Você está na página 1de 12

Tema # 5: A Direcção do processo de ensino da matemática em situações típicas.

Subtema: Tratamento metodológico de conceitos e definições matemáticas.

Sumário: --Importância do tratamento de conceitos e definições matemáticas.


– Fundamentos lógicos da elaboração de conceitos e definições.
– Objectivos gerais na assimilação de um conceito.
– Estrutura metodológica da elaboração de um conceito por via Dedutiva/indutiva.
– Exemplos.
- Bibliografia
 Importância do tratamento de conceitos e definições matemáticas
A importância da elaboração de conceitos e definições matemáticos, reside no facto de
que o ensino da matemática deve estruturar – se cuidadosa e multilateralmente pelas
seguintes razões:
— A compreensão dos conceitos e definições matemáticas é fundamental para o
entendimento das relações matemáticas.
— Uma condição prévia importante para capacidade de aplicar o aprendido de forma
segura e criadora.
— A formação de conceitos e definições de forma claras, representa um ponto essencial
para o treino verbal – lógico.
— Possibilidade de transmitir na elaboração de conceitos, importantes noções
ideológicas da teoria do conhecimento e de desenvolver uma serie de valiosas
qualidades do carácter.

 Alguns fundamentos lógicos da elaboração de um conceito


As raízes científicas para o trabalho com conceitos e definições encontram – se na
lógica.
Por conceito: entende – se como o reflexo mental de uma classe de objectos, processos,
relações da realidade objectiva ou da consciência sobre a base de suas características
invariantes.
A definição: é o reflexo verbal e rigoroso de uma classe de objectos, processos ou
relações sobre a base de suas características invariantes.
No conceito podemos distinguir, a sua extensão e o seu conteúdo.
Por extensão de um conceito entendemos a classe de objectos a que se refere.
Exemplo: Triângulos equiláteros.
Por conteúdo de um conceito entendemos o total de características que são comuns a
todos os objectos.
Exemplo: No caso de triângulos equiláteros, estas características são figuras planas,
com três vértices não-alinhadas, três lados iguais, etc.
Entre o conteúdo de um conceito e a extensão do mesmo, existe a chamada lei de
reciprocidade, quer dizer, quanto maior for o conteúdo de um conceito, menor será a
extensão do mesmo e vice – versa.
Exemplo: Estudantes do ISCED
Estudantes do ISCED da especialidade de matemática
Estudantes do ISCED da especialidade de matemática do 3º ano
Desde o ponto de vista metodológico, resulta conveniente a seguinte subdivisão dos
conceitos:
— Conceitos de objectos
— Conceitos de operação
— Conceito de relação
O conceito de objecto designa a classe de objectos reais ou ídeias que se podem
caracterizar, por meio de representações.
Exemplo: Quadrado, triângulos, números primo, teorema, etc.

O conceito de operação designa as acções que se efectuam com objectos.


Exemplo: Adição, subtracção, divisão, bissecção de um ângulo, etc.
O conceito de relação, reflecte as relações existentes entre objectos.
Exemplo: É menor que, é igual, é paralelo a, é congruente, etc.

 Objectivos gerais na assimilação de um conceito


Os alunos devem:
— Poder indicar exemplos para conceitos tratados.
— Conhecer e utilizar correctamente as denominações dos conceitos.
— Poder nomear propriedades do conceito.
— Estar em condições de indicar contra exemplos, e de fundamentar.
— Conhecer as relações com os demais conceitos.
— Poder indicar casos especiais e casos limites.
 Elaboração de conceitos e definições

O processo total de elaboração de conceitos e definições tem três fases:

A 1ª fase é a fase propedêutica ou de considerações e exercício preparatório quer dizer


os alunos conhecem parcialmente o conceito muito antes do seu tratamento na aula,
porque já o utilizavam na linguagem comum (por ex: ângulo, quadrilátero, semelhantes,
etc...). Em outras ocasiões trabalha – se conscientemente de forma implícita na
preparação de conceitos.
Por exemplo, desde a 1ª classe que os alunos trabalham de múltiplas formas com
funções antes de trabalhar com o conceito e a definição de função; se converte
explicitamente em objecto do ensino na 8ª classe (reajustar com a reforma educativa em
vigor).

A 2ª fase da formação do conceito propriamente dita, a elaboração está dada desde o


A.N.P, motivação, O.P.O e passa pela separação de características comuns e não
comuns, até chegar a definição ou a explicação do conceito. Esta fase está estreitamente
relacionada com o objectivo de capacitar o aluno para definir.

A 3ª fase é de assimilação e fixação do conceito e inclui a exercitação, sistematização e


aplicações do conceito dado atráves de acções mentais e práticas.

 Vias de obtenção de conceito

Podemos diferenciar duas vías fundamentais, através das quais faz – se a condução do
aluno aos novos conceitos que são:
Via indutiva
O conceito se desenvolve por meio de descrições, explicações até chegar a definição. A
definição se elabora passo a passo. Esta via conduz por tanto do particular ao geral
Via dedutiva
Parte – se da definição do conceito. O conteúdo do conceito é descoberto mediante
exemplos, descrições, explicações e aplicações. Esta via conduz portanto do geral ao
particular.
De uma forma geral o processo parcial de formação de conceito e suas definições quer
por via dedutiva ou por via indutiva, obedece as seguintes fases:
I - Orientação para o problema
II- Trabalho com o problema
III- Solução do problema
IV- Considerações retrospectivas e perspectivas

Objectivo principal: Ter conhecimentos seguros sobre as características do objecto ou


conceito a estudar
 Estruturação metodológica da formação de conceitos

 VIA INDUTIVA
(O conceito de paralelogramo). Exemplo

Objectivo principal: Ter conhecimentos seguros sobre as características dos


quadriláteros (paralelogramo).

I. orientação para o problema


A.N.P
P- Nas aulas passadas estudaram o conceito de quadrilátero convexo (ABCD) como o
conjunto dos pontos que possuem as seguintes propriedades:
Três dos pontos A, B, C e D não estão situados na mesma recta
Ao conjunto pertencem somente os pontos dos segmentos AB, BC, CD, DA. Estes
segmentos chamam – se lados do quadrilátero.
P- Realizamos construções de quadriláteros, viram também o conceito de trapézio,
como todo quadrilátero convexo com um par de lados paralelos. E concluímos que todo
trapézio é um quadrilátero mas nem todo quadrilátero é um trapézio.
P- O que significa “ nem todo quadrilátero é um trapézio”?
A- Que existe quadriláteros que não são trapézio?
Motivação
P- Que nomes recebem estes quadriláteros que não são trapézio?
P -Que propriedades devem ter?
P -Qual é a forma destes quadriláteros que não são trapézio?
O.P.O:
P- Na aula de hoje estudarão outros casos de quadriláteros que não são trapézio. Isto é o
nome que recebe, as suas propriedades e a forma que tem.

II. Trabalho com o problema (reflectir sobre as estratégias a usar para…)

Desenvolvimento P – Como temos procedido em casos anteriores ?


ou P – Como procedemos com o caso do trapézio?
Elaboração A ou P – Partimos de casos particulares para se chegar ao geral
do A ou P – Analizamos certas figuras de análise e chegamos a
definição
Conteúdo- conhecimento Enfim, reflecções como: o que vamos fazer, por onde
comecar, de acordo aos dados
(conceito) que estratégias usar, que conhecimentos matemáticos
(definição,teorema,formula,etc…)
Usar para responder a todas estas questões?

P – Tendo em conta a estratégia a seguir, façam algumas figuras de análise no quadro.

2cm 4cm

7cm
1,5cm 2,5cm

III Solução do problema

P. Observem atentamente as figuras


P. Quais são as características comuns e não comuns destas figuras?
A. Tem diferentes tamanhos.
A. Tem diferentes posições
A. São todos quadriláteros convexos
P. Para além destas características, o que é que podem dizer com respeito aos lados
opostos?
A. Os lados opostos são iguais em longitude.
P. Qual é a relação existente entre os lados opostos de cada figura?
A. Os lados opostos sao paralelos dois a dois
P. Que nome a dar a estas figuras planas que cumprem com estas características?
P. Recebem o nome de paralelogramo
P. Então, quem pode dar uma definição conveniente de paralelogramo tendo em conta o
estudo feito até agora?
A. Paralelogramos são todos os quadriláteros que têm os seus lados opostos iguais e
paralelos dois a dois
P. Muito bem, esta é a definição que está no vosso LT.da 7ª classe, pág.37 (reajustar
com a ref. Educ) como def. nº 20 “chama – se paralelogramo, a todo o quadrilátero que
possui dois pares de lados opostos e paralelos”.

IV Considerações, retrospectivas e perspectivas.


P. Quando é que uma figura plana é um paralelogramo?
A. Quando for um quadrilátero e possuir dois pares de lados opostos e paralelos.
P. O que é que vocês acham da relação entre o conceito de paralelogramo e de
quadrilátero?
A. Todo paralelogramo é quadrilátero mas nem todo quadrilátero é um paralelogramo.
P. E que relação existe entre paralelogramo e trapézio?
A. Todo paralelogramo é um trapézio mas nem todo trapézio é um paralelogramo.
P. O que são paralelogramo e trapézio com respeito aos quadriláteros?
P ou A. Trapézios e paralelogramo são casos especiais de quadriláteros.
A. Como obtiveram a definição do conceito paralelogramo?
P ou A. Partimos de casos particulares, analizamos as características comuns e não
comuns e dos comuns e necessários extraímos o conceito de paralelogramo.
P- Podemos proceder assim ou desta forma na elaboração de outras definições?

Estrutura da assimilação e fixação de um conceito


Para assimilar um conceito, o aluno têm que realizar as seguintes acções:
– Identificar o conceito
– Realizar o conceito
– Aplicar o conceito
Por identificação de um conceito entende – se a determinação de pertença ou não
pertença de objectos e relações a conceitos determinados. Naturalmente para a
identificação do conceito utilizam – se exercícios e aumenta – se sistematicamente o seu
grau de dificuldade.

Na identificação de um conceito de objecto, deve – se mostrar objectos correspondentes


e comprovar se estes pertencem ou não as características determinadas pelo conceito.
Na identificação de um conceito de relação deve-se dar n-uplas de objectos e comprovar
se entre os elementos dos n-uplas existe ou não a relação dada pelo conceito.
Na realização de um conceito deve – se:
- Criar objecto ou
- Completar objecto ou
- Transformar os existentes ou
- Relaciona – los, de maneira que se originam representantes dos conceitos dados.
A fixação contempla antes de tudo, as aplicações e o ordenamento do conceito num
sistema de conceitos

 VIA DEDUTIVA
Exemplo: Obtenha a definição do conceito “ continuidade de uma função ”,por via
dedutivo.
Resolução
1º Partir da Definição
Seja f uma função numérica, f é contínua em xo sse: -f (xo) existe
-lim f (x) existe quando x—> xo
- f (xo) = lim f(x) quando x—>xo
2º Dar exemplos de funções onde se verifica o cumprimento das características da
definição

 Sub-exemplo 1:
Prove que a função f (x) = senx é contínua em xo = 0
Resolução: verificar as condições da definição
— f(x) =senx é uma função numérica e Xo = 0 é um ponto,
— f(x) é contínua em xo se:
1° f(x) = senx existe em xo = 0 logo f(x) = senx é continua no ponto Xo=0
f(0) = seno = 0; f (0) existe por cumprir as três condições exigidas na
definição,
2° lim f(x) = lim senx , existe em simultáneo
x->xo x->o
Pois que lim senx = o. Existe
x -> o
3° f(xo) = lim f(x) ,ou seja 0 = 0
x–>0

Sub-exemplo 2:
Prove que a função y = ln (x – 1) não é contínua em xo = 1
Resolução:
Verificando as condições da definição, demos conta que nem todas são cumpridas:
f(xo) = ln(1-1) = ln0 = - ∞, não existe, logo como deixou de cumprir com uma das
exigências da definição então f(x) = ln(x-1) não é contínua em xo = 1.

TEMA # 5: A DIRECÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO EM SITUAÇÕES


TÍPICA.
SubTema: Tratamento metodológico de teoremas matemáticos por via
dedutiva.
Sumario:
– Métodos dedutivos
– Tratamento metodológico da obtenção do teorema sobre a fórmula para determinar
produto escalar de vectores conhecendo as suas coordenadas.

I. Métodos dedutivos
Obter um teorema por via dedutiva, consiste em partir de determinados conceitos
fundamentais e axiomas, e obtêm – se com ajuda de regras de inferências, assim como
com ajuda de regras de definição, outros teoremas e conceitos, quer dizer de
proposições verdadeiras, chega – se sempre com segurança a outras proposições
verdadeiras.
II. Processo parcial do método dedutivo
I. Orientação para o problema (precisão do problema)
– ANP – Motivação—O.P.O
II. Trabalho no problema
– Reflexão sobre os meios e métodos (Estratégias a usar em função dos dados)
III. Ideia do plano de dedução (conceber um plano de acordo ao método a pôr em
prática e meios necessários).
III. 1 – Comprovar os passos da ideia da dedução
III. 2 – Representação da dedução de forma escrita
IV. Considerações, perspectivas e retrospectivas: aqui analisa – se!
Se o procedimento utilizado pode – se aplicar em outros casos
Se existem casos especiais e limites
Se a relação achada pode – se generalizar, particularizar ou achar o seu recíproco.
III.Tratamento metodológico para a dedução do teorema já referenciado:
Teorema:
Sejam ⃗a e ⃗b dois vectores do plano com ⃗a ( ax ; ay ) e ⃗b ( bx ; by ) , então o produto escalar
a⃗ b⃗ =axby +ayby

Iª fase:Orientação para o problema (Precisão do problema)

P. Nas aulas passadas estudaram o conceito de produto escalar entre dois vectores e suas
propriedades.
P. Alguém lembra – se da fórmula para calcular o produto escalar entre dois vectores
a⃗ e b⃗ Quaiquer?
A. a⃗ . b⃗ =⎟ a⃒⃗⃗ ⎟ b⃗ ⎟ cos ∢(⃗a , b)

P- O que isto significa, por suas palavras?


A- Que o produto escalar de dois vectores quaisquer é igual ao produto dos seus
módulos pelo cosseno do ângulo compreendido entre esses dois vectores
P. Esse resultado a⃗ . b⃗ é um vector ou número? Quais são os elementos necessários para
a sua obtenção?
A. É um número. São necessários ⎟ ⃗a ⎟, ⎟ ⃗b ⎟ e ∢ (⃗a , ⃗b)
P. Será possível determinar esse número conhecendo apenas as coordenadas dos
vectores? Isto é calcular de forma analítica?
A. Tentam e dão conta que é trabalhosa
P. Existirá uma fórmula de fácil aplicação?
P. No dia de hoje trataremos de investigar a existência duma outra fórmula (analítica)
para o cálculo do produto escalar entre vectores tendo apenas as coordenadas dos
vectores.

II) Trabalho no problema

P. Que teorema matemático, definição ou regra heurística nos pode ajudar para darmos
inicio ao nosso trabalho?
P. Como temos procedido nos casos anteriores?
A. Fazer uma figura da análise, representar gráficamente os vectores; as razões
trigonométricas num triângulo rectângulo?
III 1 Comprovar os passos da ideia da dedução
P. Façamos uma figura de análise que nos servirá de impulso para encontrarmos
Ideia da solução do problema

Daqui faz a ideia da dedução e depois a sua comprovação


Se fizermos figura de análise, isto é, representar os dois vectores num sistema de
coordenadas rectangular, conjuntamente as suas projecções, obteremos dois triângulos
rectangulos cujas hipotenusas são os vectores a⃗ e b⃗ ,
Ângulos como α, β e δ, este último como angulo diferença dos dois vectores

E dai aplicar as razões trigonométricas nos dois triangulos rectangulos e no ngulo


diferença
ax
ay ax
senα= (2)cosα=
⎟ ⃗a ⎟ ⎟ a⃗ ⎟
by
(3) senβ=
⎟ b⃗ ⎟

bx
cosβ =
⎟ b⃗ ⎟
bx ax

III 2 Representação da dedução de forma escrita

Partindo da figura de análise temos:


ay
1) De senα= temos ⎟a⃗ ⎟ senα=ay ou ay =⎟ a⃗ ⎟ senx
⎟ ⃗a ⎟
ax
2) De cosx= temos ⎟ a⃗ ⎟ cosα=ax ou ax=⎟ a⃗ ⎟cosx
⎟ ⃗a ⎟
by
3) De senβ= temos ⎟ ⃗b ⎟ senβ=by ou
⎟ b⃗ ⎟
bx
4) De cosβ = temos ⎟ b⃗ ⎟ cosβ=bx ou
⎟ b⃗ ⎟
5) De cos ∢ ( ⃗a , ⃗b )=cos ∢=cos ⁡( x−β) ⃗
) cos ∢(⃗a , b)=cosδ=cos ⁡( β−α )
¿ cosxcosβ+ senxsenβ cosβ . cosα+ senβ . senα

P. A que igual o produto( a⃗ ⃗


. b)
A. a⃗ . ⃗b=⎟ ⃗a ⎟ ⎟ ⃗b ⎟cos ∢( a ,b) por definição
P.A a⃗ . ⃗b =¿ ⎟ a⃗ ⎟ ⎟ b⃗ ⎟[cosxcosβ+ senxsenβ] subistituindo =
⎟ ⃗a ⎟⎟ ⃗b ⎟ cosxcosβ +⎟ ⃗a ⎟⎟ ⃗b ⎟ senxsenβ Por prop.distributiva em R =
⎟ ⃗a ⎟ cosx ⎟ ⃗b ⎟ cosβ+ ⎟ a⃗ ⎟ senx ⎟ b⃗ ⎟ senβ Por comutatividade em R

a⃗ . ⃗b =ax bx+ ay by SEGUNDO 1,2,3 e 4

P. Anuncia o teorema “sejam a e b dois vectores com coordenadas a ( ax , ay ) e b( bx ; by )


conhecidas, então a⃗ . b⃗ =axbx + ayby

IV. Considerações, perspectivas e retrospectivas:

P. Podemos utilizar esta via noutras ocasiões?


A. Sim, sempre que for necessário para obter um teorema
P. Esta relação é geral?
P. Pode se generalizar para produto escalar de mais de duas coordenadas?
A- sim/ não

Procedimentos Algorítmicos: são os procedimentos que incluem uma sucessão de


indicações com um carácter algorítmico (SICA) na solução de um problema com
segurança.

Referencias Bibliograficas

Você também pode gostar