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Universidade Federal de Goiás

Instituto de Matemática e Estatística


Disciplina: Prática de Ensino Orientada
Professora: Elisabeth Cristina de Faria

Microensino e habilidades docentes – NOTAS E ATIVIDADE DE AULA

HABILIDADE DE ILUSTRAR COM EXEMPLOS

   
O significado da palavra exemplo está relacionado ao significado da
palavra amostra. Ambos dizem respeito a uma parte do todo que
apresenta o caráter e a qualidade deste todo.
    Exemplificar adequadamente é de fundamental importância no ensino
pois, por meio do exemplo, pode-se conduzir ideias e pensamentos
claros, significativos e bem estruturados. Se estamos discutindo ou
argumentando com alguém quando os conceitos e as ideias em questão
não estão bem claros, o uso de exemplos possibilitará maior clareza e
melhor entendimento. Em princípio, uma pessoa incapaz de dar
exemplos sobre o assunto de que está tratando, provavelmente não tem
domínio suficiente do mesmo.
    A utilização de exemplos, para enriquecer o ensino, pode ser
considerada sob vários enfoques, por ora, discutiremos três enfoques
básicos:

a) Enfoque dedutivo:
- tem como ponto de partida o estabelecimento ou formulação de princípios
ou ideias gerais, conceitos, etc.;
- seleção e uso de exemplos que esclareçam, substanciem esses princípios
ou conceitos;
- retorno ao princípio ou conceito, relacionando-o com o exemplo
(estabelecimento claro da conexão);
- enfoque dedutivo: geral-particular
    Exemplo 1: dizemos que um número natural é primo quando tem
exatamente dois divisores, ele mesmo e 1. Ex. O número 3.
    Exemplo 2: dizemos que um quadrilátero é uma figura geométrica plana
que possui quatro lados. Ex. Quadrado, losango, trapézio.

b) Enfoque indutivo:

- tem como ponto de partida a apresentação dos exemplos (eventos, fatos,


espécime, etc.);
- realização de inferências ou conclusões com base nos exemplos,
chegando ao conceito, ideia ou princípio geral;
    Exemplo: 2 é divisível por 2 e por 1, 3 é divisível por 3 e por 1, 5 é
divisível por 5 e por 1. Esses números são chamados de primos, logo,
números primos são números naturais que são divisíveis somente por
um e por eles mesmos.

    Tem-se pressuposto que, em relação ao processo de


ensino-aprendizagem, o enfoque indutivo solicita a participação do aluno
em níveis mais elevados do que o enfoque dedutivo. No entanto,
também neste último tipo de organização do ensino, pode-se obter
níveis igualmente significativos, dependendo de como são as etapas
determinadas e encaminhadas pelo professor.

Sugestões: no enfoque dedutivo, quando estabelecemos ideias ou


determinamos princípios, podemos solicitar do aluno que dê exemplos.
Já no enfoque indutivo, o professor pode dar exemplos e o aluno fazer
inferências. Vale lembrar que o diálogo entre professor e aluno, nessa
hora, é fundamental, considerando a oportunidade de fazer perguntas de
alta categoria, auxiliando a situação de ensino para relacionar sempre o
exemplo às ideias ou aos princípios que estão sendo aprendidos:
a) partir de exemplos mais simples para os mais complexos;
b) utilizar exemplos relevantes da experiência dos alunos;
c) relacionar as ideias aos exemplos e vice-versa.
 

c) Enfoque de exemplo e contraexemplo:

- tem como ponto de partida a apresentação de exemplos e


contraexemplos relacionados ao conceito em discussão. Os elementos que
devem ser contemplados em uma aula de exemplo e contraexemplo são:
a. Utilizar exemplos relevantes e ajustáveis ao conceito;
b. Dar exemplos relacionados aos atributos e/ou propriedades do conceito;
c. Utilizar contraexemplos que neguem os atributos e/ou propriedades do
conceito;
d. Apresentar os exemplos e contraexemplos de modo a discriminar, de modo
enfático, os atributos e/ou propriedades que levam à definição do conceito;
e. Orientar as perguntas de modo a permitir que os alunos façam a
discriminação entre os atributos e/ou propriedades;
f. Estabelecer claramente as conexões entre os exemplos e contraexemplos
com os atributos e/ou propriedades;

g. O conjunto de exemplos e contraexemplos deverá permitir aos alunos


fazerem inferências e chegarem a conclusões. 
Roteiro de atividade: estudo e elaboração de atividade de
microensino:

1. Faça a leitura da nota de aula.


2. A sua aula terá a duração de 15 minutos, no máximo, e deverá
considerar a habilidade de exemplos indutivos ou de exemplos e
contraexemplos ou ainda mesclando as duas modalidades.
3. Elabore, em grupo ou individualmente, o plano de aula com a habilidade
de exemplos, de acordo com o que foi discutido em aula.
4. Na habilidade de ilustrar com exemplos, não se esqueça de ressaltar os
atributos relevantes do conceito trabalhado.
5. Defina qual será o conceito, a ideia, o princípio, propriedade, etc., que
você quer ensinar.
6. Escreva-a de maneira mais formal (finalizada). Observe a nomenclatura
utilizada e lembre-se que seus alunos deverão chegar a uma versão
mais aproximada possível dela!
7. Pense nos exemplos que você utilizará, escolha-os de maneira
criteriosa. Pense nos contraexemplos como aqueles que poderiam
causar confusão ao aluno com relação ao conceito em questão.
Lembre-se de que eles devem estar relacionados aos exemplos
também, ou seja, tanto exemplos como contraexemplos deverão compor
uma série, uma sequência, que conduza o aluno ao conhecimento de
onde se quer chegar. Não esquecer dos atributos relevantes do conceito
trabalhado!!!
8. Pense nas perguntas que fará à turma. Estas devem nortear a
construção do desenvolvimento metodológico do microensino.
Lembre-se de que o objetivo é o de “conduzir” a turma. A intenção das
perguntas (ou a forma como vai conduzir a partir delas) devem fazer
com que os alunos percebam o que é frequente e o que deve ser
descartado, o que está se consolidando verdadeiramente e o que não é.
9. Você não deverá nunca concluir nada para os alunos, se eles ainda não
chegaram aonde você considera como necessário, volte aos exemplos,
acrescente outros.
10. Lembrem-se de que a condução dos exemplos deverá ser tal que a aula
terminaria quando os alunos fossem capazes de “falar” aquilo que você
se propôs a chegar em sua definição ou o mais próximo dela.

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