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A) No Código Civil, lei de caráter eminentemente privatista, radica o conceito jurídico de bens
públicos (natureza subjetiva), bem como a classificação dos bens de acordo com a respectiva
destinação.
B) A venda de bens públicos imóveis é permitida pelo ordenamento, desde sejam observados
os seguintes requisitos: interesse público, avaliação justa, autorização legislativa, licitação na
modalidade concorrência, escritura pública (ou outra forma efetiva publicidade do ato), além
daqueles indicados em legislação específica.
C) Afetação é a atribuição de finalidade específica ao bem público, funcionalizando-o a
determinada destinação pública a bem da coletividade, enquanto desafetação é a modificação
do destino dos bens públicos de uso comum, especial ou dominicais.
D) Os bens públicos podem ser classificados em bens de domínio público, bens do patrimônio
administrativo (bens patrimoniais indisponíveis) e bens do patrimônio fiscal (bens patrimoniais
disponíveis).
COMENTÁRIOS:
Alternativa correta “c”. A questão está correta na parte em que traz o conceito de
“afetação”. Entretanto, o conceito de “desafetação”, ao contrário do quanto colocado, não
consiste na “modificação do destino dos bens públicos”, mas sim na perda da destinação
pública de um bem de uso comum ou de uso especial para caracterizá-lo como bem dominical.
Nesse sentido, o doutrinador Celso Antonio Bandeira de Melo: “A afetação é a preposição de
um bem a um dado destino categorial de uso comum ou especial, assim como a desafetação é
a sua retirada do referido destino. Os bens dominicais são bens não afetados a qualquer
destino público”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 17ª ed.,
ver. e atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2004., p. 805).
Alternativa “a”. Pode-se afirmar que a distinção entre “bens públicos” e “bens particulares”
é de natureza subjetiva, pois o legislador leva em consideração o sujeito proprietário do bem,
ou seja, são públicos os bens que pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público (União,
Estado, Distrito Federal, Territórios, Município, Autarquias e Fundações – art. 41 do CC) e são
privados os bens que pertencem a particulares. O Código Civil traz, em seu artigo 98, a
definição jurídica do que são os bens públicos. O artigo 99 e seus respectivos incisos
classificam os bens públicos em “de uso comum do povo”, “de uso especial” e “dominicais”,
sendo que essa divisão é feita de acordo com a destinação que é dada a cada bem.
Alternativa “b”. O Código Civil, em seu artigo 100, estabeleceu como regra geral a
inalienabilidade dos bens públicos. Entretanto, o artigo 101 do mesmo diploma legal prevê a
possibilidade de alienação dos bens públicos dominicais, desde que observadas as exigências
legais. Ou seja, o legislador determina que os bens públicos são inalienáveis enquanto tiverem
afetação pública. Uma vez que tais bens forem desafetados, passando, portanto, para a
categoria de bens dominicais, poderão ser objeto de alienação, desde que a Administração
atenda aos requisitos para a transferência de tal bem. A lei 8.666/93, em seu artigo 17, inciso I,
traz os requisitos específicos para a venda de bens públicos imóveis, que são: existência de
interesse público devidamente justificado, autorização legislativa, existência de avaliação prévia
e de licitação na modalidade de concorrência.
COMENTÁRIOS:
Alternativa correta “b”. A intenção do legislador ao incluir o artigo 655-A no CPC/1973 foi
dar efetividade no processo de execução, entretanto, não há previsão para proteção do
patrimônio mínimo do consumidor endividado. O legislador não previu o resguardo do
percentual de trinta por cento nas hipóteses de indisponibilidade de vencimento, subsídio, soldo
ou aposentadoria. Caso ocorra a indisponibilidade de valores do devedor que se enquadrem
nessa categoria, caracterizadas como impenhoráveis, de acordo com a redação do artigo 649 e
incisos do CPC/1973, compete ao devedor comprovar que os valores indisponibilizados
caracterizam-se como impenhoráveis e pleitear seu desbloqueio. Após a entrada em vigor do
Código Civil de 2015, a redação do antigo artigo 655-A do CPC/1973, atualmente encontra-se
no artigo 854 do CPC/2015, e a redação do antigo artigo 649 do CPC/1973, atualmente
encontra-se no artigo 833 do CPC/2015. Apenas nas hipóteses de descontos de empréstimos
diretamente em conta corrente ou em folha de pagamento, doutrina e jurisprudência tem
entendido que tais descontos não devem ultrapassar o percentual de 30% dos rendimentos
líquidos, em função da natureza alimentar dos vencimentos e em observância ao princípio da
razoabilidade e da dignidade da pessoa humana.
Alternativa “a”. O Código Civil, em seu artigo 422 impôs às partes integrantes de qualquer
contrato, tanto na fase da conclusão das negociações, quando na fase de execução, a
obrigatoriedade de observância aos princípios da probidade e da boa-fé. A boa-fé objetiva é um
dos princípios fundamentais do direito privado, cujo objetivo é estabelecer um padrão ético de
conduta para as partes em qualquer relação obrigacional, que devem agir com lealdade,
honestidade e probidade. Assim, a partir do conceito de “boa-fé objetiva” pode-se afirmar que
esta é uma das ferramentas essenciais à prevenção ao superendividamento, pois impõe ao
empreendedor o dever de agir com lealdade, transparência e honestidade em relação à outra
parte (no caso o devedor, contraente da obrigação), informando-lhe, de maneira clara e direta,
sobre a obrigação por ele assumida.
Alternativa “d”. A lei 10.820/2003, prevê, em seu artigo 6º e §3º, com a redação dada pela
lei 10.953/2004, a possibilidade dos titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do
Regime Geral da Previdência Social, autorizarem o INSS ou a instituição financeira na qual
recebem seus proventos, procedam aos descontos em folha de pagamento ou na sua
remuneração disponível, para pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito
por eles contraídos. O §3º prevê expressamente a impossibilidade do titular do benefício
solicitar a alteração da instituição financeira pagadora, enquanto houver saldo devedor em
amortização. Importante chamar atenção para a redação do §5º do mesmo artigo 6º da lei
10.820/2003, recentemente alterado pela lei 13.172/2015, que alterou para 35% do valor do
benefício, o limite dos descontos e retenções previstas nessa lei.
A) o consulente (pessoa natural ou jurídica que conceda crédito ou realize venda a prazo ou
outras transações comerciais e empresariais que lhe impliquem risco financeiro) recolhe os
dados da fonte (pessoa jurídica responsável pela administração de banco de dados, bem como
pela coleta, armazenamento, análise e acesso de terceiros aos dados armazenados) sobre a
vida econômica e creditícia do cadastrado (pessoa natural ou jurídica que tenha autorizado
inclusão de suas informações no banco de dados).
B) são informações excessivas aquelas que não estiverem vinculadas à análise de risco de
crédito ao consumidor.
C) são informações sensíveis aquelas pertinentes à origem social e étnica, à saúde, à
informação genética, à orientação sexual e às convicções políticas, religiosas e filosóficas.
D) dentre os direitos do cadastrado, encontram-se: a obtenção do cancelamento do cadastro
quando solicitado; acesso gratuito às informações sobre ele existentes no banco de dados,
inclusive o seu histórico; solicitação de impugnação de qualquer informação sobre ele
erroneamente anotada em banco de dados e ter, em até 7 (sete) dias, sua correção ou
cancelamento e comunicação aos bancos de dados com os quais ele compartilhou a
informação; conhecimento dos principais elementos e critérios considerados para a análise de
risco, resguardado o segredo empresarial; ter os seus dados pessoais utilizados somente de
acordo com a finalidade para a qual eles foram coletados.
COMENTÁRIOS:
Alternativa correta “a”. Essa alternativa faz uma grande confusão entre os conceitos de
consulente e fonte. De acordo com o art. 2º, inciso V da lei 12.414/2011, consulente é a
“pessoa natural ou jurídica que acesse informações em bancos de dados para qualquer
finalidade permitida por esta Lei”. Já o conceito de fonte encontra-se expresso no art. 2º, inciso
IV da mencionada lei e corresponde à “pessoa natural ou jurídica que conceda crédito ou
realize venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais que lhe impliquem risco
financeiro”. O responsável pela administração de banco de dados, bem como pela coleta,
armazenamento, análise e acesso de terceiros aos dados armazenados, é o gestor (art. 2º,
inciso II da lei 12.414/2011) e não a fonte, tal como colocado pela alternativa.
O único conceito trazido pela alternativa que está correto é o de cadastrado, que, segundo o
art. 2º, inciso III, da lei em questão é realmente a “pessoa natural ou jurídica que tenha
autorizado inclusão de suas informações no banco de dados”.
Alternativa “d”. A lei 12.414/2011, em seu artigo 5º prevê expressamente quais são os
direitos do cadastrado, lembrando-se que este é a pessoa natural ou jurídica que tenha
autorizado inclusão de suas informações no banco de dados. Além dos direitos transcritos
pelaalternativa, o artigo 5º ainda prevê os seguintes, previstos nos incisos V e VI do
mencionado artigo: “V - ser informado previamente sobre o armazenamento, a identidade do
gestor do banco de dados, o objetivo do tratamento dos dados pessoais e os destinatários dos
dados em caso de compartilhamento;” e “VI - solicitar ao consulente a revisão de decisão
realizada exclusivamente por meios automatizados”.
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COMENTÁRIOS:
Assertiva II. INCORRETA. De acordo com a classificação utilizada pelo Código de Defesa
do Consumidor, um produto ou serviço apresentará vício de adequação sempre que não
corresponder à legítima expectativa do consumidor quando à sua utilização ou fruição (art. 18
do CDC). Já o vício de segurança é caracterizando quando o produto, além de não
corresponder à expectativa do consumidor, é capaz de causar riscos à sua incolumidade ou de
terceiros (art. 12 do CDC).A noção de vício de qualidade por insegurança relaciona-se
diretamente com a de acidente de consumo. Portanto, a alternativa está errada porque o “vício
de inadequação” não é capaz de atingir a incolumidade física do consumidor. A respeito da
diferenciação entre esses dois vícios (de insegurança e de adequação, a doutrinadora Cláudia
Lima Marques coloca: “Mister, portanto, diferenciar a disciplina do vício por inadequação do
novo regime da responsabilidade civil pelo fato do produto ou serviço, que está regulado no art.
12 ss do CDC, que pode ser chamado de regime dos vícios por insegurança. Este último é um
regime extracontratual com fundamento na responsabilidade objetiva, visando reparar os danos
extracontratuais ou à saúde sofridos pelo consumidor, enquanto que nos vícios por
inadequação a responsabilidade, no que se refere à reparação, concentra-se no objeto da
relação contratual (produto ou serviço).” (Contratos no Código de Defesa do Consumidor, RT,
5ª ed., 788).
Assertiva III.Pode-se afirmar que a responsabilidade civil tem função preventiva porque
visa desestimular comportamentos lesivos, que possam causar lesões a terceiros. O dano-
evento é a lesão ao direito subjetivo ou a uma norma protetora de interesses. O dano-evento
está sempre presente quando se tratar de responsabilidade objetiva. Já o dano prejuízo é a
consequência, gerada a partir do dano-evento. O dano prejuízo pode ser moral, individual,
patrimonial e social. Assim, para que a função preventiva da responsabilidade civil
consumerista seja exercida, exige-se o dano-evento (lesão) e dispensa-se o dano prejuízo
(consequência), diante da teoria da responsabilidade objetiva adotada pelo Código
Consumerista.
Assertiva IV. CORRETA. A teoria da qualidade surge como forma de dar um tratamento
mais moderno e mais célere à teoria dos vícios redibitórios. Para sua aplicação, não se exige
que os vícios sejam ocultos, pois sua cobertura se estende até aos vícios aparentes (art. 26 do
CDC). A aplicação da teoria da qualidade dispensa a gravidade do vício, pois pressupõe que
asimples existência do vício em si, já é capaz de macular a legítima expectativa do consumidor.
A teoria da qualidade faz com que o fornecedor, independente de conhecer o vício que inquina
a coisa ou não, seja responsável pela idoneidade material do objeto da prestação, como forma
de proteger a parte débil da relação, que é o consumidor.
A) Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob
pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 10 (dez) dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público.
B) Até 15 (quinze) dias antes da sessão do Conselho Superior do Ministério Público, na qual o
Inquérito Civil seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as
associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos
autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
C) A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior
do Ministério Público.
D) Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, remeterá os
autos do Inquérito Civil para que o órgão do Ministério Público que o presidiu, a fim de que
ajuíze a ação.
COMENTÁRIOS:
DICAS:
Tal matéria foi pacificada no âmbito do C. Superior Tribunal de Justiça em dois recursos
especiais representativos de controvérsia, julgados sobre a égide do art. 543-C
do Código de Processo Civil de 1973 (correspondente ao art. 1.036 do atual CPC), quais
sejam, os REsps n. 1.457.199/RS e 1.419.697/RS:
“RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC).
TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS DE CRÉDITO. SISTEMA 'CREDIT
SCORING'. COMPATIBILIDADE COM O DIREITO BRASILEIRO. LIMITES. DANO MORAL. I -
TESES: 1) O sistema 'creditscoring' é um método desenvolvido para avaliação do risco de
concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com
atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito) 2) Essa prática
comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei
do cadastro positivo). 3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites
estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da
máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n.
12.414/2011. 4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem
ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados,acerca das fontes dos dados
considerados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas. 5) O
desrespeito aos limites legais na utilização do sistema 'creditscoring', configurando abuso no
exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do
fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16
da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de
informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem como nos
casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou
desatualizados.” (REspsns. 1.457.199/RS e 1.419.697/RS, V.U., Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, j. em 12/11/2014)
Súmula 323/STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção
ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução.
Súmula 550/STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliaçãode risco que
não constitui banco de dados, dispensa o consentimentodo consumidor, que terá o direito de
solicitar esclarecimentos sobreas informações pessoais valoradas e as fontes dos dados
consideradosno respectivo cálculo.