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ALUN@:_____________________________ DATA:___/___/___
1a AVALIAÇÃO
(VALOR 10,00)
2) Os trechos de textos a seguir assemelham-se entre si. Discorra sobre essas semelhanças,
pontuando também em que aspectos diferenciam-se.
I- Era um homem, né. Ele era casado, aí II-Era um dia um viúvo que tinha uma filha
mulher dele morreu. Aí ficou uma filhinha, o muito boa e bonita. Vizinha ao viúvo residia
nome dela era Maria. Aí passado uns tempos, uma viúva, com outra filha, feia e má. A viúva
aí tinha uma vizinha, e essa vizinha também vivia agradando a menina, dando presentes e
ela era viúva. Quando a menina morava com bolos de mel. A menina ia simpatizando com
pai dela, né, aí a vizinha tratava ela bem. a viúva, embora não se esquecesse de sua
―Mariazinha‖, chamava, ―Mariazinha vem defunta mãe que a acariciava e penteava
pra cá‖. Aí Mariazinha vai: ―Ah papai, tá bom carinhosamente. A viúva tanto adulou a
de o senhor casar com a vizinha‖. Ela tinha menina que esta acabou pedindo que seu pai
três filhas, essa vizinha. ―Maria, Mariazinha, casasse com ela.
Maria, Mariazinha‖. Tudo era Mariazinha. Aí __ Case com ela, papai. Ela é muito boa e me
ela foi, até que o velho foi e casou com a dá mel!
mulher. Aí com os tempos ela começou a __ Agora ela lhe dá mel, minha filha, amanhã
maltratar a Mariazinha. Aí tudo que lhe dará fel – respondeu o viúvo.
Mariazinha fazia ela achava que era errado. A menina insistiu e o pai, para satisfazê-la,
Tudo, tudo, tudo, tudo que ela fazia, ela casou com a vizinha. Obrigado por seus
achava que era errado. Aí a Mariazinha foi negócios, o homem viajava muito e a
ficando triste, e o velho também. [...] madrasta aproveitou essas ausências para
mostrar o que era. Ficou arrebatada, muito
bruta e malvada, tratando a menina como se
fosse um cachorro. Dava muito pouco de
comer e fazia dormir no chão em cima de uma
esteira velha. Depois mandou que a menina
se encarregasse dos trabalhos mais pesados
da casa.[...]
Fonte: Projeto Narrativa Oral Indígena: Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. Contos
Registro e Análise na Terra Indígena do Alto Tradicionais do Brasil. In: SHEFER, M. C.
São Marcos, financiado pelo CNPQ, sob a Dos Irmãos Grimm a Câmara Cascudo: um
coordenação do Prof. Dr. Devair Antônio caso de tradução cultural. 2008. 105p.
Fiorotti. Entrevista coletada em 2009, na Dissertação (Mestrado em Letras e Cultura
Comunidade do Sabiá. Regional). Universidade de Caxias do Sul.
Caxias do Sul. 2008.
3) Compare os dois trechos de texto discutindo semelhanças e diferenças na
forma em que o aspecto fantástico se apresenta nas narrativas.
I- Aí nós fomos comprar o boi junto II-Todos os anos, pelo mês de março, uma
com o Zé Gulobo e nós andava família de ciganos esfarrapados plantava a
tudo bêbado dentro do carro. Aí sua tenda perto da aldeia e, com um grande
nós fomos lá no rumo da Vila alvoroço de apitos e tambores, dava a
Brasil comprar o boi e nós vinha conhecer os novos inventos. Primeiro
do Trairão. O filho do Emídio ia trouxeram o imã. Um cigano corpulento, de
pra lá também, que ele ia barba rude e mãos de pardal,* que se
arrancar um dente, viu, na Vila apresentou com o nome de Melquíades, fez
Brasil. E eu ia pra lá pra ficar junto uma truculenta demonstração pública daquilo
com os outros lá, viu, pra ficar. Aí, que ele mesmo chamava de a oitava
o caro deu uma tombada maravilha dos sábios alquimistas da
desgraçada com nós. O filho do Macedônia. Foi de casa em casa arrastando
Emídio num precisou nem tirar o dois lingotes metálicos, e todo o mundo se
dente, o carro velho tirou. Aquilo espantou ao ver que os caldeirões, os tachos,
era sangue pra... E o carro velho as tenazes e os fogareiros caíam do lugar, e
se virou-se no rumo do as madeiras estalavam com o desespero dos
Tepequém de novo. Carro velho pregos e dos parafusos tentando se
amaldiçoado. Carro velho desencravar, e até os objetos perdidos há
acostumado a levar defunto, viu? muito tempo apareciam onde mais tinham
Nunca o carro velho se acabou- sido procurados, e se arrastavam em
se. Era duro na queda, viu. debandada turbulenta atrás dos ferros
mágicos de Melquíades. “As coisas têm vida
própria”, apregoava o cigano com áspero
sotaque, “tudo é questão de despertar a sua
alma.” [...] Úrsula mal havia cumprido o seu
resguardo de quarenta dias quando os
ciganos voltaram. Eram os mesmos
saltimbancos e malabaristas que haviam
trazido o gelo. [...] Desta vez, entre muitos os
jogos de artifício, traziam um tapete voador.
Não o ofereceram, porém, como uma
contribuição fundamental para o
desenvolvimento dos transportes e sim como
um objeto de recreação. O povo,
evidentemente, desenterrou os seus últimos
tostões para desfrutar de um vôo fugaz sobre
as casas aldeia. (GARCIA MÁRQUEZ. Cem
anos de solidão)
CF: [...] A história de Makunaima que eu estou sabendo... (porque também meu pai... agora meu
pai poderia estar presente aqui conosco, mas ele tá velhinho, não pode conversar, ele nem ouve.
Quando tu tá falando tem que repetir seis, sete vezes pra poder ele entender. Agora eu estou
seguindo atrás dele, mas alguma coisa estou escutando. A voz de vocês que vocês estão falando
comigo, eu tô escutando). A história de Makunaima, meu companheiro, a história de Makunaima
é muito triste. Ele tinha dois filhinhos: um se chamava Makunaima e o outro menor se chamava
Sikî. Esse foi mais valente do que Makunaima. Ele inventava, ele pensava muito. Ele tinha como
aqui diz... aspiração; ele tinha aspiração profunda, mais do que irmão dele. Um dia o pai do
Makunaima disse pro filho, pra mulher dele, mas veja bem, tá o inimigo aí no meio, não somente
Makunaima. Aí disse: “Meu filho, mulher, eu vou na frente”, como nosso costume também. Nosso
costume [é] sair de madrugada, matar jacu, matar qualquer pássaro que a gente vê. Aí disse:
“Olha, bicho tem caminho por aí, caminho que vai por aqui assim, tem pena de pássaro. Esse aí
é o caminho. Agora se vão cair num caminho...” Você sabe que tem caminho que tem
encruzilhada, né? Encruzilhada pra cá e outra pra cá [aponta com as mãos pros lados]. No meio
do caminho é pena de pássaro. Agora no caminho, na saída do caminho do inimigo é... cabelo
de... caititu. O senhor conhece caititu?
[...]
DF: Sei.
[...]
CF: Então, eles foram. Machado na mão, ele e ele, os dois, a mãe atrás, “Nós vamos na frente
flechando os pássaros.” Aí foram embora. Chegaram na encruzilhada: “Cadê o caminho do
papai, que o papai informou que era de pena de pássaro?” Olharam, tava no caminho do inimigo,
pena de pássaro. Coitados! Olharam, “Isso daqui é cabelo de porco, não! Não, não é nosso
caminho não! Umbora por aqui!” Aí pegaram o caminho do inimigo. Andaram um bom pedaço.
No caminho, no lavrado, têm muitas qualidades de pássaros, que ninguém pode chamar qual é
o nome do pássaro. Aí estavam querendo flechar ele pra comer, porque nós, nós gostamos de
comer pássaro pequeno, flechado com a zarabatana. Eu gostava. Agora não, agora eu estou
comendo peixe, agora peixe que vem no gelo, qualificado, mal, comida má. Aí foram embora, e
a mãe na frente. Quando logo na frente chegou na casa de um cidadão lá, era Dona Sapa, é
Sapa: “Que foi? Que foi senhora? Pra onde a senhora vai?” “Não, eu tô indo pra cá, atrás do
meu marido que saiu.” “Ah não! Por onde ele saiu?” “Ele saiu lá pelo pena de pássaro.” “Não,
esse aí é meu caminho.” Maldito Sapo! Mentiu! O marido tava caçando que era onça, inimigo do
pai do Makunaima. A onça tava caçando no mato. Aí ficou lá... ficaram lá. De repente, este
pássaro que estavam perseguindo pra flechar avisou, ele canta. [Pergunta para o entrevistador]
Você não viu? Se tu andou no lavrado, tu deve ter visto. Pássaro que avoa longe e abria a asa,
ele canta. E logo quando sobe de novo ele abre asa, ele canta de novo. Bonito o passarinho! Aí
esse pássaro conta história que aconteceu com a mãe dele, a mãe desse Makunaima. Aí disse:
[cantando] “Meu filho, mãe de vocês tá envenenada...” Cantou. “Tu viu? Tá cantando! Vamos
espantar de novo!” Aí foram lá. Quando abre o bico: [cantando] “Meu filho, mãe de vocês foi
envenenada...” “Que foi?” “Mamãe foi envenenada! Umbora lá!” Aí subiram, deixaram este
passarinho... deixaram o pobre do passarinho. [...]