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DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
RESUMO
ABSTRACT
For the purpose of studying the algebra main dimensions, revealed for students of Graduate
Programmer in Natural Sciences and Mathematics, this Article describes part of an
independent study mathematic problems solving that identifies by raising the resources
mobilized, such as solving subsidized a discussion about de algebraic skills dominated by
students. Seeking special focus on solving’s elements of showing a sequence of steps and
procedures, some meanings have been produced in mathematic problems solving. The
regularly provided in operations demonstrated that there was a personal characteristic to them
organizer steps to solving; showing that a ideas scheduling is potencialized for problem
solving as a means to think mathematically, when considering processes involved. As aspect
a posteriori, a reflection on the way it they future teachers deal with algebra and activities
involving mathematic problems solving, has proved were not have experiences that give the
work with problems solving it commitment of a different perspective in work and explore the
contents. In terms of algebra sizes, the operations have benn based on variation of quantities
with use of letters by expressing links for setting of equations.
1
INTRODUÇÃO
campos numéricos e das operações. Seus procedimentos básicos podem ser resumidos em
lineares. Entretanto, uma abordagem mais qualitativa e profunda deve ser contemplada, a fim
aritméticas e a busca por regularidades, para que exista uma visão sistematizada do
conhecimento matemático.
sistematização de certas técnicas operatórias. A partir daí, segundo Ponte (2006), tem-se que:
percepção das relações entre a formação inicial e conhecimentos algébricos que os alunos
demonstram possuir. A partir daí, na pesquisa para a dissertação, buscou-se respostas para
1
Entende-se por a álgebra elementar, os conteúdos contemplados nos anos finais do Ensino Fundamental e no
Ensino Médio. O Curso de Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática tem como principal objetivo, formar
professores para aturar nos respectivos segmentos de ensino.
2
possuir? Que estratégias mobilizariam ao resolverem problemas matemáticos? A resolução de
problemas pode se configurar em uma ferramenta útil para que habilidades algébricas sejam
evidenciadas?
problemas com potencial para mobilizar esse tipo de pensamento, evidenciados em seus
Educação Matemática pode ser entendida sob diferentes enfoques, bem como ser tratada a
partir de diferentes abordagens. O que isso quer dizer? É apropriado expor que, buscando
entender como esse assunto passou a ser foco nas discussões da Educação Matemática,
mudanças foram percebidas nas ideias e concepções que são apresentadas para o ensino e
longo dos anos, mais especificadamente a partir de 1930, com os trabalhos de Polya e Dewey.
vista como um canal que privilegie a potencialidade de estimular os processos cognitivos dos
alunos, quando as atividades apresentadas tenham em seu interior núcleos que proporcionem a
3
para apresentar a solução e os caminhos feitos para a obtenção de um resultado (Lins;
Gimenez, 1997).
evidenciados pelos alunos. O instrumento principal da pesquisa que originou essa discussão e
matemáticos.
A Resolução de Problemas pode ser vista e entendida por meio de diferentes pontos
perspectiva deste estudo, o que se buscou inicialmente foi tentar definir ‘o que é resolução de
resolução de um problema?’. Wielewski (2005, p. 215) afirma que: “Na formalização padrão
que propõe um problema matemático para o aluno, pode não entender que para este aluno, a
atividade pode não ser vista como um problema, mas sim uma situação problemática. Assim a
2
Polya (1975): precursor de importantes discussões sobre resolução de problemas, estabelece a sistematização
de etapas e procedimentos que induzem à exploração de atividades matemáticas; Dante (2009): discute o que é
um problema matemático, classificando-o e identificando possibilidades que podem ser exploradas pela
resolução de problemas para a aprendizagem; Onuchic (1999, 2004, 2008, 2009): discute a trajetória da
resolução de problemas no Brasil, além de apresentar uma perspectiva da resolução de problemas como
perspectiva metodológica para o ensino-aprendizagem-avaliação; Smole e Diniz (2001): também tratam a
resolução de problemas como perspectiva metodológica; Wielewski (2005): discute a resolução de problemas na
formação de professores de matemática;
4
escolha de uma representação adequada” (p. 215-216), que de certa maneira interfere em
como o aluno vai compreender o que ele precisa resolver e como o fará.
matemáticos destacam, quando afirma que: “problema é uma situação que o indivíduo ou
grupo quer ou precisa resolver e para a qual não dispõe de um caminho rápido e direto que o
leve à solução (Lester, 1982)” (Dante, 2009, p. 12). Assim, a resolução de problemas estudada
O pensamento produtivo, que visa à busca por novas produções, soluções e busca por
O envolvimento com aplicações da matemática, que são empregos das noções e teorias
Cada tipo de problema matemático tem seu objetivo específico quando se quer
explorar uma atividade por meio da resolução de problemas. Assim, é importante entender o
que é a resolução de problemas; mas o interesse maior está em explorar as habilidades que
estão envolvidas na resolução. Na busca para entender como os processos podem ser
5
Há problemas nos quais podemos identificar, de forma mais nítida, certa
interdependência entre resolução de problemas e construção de teorias,
uma vez que é pouco provável que exista um problema totalmente novo.
Todo problema tem um aspecto geral, caso contrário, seria sem solução.
Polya (1978) evidenciou esse fato ao mencionar que os problemas
matemáticos não estão isolados, havendo sempre algum vínculo que pode
ser estabelecido.
No entanto, é preciso ressaltar que algumas ideias podem ser aplicadas em
alguns problemas [...] (Wielewski, 2005, p. 160).
em uma atividade matemática com resolução de problemas, que leva a entender, a partir de
sua pesquisa3, que os estudantes mostraram ter “preferências pelas atividades práticas, pela
resolução de problemas, pelo raciocínio lógico que os problemas oferecem, pela exatidão e
O núcleo desse estudo de caso desafiará o formalismo matemático, [...] Seu modesto
objetivo é formular a questão de que a matemática não-formal, semi-empírica, não
progride mediante monótono aumento do número de teoremas indubitavelmente
estabelecidos, mas mediante incessante aperfeiçoamento de opiniões por
especulação e crítica, pela lógica das provas e refutações (Lakatos, 1978, p. 18).
pode ser explorada por meio de situações, as quais chama de provas e refutações, é pertinente
que sua linha de afirmação, da ótica de uma matemática que seja explorada por meio de
3
A partir de um estudo exploratório (Wielewski, 2005) com 13 estudantes da Universidade Federal de Mato
Grosso, sendo 09 do Curso de Licenciatura Plena em Matemática e 04 do Curso de Ciências da Computação;
foram resolvidos 13 problemas matemáticos para verificar vários parâmetros e características do pensamento
matemático, e as experiências mostraram que os problemas influenciaram o pensamento matemático.
6
experiências que mobilizem o pensamento, pode ser diretamente relacionada com a ideia de
dessa matemática por ele proposta. Lakatos introduz elementos da heurística em seus
conceitos, enfatizando que “o estilo heurístico acentua a ‘lógica’” que desenvolve novos
Ao mencionar a heurística 4 é oportuno citar Polya (1887), que pela obra How to
Solve It5, descreve como se deve induzir quem resolve problemas de todos os tipos, além de
Uma grande descoberta resolve um grande problema, mas há sempre uma pitada de
descoberta na resolução de qualquer problema. O problema pode ser modesto, mas
se ele desafiar a curiosidade e puser em jogo faculdades inventivas, quem resolver
por seus próprios meios experimentará a tensão e gozará o triunfo da descoberta.
Experiências tais, numa idade susceptível, poderão gerar o gosto pelo trabalho
mental e deixar, por toda a vida, sua marca na mente e no caráter.
Um professor de matemática tem, assim, uma grande oportunidade. Se ele preenche
o tempo que lhe é concedido a exercitar seus alunos em operações rotineiras,
aniquila o interesse e tolhe o desenvolvimento intelectual dos estudantes,
desperdiçando, dessa maneira, a sua oportunidade. Mas se ele desafia a curiosidade
dos alunos, apresentando-lhes problemas compatíveis com os conhecimentos destes
e auxiliando-os por meio de indagações estimulantes, poderá incutir-lhes o gosto
pelo raciocínio independente e proporcionar-lhes certos meios para alcançar seus
objetivos.
Um estudante cujo curso inclui matemática tem, também, uma oportunidade única,
que ficará evidentemente perdida se ele considerar esta matéria como uma disciplina
com que precisa obter tantos créditos e a qual deverá esquecer, o mais rápido
possível, assim que passar pelas provas finais. A oportunidade pode ser
desperdiçada até mesmo se o estudante tiver algum talento natural para a
Matemática, pois ele, como todos os outros, precisa descobrir seus talentos e seus
gostos: ninguém poderá saber se gosta de torta de maça se nunca houver provado. É
possível, porém, que chegue a perceber que um problema de matemática pode ser
tão divertido quanto um jogo de palavras cruzadas, ou que o intenso trabalho mental
pode ser um exercício tão agradável quanto uma animada partida de tênis. Tendo
experimentado prazer no estudo da Matemática, ele não esquecerá facilmente e
haverá, então, uma boa probabilidade de que ela se torne alguma coisa mais: um
4
A chamada Heurística é, em suma, um corpo especial de doutrina para uso daqueles que, depois de terem
estudado os Elementos comuns, desejam adquirir a capacidade de resolver problemas matemáticos e somente
serve para esse fim. É resultado do trabalho de três homens: Euclides, o autor dos Elementos, Apolônio de Perga
e Aristeu, o Antigo. Ela ensina os procedimentos da análise e da síntese. - tradução de analyomenos de Pappus
apresentada por Polya (1987, p. 104).
5
Publicado originalmente em Princeton, pela Princeton University Press, em 1945.
7
hobby, um instrumento profissional, a própria profissão ou uma grande ambição
(Polya, 1975, p. V, grifo nosso)6.
desenvolver as habilidades acima descritas, fornece meios para que o aluno melhore seu
outros mais.
ser resolvido, proposta por Polya, pauta-se no que ele chama de heurística moderna, que
estuda os métodos e regras que são utilizados para uma invenção, uma descoberta:
padronizar certas habilidades e programas para serem seguidos nas atividades. Mesmo
afirmando que o processo de solucionar problemas é complexo, vez que apresenta diversos
aspectos, Polya discute que na tentativa de resolver um problema, as suas variações podem
oferecer elementos auxiliares7, que deixam a solução mais acessível. Mesmo com as
diferentes naturezas que problemas matemáticos podem apresentar, estes podem ter um
resolução de problemas, e tem a ver com aspectos subjetivos de quem resolve o problema.
Desta forma, todos os tipos de problemas situam-se no campo da heurística, que diante das
considerações acima, pode ser entendida, basicamente, como algo que “trata do
Toda essa argumentação culmina ao que Polya apresenta nas etapas que sugere para
resolver um problema. São quatro e implicam em passos a serem seguidos para qualquer
A alegação que Polya apresentou para argumentar o quanto estas quatro fases são
indispensáveis, presume que a solução para um problema, ao ser procurada, envolve pontos
9
de vista que variam continuadamente e por vezes, a mudança de estratégias é indispensável.
Ainda destaca que, geralmente, é inútil executar detalhes sem perceber a conexão principal ou
sem ter feito uma espécie de plano. Se o estudante verificar cada passo, equívocos são
evitados e muitos efeitos podem ficar perdidos se ele deixar de reexaminar e de reconsiderar a
solução completa.
memorização de técnicas. Esse conhecimento tem sua fonte nas relações que o indivíduo pode
as potencialidades do aluno por meio da interação com a atividade quando este desenvolve
técnicas operatórias, as quais não dependem de conceitos memorizados, mas sim, construídos
gradualmente. Cada vez que o aluno mobiliza conhecimentos e apresenta técnicas que estão
inseridas em um processo para a resolução de um problema, de certo modo, este aluno está
esquematização do que está envolvido quando se trata de estudar o que está por trás de uma
resolução. Para isso, ele apresenta termos que identificam o que considera importante na
Termo Definição
Analogia É uma espécie de semelhança em que objetos análogos coincidem em certas
10
relações das suas respectivas partes.
Condicionante É uma das partes principais de um problema de determinação, e dependendo
das partes que a constituem, podem ser redundantes ou contraditórias.
Contradição Quando partes de um problema são opostas e incompatíveis, como no caso
da condicionante.
Corolário Teorema que se demonstra a partir de outro teorema já demonstrado.
Decomposição e Constituem importantes operações mentais. Auxiliam na visão geral do
Recomendação problema quando organizado em partes para facilitar a solução.
Definições São descrições dos significados de termos matemáticos, por meio de outros
termos que já são conhecidos.
Demonstração por Procedimento matemático que mostra a falsidade de uma suposição
absurdo derivando dela um absurdo evidente.
Demonstração indireta Estabelece a verdade de uma afirmativa por revelar a falsidade de uma
suposição oposta.
Diagnóstico Caracterização mais rigorosa do aproveitamento do aluno. Serve para
determinar a eficácia do mesmo frente à resolução do problema.
Elementos auxiliares São introduzidos com o objetivo de facilitar a resolução do problema,
acrescentados além dos que foram inicialmente considerados.
Equacionamento É como tradução de uma língua para outra e pode contribuir para esclarecer
a natureza de certas dificuldades. Significa expressar por símbolos
matemáticos uma condicionante que está expressa por palavras.
Figura Importante auxílio para problemas de todos os tipos, não só dos
geométricos. Ajuda no processo de esquematização e equacionamento do
problema.
Generalização Passagem da consideração de um elemento para a consideração de um
conjunto mais abrangente.
Lema Quer dizer “teorema auxiliar”, que se admite para uma resolução.
Mestria Aplicação de uma regra observando os procedimentos do problema, com
naturalidade e discernimento (é o oposto de pedantismo).
Notação É uma forma de representação adotada para a linguagem matemática, como
por exemplo, o sistema de numeração.
Paradoxo Seria como um absurdo, mas que ajuda na prova de uma solução.
Particularização Passagem de certo conjunto de elementos, para a consideração de apenas um
dos elementos dados de certo conjunto
Pedantismo Aplicação literal e rígida de uma regra, sem exame, pautada apenas em
procedimentos matemáticos mecânicos.
Persistência, esperança São qualidades importantes para se resolver um problema, vez que não se
e sucesso limita somente a questões intelectuais.
Raciocínio heurístico É aquele que não se considera final e rigoroso, mas provisório e plausível,
com o objetivo de descobrir a solução de um problema.
Regressão Significa “voltar pra trás”, e pode ser usada para resolver um problema por
um processo inverso.
Termos Podem descrever uma atividade de resolução de problemas.
Teste dimensional Rápido e eficiente para verificar fórmulas geométricas ou físicas.
Variação do problema Serve para observar situações com mais sucesso, para variar tentativas e
explorar outras possibilidades.
Quadro 1: Termos e definições de Polya para processos na resolução de problemas.
Estes termos citados no quadro servem para que se possa visualizar o que pode ser
facilitam o processo. Quando Polya (1987, p. 101) afirma que um futuro matemático “deverá
11
sem um hábil solucionador de problemas”, o aperfeiçoamento de suas habilidades pode ser
desenvolvido se considerar os processos aqui descritos. Isso remete também à ideia de que a
leitura de um problema deve ser feita de maneira arguciosa, para que as atitudes tomadas
É fato que muito se evoluiu nas discussões acerca da resolução de problemas, após a
abordagem de Polya. Entretanto, desconsiderá-lo não seria equitativo, uma vez que a
heurística proposta por ele é de certa forma válida para considerar os processos revelados
álgebra, até ideias para seu ensino. Voltando-se para a resolução de problemas, os autores
com aplicações; ensinar os tópicos de álgebra a partir da perspectiva de como poderiam ser
problemas.
Assim, o trabalho de Coxford e Shulte (1995) teve fundamental importância por ser
uma proposta que investiu maciçamente na formação de professores e educadores, com vistas
a trazer novas contribuições para a melhoria do ensino da álgebra elementar. Essa leitura
oferece subsídios para entender melhor algumas perspectivas para o ensino de álgebra, até
em seu estudo uma discussão sobre as habilidades básicas para a álgebra que devem atender
justificativas para cada caso, aplicando técnicas algébricas para as resoluções, deixando de
comunicação.
significado para as definições formais, rompendo com a ideia de que uma variável é somente
uma letra que representa um ou mais números. Para construir significados às expressões
subsidiadas para que um esquema de ensino inovador seja oferecido, em que as expressões
envolvem conceitos aprendidos previamente, que comportem uma fácil representação visual e
incógnita e uma operação, até para expressões envolvendo várias incógnitas e várias
operações. “Os alunos não só aprendem a usar expressões algébricas como respostas a
8
Schoenfeld destaca os conteúdos que envolvem equações e sistemas lineares com duas variáveis, seus processos
de resolução, representação gráfica e transformações algébricas.
13
problemas como também são estimulados a inverter o processo – isto é, pede-se que se criem
Ensinar álgebra de maneira significativa faz com que os alunos possam construir com maior
das noções algébricas para lidar com as expressões e equações; conceitos como o de variável
incógnitas, variáveis) e o conhecimento das regras para resolução de uma equação. Também
deve estar presente em atividades e problemas envolvendo noções e conceitos referentes aos
Assim, para que estes aspectos sejam atendidos, os PCN indicam um trabalho com
problemas, que permitam aos alunos darem significado à linguagem e às ideias matemáticas.
diferentes funções de Álgebra “ao resolver problemas difíceis do ponto de vista aritmético, ao
Diferentes interpretações da álgebra escolar são baseadas nas funções das letras,
tendo em vista que evolui em quatro dimensões, o que leva à uma adaptação ao uso da sua
algébrico. Assim, para as interpretações da álgebra e funções das letras (quaro 2), classifica-
se:
14
Dimensões da Aritmética Funcional Equações Estrutural
álgebra generalizada
Uso das Letras Como Como variáveis Como incógnitas. Como símbolo
generalizações do para expressar abstrato.
modelo aritmético. relações e funções.
Conteúdos Propriedades das Variação de Resolução de Cálculo algébrico
(conceitos e operações e grandezas. Equações. para obtenção de
procedimentos) generalizações de expressões
padrões aritmético. equivalentes.
Quadro 2: Interpretações da álgebra e funções das letras.
Esta estruturação que é dada para entender como a álgebra elementar pode ser
construída ao longo da escolarização, leva a entender que somente a partir de uma construção
progressiva, a dimensão estrutural será alcançada. Ainda existe muito a se avançar, no sentido
aos alunos forem proporcionadas experiências variadas envolvendo noções algébricas, nas
séries iniciais, mesmo que de modo informal 10, em um trabalho articulado com a aritmética.
Assim, os alunos adquirem base para uma aprendizagem de álgebra mais sólida e rica em
9
Como aritmética generalizada, vista como a parte da matemática que opera com letras (XXXXX, 2014).
10
Jogos, exploração de ferramentas como calculadoras, softwares, materiais manipuláveis etc.
11
Que podem ter função de variável, incógnita, parâmetro etc.
15
desenvolvimento de habilidades que dizem respeito à resolução de problemas, à apropriação
Pedro, João, Douglas, Mateus, Valter, Mariana e Paula, nomeados para serem
ser dada mais para os processos matemáticos, do que para os produtos finais de uma
atividade.
16
O problema apresentado no quadro 3 poderia ser resolvido de diferentes modos, e
pensamento algébrico como sendo algo que pode ser desenvolvido gradativamente, antes
Augusto tem três irmãos. Ele chega em casa, se dirige ao primeiro irmão e fala:
- Se você dobrar o que eu tenho no bolso, dou-lhe 20 reais.
Seu irmão dobra o que ele tem no bolso e João lhe dá os 20 reais, parte para o segundo irmão e
fala:
- Se você dobrar o que eu tenho no bolso, dou-lhe 20 reais.
Seu irmão dobra o que ele tem no bolso e João lhe dá os 20 reais, parte para o terceiro irmão e
fala:
- Se você dobrar o que eu tenho no bolso, dou-lhe 20 reais.
Seu irmão dobra o que ele tem no bolso e João lhe dá os 20 reais e fica sem nada no bolso.
Pergunta:
Como pode ele dobrar 3 vezes o que tinha no bolso e acabar sem nada?
Quadro 3: Problema aplicado em pesquisa, intitulado por “Problema dos Irmãos” (XXXXX, 2014).
Fonte: Adaptado de http://manthanos.blogspot.com.br/2011/12/o-problema-dos-tres-santos.html 12 para pesquisa
de Xxxxx (2014).
Se no último irmão, Augusto ficou com ‘zero reais’, isso significa que o que foi
dobrado equivalia a vinte reais, e então posso dizer que ele chegou para esse irmão
com dez reais no bolso. Esses dez reais foi o que sobrou do segundo irmão, e então
podemos dizer que o segundo irmão ao dobrar o valor fez com que Augusto ficasse
com trinta reais, o que indica que tinha sobrado quinze reais da conversa com o
primeiro irmão, e somando com vinte reais que ele deu, significa que o dobro da
primeira quantia era de trinta e cinco reais, o que pode me indicar o seguinte...
(transcrição da fala de João).
Esta fala foi feita pelo aluno, durante os encontros da pesquisa, e após apresentar
verbalmente este raciocínio, João registrou a partir de uma expressão algébrica, o seguinte:
2 x−20=15
12
Este problema foi adaptado do “problema dos três santos”, exposto no Blog Manthanos.
17
35
x= =17,5
2
expressou algebricamente somente parte de sua resolução. Sua sequência nas etapas da
de um plano para resolver o problema, execução (que no caso foi predominantemente mental,
registrando somente o final da expressão). Apesar de não ter registrado na folha, fez os
cálculos mentalmente para comprovar se com o resultado que registrou, a situação poderia ser
feito evidencia a validação, por meio de equacionamento com notação algébrica, após ter feito
também um recurso que Polya identifica como regressão, quando em sua fala é possível
perceber que ele realiza um caminho inverso, do final para o início do enunciado, para então,
Esse mesmo recurso da regressão foi utilizado por Paula e Mateus, que manifestaram
ter tido dificuldades em entender o problema com a interpretação dos dados. Paula organizou
18
Paula começou preenchendo as linhas e colunas do último para o primeiro valor
registros em forma de tabela. Isso facilitou a resolução, que a levou à validação da resposta.
Mateus procurou atribuir valores aleatórios, e no início buscou resolver por tentativa
e erro. Mas ao perguntar “posso resolver de trás para frente ou tenho que demonstrar com
álgebra?” Foi dito a ele que poderia resolver da forma que achasse conveniente. Assim,
resolveu do mesmo modo que Paula, do final para o início (imagem 2), registrando o seguinte:
Fonte: dados produzidos durante encontro com Mateus, transcritos para a pesquisa (XXXXX, 2014).
problema (imagem 3). Ela não utilizou expressões algébricas, e sua resposta foi apresentada
indicando desde o começo o valor inicial que era a resposta ao problema. Ao ser questionada
se poderia ter resolvido por meio de algum recurso algébrico, ela afirmou o seguinte: “eu até
poderia, mas iria dar muito mais trabalho, e sempre prefiro ir pelo caminho mais fácil”
(transcrição da fala de Mariana). Como a maior parte de sua resolução foi feita mentalmente,
Apesar de não ter usado a notação algébrica como recurso, operou com o equacionamento de
alguns valores e tentou mostrar em sua resposta que o resultado estava condicionado a uma
regra. Ainda é possível afirmar que solucionou o problema por regressão, e também pelo que
Polya classifica por mestria, por que tentou justificar que a resposta estaria condicionada a
Fonte: dados produzidos durante encontro com Mariana, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
Pedro, Douglas e Valter, por meio de expressões algébricas com incógnitas (figuras
Como não tentaram resolver do final para o início, demonstraram dominar habilidades para a
20
Pedro elaborou sua resolução pautada em operações algébricas, em que adotou o uso
das letras como incógnitas que representavam os valores desconhecidos. Por meio de
preconizadas por Polya e isso contribuiu para uma resolução rápida e estruturada.
Imagem 5: Resolução apresentada por Douglas para o problema dos irmãos (XXXXX, 2014).
Fonte: dados produzidos durante encontro com Douglas, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
o mesmo processo para resolver, com substituição das incógnitas. Douglas optou pelo uso de
21
Imagem 6: Resolução apresentada por Valter para o problema dos irmãos.
Fonte: dados produzidos durante encontro com Valter, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
problema, identificou-se que os três obedeceram a uma ordem para registrar suas respostas,
algébricos por meio de equações. Entretanto, isso não indica que para Paula, Mariana e
Mateus, não pôde ser evidenciado um pensamento algébrico. Eles mostraram ter organizado
momento em que surge o pensamento algébrico, inserido na primeira dimensão, que usa
assim, a álgebra como aritmética generalizada. Neste aspecto, é admissível que ao discutirem
categorizar por fases em que, cada uma delas, avança para habilidades mais elaboradas e
22
como uma “pré-álgebra” ou “fase de transição”13. Ora, se os alunos são capazes de perceber e
expressar estruturas em uma situação problema, mesmo com expressões numéricas, não se
pode dizer que isso é uma “pré-álgebra”, pois ao produzirem justificações, estão sim,
pensando algebricamente.
No quadro 4, pode ser observada uma organização do que foi identificado como
Quadro 4: Organização dos aspectos do pensamento algébrico evidenciados no problema dos irmãos.
Assim, apesar de quatro dos sete sujeitos não terem esquematizado a resolução por
Pedro disse “este tipo de problema que envolve processos de pensamento mais
elaborados, fazem a gente pensar mais, e às vezes, depois que descobrimos que é mais
simples do que parece, vemos o quanto a interpretação nos faz falta”. Essa fala identifica que
boa parte do sucesso obtido na resolução de um problema surge de uma etapa muito
importante: a apropriação do problema. É possível que a partir dela, todas as outras etapas
poderão ser executadas. No caso desse problema, em que todos resolveram e obtiveram uma
13
Quando o aluno utiliza algum elemento considerado algébrico – letra, por exemplo – mas não consegue, ainda,
concebê-lo como número generalizado qualquer ou como variável), passa por uma fase de transição (do
aritmético para o algébrico, sobretudo quando o aluno aceita e concebe a existência de um número qualquer,
estabelece alguns processos de generalização, podendo ou não utilizar a linguagem simbólica) (Fiorentini;
Fernandes; Cristóvão, 2005, p. 5-6).
23
resposta final, um aspecto importante foi que mesmo utilizando processos diferentes, os
fosse resolvido.
desenvolvimento de: algum tipo de processo de generalização (em relação aos números pares
significado em relação à operação aritmética (ímpar + ímpar + ímpar ≠ par), e/ou em relação à
Um aluno diz que encontrou 3 números ímpares, cuja soma é 20. É dado a você esse
problema.
Apresente uma solução, registre e relate como a obteve.
Quadro 5: Problema aplicado em pesquisa, intitulado por problema dos números ímpares.
Davydov, tratam da lógica das operações, que é própria da produção de significados, e que
modo, entendem que é possível produzir “justificações” diferentes para uma mesma “crença-
afirmação”, e, portanto, são conhecimentos diferentes. Além disso, chamam a atenção ao fato
24
quais significados são produzidos no interior da atividade algébrica, e que pensamento está
O quadro 6 mostra uma síntese do que foi obtido a partir dos processos das
resoluções dos alunos para este problema, e contribui para entender que aspectos do
operação aritmética quanto à forma geral do número ímpar. Como pode ser visto na imagem
um número ímpar qualquer para cada um deles, esquematizando um sistema de equação linear
com três incógnitas para mostrar que não era possível o resultado apresentado no enunciado.
25
Imagem 7: Resolução apresentada por Pedro para o problema dos números ímpares.
Fonte: dados produzidos durante encontro com Pedro, transcritos para a pesquisa (XXXXX, 2014).
uma expressão que pudesse manipular algebricamente para resolver o problema e concluir os
algébricas.
Pela imagem 8, verifica-se a resolução de Douglas, que representou a soma dos três
qualquer como 2n – 1, e para a soma de dois ímpares, representou como sendo 2n. Operou
adotando como conjunto numérico o dos números naturais, para mostrar que não havia
regularidades para este tipo de operação matemática, utilizou a linguagem algébrica para
apresentar uma generalização e operar as expressões por ele construídas, a fim de resolver o
26
significado em relação à operação e em relação às expressões algébricas, dentro do conjunto
Imagem 8: Resolução apresentada por Douglas para o problema dos números ímpares.
Fonte: dados produzidos durante encontro com Pedro, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
operação aritmética (ímpar + ímpar + ímpar ≠ par). Dos quatro, somente Paula não registrou
um esquema para apresentar uma solução para o problema. Apenas registrou por escrito na
folha que não existia solução para somar 3 números ímpares e resultar em um número par.
Nesse caso, reconheceu a propriedade das operações com números pares e ímpares, mas não
aritméticas para números pares e ímpares, concluindo que não haveria solução para o
um padrão de regularidades para este tipo de operação matemática. Apesar de não ter
utilizado linguagem algébrica para apresentar uma generalização ou uma expressão que
pudesse manipular algebricamente para resolver o problema, concluiu os resultados. Isso pode
27
implicar em uma característica do internalismo e que sua resolução tem características de
álgebra retórica.
Imagem 9: Resolução apresentada por João para o problema dos números ímpares.
Fonte: dados produzidos durante encontro com João, transcritos para a pesquisa (XXXXX, 2014).
Mariana representou a soma dos números por A, B e C, cuja soma é 20, mas não
manipulou expressões para chegar a uma solução (imagem 10). Identificou o padrão e
pares e ímpares, produzindo significado em relação ao número ímpar, sem recorrer a uma
Imagem 10: Resolução apresentada por Mariana para o problema dos números ímpares.
Fonte: dados produzidos durante encontro com Mariana, transcritos para a pesquisa (XXXXX, 2014).
Na resolução apresentada na imagem 11, Valter operou com uma expressão algébrica
que trazia a noção de soma de três números ímpares consecutivos. Mesmo com essa tentativa,
acabou por organizar sua resolução recorrendo à visualização de uma sequência dos números
28
ímpares até 17, para então, por sucessivas tentativas de soma com essa sequência, poder
concluir que não era possível o resultado par. Fez essas tentativas em voz alta: “qualquer
desses valores que listei, se tentar somar de três em três, nunca vai dar vinte!”. O sujeito
segundo suas propriedades numéricas e aritméticas. Mostrou neste problema, uma solução
Imagem 11: Resolução apresentada por Valter para o problema dos números ímpares.
que evidencia ter utilizado um pensamento algébrico, pois valeu-se de elementos algébricos,
mas não operou com as expressões apresentadas, de forma a concebê-las como uma
Fonte: dados produzidos durante encontro com Valter, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
Mateus viu significado para a forma geral do número ímpar expressando a forma
genérica de um número ímpar qualquer (2n+1) (imagem 12). Entretanto, não manipulou
expressões para chegar a uma solução. Listou números ímpares até vinte e visualizou que não
teria solução, pois nenhuma das somas dos três números da lista poderia resultar em vinte.
Não identificou o padrão e regularidade da operação e, apenas concluiu a resposta pelos dados
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Imagem 12: Resolução apresentada por Mateus para o problema dos números ímpares.
Fonte: Dados produzidos durante encontro com Mateus, transcritos para a pesquisa (Xxxxx, 2014).
Por meio das resoluções dos alunos, buscou-se identificar também os processos que
cada um adotou para resolver o problema. Por conseguinte, alguns aspectos puderam ser
considerados:
Pedro fez a leitura do problema em voz alta e apresentou uma esquematização dos
dados. Apesar de ter apresentado uma resposta para representar a solução, não validou seu
resultado. Mostrou intuitivamente que sua resposta estava correta. Assim, sua solução segue
as três primeiras etapas de Polya, quando lança mão de realizar o diagnóstico do problema, o
demonstração indireta.
em validar os dados, pois manifestou incerteza na resposta. Isso indicou que fez uma tentativa
de articular uma resolução que satisfizesse a resposta, sem, no entanto, comprovar sua
afirmação. Sendo assim, analisando pelas quatro etapas de Polya, Douglas não efetivou a
uma sequência. Leu e registrou os dados em silêncio, manifestou ao final que ficou em dúvida
sobre a resolução, mas que tinha certeza de que o problema não tinha solução. Quanto às
etapas, não ficaram explícitas. Por ter observado que para números ímpares havia uma regra
operatória, lançou mão de um recurso que é classificado por Polya como mestria, ou se for
mais adequado, lema, uma vez que tentou aplicar uma regra atendendo aos procedimentos
para resolver o problema, admitindo recursos auxiliares para resolvê-lo. Assim, limitou-se à
Valter não evidenciou uma sequência de etapas para apresentar a resolução, mas
tentou em seu registro final, mostrar que o problema não tinha solução, e de certo modo, isso
Mariana fez a leitura do enunciado em voz alta, mas não foi possível identificar o
estabelecimento de uma sequência de etapas para apresentar sua resolução. Seus recursos
João fez a leitura do enunciado três vezes, e verbalmente explicou o que tinha
entendido para então fazer seus registros na tentativa de mostrar uma lógica para sua solução.
De certo modo, mostrou ter uma maneira peculiar para resolver o problema, que obedeceu,
início, meio e fim. É possível perceber que as quatro etapas não ficaram evidentes. Usou
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meio de um raciocínio heurístico, uma vez que apresentou uma notação provisória, mas
CONSIDERAÇÕES
Desta forma, Wielewski (2005) coloca que do ponto de vista da matemática, “o que
(2005, p.361). Essas diferentes habilidades matemáticas não surgem de maneira tão simples.
pois geralmente atividades assim exigem habilidades específicas que fazem o aluno
diferentes de resolvê-los, pode ser considerada uma alternativa em potencial. Muitas são as
vertentes que permitem uma discussão sobre a resolução de problemas para a Educação
Matemática. O que é legítimo ressaltar é que neste estudo, a resolução de problemas foi
tratada em uma linha que discute a aplicabilidade de conceitos e habilidades matemáticas; que
abstração e generalização.
distintos, e por isso, operam de maneiras diferentes. Lins e Gimenez (1997) explicam que,
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sobre a produção de significados, o centro da atividade, ou seja, o ponto de partida tomado
para solucionar as situações, é o que se constitui no momento em que é apresentado algo para
tentar validar sua afirmação e, consequentemente a solução dada para o problema. Isto
porque, a tentativa de se fazer algo diferente do que se faz, ou usar recursos para operar sobre
modo de pensar na atividade matemática. Esse enfoque permite explorar os modos de pensar
diferentes conteúdos; aí sim a resolução de problemas pode ser estudada para que uma nova
dos alunos.
significados dentro das dimensões atribuídas à álgebra, os alunos foram capazes de produzir
algebricamente. A resolução de problemas conduziu a investigação, uma vez que, ao optar por
identificadas nas operações das estruturas algébricas; mas não seria possível deter aspectos do
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Sobre quais habilidades algébricas os alunos demonstraram possuir, e suas
se configurar em uma ferramenta útil para fossem evidenciadas. Nos problemas discutidos,
REFERÊNCIAS
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