 1 − 2 x + x 2 )dx =
−1  

1  x4 
0 0
1 x3 x
= ∫ (2 x + 3 x − 2 x − 3)dx =  2 + 3 − 2 − 3x  =
3 2

2 −1 2 4 3 2 
 −1 

164
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 1  1 1  1 3 3
=  − (−1) 4 − (−1) 3 + (−1) 2 + 3(−1)  =  − + 1 + 1 − 3  =  −  = − .
2 2  2 2  2 2 4

∫∫ ( x
2
Agora, multiplicando o resultado por 2, temos o valor de I= − y )dA sobre a região compreendida pelas retas
R
y = −x + 1, y = x + 1 e y = 2 :

3 3
I = − ⋅2 = −
4 2
2 y −1

∫ ∫ (x
2
Também é conveniente resolver a integral − y )dxdy e comparar os resultados.
1 1− y

∫∫ (2 x − 3 y )dA , se R é a região que consiste de todos os pontos (x,y), tais que,


2
Exemplo E19: A integral
R

− 1 ≤ x ≤ 2 e − 1 ≤ y ≤ 3 , é dada por:
3 2  x3 2
 3

∫∫R (
2 x −
2
3 y)dA= ∫1 −∫1(2 x − 3 y )
dxdy
2
=  2 − 3xy dy =
∫ 3 
1
 −1 

3
 (2)3   (−1)3  3
 8   −1 
= ∫  2 − 3⋅ 2 ⋅ y  −  2 − 3(−1) y   dy = ∫  2 ⋅ − 6 y  −  2 ⋅ + 3 y   dy =
1 
3   3  1 
3   3 
3
3 3
16 2   y2   (3) 2   (1) 2 
= ∫  − 6 y + − 3 y  dy = ∫ [6 − 9 y ]dy =  6 y − 9  =  6 ⋅ 3 − 9 −
  6 ⋅ 1 − 9 =
1 
3 3  1  2 1  2   2 

 9  9 81 9
= 18 − 9 ⋅  −  6 −  = 18 − − 6 + = 12 − 36 = −24 .
 2  2 2 2

Exemplo E20: A área da região no plano xy, limitada pelas curvas y = x 2 e y = 4 x − x 2 , está determinada, a seguir,
por integração dupla:

> plots[implicitplot]({y=x^2,y=4*x-x^2},x=-1..3,y=-1..5);

165
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Os pontos de intersecção das curvas y = x 2 e y = 4 x − x 2 são (0,0) e (2,4).

( )dx = ∫ (y )dx = ∫ (4x − x − x ) dx =


2 4 x − x2 2 2 2
4 x − x2 4 x − x2
A = ∫∫ dydx = ∫ ∫ dydx = ∫ y x2 x2
2 2

R 0 x2 0 0 0

2 2
x2 x3 (2) 2 (2)3 (0) 2 (0)3 16 16
= ∫ (4 x − 2 x ) dx = 4 − 2
2
=4 −2 −4 +2 = − =
0
2 3 0 2 3 2 3 2 3

48 − 32 16 8
= = = u.a.
6 6 3

Exemplo E21: O centro de massa de uma lâmina correspondente à região parabólica 0 ≤ y ≤ 4 − x 2 , com densidade
no ponto (x, y) proporcional à distância entre (x, y) e o eixo dos x, ou seja, ρ ( x, y ) = ky (densidade variável) é
 16 
 0,  .
 7

De fato, primeiramente, pela simétrica em relação ao eixo dos x e como ρ ( x, y ) = ky , o centro de massa esta no
eixo dos x. Logo, x = 0.
Também,
2 4− x2 2 4− x2 2 2
y2 k k
dx = ∫ (4 − x 2 ) − (0) 2  dx = ∫ (4 − 8 x 2 + x 4 )dx =
2
massa = ∫ ∫
−2 0
kydydx =k ∫
−2
2 2 −2   2 −2
0

2
k x3 x5  k (2)3 (2)5 (−2)3 (−2)5 
= 16 x − 8 +  = 16(2) − 8 + − 16(−2) + 8 − =
2 3 5  −2 2  3 5 3 5 

k 64 32 64 32  k  128 64  k  960 − 640 + 192 


=  32 − + + 32 − +  =  64 − + =  =
2 3 5 3 5  2 3 5  2 15 

 256   256 
=k = k u.m.
 15   15 
O momento em torno do eixo dos x é dado por:
2 4− x2 2 4− x2 2
y3 k
dx = ∫ (4 − x 2 ) − (0)3  dx =
3
Mx = ∫ ∫ ( y )kydydx =k ∫
−2 0 −2
3 3 −2  
0

2
k 2 k x3 x5 x7  4096
= ∫ (64 − 48x 2 + 12 x4 − x6 )dx =  64 x − 48 + 12 −  = k.
3 −2 3 3 5 7  −2 105

Portanto,

4096
k
Mx 16
y= = 105 = .
Massa 256 7
k
15
166
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
 16 
E assim, o centro de massa é o ponto  0,  .
 7
Exemplo E22: Cardióide

Esta é a curva descrita por um ponto pertencente a um círculo de raio a que gira na parte externa de um outro círculo fixo
de raio a. É também um caso especial da Espiral de Pascal.

São equações de cardióides:

r (θ) = a(1 ± cosθ) e r (θ) = a(1 ± senθ) .

3
Área abrangida pela curva = ( π a 2 )u.a.
2
Comprimento de arco da curva = (8 a) u.c.

Exemplo E23: Rosácea

São equações de rosáceas:

r = a cos(nθ ) e  r = a sen(nθ ) , para n =1, 2, 3...


É importante observar que:

• para n ímpar temos uma rosácea de “n” pétalas;

• para n par temos uma rosácea de “2n” pétalas;


π
• a metade de uma pétala se encontra entre 0 e ;
2n

167
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
• para r = a cos(nθ ) a metade de uma das pétalas fica junto ao eixo polar;
π
• para r = a sen(nθ ) a metade de uma das pétalas fica junto a reta θ = .
2n

Exemplo E24: Lemniscata

São equações de lemniscatas:

r 2 = a 2 cos 2θ e r 2 = a 2 sen2θ , para a = distância do centro ao ponto de interseção de uma alça com o eixo
coordenado.

Área de uma alça = (a 2 )u.a.

Exemplo E25: Limaçon ou Espiral de Pascal

São equações de limaçons:

r = a + b.cos θ e r = a + b.sen θ, que possuem laço se a < b. Se a = b, a curva é uma cardióide.

Exemplo E26: A rosácea ρ = cos(3θ ) de três pétalas, mostrada na figura abaixo, tem área igual a três vezes a área
de uma pétala.

168
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Assim, mediante integração dupla, a área compreendida pela rosácea é:

π cos(3θ ) 3 π6
Área ( R) = ∫∫ dA = 3∫ ∫ 2 ∫− π6
ρ d ρ dθ = cos 2 (3θ )dθ
6

− π6 0
R
π
θ =
6
3 π6 3 sen(3θ )  1
= ∫ (1 + cos(6θ ) )dθ =  θ +  = π u.a.
4 6
− π
4 6  π
4
θ = −
6

∫∫ (3x + 4 y
2
Exemplo E27: Resolução de )dA, onde R é a região no semi-plano superior limitado pelos círculos
R
x2 + y2 = 1 e x2 + y2 = 4 .

> plots[implicitplot]({x^2+y^2=1,x^2+y^2=4},x=-2..2,y=0..2);

R = {( x, y ) / y ≥ 0 e 1 ≤ x 2 + y 2 ≤ 4} .

Em coordenadas polares R é dada por:


1 ≤ ρ ≤ 2, 0 ≤ θ ≤ π .

Portanto, substituindo x = ρ cos θ e y = ρ senθ na função de duas variáveis dada, temos:


π 2 π 2

∫∫ (3x + 4 y
2
)dA = ∫ ∫ (3ρ cos θ + 4 ρ sin θ )ρ d ρ dθ = ∫ ∫ (3ρ 2 cos θ + 4 ρ 3 sin 2 θ )d ρ dθ =
2 2

R 0 1 0 1

 ρ3
π
ρ4
2
 π

= ∫ 3 cosθ + 4 sin θ dθ =∫ (( 2)3 cosθ + ( 2) 4 sin 2 θ − (1)3 cosθ − (1) 4 sin 2 θ )dθ =
 2 
 3 4 
0
 1  0

π π
= ∫ (8cos θ + 16sin θ − cos θ − sin θ ) dθ = ∫ (7 cos θ + 15sin 2 θ )dθ
2 2

0 0

169
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 − cos 2θ
Agora, usando a identidade sin 2 θ = , podemos escrever:
2

∫ (7 cos θ + 15sin θ )dθ =


2

π π π π
 15  15 15
= ∫  7 cos θ + (1 − cos 2θ )  dθ = ∫ (7 cos θ )dθ + ∫ dθ − ∫ (cos 2θ )dθ =
0
2  0
2 0 2 0

π π π
15 15 1
= 7 ∫ (cos θ )dθ + ∫ dθ − ∫ (2 cos 2θ )dθ = (mediante substituição de variáveis)
0
2 0 2 02

 π 15
π
15
π
  15 15 15 15 
=  7 sin θ 0 + θ − sin 2θ  =  (7 sin π − 7 sin 0) + ( ⋅ π − ⋅ 0) − ( sin 2π + sin 0)  =
 2 0 4   2 2 4 4 
 0 

15π 15π
= 0−0+ −0−0−0 = .
2 2

Exemplo E28: Encontrar a área da região delimitada pelo gráfico de ρ = 3 cos(3θ ) .

Solução: Temos que lembrar que as equações da rosácea podem ser:

ρ = a cos(nθ ) e  ρ = asen(nθ ) para n =1, 2, 3..., que possuem:

Para n ímpar, temos uma rosácea de “n” pétalas;

Para n par, temos uma rosácea de “2n” pétalas.

π
A metade de uma das pétalas se encontrará entre 0 e .
2n
Para ρ = a cos(nθ ) a metade de uma das pétalas ficará junto ao eixo polar.

π
Para ρ = asen(nθ ) a metade de uma das pétalas ficará junto a reta θ = .
2n
Logo, na equação do raio, ρ = 3 cos 3θ , n = 3 e é impar, assim temos uma rosácea de 3 pétalas, a metade de uma
π π −π π
das pétalas está entre 0 e , ou seja, entre 0 e , onde uma pétala fica entre e + , assim os limites
2n 6 6 6
de integração são dados por:

−π π
≤ θ ≤ limites de integração fixos para θ .
6 6

0 ≤ ρ ≤ 3 cos 3θ limites de integração variável para ρ .

170
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y

−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5

−1

−2

−3

−4

Portanto, a área de uma pétala da curva é:

1 π
3cos3θ
π
 ρ ² 3cos3θ 
A = ∫∫ dA = ∫−π ∫
6
ρ d ρ dθ = ∫ π 
6
dθ
3 R 6
0 −
6  2
 0 
π
 (3 cos 3θ )2 0  π
9
π
9 6
=∫ 6
π  −  dθ = ∫ π cos ²( 3θ )dθ = ∫ π cos ²(3θ )dθ
6

6  2 2 − 2
6
2 −6

1 + cos 2u
Utilizando identidades sobre medidas múltiplas cos ²u =
2
Logo:

9 π6 9 π6  1 + cos 6θ  9 π6
π (1 + cos 6θ ) dθ =
2 ∫− 6 2 ∫− 6  4 ∫− 6
π cos ²(3θ ) d θ = π   dθ =
2 
9 π6 9 π6
4 ∫− 6 4 ∫− 6
= π dθ + π cos 6θ dθ =

9 π6 9 1 π6 9 π
 9 π

4 ∫− 6 4 6∫6
= π d θ + . − π 6 cos 6θ d θ =  θ
6
−π  +  sen6θ
6
−π =
4 6   24 6 
 9 π   9 − π   3 3  3
=  .  −  .  +  senπ − sen(−π ) = π
 4 6   4 6   8 8  4
1
∫∫∫ xy z dxdydz = 364 , quando R é a região, no primeiro octante, limitada pela superfície z = xy
2 3
Exemplo E29:
R

e os planos x = y , x =1 e z = 0.

Pelo fato de R estar no primeiro octante, os seus limites inferiores são nulos, assim:
Limites para z ⇒ 0 a xy
Limites para y ⇒ 0 a x
Limites para x ⇒ 0 a 1.

171
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 x   4 xy

1 x
 xy 2 3  1 x
 2 xy 3  2 z
∫0 ∫0 ∫0
 xy z dz  dydx = ∫0 ∫0 ∫0
 xy z dz  dydx = ∫0 ∫0   4
 xy   dydx =

      0 
1 x
  ( xy ) 4 (0) 4   1 x
 x5 y 6  1 x
  x5 y 6  
= ∫ ∫  xy 2  −  dydx = ∫0 ∫0  4  dydx = ∫0  ∫0  4  dy dx =
0 0   4 4 

1  5  7 x

 x5 x
1
 x y
1
 x 5  x 7 07   1
 x12 
= ∫  ∫ y 6 dy dx = ∫    dx = ∫   −  dx = ∫  dx =
0 
4 0  0 
4 7  0 
4  7 7  0
28 
  0 

1
x13 (1)13 (0)13 1
= = − = .
13 ⋅ 28 0 364 364 364

Exemplo E30: Resolvendo ∫∫ ( x + y + z )dV , se R = [0,1]×[0,2] ×[0,3], temos:


R

3 2 1  x2
3 2 1

∫∫R ( x + y + z ) dV = ∫0 ∫0 ∫0 ( x + y + z ) dxdydz = ∫0 ∫0  2
 + ( y + z ) ⋅ x  dydz =
 0
3 2 3 2
 (1) 2 (0) 2  1 
= ∫∫ + ( y + z ) ⋅1 − − ( y + z ) ⋅ 0 dydz = ∫ ∫  + y + z  dydz =
0 0
2 2  0 0
2 

1
3
y2
2
 3
1 (2) 2 1 (0) 2  3
= ∫ y + + zy  dz = ∫  ⋅ 2 + + 2z − ⋅ 0 + + 0  dz = ∫ (3 + 2 z )dz =
2
0
2 0
 0
2 2 2 2  0

 z2
3
 (3) 2 (0) 2
=  3z + 2  = 3⋅3 + 2 − 3⋅ 0 − 2 = 9 + 9 = 18 .
 2  2 2
 0

1 1 1

∫∫∫x
2
Exemplo E31: Calculando y 2 z 2 dxdydz obtemos:
−1 −1 −1

1 1 1  x3 1

1 1 1 1
 (1) 3 2 2 (−1) 3 2 2 
∫ ∫ ∫ x y z dxdydz = −∫1 −∫1  3 y z dydz =−∫1−∫1  3 y z − 3 y z dydz =
2 2 2 2 2

−1 −1 −1  −1 

1 
2 y3 2 
1 1 1 1 1
1 2 2 1 2 2  2 2 2
= ∫ ∫  y z + y z dydz = ∫ ∫  y z dydz = ∫  ⋅ ⋅ z  dz =
−1 −1 
3 3  −1 −1 
3  −1 
3 3 −1 
 
1 1 1
2 2  2 2  4 
= ∫  ⋅ (1)3 ⋅ z 2 − ⋅ (−1)3 ⋅ z 2  dz = ∫  ⋅ z 2 + ⋅ z 2  dz = ∫  ⋅ z 2  dz =
−1 
9 9  −1 
9 9  −1 
9 

 4 z 3 1  4 (1)3 4 (−1)3 4 1 4 1 4 4 8
= ⋅ = ⋅ − ⋅ = ⋅ + ⋅ = + = .
 9 3 −1  9 3 9 3 9 3 9 3 27 27 27

172
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 x xy
1
Exemplo E32: ∫ ∫ ∫ xdzdydx = 10 .
0 0 0

De fato:
1 x xy 1 x 1 x 1 x

∫ ∫ ∫ xdzdydx = ∫ ∫  zx 0 dydx = ∫ ∫ [x ⋅ xy − z ⋅ 0]dydx = ∫ ∫  x y dydx =


xy 2

0 0 0 0 0 0 0 0 0

1 y2 x
 1
 2 ( x) 2 1 1
2 (0)   x4 
2
1 x5
= ∫  x2  dx = ∫  x −x dx = ∫   dx = ⋅ =
0 
2 0  2 2   2 2 5 0
  0 0

1 1 1 1
= ⋅ (1)5 − ⋅ (0)5 = − 0 = .
10 10 10 10
Exemplo E33: Para calcular ∫∫∫ zdV , quando R é o tetraedro delimitado pelos planos
R

x = 0, y = 0, z = 0 e x + y + z = 1 , temos, inicialmente, que os planos z = 0 e x + y + z = 1 se


interceptam na reta x + y = 1 ( pertencente ao plano xy). A projeção de R é uma região triangular, e pode ser escrita
como:

R = {( x, y, z ) / 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1 − x, 0 ≤ z ≤ 1 − x − y} .

Assim, a integral pode ser calculada através das integrais iteradas:


1 1− x 1− x − y 1 1− x  z2 1− x − y
 1 1− x
 (1 − x − y ) 2 (0) 2 
∫∫∫ zdV = ∫
R 0 0
∫ ∫ zdzdydx =∫
0 0 0
∫ 
 2
 dydx = ∫ ∫ 
 0 0 
2

2
dydx =

0

1 1− x
 (1 − x − y )2 
=∫ ∫ 

dydx

0 0  2 

Essa integral obtida acima pode ser resolvida com a mudança de variável u = 1 − x − y ⇒ du = −dy ou
dy = −du , ou seja, como

u2  1 u3   1 3
∫ ∫ − 2 dudx = ∫  − 2 ⋅ 3  dx = ∫  − 6 u  dx ,
temos:
1 1− x  (1 − x − y )2 
∫ ∫ 
 2
 dydx =

0 0  
1
 1 1− x
 1
 1 1 3
= ∫  − (1 − x − y ) 3
 dx = ∫  − [1 − x − (1 − x)] + (1 − x − (0))  dx =
3
 6 6 6
0 0  0 
4 1
1 (1 − x )
1 1 1
 1 1  1  1
= ∫  − [0]3 + (1 − x)3  dx = ∫  (1 − x)3  dx = ∫ (1 − x ) dx = ⋅ −
3
=
0
6 6  0
6  60 6 4
0

173
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 (1 − 1) 1 (1 − 0 )
4 4
1 1 1
=− ⋅ + ⋅ = − ⋅ (0) 4 + ⋅ (1) 4 =
6 4 6 4 24 24 24

Exemplo E34: Cálculo da integral tripla ∫∫∫ xy sin( yz )dV , quando R um paralelepípedo retangular limitado pelos
R
π π
planos x = π , y = , z = e pelos planos coordenados:
2 3
π π
π 2 3

∫∫∫ xy sin( yz )dV = ∫ ∫ ∫ xy sin( yz )dzdydx


R 0 0 0
π π π π
π 2 3 π 2 π 2
 π
   π 
∫ ∫ ∫ xy sin( yz )dzdydx = ∫ ∫ − x cos( yz )  dydx = ∫ ∫  − x cos  y 3  + x cos (0 ) dydx =
3
0
0 0 0 0 0 0 0  
π π π
π 2 π π 2
 π   2
π 
= ∫ ∫ − x cos y  + x  dydx = ∫ ∫ − x cos y dydx + ∫ ∫ xdydx =
0 0 3   0 0 3  0 0
π π
π π
3 2π  π  2
= ∫ ∫ ⋅  − x cos y  dydx + ∫ ∫ xdydx =
π 003  3  0 0
π π
π 2 3

∫∫∫ xy sin( yz )dV = ∫ ∫ ∫ xy sin( yz )dzdydx


R 0 0 0

π π
3  π π    π 
= ∫  − x sin  ⋅  + x sin (0 )dx + ∫  x ⋅ − x ⋅ 0 dx =
π 0  3 2  0
2 
π π
3   π 2 
π π
π 3 x2 π2  π x2
= − ∫  x sin    dx + ∫ (x )dx = − ⋅ sin   + ⋅ =
π 0  6  20 π 2  6 0 2 2 0

3 (π ) 2  π 2  3 (π ) 2  (0) 2  π (π ) 2 π (0) 2
=− ⋅ sin   + ⋅ sin   + ⋅ − ⋅ =
π 2 6
  π 2  6  2 2 2 2

3π π 2  π3 3π π 2  π 3
= − sin   + 0 + − 0 = − sin   + .
2  6  4 2  6  4

1 1 1

∫∫∫x
2
Exemplo E35: Calculando y 2 z 2 dxdydz obtemos:
−1 −1 −1

1 1 1  x3 1
1 1  1 1
 (1) 3 2 2 (−1) 3 2 2 
∫∫∫ ∫∫ 3 ∫1−∫1  3 y z − 3 y z dydz =
2 2 2 2 2
x y z dxdydz =  y z dydz =
−1 −1 −1 −1 −1 
 − 1 
 −

1 
2 y3 2 
1 1 1 1 1
1 2 2 1 2 2  2 2 2
= ∫ ∫  y z + y z dydz = ∫ ∫  y z dydz = ∫  ⋅ ⋅ z  dz =
−1 −1 
3 3  −1 −1 
3  −1 
3 3 −1 
 
174
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 1 1
2 2  2 2  4 
= ∫  ⋅ (1)3 ⋅ z 2 − ⋅ (−1)3 ⋅ z 2  dz = ∫  ⋅ z 2 + ⋅ z 2  dz = ∫  ⋅ z 2  dz =
−1 
9 9  −1 
9 9  −1 
9 

 4 z 3 1  4 (1)3 4 (−1)3 4 1 4 1 4 4 8
= ⋅ = ⋅ − ⋅ = ⋅ + ⋅ = + =
 9 3 −1  9 3 9 3 9 3 9 3 27 27 27

2π 1 1− ρ 2 π
Exemplo E36: ∫ ∫ ∫
0 0 0
zρ dzdρdθ =
4
De fato:

 2 1− ρ 2 
 1− ρ 2   ρ. z
2π 1 1− ρ 2 2π 1 2π 1
 d ρ dθ =
∫ ∫ ∫
0 0 0
z ρ dzd ρ dθ = ∫
0 ∫0  ∫0

z ρ dz  d ρ dθ = ∫
 0 ∫0  2 
 0

ρ 
( ) − 0  d ρ dθ = ∫ ρ 2 
2

 2 (1 − ρ ) d ρ dθ =
2π 1 2π 1
=∫ ∫ 2 1− ρ 2 2

0 0
  0 0

 1 1  1 ρ2 ρ4 1 
( )
2π 2π
=∫ ∫
 0 2 ρ − ρ 3
d ρ  dθ = ∫  .( − )  dθ =
0 0
 2 2 2 0 

1 1 1
2π  2π 1 1
=∫ .(
 2 2 4− − 0)  d ρ dθ = ∫ . dθ =
0 0 2 4
1 2π 1 2π 1 π
= ∫ dθ = .θ 0 = (2π − 0) = .
8 0 8 8 4

175
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
y = a 2 − x 2 , para a > 0 . Sabe-se também
Exemplo E37: Suponha que um arame semicircular tenha a equação
que a densidade linear de massa é 3a g / cm em y = 0 e vai decrescendo linearmente em relação a y para um
valor de 2a g / cm em y = a .

A massa M do arame pode ser calculada mediante a integral de linha:

M = ∫ δ ( x, y )dS = ∫ (3a − y )dS


C C

sendo C a curva r (t ) = a cos(t )i + a sen (t ) j , 0 ≤ t ≤ π .

Assim r '(t ) = a 2 sen 2 (t ) + a 2 cos 2 (t ) = a .

Logo ,

M = ∫ (3a − y )dS = ∫ [3a - asen (t )]adt = (3π − 2)a g


π

C 0

Exemplo E38: Calcule a área da superfície cilíndrica que se estende verticalmente desde o círculo x 2 + y 2 = 4 no
plano xy até o cilindro parabólico z = 4 − x 2 . Veja a figura.

A área A da superfície em questão é dada por:

A = ∫ (4 − x 2 )dS
C

sendo C a curva r (t ) = 2 cos(t )i + 2 sen (t ) j , 0 ≤ t ≤ 2π .

Assim r '(t ) = 4sen 2 (t ) + 4 cos 2 (t ) = 2 .

176
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância

Então A = ∫ (2 − x 2 )dS = ∫ (4 − 4 cos 2 (t )) 2dt = 8π .
C 0

Exemplo E39: Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças F ( x, y ) = (e x − y 3 )i + (sen ( y ) + x 3 ) j numa
partícula que percorre uma volta na circunferência x 2 + y 2 = 1 no sentido anti-horário.

O trabalho W realizado pelo campo está dado por W = (e x − y 3 )dx + ( sen( y ) + x 3 )dy .

C

Tal integral de linha pode ser calculada, mediante o teorema de Green, como

 ∂ ( sen( y ) + x3 ) ∂ (e x − y 3 ) 
W = ∫∫  −  dA = ∫∫ (3 x + 3 y )dA ,
2 2

R 
∂ x ∂ y  R

sendo R o círculo contido em x 2 + y 2 = 1 .

Agora, basta integrar em coordenadas polares:

2π 1 3 2π 3
W = ∫∫ (3 x 2 + 3 y 2 )dA = 3∫ ∫ r rdrdθ = 4 ∫
2
dθ = π .
R
0 0 0 2
2 2
x y
Exemplo E40: Calcule a área envolvida pela elipse 2
+ 2 = 1.
a b
Seja C a curva sobre a elipse orientada em sentido anti-horário e R a região contida nela. Logo, a área A pode ser
calculada de duas formas:

A = ∫∫ dA = ∫ xdy e A = ∫∫ dA = ∫ − ydx
R C R C

1
2 C∫
ou ainda, como A= xdy − ydx . Pode-se usar a parametrização

r (t ) = a cos(t )i + b sen (t ) j , 0 ≤ t ≤ 2π .

Utilizando a última fórmula tem-se que

1 1 2π
A=
2C∫ xdy − ydx =
2 ∫0
(ab cos 2 (t ) + absen 2 (t ))dt = π ab .

177
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo E41: A função y ( x) = e −3 x + c é solução da equação diferencial y ′ + 3 y = 0 , pois substituindo
( )
y = e −3 x + c e y ' = −3e −3 x na equação diferencial, obtemos uma igualdade verdadeira: − 3e −3 x + 3 e −3 x + c = 0
⇒ c = 0, logo, ( )
− 3e −3 x + 3 e −3 x + 0 = 0 ⇒ − 3e −3 x + 3e −3 x = 0 .

Exemplo E42: A função y = sen(2 x) é solução da equação diferencial y ′′ + 4 y = 0 ; com a substituição de


y = sen(2 x) , y ' = 2 cos(2 x) e y ' ' = −4 sen(2 x) na equação dada, obtemos
− 4 sen(2 x) + 4 sen(2 x) = 0 , ou seja, 0=0.

Exemplo E43: Para mostrar que a função y (x) definida implicitamente por y 3 + 3 y − x 3 = 4 é solução da equação

x2
diferencial y′ = 2
3 3
, primeiro precisamos derivar implicitamente y + 3 y − x = 4 :
( y + 1)

dx dx y 2 + 1 dy x2 x2
3 y 2 + 3 − 3x 2 = 0⇒ = 2 ⇒ = 2 ⇒ y' = 2 .
dy dy x dx y + 1 y +1

x2
A seguir, substituindo y′ = na equação diferencial temos:
( y 2 + 1)

x2 x2 x2 x2
= ⇒ − = 0,
( y 2 + 1) ( y 2 + 1) ( y 2 + 1) ( y 2 + 1)

o que prova que a função y (x) é solução da equação diferencial dada.

Exemplo E44: A função y (t ) definida implicitamente por (1 + y 3 ) 2 = (1 + t 2 ) 3 é solução da equação diferencial

dy t (1 + y 3 )
= . De fato, procedendo a derivação, temos:
dt y 2 (1 + t 2 )

dy
2(1 + y 3 )3 y 2 = 3(1 + t 2 ) 2 2t
dt

dy
6 y 2 (1 + y 3 ) = 6t (1 + t 2 ) 2
dt

dy t (1 + t 2 ) 2
= ;
dt y 2 (1 + y 3 )
substituindo essa relação na equação dada, obtemos:

t (1 + t 2 ) 2 t (1 + y 3 )
= ,
y 2 (1 + y 3 ) y 2 (1 + t 2 )
178
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
ou (1 + t 2 ) 3 = (1 + y 3 ) 2 . Essa igualdade é uma identidade, pois satisfaz y (t ) .

dy  x = ψ (t ) dy φ '(t )
Exemplo E45: Lembrando que a derivada de  é = , podemos verificar que a função dada
dx  y = ϕ (t ) dx ψ '(t )

 x = α sen t β2 x
na forma paramétrica  é solução da equação y ′ = − .
 y = β cos t α2 y

 x = α sen t dy β sent
Então, como  temos =− ; substituindo na equação dada, resulta:
 y = β cos t dx α cos t

β sen t β 2 α sen t
− =− 2
α cos t α β cos t

sen t sen t
∴ = .
cos t cos t
2
Exemplo E46: Resolução da equação y′ + y = x2 .
x
a) Método de Bernoulli

Inicialmente consideramos y = u.v , com u e v funções incógnitas:

y = u.v ⇒ y ' = u '. v + u.v' .

2
Substituindo y e y’ na equação y′ + y = x 2 , obtemos:
x

2
u '.v + u.v + u.v' = x 2
x

 2 
v.u '+ u  + u.v' = x 2 .
 x 
Considerando que u pode ser determinada arbitrariamente, temos:

2
u '+ u = 0 ,
x

du 2 du dx
de onde = − u⇒∫ = −2 ∫ ⇒ ln u = −2 ln x ⇒ ln u = ln x −2 ⇒ u = x −2 .
dx x u x

Agora, substituindo u na equação, resulta que u.v' = x 2 e com a integração dessa EDO temos:

179
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
x5
x −2 .v' = x 2 ⇒ v' = x 2 .x 2 ⇒ v' = x 4 ⇒ v = ∫ x 4 dx ⇒ v = +C .
5
Assim, a solução geral da equação dada é:

 x5  1
y = u.v ⇒ y =  + C .x − 2 ⇒ y = x 3 + C.x − 2
 5  5

b) Método de Lagrange (Método de variação de parâmetros)

A equação linear homogênea correspondente à equação dada é:

2
y′ + y = 0,
x
cuja solução, obtida por integração, será
2
y = Ce ∫ x = Ce −2ln x = Celn x = Cx −2 .
− dx −2

2
Logo, a solução de Lagrange para a equação y′ + y = x 2 será da forma:
x
y = C ( x) x −2 .

Substituindo y = C ( x) x −2 e y ' = C ' ( x) x −2 − 2 x −3 C ( x) na equação dada, obtemos:

2
C ' ( x ) x − 2 − 2 x −3 C ( x ) + C ( x ) x − 2 = x 2
x
C ' ( x) x −2 − 2 x −3C ( x) + 2 x −3C ( x) = x 2

C ' ( x) x −2 = x 2

x5
C ' ( x) = x ⇒ C ( x) = ∫ x dx ⇒ C ( x) =
4 4
+C.
5

x5
Finalmente, substituindo C ( x) = + C em y = C ( x) x −2 , determinamos a solução geral:
5

 x5  1
y =  + C  x − 2 ⇒ y = x3 + Cx −2 .
 5  5
c) Determinação de um Fator Integrante
2
µ ( x) = e ∫ x = e 2ln x = eln x = x 2 , obtemos
dx 2
Multiplicando a equação por

180
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
2 2
x 2 y′ + x y = x 2 x 2 ⇒ x 2 y′ + 2 xy = x 4 .
x

d 2
O primeiro membro da equação acima é a derivada
dx
(x y ), logo:

d 2 x5
dx
(x y )= x ⇒ x y = ∫ x dx ⇒ x y = 5 + C .
4 2 4 2

1 3
A solução geral é y= x + Cx −2 .
5
É importante observar os resultados obtidos através dos três métodos.

2 1
Exemplo E47: Podemos escrever a equação x
2
y′ + 2 xy = 1 na forma y ′ + y = 2 , x ≠ 0 ; após identificada
x x
como uma equação linear, será resolvida pelo Método de Variação dos Parâmetros.

A solução da equação linear homogênea correspondente é:


2
y = C.e ∫ x = C.e −2ln x = C.eln x = C.x −2 .
dx
− −2

Logo, a solução de Lagrange será da forma y = C ( x). x −2 .

Derivando temos:

y ' = C ' ( x). x −2 + C ( x).(−2 x −3 )

Substituindo y = C ( x). x −2 e y ' = C ' ( x). x −2 + C ( x).(−2 x −3 ) na equação dada, temos:

2 1
C ' ( x). x − 2 + C ( x).(−2 x −3 ) + C ( x). x − 2 = 2 ,
x x

1
C ' ( x). x − 2 − 2C ( x). x −3 + 2C ( x). x −3 = ,
x2

1
C ' ( x). x − 2 = ,
x2

1
C ' ( x) = = 1.
x .x − 2
2

181
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Assim, C ( x) = ∫ dx = x + C e a solução geral é:

y = ( x + C ). x −2 ⇒ yx 2 = C + x .

Exemplo E48: Determinação da solução geral de y ′ cos


2
x + y = tg x .

Inicialmente, pelo Método de Bernoulli, consideramos y = u.v , com u e v funções incógnitas:

y = u.v ⇒ y ' = u '. v + u.v' .

Substituindo y e y’ na equação y′ cos 2 x + y = tg x , obtemos:

(u ⋅ v '+ u '⋅ v) ⋅ cos 2 x + u ⋅ v = tg x

u ⋅ v '⋅ cos 2 x + u '⋅ v ⋅ cos 2 x + u ⋅ v = tg x

v(u '⋅ cos 2 x + u ) + u ⋅ v '⋅ cos 2 x = tg x

Considerando que u pode ser determinada arbitrariamente, temos:

du du dx
u '⋅ cos 2 x + u = 0 ⇒ cos 2 x = −u ⇒ ∫ = −∫ ⇒ ln u = − tg x
dx u cos 2 x
⇒ u = e − tgx .

Agora, substituindo u na equação, resulta que u ⋅ v '⋅ cos 2 x = tg x e após a integração dessa EDO determinamos v:

dv etgx ⋅ tgx etgx ⋅ tgx


⇒ ∫ dv = ∫
2 − tgx 2
u ⋅ v '⋅ cos x = tg x ⇒ e ⋅ v'⋅ cos x = tgx ⇒ = dx
dx cos 2 x cos 2 x
1
⇒v =∫ 2
e tgx ⋅ tgxdx ⇒ v = ∫ e tgx ⋅ tgx ⋅ d (tgx) ⇒ v = e tgx ⋅ (tgx − 1) + C (integral por partes).
cos x
Como y = u.v , temos:

y = e − tgx (e tgx ⋅ (tgx − 1) + C ) = (tgx − 1) + C ⋅ e − tgx

y + 1 = tgx + Ce − tgx

Exemplo E49: Resolução da equação diferencial linear y′ + x 2 y − x 2 = 0 .

Supondo que y = u.v , com u e v incógnitas, derivando y e substituindo, juntamente com sua derivada, na equação,
resulta:
y′ + x 2 y − x 2 = 0

182
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
u '⋅v + u ⋅ v'+ x 2 ⋅ u ⋅ v = x 2

v(u '+ x 2 ⋅ u ) + u ⋅ v' = x 2 .

Considerando u '+ x 2 ⋅ u = 0 , obtemos:

du du x3 − x3
= − x2 ⋅ u ⇒ ∫ = − ∫ x 2 ⋅ dx ⇒ ln u = − ⇒ u=e 3 .
dx u 3

Levando u na equação:

dv x 2 x3 x3 x3  x3 
u ⋅ v' = x 2 ⇒ = − x3 ⇒ dv = x 2 ⋅ e 3 ⋅ dx ⇒ v = ∫ x 2 ⋅ e 3 ⋅ dx ⇒ v = ∫ e 3 ⋅ d  
dx e 3  3 
x3

∫ e ⋅ dt ⇒ v = e + C ⇒ v = e 3 + C .
t t
⇒v =

− x3
 e x3 + C  = 1 + e − 3x ⋅ C ⇒ y = 1 + Ce −3x3 é a solução geral.
3 3

Então, y = e 3
 
 

dy ty
Exemplo E50: A equação + = t + arcsen t tem solução geral
dt 1 − t 2

1 
y = 1 − t 2  (arcsen t ) 2 − 1 − t 2 + C  .
2 
De fato:

dy ty
A equação linear homogênea + = 0 , tem solução
dt 1 − t 2

t 1 −2 t 1 1
− ∫ 1−t 2 dt ∫ dt
ln(1−t 2 ) 2 2 2
y = C.e = C.e 2 1−t 2
= C.e = C.(1 − t ) .

Logo, a solução de Lagrange para a equação dada no exemplo será da forma:


1
2
y = C (t ).(1 − t ) . 2

1 1

2 2
Substituindo y e y ' = C ' (t ).(1 − t ) − t.C (t ).(1 − t )
2 2
na equação, resulta:

1
1 1
− tC (t ).(1 − t 2 ) 2
C '(t ).(1 − t ) − t.C (t ).(1 − t 2 )
2 2 2
+ = t + arcsen t ,
1− t2

183
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 1 1
− −
2 2 2 2
C '(t ).(1 − t ) − t.C (t ).(1 − t ) 2
+ tC (t ).(1 − t ) 2
= t + arcsen t ,
1
2
C ' (t ).(1 − t ) = t + arcsen t .
2

De onde:

t + arcsen t t + arcsent
C ' (t ) =
2
1
⇒ C (t ) = ∫ 1− t2
dt ,
(1 − t ) 2

ou seja,

t arcsent
C (t ) = ∫ dt + ∫ dt :
2 2
1 − t
  1 − t
(1) (2)

1 1 1
t − 1 − 1 −
∫ dt = ∫ t (1 − t ) dt = − ∫ −2t (1 − t 2 ) 2 dt = − ∫ (1 − t 2 ) 2 d (1 − t 2 ) =
2
(1) 2

1− t2 2 2

1
1
=− .2(1 − t 2 ) 2 = − 1 − t 2 + C ;
2

arcsent arcsen 2t
(2) ∫ 1− t2
dt =
2
+C

Então,

arcsen 2 t
C (t ) = − 1 − t 2 + +C.
2
Finalmente, como a solução é da forma y = C (t ). 1 − t 2 , resulta:

1 
y = 1 − t 2  (arcsen t ) 2 − 1 − t 2 + C  .
2 

2
Exemplo E51: Determinação dos pontos críticos da solução y (x) da E.D.O y '+ y − x = 0 e cálculo do limite
x
lim y ( x) .
x→0

Inicialmente, supondo que y = u.v , temos:

2  2 
u '⋅v + u ⋅ v'+ ⋅ u ⋅ v − x = 0 ⇒ v u '+ ⋅ u  + u ⋅ v' = x .
x  x 
2
De u '+ ⋅ u = 0 obtemos u = x −2 .
x

184
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
dv x4
u = x −2 na equação, resulta u ⋅ v' = x ⇒ x −2 ⋅ ∫ dv = ∫ x dx ⇒ v =
3
Substituindo =x ⇒ +C.
dx 4
Logo, a solução geral, y = u.v , da EDO é:
 x4  1 x2 C
y =  + C  2 = + .
 4 x 4 x2

dy
Os pontos críticos da solução são obtidos a partir de = 0.
dx
Como:

dy 2 x 2C dy x 2C dy x 4 − 4C
= − 3 ⇒ = − ⇒ = ,
dx 4 x dx 2 x3 dx 2 x3
temos

x 4 − 4C
= 0 ⇒ x4 − 4C = 0 ⇒ x = ± 4 4C .
2x3
A seguir, temos o cálculo de lim y ( x) :
x→0

 x2 C  x2 C
para C > 0: lim + 2  = +
∞ , pois lim = 0 e lim 2 = +
∞ ;
x →0
 4 x  x →0 4 x →0 x

 x2 
para C = 0: lim  = 0 ;
x →0
 4 

 x2 C  x2 C
para C < 0: lim  + 2  = +∞ , pois lim = 0 e lim 2 = +∞ .
x →0
 4 x  x →0 4 x →0 x

Exemplo E52: Determinação de intervalo de validade da solução do PVI

 2
 y '+ y − x = 0
 x .
 y (−2) = 3
A solução geral da EDO (exemplo anterior) é da forma:

x2 C
y= + .
4 x2
Com a substituição da condição inicial y (−2) = 3 na solução geral, é obtida a solução do PVI:

(−2) 2 C
3= + ⇒ C = 12 − 4 ⇒ C = 8.
4 (−2) 2

185
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
x2 8
Logo, a solução do PVI é y= + 2.
4 x

dx
Agora, analisando quando = 0 podemos determinar onde a derivada de y não está definida:
dy
x2 8 dy 2 x 8 dy x 16 dy x 4 − 32 dx 2 x3
y= + ⇒ = − 2⋅ 3 ⇒ = − ⇒ = ⇒ =
4 x 2 dx 4 x dx 2 x3 dx 2 x3 dy x 4 − 32

2 x3
= 0 ⇒ 2x3 = 0 ⇒ x = 0.
x 4 − 32

dy
Então, o intervalo onde está definida é (−∞, 0) ∪ (0, +∞) e o maior intervalo que contém x0 = − 2 é (−∞, 0).
dx

Exemplo E53: A equação de Bernoulli yy '+ xy 2 − x = 0 ⇒ y '+ xy − x ⋅ y −1 = 0 é transformada numa equação

linear de primeira ordem mediante a mudança de variável z = y 1−( −1) = y 1+1 = y 2 .

De fato:

A equação dada pode ser escrita na forma:

dy
y + xy 2 − x = 0 ,
dx

dz dy
e com a substituição z = y2 ⇒ = 2y ,
dx dx

1 dz dz
obtemos a equação + xz = x ⇒ + 2 xz = 2 x , que é uma equação linear em z.
2 dx dx

e∫
2 xdx 2
Multiplicando essa equação obtida pelo fator integrante = e x , resulta

dz x2
dx
2 2
e + 2 xze x = 2 xe x ⇒
d x2
dx
( 2
e ⋅ z = 2 xe x , )
2
ex C
cuja solução geral é e ⋅ z = ∫ 2 xe dx = ∫ e d ( x ) = e + C ⇒ z =
x2 x2 x2 2 x2
x2
+ 2
, ou seja,
e ex
2
z = 1 + Ce − x .
2
Como z = y 2 , a solução da equação de Bernoulli dada é y 2 − 1 − Ce − x = 0 .

186
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo E54: A equação diferencial y '+ y 2 − 2 y + 1 = 0 tem a forma de uma equação de Riccatti com coeficientes
constantes. Considerando que a equação quadrática y 2 − 2 y + 1 = 0 tem raízes y1 = y 2 = 1 , ou seja, é conhecida
1
uma solução particular y = y1 da equação diferencial de Riccatti, a mudança de variável y = y1 + reduz essa EDO
z
a uma equação linear em z.

1 z'
Então, substituindo y = 1+ e y ' = − 2 na equação, obtemos:
z z
2
z'  1   1
− 2 + 1 +  − 21 +  + 1 = 0 ,
z  z  z

z' 2 1 2
− +1+ + 2 − 2 − +1 = 0 ,
z 2
z z z

z' 1 dz
− + 2 = 0 ⇒ − z '+1 = 0 ⇒ = 1 (equação linear em z).
z 2
z dx
A solução da equação resultante é z = x + C .

Portanto, a solução geral da equação de Riccatti dada é :

1 x + C +1
y = 1+ ⇒ y= .
x+C x+C

Exemplo E55: Para a equação de Riccatti y '+4 y 2 − 9 = 0 , diferentemente do exemplo anterior, são conhecidas duas

3 3 2
soluções particulares distintas y1 = − e y2 = , que são as raízes da equação quadrática 4 y − 9 = 0 .
2 2

y − y1
= C.e ∫
p ( x )( y2 − y1 ) dx
Neste caso, a solução geral será da forma .
y − y2

Então,

3 2y −3
y− 3 3
2 = C.e ∫  2 2  ⇒ 2 = C.e ∫12 dx ⇒ 2 y − 3 = C.e12 x
4  +  dx

3 2y + 3 2y + 3
y+
2 2

⇒ 2 y − 3 = (2 y + 3)C.e
12 x
⇒ 2y = 2 yC.e12 x + 3C.e12 x + 3

12 x
⇒ 2 y − 2 yC.e = 3C.e12 x + 3 .

187
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
3 (C.e + 1)
12 x

Logo, y = − .
2 (C.e12 x − 1)

y2
Exemplo E56: A solução geral da equação de Riccatti 2 y '− = 1 , que tem y = x como uma solução particular, é
x2
2x
y=− +x.
ln x

1 1
Através da mudança de variável y = x+ (com derivada y ' = 1 − 2 ⋅ z ' ), é possível obter uma equação linear
z z
na variável z. Assim, substituindo y e sua derivada na equação dada, temos:

2
1 1 1 1 1
1− ⋅ z '−  x +  ⋅ 2 = ,
z 2
2 z x 2

1 1 1 1 1
1− 2
⋅ z '− − − 2 2 = ,
z 2 xz 2 z x 2

1 1 1 1 1
2
⋅ z '+ + 2 2 = − + + 1 ,
z xz 2 z x 2 2

z 1
z '+= − 2 ( EDO linear de primeira ordem).
x 2x
1
z 1 ∫ dx
Um fator integrante para essa equação z '+ = − é e x
= eln x = x .
x 2x 2

Portanto, multiplicando a equação linear pelo fator integrante, obtemos:

1 d 1 1 1 1 1
z '⋅ x + z = − ⇒ (z ⋅ x ) = − ⇒ z ⋅ x = − ∫ dx = − ln x ⇒ z = − ln x .
2 x dx 2x 2 x 2 2x

1 2x 2x
Como z= , temos y − x = − ⇒y=− +x.
y−x ln x ln x

Exemplo E57: Se y1 ( x) = x 2 e y 2 ( x) = x x , temos que W(x) = 0.

 x2 , x ≥ 0
Considerando que y 2 ( x) = x x ⇒ y 2 ( x ) =  2
,
− x , x < 0
temos para x ≥ 0:

x2 x2
W ( x) = = x 2 ⋅ 2x − x 2 ⋅ 2x = 0 ;
2x 2x

188
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
agora, quando x < 0:

x2 − x2
W ( x) = = x 2 ⋅ (−2 x) − (− x 2 ) ⋅ 2 x = − x 2 ⋅ 2 x + x 2 ⋅ 2 x = 0 .
2x − 2x

Exemplo E58: As funções y1 = e λ1x e y 2 = e λ2 x são linearmente independentes sempre que λ1 e λ 2 são números

reais distintos, pois nessa situação ( λ1 ≠ λ 2 ) o Wronskiano é não nulo:

e λ1x e λ2 x
W ( x) = = e λ1x ⋅ λ 2 ⋅ e λ2 x − e λ2 x ⋅ λ1 ⋅ e λ1x ,
λ1 ⋅ e λ1x λ2 ⋅ e λ2 x

e λ1 x e λ2 x
W ( x) = λ1 x λ2 x
= e λ2 x + λ1 x (λ 2 − λ1 ).
λ1 ⋅ e λ2 ⋅ e

Exemplo E59: As funções y1 ( x) = x ⋅ e λx e y 2 ( x) = e λx são soluções linearmente independentes da equação


y"−2λy '+λ2 y = 0 :

Primeiramente, substituindo y1 ( x) = x ⋅ e λx e suas derivadas ( y1 ' ( x) = x.λ.e λx + e λx e

y1 ' ' ( x) = λ .e λx + x.λ2 .e λx + λe λx = 2λ .e λx + x.λ2 .e λx ) na equação y"−2λy '+λ2 y = 0 , podemos


verificar y1 é solução dessa equação.
De fato:

(
2λ.e λx + x.λ2 .e λx − 2λ x.λ.e λx + e λx + λ2 x.e λx = 0 )
2λ .e λx + 2λ2 .x.e λx − 2 xλ2 .e λx − 2e λx = 0 ⇒ 0=0.

De modo análogo podemos mostrar que y 2 ( x) = e λx é solução da equação dada.

Agora, para mostrar que y1 e y 2 são linearmente independentes, calculamos W(x):

xeλ x eλ x
W ( x) = λ x
e + λ xeλ x λe λx (
= xeλ x .λ eλ x − eλ x (eλ x + λ xeλ x ) = )

= xλ (eλ x ) − (eλ x ) − λ x (eλ x ) =


2 2 2

= − (eλ x ) ≠ 0.
2

Portanto, como W(x) ≠ 0, as soluções y1 e y 2 são linearmente independentes.

189
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
senx cos x
Exemplo E60: As funções y1 = e y2 = são soluções, linearmente independentes, da equação
x x
xy "+ 2 y '+ xy = 0 .

senx
A função y1 = e suas derivadas abaixo,
x

x cos x − senx
y1 ' =
x2
e

− x 3 senx − 2 x 2 cos x − 2 x ⋅ senx


y1 " = ,
x4

verificam xy "+ 2 y '+ xy = 0 :

 − x 3 senx − 2 x 2 cos x − 2 x ⋅ senx   x cos x − senx  senx


x  + 2 + x⋅ =
 x 4
  x 2
 x

 − x 3 senx − 2 x 2 cos x − 2 x ⋅ senx + 2 x 2 cos x − 2 xsenx + x 3 senx 


 3
 = 0 .
 x 
cos x − xsenx − cos x
O mesmo acontece com y 2 = , y2 ' = e
x x2

− x 3 cos x + 2 x 2 ⋅ senx + 2 x ⋅ cos x


y2 " = :
x4

 − x 3 cos x + 2 x 2 ⋅ senx + 2 x ⋅ cos x   − xsenx − cos x  cos x


x  + 2 + x⋅ =
 x 4
  x 2
 x

 − x 3 cos x + 2 x 2 ⋅ senx + 2 x ⋅ cos x − 2 x 2 senx − 2 x cos x + x 3 cos x 


  = 0 .
 x3 

Além disso, o Wronskiano dessas funções é dado por:

senx x ⋅ cos x − senx


x x2 senx − ( x ⋅ senx + cos x) cos x x ⋅ cos x − senx
= ⋅ − ⋅ =
cos x − ( x ⋅ senx + cos x) x x2 x x2
x x2

190
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
− ( x ⋅ sen 2 x + senx ⋅ cos x) ( x ⋅ cos 2 x − senx ⋅ cos x)
= − =
x3 x3

− x ⋅ sen 2 x − x ⋅ cos 2 x + senx ⋅ cos x − senx ⋅ cos x − x ⋅ ( sen 2 x + cos 2 x) 1


= 3
= 3
= − 2 ≠ 0.
x x x

Como W(x) ≠ 0, y1 e y 2 são linearmente independentes.

Exemplo E61: Dada a EDOLH de segunda ordem 3 y"+2 y ' = 0 , as raízes da equação característica 3λ2 + 2λ = 0

2
são λ1 = 0 e λ 2 = − , logo a solução geral é:
3

− 23 ⋅ x − 23 ⋅ x
y = C1e 0⋅ x + C 2 e ⇒ y = C1 + C 2 e .

Exemplo E62: Para a equação y"+4 y '+8 y = 0 , temos raízes características

−4 ± 16 − 4(1)(8) −4 ± −16 −4 ± 16 ⋅ i 2 −4 ± 4i
λ1,2 = = = = = −2 ± 2i , e portanto,
2 2 2 2
y = e −2⋅ x (C1 cos 2 x + C 2 sen2 x) é a solução geral.

Exemplo E63: A equação característica da EDOLH y"+ y '−2 y = 0 é λ2 + λ − 2 = 0 , com raízes


− 1 ± 1 − 4(−2)( 1) − 1 ± 3
λ1, 2 = = ⇒ λ1 = 1 ; λ 2 = −2 . Assim, a solução geral dessa equação diferencial
2 2
é y = C1e x + C 2 e −2⋅ x .

Exemplo E64: Dada a equação y"+4 y ' = 0 , a equação característica é λ2 + 4λ = 0 , que tem raízes distintas

λ1 = 0 e λ 2 = −4 . Então y1 = e 0 x = 1 e y1 = e −4 x são duas soluções linearmente independentes dessa

equação. Portanto, solução geral é y = C1 + C 2 e −4⋅ x .

Exemplo E65: A equação y"−2 y '+2 y = 0 tem λ2 − 2λ + 2 = 0 e


2 ± 4 − 4(2)( 1) 2 ± 4 ⋅ i 2 2 ± 2i
λ1, 2 = = = = 1 ± i como equação e raízes características,
2 2 2
respectivamente; assim a solução geral é y = e x (C1 cos x + C 2 senx) .

191
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Exemplo E66: A solução geral da EDOLH y"+2 y '+4 y = 0 é y = e − x (C1 cos 3 x + C 2 sen 3 x) , pois as
raízes da equação característica λ2 + 2λ + 4 = 0 são

−2 ± 4 − 4(4)(1) −2 ± 12 ⋅ i 2 −2 ± 2 3i
λ1,2 = = = = −1 ± 3i .
2 2 2

Exemplo E67: Dada a EDOLH 9 y"+6 y '+ y = 0 , a equação característica tem raízes repetidas:

−6 ± 36 − 4(9)(1) −6 1
λ1,2 = = =− .
2⋅9 18 3
− 13 ⋅ x − 13 ⋅ x
Portanto, a solução geral é y = C1e + C2 xe .

2 2
⋅x ⋅x
Exemplo E68: A equação 2 y"−2 2 y '+ y = 0 tem solução geral y = C1e 2 + C2 xe 2 , pois as raízes da
equação característica são:

2 2 ± 8 − 4(2)(1) 2 2 2
λ1,2 = = = .
2⋅2 4 2

Exemplo E69: Determinando a solução geral de 4 y"−4 y '+3 y = 0 , obtemos


x   2   2 
y = e 2  C1 cos x  + C 2 sen x   , pois a equação 4λ2 − 4λ + 3 = 0 tem raízes
 
  2   2 

4 ± 16 − 4(4)(3) 4 ± 32 ⋅ i 2 4 ± 4 2i 1 ± 2i
λ1,2 = = = = .
2⋅2 4 8 2

Exemplo E70: A EDOLH 2 y"−5 3 y '+6 y = 0 tem raízes da equação característica

5 3 ± 75 − 48 5 3 ± 3 3 3
λ1,2 = = ⇒ λ1 = 2 3 ; λ 2 = , e portanto, solução geral
2⋅2 4 2
3
3⋅ x ⋅x
y = C1e 2 + C2e 2 .

192
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
Respostas de listas dos capítulos 1 e 2

Respostas Lista 1.2.5

4 x 121
4. Resp: ∫∫
1 x /2
( x + y )dydx =
40
2 y −1 3
5. Resp: ∫∫
1 − y +1
( x 2 − y )dxdy = −
2
1 x 4
6. Resp: ∫∫
0 x3
( x − y )dxdy =
105
1 2x
∫∫
2
7. Resp: e x dydx = e − 1
0 0

1 2x
8. Resp: ∫∫
0 0
cos( x 2 )dydx = sen(1)

6 3x
9. Resp: ∫∫
0 x 2 /2
dydx = 18

2 4− x2
10. Resp: 4∫ ∫ ( x 2 + y 2 )dydx = 8π
0 0

2 y2 1
11. Resp: ∫∫ 0 0
cos( y 3 )dydx = sen(8)
3

5 25 − x 2  x2 + y 2  25π
4∫ ∫ 1 − dydx 4 ⋅
0 0
 25  8 =1
12. Resp: =
25π 25π 2

 1 9− x2
4  ∫ ∫ 2 (x 2 + y 2 )dydx + ∫ ∫ (x 2 + y 2 )dydx 
3 9− x2
13. Resp:
 0 1− x 1 0

1 y2 8
14. Resp: ∫∫ −1 y −1
dxdy =
3
1 4− x2 625
15.Resp: ∫ ∫ −4 3 x
( x + 4)dxdy =
12
1 − y +12 1 0 x +12 1 − x +12 1
16. Resp: ∫∫ 0 y −1
( x + y )dxdy =
3 ∫∫
−1 0
( x + y )dydx + ∫
0 0∫ ( x + y )dydx =
3
2
r r 2 − x2 16 3
17. Resp: 8∫ ∫ r 2 − x 2 dydx = r
0 0 3

Respostas Lista 2.1

1
∫t
11
1. a) 1 + 4t 2 + 9t 4 dt ≈ 0, 277
0

193
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
1 1
∫t
11
b) dt =
0 12
1 2
c) ∫ 2t dt =
12

0 13
1 3
d) ∫ 3t dt =
13
0 14
2. a) − 1

3
b) Resp: −
2
4
c) Resp: −
π

3
3. Resp: 1 − e

4. a) Resp: − 1.

b) Resp: −4

6. a) Resp: 0

7
b) Resp: −
3
α 2
7. Resp: se f ( x, y ) = α x 2 + y 2 com α constante de proporcionalidade, M =
2
( )
e −1 .

11
8. a) Resp:
15
b) Resp: 5

    1 
9. Resp: F ( x, y, z ) = 0i + 0 j −  90 − z  k ,
 5 
5
r (t ) = 5 cos(t )i + 5sen (t ) j + t k , 0 ≤ t ≤ 8π .

5 8π  t 
W=
2π ∫0 
 2π
− 90  dt = −1760 Nm

Respostas Lista 2.2

1. a) Resp: Sim, ϕ ( x, y ) = xy + c

b) Resp: Sim, φ ( x, y ) = e x sen( y ) + c

194
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância
c) Resp: Não

d) Resp: Sim ϕ ( x, y ) = cos( xy )

2. b) Resp: 0

c) Resp: 0

3. Resp: 45

195
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196
Curso de Licenciatura em Matemática a Distância

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