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PLANTAS MEDICINAIS

INTRODUÇÃO

 O uso de plantas medicinais e fitoterápicos, com


finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins de diagnóstico, passou a ser oficialmente
reconhecido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 1978.
DEFINIÇÃO

PLANTA MEDICINAL: “todo e qualquer vegetal


que possui, em um ou mais órgãos,
substâncias que podem ser utilizadas com
fins terapêuticos ou que sejam precursores
de fármacos semi-sintéticos” (OMS, 1979).
HISTÓRICO
As plantas medicinais foram os primeiros
recursos terapêuticos utilizados para o
cuidado da saúde dos seres humanos e de
sua família (ALMEIDA, 2003).

 Pen T’ sao (A grande fitoterapia) 2800 a.C

 Papiro de Ebers 1.500 a.C

 Discórides (40-80 d.C.) Matéria Medica


(Sobre as Formas de Curar), foi o primeiro manual do
gênero. Muito detalhado o texto descrevia cerca de 600
espécies.
(ELDIN & DUNFORTE, 2001)
 Hipócrates (468-377 a.C). Tratamento com mais de
400 espécies.

 Idade Média, a fitoterapia, assim como toda a


ciência, sofreu um processo de estagnação.

 Renascimento, com o aparecimento dos


alquimistas e a descoberta das Américas com seus
Xamãs indígenas, houve também o “renascimento”
da fitoterapia e outras práticas científicas.

 Período Pós-revolução Industrial, com o início da


indústria de síntese, a fitoterapia passa a ser
relegada a um plano secundário.
PLANTAS MEDICINAIS
NO BRASIL
No Brasil, desde da época do descobrimento, os
colonizadores observavam e anotavam o uso
freqüente de ervas pelos Índios.

O indígena não conhecia somente a localização do


ouro ou onde poderia ser encontrado o pau-brasil,
ele também era detentor de um saber que poderia
significar a diferença entre a vida e a morte, em
um biota completamente desconhecido para o
europeu. (SOUZA, 1971).
 No Brasil, o caminho das plantas medicinais
empregadas na medicina popular e práticas
médicas vigentes, foram construídos a partir das
relações culturais que aqui se estabeleceram
entre os grupos práticos formadores do país: os
índios, os negros e os brancos (ARRUDA, 2001).

 De acordo com Matos


& Lorenzi (2002) até o
século XX, o Brasil foi
considerado um país
essencialmente rural
onde as plantas eram
amplamente utilizadas pela população.
DECLARAÇÃO DA ALMA-ATA: AVANÇOS
Portaria do Ministério da Saúde de nº 971 de 03 de maio de
2006 que aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único
de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006a). Essa política traz entre
suas diretrizes para plantas medicinais e fitoterapia, a
elaboração da Relação Nacional de plantas medicinais e
fitoterápicos, bem como o provimento do acesso aos
usuários do SUS. Ainda em 2006, o Decreto Federal de nº
5.813 de 22 de junho de 2006 instituiu a “Política Nacional
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, que incentiva as
pesquisas e dá diretrizes para implantação de serviços em
caráter nacional pelas Secretarias de Saúde dos Estados,
Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2006b).
O ESTUDO DE PLANTAS COMO
MEDICAMENTOS
 Para serem consideradas medicinais, dentro da ciência
moderna, as plantas têm que apresentar substâncias de
ação farmacológica, que ajam direta ou indiretamente como
medicamento. Mas para ter esse reconhecimento é
necessário que sua autenticidade, integridade e pureza
sejam comprovadas, como enfatiza TOURINHO, 2000, P.36
APUD MACHADO 2009.

 Atualmente, existem diversos os estudos de plantas


medicinais no Brasil, nesses estudos encontram-se equipes
multidisciplinares formadas por diversos profissionais
entre eles botânicos, biólogos, bioquímicos, farmacêuticos,
médicos e enfermeiros.
UTILIZAÇÃO DE PLANTAS PELA
POPULAÇÃO

 A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita


que, atualmente, a prática do uso de plantas
medicinais é tida como a principal opção
terapêutica de aproximadamente 80% da
população mundial.
PORQUE A POPULAÇÃO USA
PLANTAS MEDICINAIS?

 Busca por remédios fitoterápicos

 Fatores sócio-econômicos: pobreza

 Manutenção das tradições: cultura

 Falência do sistema tradicional de saúde

 Mudança de paradigmas humanos: consciência


ecológica

 O desenvolvimento de uma farmacologia natural


científica, ética e responsável.
A fitoterapia, além de resgatar a cultura
tradicional do uso das plantas medicinais pela
população, possibilita a ampliação do seu acesso,
a prevenção de agravos e da promoção,
manutenção e recuperação da saúde baseada em
modelo de atenção humanizada e centrada na
integralidade do indivíduo, contribuindo ao
fortalecimento dos princípios fundamentais do
Sistema Único de Saúde –SUS.
Fitoterapia (do grego therapeia = tratamento e phyton =
vegetal), é a utilização de plantas que possuem
propriedades (princípios ativos) capazes de prevenir,
curar ou auxiliar o tratamento de doenças.

 Fitoterápicos:
São medicamentos
obtidos a partir de
plantas medicinais.
Eles são obtidos
empregando-se
exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato,
tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e outros)(ANVISA,
2010).
FITOTERÁPICOS RECONHECIDOS
 Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) – cápsula,
comprimido, emulsão, solução e tintura;
 Guaco (Mikania glomerata) – cápsula, solução oral, tintura
e xarope;
 Alcachofra (Cynara scolymus) – cápsula, comprimido,
drágea, solução oral e tintura;
 Aroeira (Schinus terebenthifolius) – gel e óvulo;
 Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana) – cápsula e
tintura;
 Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens) – cápsula;
 Isoflavona-de-soja (Glycine max) – cápsula e comprimido;
 Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) – cápsula, comprimido
e gel.
O ESTUDO DE PLANTAS COMO
MEDICAMENTOS

Atualmente, existem diversos os estudos de


plantas medicinais no Brasil, nesses estudos
encontram-se equipes multidisciplinares
formadas por diversos profissionais entre eles
botânicos, biólogos, bioquímicos, farmacêuticos,
médicos e enfermeiros.
CONTEXTO NO BRASIL
 Plantas medicinais são consideradas pela
população como “naturais” e isentas de efeitos
colaterais. (Problemática)

 Os usuários das
Unidades de Saúde não
referem uso de chás ou
outras formas de
utilização de plantas
medicinais para os
profissionais, principalmente médicos, e os
profissionais também não perguntam.
PRINCÍPIOS ATIVOS

Segundo Dantas
(2007) os princípios
ativos são as
substâncias
bioativas, isto é, que
têm na planta ação
medicinal, são elas as
responsáveis pela ação terapêutica dos vegetais.
ALCALÓIDES: Ação calmante, sedativo, estimulante, analgésico,
anestésico.

MUCILAGENS: Ação cicatrizantes, antiinflamatório, laxativo,


expectorante e antiespasmódico.

TANINOS: Adstringentes, hemostáticas, anti-sépticas, tonificantes


e antimicrobianas. Ingeridos em doses elevadas, os taninos podem
impedir a absorção de certos minerais como o cálcio e o ferro.

ÓLEOS ESSENCIAIS: Bactericida, antivirótico, cicatrizante,


analgésico, relaxante, expectorante, antiespasmódico. Os
principais são timol (do tomilho), cineol (do eucalipto), limoneno
(do limoeiro) e mentol (da laranja).

MINERAIS: Ação reconstituinte e oxidante

RESINAS: Purgante, anti-sépticas urinárias, antiespasmódicas,


rubefacientes e anti-reumáticas. São obtidas através da incisão do
caule de diversas plantas (copaíba, abeto, guaiaco, etc.)
TOXICIDADE

Capacidade de uma substância química produzir um


efeito nocivo quando interage com um organismo vivo. A
toxicidade de uma substância depende da dose e/ou do
sistema biológico de cada um.

 Arruda: Convulsões, transtornos nervosos.

 Anis-estrelado: Dose excessiva causa transtornos


nervosos e renais, abortivo.
FORMAS
FARMACÊUTICAS
FORMAS DE UTILIZAÇÃO
 Infusão ou chá;
 Decocção ou cozimento;

 Maceração;

 Alcoolatura;

 Tinturas;

 Garrafadas;

 Cataplasma;

 Lambedor ou xarope;

 Banho
 FORMAS DE PREPARO E USO

 TISANAS — (em geral) — É o que se chama


vulgarmente chá, líquido resultante da mistura da
água com a planta que se pretende usar, quer essa
mistura seja feita a quente ou a frio, por meio de
infusão, cozimento ou maceração (DANTAS, 2007).
 INFUSÃO OU CHÁ: São preparações aquosas,
normalmente a 5%, utilizadas especialmente com as
partes tenras da planta, como folhas, flores e
inflorescências, bem como para todas as partes de
plantas medicinais ricas em componentes voláteis,
aromas delicados e princípios ativos que se degradam
pela ação combinada de água e do calor. As infusões
são obtidas fervendo-se a água, quando esta estiver em
estado de ebulição, põe-se sobre as plantas, tapa-se o
recipiente e aguarda-se de 5 a 30 minutos. Em seguida,
côa o infuso e o utiliza acordo com a posologia indicada
para as plantas (DANTAS, 2007).
 INFUSÃO —
 Parte da planta ............................................... 05 gr.
 Água quantidade suficiente para.....................100 ml
 Despejar água fervendo num recipiente com plantas.
Tampar e deixar em infusão 5 a 30 minutos (flores,
folhas, sementes, etc.). Em seguida coar, adoçar se
preferir.
 DECOCÇÃO OU COZIMENTO:
Essa preparação normalmente utilizada para ervas
não aromáticas (que contém princípios estáveis ao
calor) e para as drogas vegetais constituídas por
sementes, raízes, cascas e outras partes de maior
resistência à ação da água quente. Numa decocção,
coloca-se à parte da planta na quantidade prescrita de
água fervente. Cobre-se e deixa-se ferver em fogo baixo
por 10 a 20 minutos. A seguir deve-se coar e espremer
a erva com um pedaço de pano de ou coador (DANTAS,
2007).
 DECOCÇÃO — (cozimento) — Cozimento de raízes,
cascas, etc, de varias plantas que vai de 3 a 15
minutos. Mexer bem de seguida com uma colher. Use
dentre um dia.
 Planta............100 grs.
 Água............. 1.000 ml.
 MACERAÇÃO — Consiste em deixar em repouso
certas plantas num determinado líquido, durante
horas ou dias, conforme a indicação. 50 a 200 gramas
para 1 litro de líquido — água destilada, álcool(DANTAS,
2007).
MACERAÇÃO
 GARRAFADA
 Formas medicamentosa caseira tendo como veículo
vinho ou cachaça e partes de vegetais, cascas, frutos,
folhas, raízes ou flores, secas ou verdes, os quais ficam
em maceração de três a vários dias. Os raizeiros e
curandeiros têm por prática enterrar a mistura
(DANTAS, 2007).
 As plantas devem ser picadas e moídas, colocadas em
recipiente fechado, fresco e ao abrigo da luz. A
proporção deve ser de 20g de erva para 100 ml de
cachaça, vinho tinto ou vodka. A extração deve ser
realizada num período de 7 a 21 dias. O recipiente
deve ser agitado uma a duas vezes ao dia para
melhorar a extração. A dose diária é, em geral, em
torno de 20 a 40 ml.
 Plantas que são utilizadas em garrafada
antiinflamatória: quixabeira, barbatimão, jucá,
sucupira, gengibre, guaraná, favela, gergelim,
catuaba, ubiratam, japecanga, cajueiro-roxo,
ipê-roxo, embira, romã e aroeira.
 Outra garrafada antiinflamatória: alcaçuz-da-
praia, algodoeiro, ameixa, araticum, aroeira,
barbatimão, barriguda, boldinho, bom-nome,
capitãozinho, erva-doce, eucalipto, favela,
fedegoso, jatobá, madre-cravo, orégano, quina-
quina, quixabeira, romã, urtiga e velame.
GARRAFADA ANTIINFLAMATÓRIA
(PRÓSTATA, OVÁRIO INFLAMADO, ÚTERO E
RINS).

 Partes das Plantas: Casca de quixabeira,


cajueiro-roxo, aroeira, ameixa, babatenô,
favela, jatobá; raiz de coco-catolé; fruto de
romã (casca do fruto).
 Modo de preparar: Retire a metade do vinho,
coloque as plantas 10-15 g de cada e complete
para um 1 litro de vinho branco, macere
durante 3 dias.
 Dose e posologia: Um cálice, duas vezes ao
dia. Durante um mês.
 Solvente: Vinho Branco.
(DANTAS, 2007).
 TINTURAS - são preparações
genéricas de ervas que se usam
relações variadas de água e
álcool. A maioria das tinturas
feitas de plantas secas a 20%.
Geralmente, usa-se 1 parte seca
da erva, 2 partes de água e 2
partes de álcool (DANTAS, 2007).
 Coloque em um jarro ou recipiente de vidro e
deixe em embebição (maceração), durante 72
horas, agitando ou mexendo diariamente.
Depois deste tempo, retire a erva e coloque a
tintura em um lugar limpo, como garrafas ou
recipientes escuros e armazene a temperatura
ambiente.
 Por exemplo:
 Casca de cumaru em pó....................200 grs.
 Álcool a 95°q.s.p.............................. 1.000 grs.
 Reduza o cumaru a pó, macere durante 10
dias; coe espremendo; filtre.
(DANTAS, 2007).
 ALCOOLATURA — São tinturas feitas com
plantas frescas. Chernoviz (1920), considerado
o papa da farmácia, define da seguinte
maneira, “Dá-se o nome de álcool carregado,
por maceração, dos princípios solúveis das
plantas em estado de frescura.”
 Por exemplo:

 Folhas de hortelã............................1.000 grs.

 Álcool a 95°............................. 1.000 grs.

 Contunda o hortelã, macere durante 10 dias;


coe espremendo; filtre.
• As alcoolaturas são obtidas pela ação do álcool sobre
drogas frescas que não podem sofrer processos de
estabilização e secagem, pois perdem a sua atividade.

• Na alcoolatura, são empregadas partes iguais em peso


de planta fresca e de álcool a um título elevado para
evitar uma diluição elevada pela água liberada pela
planta.

• O modo de preparação é muito simples, basta macerar


por 8 dias a droga fresca rasurada em um recipiente
fechado, com álcool, fazer uma expressão e logo após
uma filtração.
XAROPES — São preparados que resultam da dissolução do
açúcar em líquidos apropriados, podendo ser preparados “a frio”
ou “a quente”. Quando composto deve ser no percentual de 10%.
A Preparação a frio faz-se através da dissolução do açúcar na
água, com agitação constante ou intermitente.
A Preparação a quente efetua-se a uma temperatura de cerca de
70 a 80 graus, em banho-maria. Pode-se utilizar Mel, Açúcar
branco, açúcar mascavado ou frutose.
O açúcar entra geralmente na proporção dos 850 g. para 400 g. de
líquidos previamente filtrados (infusos, cozimentos, sucos frescos)
(DANTAS, 2007).

XAROPE SIMPLES
A. FÓRMULA
Açúcar...................................................... 850g
Água potável .....................................1000mL
 Xarope composto:
 Tintura de hotelã da folha grande………………. 10 ml

 Xarope simples ……………………………….. 100ml.

 Modo de preparar: em um becker coloque 70 ml de


xarope simples, adicione as alcoolaturas e as tinturas,
complete o volume para 100 ml.
 Indicação: Tosse, catarro, gripe, como expectorante e
antitussivo.
 Modo de tomar: Tomar um colher de sopa três vezes ao
dia.
 LAMBEDOR OU XAROPE CASEIRO
 É uma preparação caseira, feita com rapadura, açúcar
ou mel. Usa-se uma proporção de cerca de 15 gr. da
planta para cada 100ml de xarope. Coloque a(s)
planta(s) picada(s) e lavada(s) no mel ou na calda de
açúcar e cozinhe em banho-maria ou temperatura
branda, durante 10 minutos após a fervura, mexendo
algumas vezes. Coe e coloque num vidro limpo com
tampa e guarde em local fresco e ao abrigo da luz
(DANTAS, 2007).
 .
 MODO DE PREPARAR:
1. Quebre as rapaduras.
2. Parta o máximo as cascas e raiz.
3. Coloque para cozinhar as casca, raiz e
rapadura. Deixe ferver até dissolver a
rapadura completamente. Mexendo
constantemente. leva mais ou menos uns 15
minutos. Enquanto isso, corte as folhas em
pequenos pedaços.
4. Depois de dissolvido a rapadura e passado os
15 minutos, retire do fogo o preparado e
acrescente as folhas, mexa e abafe, antes de
esfriar mexa várias vezes.
5. Quando esfriar completamente, coe
espremendo, até retirar completamente o
xarope.
POSOLOGIA:
 Tomar Três Colheres de Sopa ao Dia.

 MODO DE CONSERVAR.
 Conserve na geladeira, retirando o de consumir apenas
para dois dias.

 CONTRA INDICAÇÃO: Diabéticos.

 Obs: Verificar plantas expectorantes para substituir


quando necessário.
 RÓTULO
Todas as informações relativas a Forma e a fórmula.
deverá constar:
a) Nome do produto
b) Ingredientes.
c) Indicação clínica
d) Contra indicação
e) Dose e posologia
f) Responsável
g) Data.

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