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Em Santa Maria, cooperação e economia

solidária celebram jubileu de resistência


De 12 a 15 de julho a Feira Internacional Jubilar do
Cooperativismo e da Economia Solidária reforça o chamado à
construção um novo mundo possível e necessário

O tempo atual é desafiador para os que pensam e sonham a partir de uma visão inclusiva e
progressista. Más há os que resistem e seguem lutando. Se em muitos campos o conservadorismo
se fortalece, há um evento em especial que contraria essa lógica: no coração do RS, a cada mês de
julho, a cidade de Santa Maria se transforma na capital mundial da solidariedade, renovando o
sonho profético de Dom Ivo Lorscheiter, através da FEICOOP/ECOSOL, hoje um evento que resiste e
condensa em seu entorno pessoas que acreditam e lutam por utopias comuns.
Organizada a partir do projeto Esperança/Cooesperança, a feira chega a sua 25 a edição, sob
a coordenação de Irmã Lourdes Dill, apoiada por um grande número de ativistas e organizações
que deixam de lado as distâncias impostas pelas diferentes orientação que trazem em sua
identidade (espirituais, ideológicas, étnicas, sexuais, etc) em nome das semelhanças que os
irmanam num objetivo comum: a solidariedade como força motris para transformar a realidade a
sua volta.

Irmanados em resistência
- A feira é um momento forte de integração e reanimação de nossas lutas, utopias e sonhos
proféticos, no trabalho em rede para o desenvolvimento solidário, sustentável e territorial no Brasil
e na América Latina em articulação com as redes intercontinentais de economia solidária -,
comenta Irmã Lourdes, abrindo o sorriso que se transformou em bandeira para mais de 5 mil
famílias que orbitam um dos projetos que nasce ali, mobilizando e organizando a produção de
família camponesas. “Vamos ter uma Feira muito significativa, precisamos alimentar um
pensamento positivo, queremos um clima alegre, esperançoso, profético, sobretudo este ano em
que vamos celebrar este jubileu”, acrescenta.
Trazendo como tema a construção da sociedade do bem viver, por uma ética planetária, a
25a FEICOOP/ECOSOL congrega pelo menos mais uma dezena de eventos paralelos, entre os dias
12 e 15 de julho, com destaque ao 3o Fórum Temático e a 3a Feira Mundial de Economia Solidária,
a comemoração dos 10 anos do Fórum Mundial de Educação e a realização da 10a Caminhada
Mundial Ecumênica pela Paz e Justiça Social. De modo especial coloca em debate a criminalização
da produção camponesa – recentemente produtores familiares foram vítimas de terrorismo de
estado por forças da oficialidade na cidade – e convida os olhares do mundo a observar a luta dos
pequenos agricultores e agricultoras do RS pelo direito de produzir e comercializar alimentos de
qualidade.

Por um mundo solidário


São quatro dias de palestras, seminários, reuniões, comercialização de produtos e serviços,
atividades culturais e, sobretudo, de vivência solidária, onde a cidade recebe participantes dos
quatro cantos do Brasil, assim como delegações vindas de pelo menos duas dezenas de países,
todos dispostos à partilhar da mesma para debater projetos, expor iniciativas, trocar experiências e
renovar forças.
- A economia solidária de fato é uma organização e um movimento profético, que busca um novo
modelo para o desenvolvimento solidário, sustentável e territorial para o bem viver, mas um bem
viver que tem que ser para todos e não para alguns -, acrescenta Irmã Lourdes, que recebeu do
próprio Dom Ivo, às vésperas de sua morte, a missão de dar continuidade aos projetos de
economia solidária que estavam sendo desenvolvidos a partir da diocese de Santa Maria. Para ela
nunca é demais repetir o desafio do Papa Francisco evocando a defesa ao acesso do povo à terra,
ao teto, ao trabalho e aos direitos. A coordenadora da FEICOOP/ECOSOL convoca todos os
participantes à linha de frente da recuperação do sentido de ser inerente ao humano, frente ao ter
pregado pelo capital.

Aprender e ensinar
A feira de Santa Maria tem uma linha editorial própria, que propõe o desenvolvimento de
uma experiência aprendente e ensinante. Neste sentido, a própria estrutura da feira segue o
princípio de estabelecer um comércio justo e oportunizar o consumo ético e solidário. Alguns
detalhes demarcam a experiência, a começar pela água, que não é comercializada, pois é um dos
grandes patrimônios da humanidade. Como em anos anteriores, se buscou proporcionar um
espaço do “bem viver”, evitando a comercialização de refrigerantes, bebidas alcoólicas e não
permitindo o consumo de cigarro no local.
O espírito de coletividade se faz notar também no envolvimento de todos os participantes
contribuindo individualmente na manutenção e limpeza dos espaços, cuidando da destinação dos
resíduos, separando recicláveis do material orgânico e incentivando a utilização contínua de itens
pessoais, proporcionando que os próprios participantes se sintam parte do movimento global de
construção de um planeta sustentável.

Juventude em Levante!
Foi justamente sob o abrigo da FEICOOP/ECOSOL que surgiu um dos movimentos populares de
juventude mais atuantes e críticos atualmente: o Levante Popular da Juventude. Entre a
programação paralela proposta, também acontece o 11o Acampamento Estadual do LPJ. A
organização hoje está presente em todo o país e exerce papel estratégico na mobilização da
juventude, com ações de ativismo, solidariedade, comunicação, formação e politização da
juventude nos ambientes urbano e rural.

Cobertura e repercussão
O BDF/RS fechou esta edição poucos dias antes da FEICOOP/ECOSOL, oque garantiu sua
circulação dentro do espaço do evento e o pré-lançamento no palco central, dia 14. O leitor pode
acompanhar as informações a respeito dos acontecimentos desta edição da feira veiculadas pelos
parceiros em ambiente virtual, como Rede Soberania (www.redesoberania.com.br), portal Sul21
(www.sul21.com.br) e portal nacional do Brasil de Fato (www.brasildefato.com.br), bem como nas
respectivas redes sociais.

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