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Gestão para A Sustentabilidade PDF
Gestão para A Sustentabilidade PDF
Márcia Dias
RESUMO
INTRODUÇÃO
É cada vez mais comum a circulação de notícias sobre o futuro do planeta. Assuntos
como aquecimento global, efeito estufa acelerado por conta da alta poluição do solo, ar, água,
esgotamento de recursos, miséria acentuada, aumento desenfreado da população, ocupação
irregular do solo, movimentos ambientalistas, política verde, direito ambiental,
sustentabilidade corporativa, gestão ambiental, logística reversa, marketing verde, tecnologia
verde, governança corporativa, ações verdes, selo verde, desenvolvimento sustentável, ISO
14000, Agenda 21, Rio+20, entre tantos outros sob o mesmo enfoque – o meio ambiente –,
passaram a fazer parte do cotidiano de pessoas físicas e jurídicas nos quatro cantos do planeta.
São temas que passaram a integrar a agenda dos negócios, pautas de reuniões, itens dos
planejamentos estratégicos dos mais variados segmentos do mercado, discutidos entre
governantes, empresários, ambientalistas, nas escolas, organizações, associações, lares, no dia
a dia da sociedade.
No universo empresarial, a responsabilidade socioambiental tornou-se relevante. Na
medida em que as pessoas do meio empresarial – empresários, gestores, líderes, outos – foram
entendendo melhor o mecanismo nesse ambiente, surgiu a gestão para a sustentabilidade
como um conceito estratégico de negócio que se integra a todas as áreas da empresa –
Administração, Marketing, Finanças, Comunicação, Jurídico etc. Todos os segmentos e áreas
do conhecimento e negócios são igualmente potenciais, uma vez que a gestão sustentável
conta com o todo e não funciona de modo fragmentado.
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Futuro Comum” (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento e publicado em abril de 1987. O documento faz parte de
iniciativas anteriores à Agenda-21, que é um dos principais resultados da Eco-92, conhecida
também por Rio-92 ou Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, por meio da
qual foi estabelecida a importância de cada país quanto ao comprometimento a uma reflexão
global e local em que governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os
setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas
socioambientais. O instrumento foi aprovado internacionalmente para ajudar a construir
politicamente as bases de um plano de ação – um planejamento participativo em âmbito
global e local, de forma gradual e negociada, com foco em um novo paradigma econômico e
civilizatório. (DIAS, 28/6/2011)
Desde o ECO-92, uma Reunião de Cúpula da Terra, o conceito tem sido
desenvolvido, sendo base de elaboração de um amplo planejamento. Naquele
período, o foco principal era o meio ambiente. Hoje, a sustentabilidade também está
inserida no contexto social, empresarial, cultural e econômico. (BATISTA,
21/10/2011)
Muitos setores usam o termo sustentabilidade como meta, e isso é o que se chama
desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento Sustentável é um termo que foi usado pela primeira vez na
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, promovida ONU, em 1983, a
qual propôs a integração do desenvolvimento econômico às questões ambientais,
determinando-o como um processo inclusivo, abraçando o desenvolvimento humano de
maneira interligada, igualitária e segura. Em 1987, esta mesma comissão lançou a questão da
sustentabilidade global, como uma habilidade para satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades.
[...] na década de 1980, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável em
resposta a consciência cada vez maior da necessidade de equilibrar progresso
econômico e social com a preocupação de preservar o meio ambiente e administrar
os recursos naturais. [...] Esta definição considera que, enquanto o desenvolvimento
for essencial para satisfazer as necessidades humanas e melhorar a qualidade de
vida, ele deve acontecer de tal maneira que não coloque em perigo a capacidade do
meio ambiente natural de satisfazer as necessidades presentes e futuras. (UNESCO,
2005: 33)
Ser sustentável, segundo Castells (1999), é mudar a forma de produzir, negociar,
consumir, comunicar. E, sobre ser verde, o autor usa a expressão: “verdejar do ser”, como
algo que verte das pessoas, pela consciência do meio; é agir por princípios e ideias verdes. Ser
verde, para o autor é traduzir-se em ações ambientais, individuais e coletivas; pessoas físicas e
jurídicas se agrupando por ideias e ideais verdes afins, vinculados por um senso de
comprometimento, de identidade, de pertencimento, ou seja, porque fazem parte do mundo,
de seus problemas, logo, também das respectivas soluções.
Este trabalho foca-se na gestão para a sustentabilidade e, entre as várias ferramentas de
gestão, fala do marketing verde como uma prática potencial para contribuir nesse contexto
corporativo, em que se insere a sustentabilidade.
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John Eikington: sociólogo inglês, considerado uma autoridade mundial em responsabilidade corporativa
sustentável, ou decano do movimento de sustentabilidade corporativa.
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Com base em Castells (1999), pode-se dizer que a gestão para a sustentabilidade
previne ou minimiza os impactos ambientais em relação às atividades exercidas pelas
empresas, preza a qualidade de vida – pessoal e profissional – de seus colaboradores e
familiares. Por meio da gestão sustentável, buscam-se resultados econômico-financeiros e um
equilíbrio social.
As empresas estão cada vez mais conscientes, traçando e engajando estratégias
sustentáveis em seus modelos de gestão, ou seja, estão desenvolvendo sua cultura sustentável,
revendo seus valores, rompendo paradigmas e estabelecendo procedimentos operacionais/
estratégias que vinculam seu negócio ao meio ambiente, de modo a envolver a todos os seus
colaboradores e stakeholders. Investe-se e trabalha-se de modo a obter êxito nesse novo
modelo de gestão, agindo com transparência, pertencimento e comprometimento, numa
construção contínua de seu caminho, gerando seu diferencial competitivo sustentável no
mercado em que atua e em função do planeta.
O marketing verde surgiu nos EUA nos anos 70, como uma reação às pressões sociais
e ambientais externas, e vem se expandindo rapidamente nas últimas décadas, sobretudo
como resposta a movimentos ambientalistas e do consumidor. Visto como um marketing
social e ambientalmente engajado, com visão holística e conotação ética, o marketing verde
foi definido pela Associação Americana de Marketing (AMA), em 1990, como o marketing
de produtos que são seguros ao meio ambiente.
O marketing verde é uma estratégia de negócios que incorpora uma ampla gama de
atividades que vão além dos 4 Ps do Marketing, e de produzir, divulgar e comercializar
produtos e serviços como simples mercadorias. Praticá-lo, envolve pensar o produto ou
serviço em função do desenvolvimento sustentável; adotar políticas ambientalmente
responsáveis e envolver a todos os colaboradores da empresa. Implica em desenvolver e
comercializar produtos e serviços com mudanças nos processos de produção e descarte, de
mão de obra, mudanças na embalagem, modificações quanto à publicidade e propaganda,
estabelecimento de uma comunicação adequada – interna e com o mercado.
Morsch (3/3/2008) explica que “o marketing verde e a sustentabilidade nos negócios
só ocorrem se estiverem impregnados no DNA da empresa. Eles representam uma filosofia de
gestão. [...], portanto, devem ser integrantes da estratégia corporativa”. As empresas que já
descobriram estas duas vertentes em seu DNA adotaram modelos de gestão que incluem
metas e práticas sustentáveis em suas diretrizes. De acordo com o autor, ter uma gestão
integrada requer “políticas claramente definidas, sistemas gerenciais com metas e indicadores
de desempenho que façam parte das estratégias e operações de toda a organização”.
O marketing verde envolve uma comunicação verde, cujo objetivo deve ser o de
mostrar ao consumidor que o produto ou serviço oferecido foi e continua sendo desenvolvido
sem danos ambientais, o que acaba sensibilizando e envolvendo o consumidor como parte
desse processo que vai da produção ao consumo.
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Sob o ponto de vista mercadológico, o marketing verde agrega valor emocional aos
atributos da marca, o que – cientificamente está comprovado – gera maior
preferência na mente do consumidor. Na nova revolução da sustentabilidade, o
marketing verde se tornou mais uma fonte de vantagem competitiva. (MORSCH,
3/3/2008)
Em relação aos pontos fortes e fracos o Marketing Verde, pode-se destacar como
pontos fortes: a inovação e a reputação corporativa, a entrada da empresa em novos mercados,
a atratividade do negócio para investidores, entre outros. Quanto aos negativos, Morsch
(3/3/2008) cita a implantação e a transformação cultural da empresa, uma vez que envolve
mudar conceitos, trabalhar novos conceitos nas pessoas, pode-se encontrar barreiras,
resistências etc.; e também a falta ou o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento,
que ainda caminham a passos lentos. Porém, vale lembrar que levantar pontos fortes e fracos
também inclui indicar oportunidades e ameaças – é a análise Swot, é uma ferramenta utilizada
por muitas empresas para analisar o cenário (ou análise de ambiente), como base para gestão e
planejamento estratégico.
O mercado verde está ganhando espaço, com isso, a competição e a vantagem
competitiva também acabam sendo influenciadas por este novo nicho de produdos e serviços,
e processos, certificados e com selos verdes.
Empresas como Wal-Mart, Procter&Gamble, Natura, Pão de Açúcar e toda sua rede;
academias de ginástica, como a paulista Ecofit, que possui uma sede com padrões de
sustentabilidade na arquitetura e no funcionamento, a Dry Wash, que é uma rede de lava
rápido ecoeficiente, vários bancos, agências de turismo entre outros empreendimentos dos
mais variados segmentos do mercado estão rumando seus negócios para atender a essa parcela
consumidora, cada vez maior.
Além de desenvolver uma consciência ecologicamente correta, sustentável, com foco
ambiental, ou como ensina Castells, tendo o “ambientalismo como a ecologia na prática e a
ecologia como o ambientalismo na teoria” em seus negócios, as empresas públicas, privadas
de pequeno, médio e grande porte, dos mais variados segmentos, o marketing verde em
conjunto com as demais áreas da empresa e todo seu capital intelectual, seus colaboradores,
seus parceiros – todos têm a missão de informar, educar e estimular a produção, o
comportamento e o consumo sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
públicos externos, com a sociedade em geral, para criar valor para si e para todas as partes
interessadas no negócio.
Adotar processos sustentáveis gera a melhoria do desempenho da empresa em relação
ao tríplice resultado de John Eikington (benefícios econômicos, sociais e ambientais), ou seja,
gera a sustentabilidade corporativa, com lucros na dimensão econômica, social e ambiental.
Defende-se aqui o marketing verde como uma das estratégias para a sustentabilidade
dos negócios, não a única, pois ser verde envolve todas as áreas de negócios dentro de uma
empresa. Atitudes empresariais, por mínimas que sejam, individualmente são insuficientes,
mas somadas se potencializam.
Ser verde ou ser sustentável, aplicar uma gestão para a sustentabilidade requer um
processo de mudança cultural, de valores, repensar processos e comportamentos, portanto,
envolve a todos numa organização. Para isso, é preciso ter muito claro o foco, o conceito,
saber o que envolve “ser sustentável”, entender o cenário em que a empresa está inserida, a
sua realidade atual e aonde quer chegar, para que em conjunto se tenha uma postura
sustentável, que sirva a todos, não apenas ao seu interesse exclusivo financeiro, mas a todos,
no seu trabalho, mas também em sua vida e com isso certificar-se, validar seus processos e
procedimentos sustentáveis – conquistar esse diferencial, fidelizar clientes e garantir sua
permanência no mercado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS