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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL – UEMS

UNIDADE DE DOURADOS

CURSO DE DIREITO

Nome: Evelin Antoniassi Pereira


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL – UEMS

UNIDADE DE DOURADOS

CURSO DE DIREITO

A EXECUÇÃO PENAL BRASILEIRA E A RESSOCIALIZÇÃO DO REEDUCANDO

Proposta para Projeto de Pesquisa da aluna Evelin


Antoniassi Pereira, do terceiro ano, do curso de
Direito\2018, sob a responsabilidade do prof. Me.
André Luiz Carvalho Greff.

DOURADOS

2018
INDICE

1- Introdução

2- Tema

3- Objetivos

3.1- Objetivo Geral

3.2- Objetivos Específicos

4- Problema

5- Justificativa

6- Hipótese

7- Metodologia

8- Cronograma

9-Referências
1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o intuito de analisar a problemática que envolve o sistema prisional
brasileiro, discutindo o cumprimento ou não da função social da pena, se a ressocialização
daquele que está em cárcere pela prática de um delito de fato ocorre no Brasil.

Deve evidenciar que a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984),
considerada uma das mais avançadas do mundo, prevê e reconhece a ressocialização do preso,
como sendo um de seus direitos. Todavia, tem-se cada dia mais um número maior de
reincidência de presos nas penitenciárias brasileiras, demonstrando que o Estado prefere tratar
as penas, apenas como um meio de castigar o indivíduo pelo delito realizado e não como uma
forma de reinserção na sociedade.

Assim, a divisão do trabalho será feita por etapas. Na primeira, abordam-se uma análise da
evolução das formas de punição, conceito, seu surgimento na sociedade e o estudo dos sistemas
prisionais que influenciaram o Brasil a adotar o sistema atual de execução penal. Na segunda,
versa os princípios que norteiam a aplicabilidade das penas. Esses princípios dão um norte ao
aplicador da lei no processo de individualização das penas, levando sempre em consideração o
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, sendo esse, basilar em todo o ordenamento jurídico.

No terceiro item analisa-se as penas existentes no Ordenamento Jurídico Penal Brasileiros,


que se dividem em privativas de liberdade, restritiva de direitos e a de multa. As privativas de
liberdade se dividem em detenção e reclusão, que será nosso enfoque principal, pois são nesses
tipos que o condenado sofre a problemática da ressocialização após o seu cumprimento da pena.

Por fim, o último item trata-se das formas que já existem de reintegração do reeducando na
sociedade, analisar a precariedade do sistema prisional e também o investimento na qualificação
profissional dos reeducandos, para que com a progressão dos regimes, possam ser reinseridos
gradativamente à sociedade por meio do mercado de trabalho, como forma de evitar a
reincidência e, consequentemente, gere o “desafogamento” das penitenciárias.

O principal objetivo do estudo é expor a real situação do sistema carcerário brasileiro ante a
precariedade do sistema prisional no que diz respeito à falta de atendimento ao disposto na Lei
de Execução Penal, especificamente no direito de ser efetivamente ressocializado, de ser
reconduzido à sociedade com uma qualificação profissional, ou até mesmo com um emprego
garantido, evitando que aqueles que outrora praticaram ilícitos contra a comunidade voltem a
praticá-los.
2- TÍTULO

A EXECUÇÃO PENAL BRASILEIRA E A RESSOCIALIZÇÃO DO REEDUCANDO

3 – BJETIVOS

3.1- OBJETIVO GERAL:

Demonstrar a real situação do sistema prisional brasileiro, expondo o motivo da alta


reincidência desses presos nas penitenciárias brasileiras, bem como analisar a Lei de Execução
Penal na contemplação da ressocialização do apenado.

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

O trabalho não pretende exaurir todas as formas de recuperação do apenado, todavia visa
expor algumas delas e trazer a tona a realidade do nosso sistema prisional, os direitos legalmente
previstos na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 que são desrespeitados, e principalmente,
levar a uma reflexão dos legisladores, governantes e a sociedade de modo geral a respeito da
reinserção do ex-condenado ao seio da sociedade uma vez que cumprindo sua pena deve ter sua
dívida quitada com a sociedade.

4 - PROBLEMA

O sistema prisional brasileiro há tempos tem sido alvo de polêmicas na sociedade. Seja por
falta de assistência no âmbito material, a ser prestada pelo Estado, como no fornecimento de
alimentação, vestuário, instalações sanitárias e serviços que sirvam para as necessidades
pessoais básicas dos presos ou seja na assistência da saúde, jurídica, educacional, social e
religioso dos condenados.

O artigo 10 da LEP ressalta, trazendo:

Artigo 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,


objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em
sociedade.

Além disso, a Lei de Execução penal, uma das mais avançadas do mundo e que tem como
objetivo conferir uma série de direitos e deveres do condenado para a sua volta a sociedade,
quase nunca é aplicada da forma correta e também raramente sobram meios que ajudem a
efetivar esse processo, o mesmo que ocorre na maioria das leis que existem no país,
permanecendo apenas no plano teórico.

Sobre a reinserção do condenado Mirabete acrescenta que:

A execução penal tem como princípio promover a recuperação do


condenado. Para tanto o tratamento deve possibilitar que o condenado
tenha plena capacidade de viver em conformidade com a lei penal,
procurando-se, dentro do possível desenvolver no condenado o senso
de responsabilidade individual e social, bem como o respeito à
família, às pessoas, e a sociedade em geral.

Todavia, não basta apenas serem direitos positivados, eles devem ser cumpridos pelo
condenado e é papel do Estado disponibilizar recursos para que a ressocialização aconteça de
forma efetiva.

Ademais, observa-se que as penas privativas de liberdade não recuperam o delinquente, ou


seja, a ressocialização como finalidade da execução da pena não seria obtida aplicando- se
penas restritivas de liberdade. Nesse sentido, Cezar Roberto Bitencourt indica duas premissas
que explicam a ineficácia da pena privativa de liberdade no processo de ressocialização do
preso, sendo elas:

a) Considera-se que o ambiente carcerário, em razão de sua antítese


com a comunidade livre, converte-se em meio artificial, antinatural,
que não permite realizar nenhum trabalho reabilitador sobre o recluso.
[...] b) Sob outro ponto de vista, menos radical, porém igualmente
importante, insiste-se que na maior parte das prisões do mundo as
condições materiais e humanas tornam inalcançável o objetivo
reabilitador. Não se trata de uma objeção que se origina na natureza
ou na essência da prisão, mas que se fundamenta no exame das
condições reais em que se desenvolve a execução da pena privativa
de liberdade." (BITENCOURT, 2001, p. 154-155).

Observa-se também, que a taxa de reincidência no Brasil é alta, o que só vem confirmar que
a finalidade da pena privativa de liberdade de ressocialização do preso é falha. Constata-se que
esta falha traz graves consequências ao preso e principalmente à sociedade.

Ainda segundo Cezar Roberto Bitencourt:

Um dos grandes obstáculos à ideia ressocializadora é a dificuldade de


colocá-la efetivamente em prática. Parte-se da suposição de que, por
meio do tratamento penitenciário – entendido como conjunto de
atividades dirigidas à reeducação e reinserção social dos apenados -,
o terno se converterá em uma pessoa respeitadora da lei penal. E,
mais, por causa do tratamento, surgirão nele atitudes de respeito a si
próprio e de responsabilidade individual e social em relação à sua
família, ao próximo e à sociedade. Na verdade, a afirmação referida
não passa de uma carta de intenções, pois não se pode pretender, em
hipótese alguma, reeducar ou ressocializar uma pessoa para a
liberdade em condições de não liberdade, constituindo isso verdadeiro
paradoxo." (BITENCOURT, 2001, p. 139).
Prossegue o autor:

" É preciso reconhecer que a pena privativa de liberdade é um


instrumento, talvez dos mais graves, com que conta o Estado para
preservar a vida social de um grupo determinado. Esse tipo de pena,
contudo, não resolveu o problema da ressocialização do delinquente:
a prisão não ressocializa. As tentativas para eliminar as penas
privativas de liberdade continuam. A pretendida ressocialização deve
sofrer profunda revisão." (BITENCOURT, 2001, p. 141).

Portanto, apesar da LEP ter finalidade ressocializadora da pena, verifica-se que as unidades
prisionais brasileiras não contam com programas que permitam a efetivação deste processo.
Além disso, trata-se de um sistema falido, onde não há individualização do cumprimento da
pena, e não comporta todos os que para lá são enviados, pelo fato do Brasil ter uma das mais
altas massas carcerárias do mundo, e a sociedade se cala diante dessa realidade, por acreditar
que os que lá estão merecem tal sofrimento. Há uma concordância quase geral de que os
delinquentes necessitam padecer dos males do Sistema, pois ‘pensarão duas vezes antes de
cometerem novos delitos.

5-JUSTIFICATIVA

Esse projeto tem por escopo, como já mencionado, evidenciar a problemática que envolve a
Lei de Execução Penal e o direito de ressocializar o condenado, que como vista, na maior parte
dos casos não cumpre seu papel. Se faz necessário trazer a tona esse assunto haja visto que o
sistema carcerário brasileiro comporta uma massa carcerária com cerca de 500 mil pessoas,
vivendo em estado deplorável, além de possuir um das maiores taxas do mundo quando se fala
em reincidência, chegando a 70% dos casos, o que quer dizer que sete em cada dez libertados
voltam para o crime.

Os direitos fundamentais desses presos se encontram negligenciados, uma vez que o Estado
não está cumprindo o estabelecido, em diversos diplomas legais, como a Lei de Execuções
Penais, Constituição Federal, Código Penal, além das regras internacionais, como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e
a Resolução da ONU que prevê as Regras Mínimas para o Tratamento d Preso (ASSIS, 2007).

O próprio artigo 1º da Lei de Execuções Penais estabelece que “a execução penal tem por
objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para
a harmônica integração social do condenado e do internado”. Ademais, quando alguém é preso
em virtude de uma condenação o que se retira é a liberdade dessa pessoa e não a dignidade. O
art. 3 da Lei de Execuções Penais reforça esse pensamento quando diz que serão assegurados
todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

A mesma norma prevê a classificação, assistência, educação e trabalho, aos apenados, o


que visivelmente, não é cumprido na sua integralidade. O que vemos é totalmente o contrário,
nas expressões de Assis (2007, p. 1), o descaso com a saúde do preso é deplorável, observe:

“A superlotação das celas, sua precariedade e sua insalubridade


tornam as prisões num ambiente propício à proliferação de epidemias
e ao contágio de doenças. Todos esses fatores estruturais aliados ainda
à má alimentação dos presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a
falta de higiene e toda a lugubridade da prisão, fazem com que um
preso que adentrou lá numa condição sadia, de lá não saia sem ser
acometido de uma doença ou com sua resistência física e saúde
fragilizadas. O que acaba ocorrendo é uma dupla penalização na
pessoa do condenado: a pena de prisão propriamente dita e o
lamentável estado de saúde que ele adquire durante a sua permanência
no cárcere. Também pode ser constatado o descumprimento dos
dispositivos da Lei de Execução Penal, a qual prevê no inciso VII do
artigo 40 o direito à saúde por parte do preso, como uma obrigação do
Estado.

Ainda, as dificuldades na progressão de regime, pela falta de assistência judiciária,


impunidade e poder paralelo, dentro dos presídios, também embatem a eficácia do sistema e
dificultam a ressocialização do apenado, que é legalmente instituído.

Outro ponto a ser destacado é com relação ao desrespeito ao direito de ressocialização,


contribuindo para que os presos não sejam reintegrados a sociedade. A LEP traz no seu artigo
11, uma lista dos tipos de assistência que tem que está presente nas prisões, mas que não são
oferecidas ou que são oferecidas de forma precária. Já o artigo 28 da mesma lei, diz que o
trabalho tem finalidade educativa. Inclusive, nesse trabalho serão levadas em conta as
oportunidades oferecidas pelo mercado como prevê o artigo 32 da LEP, para que o preso saia
da prisão sabendo exercer algum ofício, não ficando na ociosidade. Todavia, na realidade,
pouco é observado o que o mercado de trabalho está precisando.

Desse modo, a Lei de Execução Penal torna-se o ponto chave para que o preso seja
efetivamente trazido de volta ao meio social, todavia a falta de políticas públicas e o descaso
com as normas já existentes fazem com que a reintegração se faça cada dia mais longínqua do
que se necessita; pertinente se faz uma reavaliação do que se tem e do que se precisa e mais do
que ficar no papel dar sentido prático às propostas que existem em relação a essa recuperação
e as que já estão sendo discutidas.
6 - HIPÓTESE

A Lei de Execução Penal, com relação ao que vemos no atual sistema prisional brasileiro,
realmente traz as melhores formas de velar pela ressocialização do condenado? A pena privativa
de liberdade é a melhor forma de ressocializar?

Existe outras formas de ressocializar que objetivem a integração social do condenado? Se


existem, quais estão sendo colocadas em prática?

7 – METODOLOGIA
Para o estudo que busca analisar como acontece de fato o processo da ressocialização dos
apenados nos estabelecimentos prisionais e sua reinserção na sociedade, serão utilizadas
pesquisas bibliográficas em diversas fontes, artigos publicados em periódicos, documentos
eletrônicos, pesquisa na internet e legislações pertinentes ao tema.

Os instrumentos que serão utilizados para o desenvolvimento do trabalho serão artigos da


própria Constituição Federal e da Lei de Execução Penal (nº 7210/1984) como por exemplo o
artigo 40, que trata dos direitos do preso, além de jurisprudências que versam sobre o assunto.

O trabalho será realizado por etapas, analisando cada uma delas e observando porque as
formas utilizadas hoje para tratar o apenado não surtem os efeitos desejados, se na teoria rege
o modo como deve ser feito, mas que na prática não ocorre da forma prevista em lei.

8 - CRONOGRAMA

Cronograma de Execução Primeiro Ano-2018\2019


MÊS/ETAPAS maio jun jul agos set out nov dez

Leitura e X X X X X X X X
fichamento
Coleta de X X X X X X X X
Informações
Tabulação dos X X X X X X X
dados coletados
Análise dos X X X X X
Dados coletados
Textualização do trabalho X X X X
Apresentação do artigo X X

10- REFERÊNCIAS
ASSIS, Rafael Damaceno de. A realidade atual do sistema penitenciário Brasileiro.
Disponível: http://br.monografias.com/trabalhos908/a-realidade-atual/a-realidade-atual.shtml.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.

BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Brasília:
Senado Federal, 1984. Disponível em: 03/leis/L7210compilado.htm>. Acesso em: 29 ago.
2012.

MIRABETE, Julio F. Execução Penal: comentário a lei n.7210. 11 ed. São Paulo: Atlas 2006,
p. 62.

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