Você está na página 1de 8

Procedimentos de ensino-aprendizagem

O ensino ocorre quando o aluno participa activamente no processo de reconstrução do conhecimento, aplicando os seus esquemas
operatórios de pensamentos aos conteúdos estudados. Por isso aprendizagem supõe actividade mental, pois estudar e agir e operar
mentalmente, pensar e reflectir.

O procedimento mais adequado a aprendizagem de um determinado conteúdo é aquele que ajuda o aluno a incorporar os novos
conhecimentos de forma activa, compreensiva e construtiva, para que a aprendizagem se torne mais efectiva é preciso substituir nas
aulas, as tarefas mecânicas que apelam para a repetição e a memorização, por tarefas que exijam dos alunos a execução de operações
mentais.

Procedimentos de ensino são as acções processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar os alunos em contacto
directo com coisas factos ou fenómenos que lhes possibilitem modificar sua conduta em função dos objectivos tocados, das
competências que pretende construir.

A aprendizagem ocorre a partir do comportamento activo do estudante: ele aprende o que ele mesmo faz e não o que o professor faz.

O procedimento de ensino e aprendizagem deve, portanto, contribuir para que o aluno mobilize os seus esquemas operatórios de
pensamento e participe activamente das experiencias de aprendizagem, observando, lendo, experimentando, propondo hipóteses,
solucionando problemas, comparando, classificando, ordenando, analisando, sintetizando, etc.

Ao escolher o procedimento didáctico ou de ensino o professor devera ter em conta os seguintes aspectos:

a) Adequação das competências/ objectivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem;


b) A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de ensino a efectivar-se
c) As características dos alunos (faixa etária, interesse e as expectativas)
d) Infra-estrutura física (laboratório e equipamentos), material didáctico e tempo disponível.

Na análise de alguns métodos de ensino individualizantes começa pela aula expositiva, por ser um dos procedimentos de ensino mais
antigo e tradicional, e também o mais difundido nos vários graus escolares. De acordo com o professor Nérici "o método expositivo
consiste na apresentação oral de um tema, logicamente estruturado" Segundo esse autor, a exposição pode assumir duas posições
didácticas

a) Exposição dogmática - De acordo com essa posição, a mensagem transmitida não pode ser contestada, devendo ser aceita sem
discussões e com a obrigação de repeti-la, por ocasião das provas de verificação.

b) Exposição aberta ou dialogada - Nessa posição a mensagem apresentada pelo professor é simples pretexto para desencadear a
participação da classe, podendo haver, assim, contestação, pesquisa e discussão. E neste sentido que hoje se entende o método
expositivo nos domínios da educação.

Na exposição dogmática o professor assume uma posição dominante, enquanto o aluno se mantém passivo e receptivo. Por outro
lado, na exposição aberta ou dialogada, o professor dialoga com a classe, ouvindo o que o aluno tem a dizer, fazendo perguntas e
respondendo às dúvidas dos alunos. Portanto, na exposição dialogada o aluno desempenha um papel mais activo, pois participa da
exposição do professor, fazendo comentários, relatando factos, dando exemplos, argumentando, expondo suas dúvidas e respondendo
perguntas. e aula expositiva, quando dialogada, favorece a participação dos alunos e estimula sua actividade reflexiva.

A aula expositiva pode ser usada nas seguintes situações:

- Quando há necessidade de transmitir informações e conhecimentos seguindo uma estrutura lógica e com economia de tempo;
- Para introduzir um novo conteúdo, apresentando e esclarecendo os conceitos básicos da unidade e dando uma visão global do
assunto:

- Para fazer uma síntese do conteúdo abordado numa unidade, dando uma visão globalizada e sintética do assunto.

Características de uma boa aula expositiva

a) Perfeito domínio e segurança do conhecimento que é objecto da exposição;

b) Exactidão e objectividade dos dados apresentados;

c) Discriminação clara entre o que é essencial ou básico e o que é acidental ou secundário;

d) Organicidade, ou seja, boa concatenação das partes e subordinação dos itens de cada Parte;

e) Correrão, clareza e sobriedade do estilo empregado;

f) Linguagem clara, correcta e expressiva;

g) Conclusões, aplicações ou arremate definido.

Assim, para que a aula expositiva preencha os requisitos de uma boa exposição didáctica, recomenda-se que o professor prepare a aula
com antecedência, considerando as características dos alunos e adaptando-a ao seu grau de desenvolvimento (sua faixa etária, os
conhecimentos que já possuem sobre o conteúdo estudado, seus interesses e motivações). Ao planejar a exposição, o professor deve:

- Definir os objectivos com clareza e precisão;

- Seleccionar as informações que pretende transmitir e organizar a sequência de ideias em função do tempo disponível;
- Escolher e criar exemplos adequados e esclarecedores;

- Prever os materiais e os recursos audiovisuais a serem utilizados;

- Fazer um esquema ou sumário dos conteúdos essenciais a serem transmitidos, sob a forma de resumo para usar no decorrer da aula
como material de apoio;

- Distribuir os assuntos a serem transmitidos pelo tempo disponível.

Para que a aula expositiva atinja os objectivos para os quais foi planejada o professor deve:

a) Apresente inicialmente, aos alunos, o assunto que vai ser abordado no decorrer da exposição e mostre suas ligações com os temas já
estudados e conhecidos.

b) Introduza o novo conteúdo partindo dos conhecimentos e experiências anteriores, isto é, do que o aluno já conhece.

c) Estabeleça um clima adequado entre os participantes e manter a atenção dos alunos, relacionando o conteúdo apresentado aos
objectivos, interesses emotivos dos estudantes.

d) Seja objectivo e preciso na exposição e dê ao tema um tratamento ordenado e lógico. Averiguar formas de se organizar o conteúdo
de uma exposição:

- Apresentar primeiramente as ideias amplas e abrangentes que servem de ponto de apoio ou ponto de ancoragem para as ideias mais
específicas; em seguida, expor as informações particulares, mostrando sua relação com as ideias mais genéricas e com os princípios
gerais;

- Usar uma abordagem indutiva, expondo primeiramente os fatos particulares e as situações concretas, para depois apresentar os
conceitos e princípios mais gerais e abrangentes a eles relacionados
- Propor questões ou problemas, para depois apresentar fatos, informações e argumentos para as possíveis soluções

e) Destaque e fixe as ideias mais importantes, registando-as no quadro de giz de exemplos esclarecedores e relacionados à vivência
dos alunos

g) Estimule a participação dos alunos e mantenha-os em atitude reflexiva:

- Fazendo perguntas para que eles respondam;

- Dialogando com eles;

- Propondo para debate;

- Deixando que eles exponham suas dúvidas;

-esclarecendo as dúvidas;

- Solicitando exemplos;

- Pedindo para que os alunos apresentem conjecturas sobre a continuação de uma explicação;

- Ou pedindo para que façam oralmente uma breve síntese do que foi até então exposto

l) "Sinta" a classe, percebendo o grau de atenção dos alunos através de suas reacções, e verificando o seu nível de compreensão por
meio de perguntas sobre o assunto exposto.

m) Intercale a exposição com exercícios para aplicação do conteúdo apresentado, quando achar oportuno.
n) Ao concluir a explicação, enfatize as ideias básicas e essenciais, sintetizando-as e sistematizando-as num quadro sinótico, ou
pedindo aos alunos para resumirem o conteúdo transmitido. Estas normas práticas poderão ajudar o professor a tornar sua aula
expositiva mais compreensível e interessante para os alunos. Dentre essas normas, duas em especial devem ser destacadas:

- Uma é a necessidade de se relacionar as ideias mais gerais e abrangentes do conteúdo, com as informações particulares;

- A outra é a necessidade de se estabelecer uma ponte entre o que o estudante já sabe e aquilo que ele precisa conhecer. Por isso, é
importante mostrar as semelhanças e diferenças entre as novas ideias contidas no conteúdo introduzido e os conceitos e princípios
previamente aprendidos e disponíveis na estrutura cognitiva do aluno.

Cabe ainda ressaltar que a exposição deve ser limitada no tempo, em função do nível de maturidade dos alunos, e deve ser sempre
alternada com outras técnicas didácticas.

2. Estudo dirigido

O estudo dirigido consiste em fazer o aluno estudar um assunto a partir de um roteiro elaborado pelo professor. Este roteiro estabelece
a extensão e a profundidade do estudo. Há diversos tipos ou modalidades de estudo dirigido, pois o professor pode elaborar um roteiro
contendo instruções e orientações para o aluno:

- Ler um texto e depois responder as perguntas;

- Manipular materiais ou construir objectos e chegar a certas conclusões;

- Observar objectos, factos ou fenómenos e fazer anotações;

- Realizar experiências e fazer relatórios, chegando a certas generalizações.


O professor deve elaborar roteiros contendo tarefas operatórias que mobilizem e dinamizem as operações cognitivas. Tarefas
operatórias são "aquelas que se referem à mobilização e activação de operações mentais. Utilizam obrigatoriamente algumas acções
efectivas, isto é, indicam que o aluno deve utilizar seu aparelhamento sensório-motor, porém integram as actividades desse tipo num
contexto operatório, ou melhor, num conjunto dinâmico e organizado de operações mentais

A professora Amélia de Castro relaciona algumas operações mentais que devem ser usadas como "chaves" nos roteiros ou guias de
estudo dirigido, para desencadear as tarefas operatórias. No quadro a seguir, apresentamos essas tarefas operatórias, visando sua
utilização no estudo dirigido, por meio de exercícios graduados, questionários e propostas de actividades.

Quadro

Na prática, essas operações mentais conjugam-se e relacionam-se de várias maneiras. E raramente uma tarefa requer apenas uma
delas. É comum uma tarefa exigir duas ou mais operações cognitivas. A técnica do estudo dirigido baseia-se no pressuposto de que a
aprendizagem efectiva exige a actividade do aluno. O termo actividade aqui é entendido não apenas no sentido físico, de acção
efectiva, mas principalmente no sentido mental, no que se refere à acção intelectual. Isto é, para aprender, o educando deve realizar
actividades mentais.

O estudo dirigido é uma técnica de ensino individualizado, que respeita o ritmo de aprendizagem de cada aluno, embora se realize em
situação social, na sala de aula, com a supervisão do professor. Os objectivos do estudo dirigido podem ser assim definidos:

a) Desenvolver técnicas e habilidades de estudo, ajudando o aluno a aprender as formas mais adequadas e eficientes de estudar cada
área do conhecimento.

b) Promover a aquisição de novos conhecimentos e habilidades, ajudando o aluno no processo de construção do conhecimento.
c) Oferecer aos alunos um roteiro ou guia de estudos contendo questões, tarefas ou problemas significativos que mobilizem seus
esquemas operatórios de pensamento, contribuindo para o aperfeiçoamento das operações cognitivas.

d) Desenvolver nos alunos uma atitude de independência frente à aquisição do conhecimento e favorecer o sentimento de
autoconfiança pelas tarefas realizadas, por meio da própria actividade e do esforço pessoal

A seguir apresentamos algumas sugestões que podem ajudar o professor no panejamento, elaboração e aplicação do estudo dirigido:

a) Organize o estudo dirigido considerando os objectivos educacionais propostos, a natureza do conteúdo a ser desenvolvido e as
habilidades cognitivas e operações mentais a serem praticadas. O estudo dirigido deve estar integrado à dinâmica da unidade estudada
e às demais técnicas utilizadas. Deve também estar adequado ao tempo disponível para cada aula ou sessão de estudo.

b) Verifique quais são os conhecimentos e habilidades que os alunos devem adquirir em determinado conteúdo, e organize tarefas
operatórias que favoreçam a construção das habilidades e conhecimentos previstos.

c) Elabore, de forma clara e objectiva, as instruções e orientações escritas do roteiro para o estudo dirigido, explicitando as tarefas
operatórias que o aluno vai executar, de modo que o enunciado das perguntas ou questões fique compreensível para ele.

d) Distribua o roteiro ou guia de estudo para os alunos, deixando-os trabalhar com uma margem de tempo suficiente. De vez em
quando percorra a classe observando os alunos e esclarecendo as possíveis dúvidas.

e) Solicite que os alunos, terminado o tempo de estudo, apresentem o resultado do seu trabalho para a classe. Cada item do estudo
dirigido pode ser apresentado por um ou mais alunos. A apresentação deve ser seguida da análise e discussão por parte dos demais
alunos e de comentários feitos pelo professor quando necessários.

É interessante ressaltar que o estudo dirigido é uma forma de activar e mobilizar os esquemas operatórios que constituem a estrutura
básica da actividade mental do aluno.

Você também pode gostar