Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RELATÓRIO
Contrarrazões apresentadas.
É o relatório.
VOTO
"13. Conforme restou consignado na decisão que deferiu a tutela antecipada, nos
termos da Lei n.º 8.745/93, que regulamentou a norma constante do art. 37, IX, da
Constituição Federal, dispondo sobre a contratação por tempo determinado para
atender à necessidade temporária de excepcional interesse público, o funcionário
contratado temporariamente vincula-se ao regime jurídico administrativo, de forma
que não pode ser equiparado ao trabalhador conceituado na CLT, e na verdade se
assemelha ao servidor estatutário, como, aliás, se observa do art. 11 da própria Lei
nº 8.745/93, quando prevê a aplicação de disposições da Lei 8.112/90 para esse tipo
de contrato que possui tempo determinado.
Art. 11. Aplica-se ao pessoal contratado nos termos desta Lei o disposto nos arts. 53
e 54; 57 a 59; 63 a 80; 97; 104 a 109; 110, incisos, I, in fine, e II, parágrafo único, a
115; 116, incisos I a V, alíneas a e c, VI a XII e parágrafo único; 117, incisos I a VI e
IX a XVIII; 118 a 126; 127, incisos I, II e III, a 132, incisos I a VII, e IX a XIII; 136 a
142, incisos I, primeira parte, a III, e §§ 1º a 4º; 236; 238 a 242, da Lei nº 8.112, de
11 de dezembro de 1990.
14. A Lei nº 8.036/90, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,
por sua vez, no § 2º do art. 15, exclui a obrigatoriedade de recolhimento de FGTS
quanto aos eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e militares
sujeitos a regime jurídico próprio.
2. Resta devidamente comprovado nos autos que o autor foi contratado pelo 3º
Batalhão de Engenharia e Construção, para exercer a função de motorista, sob a
forma temporária, de excepcional interesse público, regido pela Lei 8.745/93, com a
redação dada pela Lei 9.849/99. Resta, ainda, incontroverso que ocorreram
sucessivas contratações.
4. Sobre a matéria, o TST possui entendimento Sumulado (Súmula n.º 363 do TST),
de seguinte teor: "A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e parágrafo
2.º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em
relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS".
7. Os pedidos de condenação de horas extras com base no art. 11, da Lei 8.745/93 e
da indenização por quebra de contrato, com fundamento no art. 12, parágrafo 2º, da
Lei 8.745/93, deduzidos no recurso de apelação, compreendem inovação recursal,
vez que não foram objeto de pedido na exordial, tampouco houve discussão nos
autos, razão pela qual não permite a análise por esta Corte, nem mesmo por força
do efeito devolutivo em profundidade.
Destarte, adotando como razão de decidir a fundamentação acima reverenciada, deve ser
mantida na íntegra a sentença ora objurgada.
EMENTA
1. A questão versada nos autos trata sobre a necessidade de recolhimento do FGTS, em favor de
trabalhador admitido sob o regime de contrato de trabalho temporário, que teve sua contratação
declarada nula, à vista da inobservância das regras próprias do concurso público.
2. Nos termos da Lei n.º 8.745/93, que regulamentou a norma constante do art. 37, IX, da
Constituição Federal, dispondo sobre a contratação por tempo determinado para atender à
necessidade temporária de excepcional interesse público, o funcionário contratado
temporariamente vincula-se ao regime jurídico administrativo, de forma que não pode ser
equiparado ao trabalhador conceituado na CLT, e na verdade se assemelha ao servidor
estatutário, como, aliás, se observa do art. 11 da própria Lei nº 8.745/93, quando prevê a
aplicação de disposições da Lei 8.112/90 para esse tipo de contrato que possui tempo
determinado.
3. O caso em análise "diverge da hipótese do art. 19-A da Lei nº 8.036/90, pois o vínculo de
trabalho que existiu entre os litigantes não era oriundo de investidura em cargo ou emprego
público posteriormente anulada por descumprimento do princípio do concurso público insculpido
no art. 37, § 2º, da CRFB/88, mas de contratação de servidor temporário sob o regime de
contratação excepcional" (AgRg nos EDcl no Agravo em REsp nº 45.467/MG).
4. Apelação improvida.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe,
em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade,
negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator.
RGA