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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL
FORTALEZA
2011
ii
FORTALEZA
2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências e Tecnologia
CDD 620
iv
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 CÁLCULO DE ABERTURA DE FISSURAS EM VIGAS DE CONCRETO ................... 5
2.2. Fatores que influenciam na fissuração do concreto .......................................................... 6
2.3. Avaliação de fissuras em vigas de concreto ................................................................... 18
2.4. Estados limite de fissuração........................................................................................... 20
2.5. Controle da fissuração ................................................................................................... 24
2.6. Ações atuantes .............................................................................................................. 29
2.6.1 Combinação de ações .................................................................................................. 29
3 EXEMPLOS NUMÉRICOS UTILIZANDO A NBR 6118 (ABNT, 2003) ....................... 31
3.1 Exemplo 1 .................................................................................................................. 31
3.2 Exemplo 2 ................................................................................................................. 33
3.3 Exemplo 3 ................................................................................................................. 34
4. FORMULAÇÃO EUROCODE 2 E EXEMPLOS NUMÉRICOS ................................. 37
4.1 Exemplo 1 ............................................................................................................. 38
4.2 Exemplo 2 ................................................................................................................ 39
4.3 Exemplo 3 ............................................................................................................. 40
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 42
1
1 INTRODUÇÃO
Um dos problemas encontrados com grande incidência nas construções, seja nas
edificações ou em obras de infra estrutura, é a fissuração excessiva em estruturas de concreto
armado, podendo ser originado por erro de projeto, na execução da estrutura, por falha dos
materiais empregados na concretagem, ou por mau uso da estrutura. Esses erros, citados
anteriormente, se não forem corrigidos a tempo poderão causar grandes prejuízos materiais e
humanos.
O aumento da formação e da abertura de fissuras provoca uma diminuição da
rigidez e consequentemente um aumento nas flechas em elementos fletidos, o que, por sua vez
pode causar um colapso estrutural. Por isso, o controle da fissuração deve ter mais relevância
no desenvolvimento de projetos estruturais, assim como nas etapas de execução e manutenção
preventiva e corretiva.
De acordo com o item 6.1 da NBR 6118 (ABNT, 2003): “As estruturas de
concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais
previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizados em projeto
conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente a
sua vida útil”. Onde a vida útil é o período de tempo em que a estrutura atende as exigências a ela
impostas, sejam elas de ordem técnica ou subjetiva (satisfação do usurário), ou seja, a partir do
qual a mesma deve ser submetida a uma intervenção ou reparo.
A fissuração excessiva constitui um prejuízo às estruturas em utilização, onde os
danos vão além de efeitos na sua própria funcionalidade e estética, como a de outros elementos
construtivos, tais como revestimentos internos e externos, forros, instalações e etc, o que pode
comprometer a aceitabilidade sensorial dos usuários.
Portanto, todo engenheiro civil deve dar importância à segurança da estrutura contra o
colapso quanto ao comportamento da estrutura em serviço, pois ele está associado ao bom
desempenho e funcionamento da obra. Kimura (2007) alerta que quando um estado limite de
serviço (ELS) é alcançado, o uso da edificação é inviabilizado, da mesma maneira quando um
estado limite último (ELU) é atingido.
2
1.2. Justificativa
1.3. Objetivos
fissuras em elementos de flexão, levando em consideração o meio em que eles estão situados
e as solicitações que lhe são impostas.
No segundo capítulo apresenta-se um estudo onde são abordados os diversos
fatores que se tornam necessários para um bom entendimento da fissuração nas peças de
concreto armado. Nesse contexto são descritos: necessidade de controle de fissuração,
abrangendo problemas decorrentes da fissuração, valores limites da abertura de fissuras, teoria
da fissuração, combinação de ações para verificação da fissuração e o processo de formação
de fissuras.
No terceiro capítulo apresenta-se as expressões da NBR 6118 (ABNT, 2003) para
o controle de abertura de fissuras no concreto armado, fazendo-se exemplos numéricos em
vigas de concreto armado, onde são fornecidos características dos materiais, armadura de
flexão e cisalhamento, carregamento na viga e dimensões da seção transversal.
No quarto capítulo apresenta-se as expressões do EUROCODE: 2002 para o
controle de abertura de fissuras no concreto armado, fazendo-se exemplos numéricos em
vigas de concreto armado, onde são fornecidos características dos materiais, armadura de
flexão e cisalhamento, carregamento na viga e dimensões da seção transversal.
No quinto capítulo faz-se uma análise comparativa baseada nos resultados obtidos
através dos exemplos numéricos de ambas as normas, para analisar a influencia de alguns
fatores de elementos que influenciam no comportamento de abertura de fissuras.
No sexto capítulo são apresentadas as conclusões finais conforme os objetivos do
trabalho.
5
2.1 Introdução
outras razões, como retração plástica ou térmica e expansão devido a reações químicas
internas nas primeiras idades, o que causar fissuras consideradas inaceitáveis na estrutura.
De acordo com a norma NBR 6118 (ABNT, 2003), os principais fatores que
influem na fissuração das vigas de concreto armado podemos citar: o módulo de elasticidade,
também denominado de módulo de deformação, o carregamento ao qual a peça está
submetida e a taxa de armadura à tração. Existem outros fatores que devem ser considerados
como: a retração, a fluência (deformação lenta), as condições de cura do concreto e a
desfôrma. Abaixo temos as descrições de algumas delas.
Portanto, diversas são as circunstancias que podem acarretar a formação de
fissuras em peças de concreto armado. Pode-se diferenciar as fissuras produzidas por
solicitações devidas ao carregamento, que são causadas por ações diretas de tração, flexão ou
cisalhamento e que ocorrem nas regiões tracionadas, e as fissuras não produzidas por
carregamento, que são causadas por deformações impostas, tais como variação de
temperatura, retração e recalques diferenciais.
Vale salientar que outros fatores, tais como porosidade do concreto, cobrimento
insuficiente da armadura, presença de produtos químicos, agentes agressivos etc., contribuem
ou podem ser determinantes na durabilidade da estrutura. Examinados esses fatores, visando
obter bom desempenho relacionado à proteção das armaduras quanto à corrosão e à
aceitabilidade sensorial dos usuários, é necessário que o projetista de estruturas busque
controlar a abertura das fissuras, evitando que a peça sofra fissuração excessiva, devida à
flexão, detalhando adequadamente a armadura na seção transversal e, se for o caso,
aumentando-a.
Como o concreto é um material que resiste mal à tração, geralmente não se conta
com ajuda dessa resistência. Entretanto, de acordo com Carvalho (2009), a resistência à tração
pode estar relacionada com a capacidade resistente da peça, como as sujeitas a esforço
cortante, e diretamente, com a fissuração, por isso sendo necessário conhecê-la. Existem três
tipos de ensaio se determinar resistência à tração: por flexo-tração, compressão diametral,
7
também denominada de tração indireta e tração direta. Abaixo segue uma descrição suscinta
de cada ensaio.
Figura 2.2 – Ensaio de compressão diametral – Fonte: MEHTA & MONTEIRO (1994)
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003), o item 8.2.5, a resistência à tração indireta
fct,SP e a resistência à tração na flexão fct,f devem ser obtidas em ensaios realizados segundo a
9
NBR 7222 (ABNT, 1994) e NBR 12424 (ABNT, 1991), respectivamente. Ainda de acordo
com o item 8.2.5, a resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9∙fct,SP ou 0,7∙
fct,f ou, na falta de ensaios para obtenção de fct,SP e fct,f , pode ser avaliado o seu valor médio
ou característico por meio das seguintes equações:
B. Módulo de Elasticidade
Figura 2.4 – Diagrama tensão – deformação do concreto – Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2003)
concreto por esforços mecânicos, que causam fissuras transversais que podem em principio,
colocar em risco a armadura, pois a abertura da fissura tem influência apenas no início do
processo de corrosão, sendo este período relativamente curto, não influenciando no
desenvolvimento da corrosão. Após o período de 5 a 10 anos, a corrosão é essencialmente
independente da abertura da fissura.
Por outro lado, a espessura, a porosidade e o cobrimento do concreto são
parâmetros importantes no processo da corrosão da armadura. Melhorar a qualidade do
concreto e controlar a abertura das fissuras são fatores importantes para o controle da
fissuração. Portanto, é necessário especificar o valor limite da abertura da fissura de acordo
com a agressividade do meio ambiente.
As aberturas da fissuras com valores abaixo de 0,3 mm geralmente não causam
inquietação as pessoas. Obviamente, a aparência tolerável da abertura da fissura é muito
subjetiva e depende de vários fatores, tais como a distância entre o observador e a fissura, a
iluminação e as condições da superfície.
A necessidade da estanqueidade depende da natureza do gás ou do líquido que será
retido pela estrutura. Teoricamente é possível especificar e contar com uma estrutura sem
fissuras visíveis. Isto é mais coerente, no entanto, quando se especifica um limite para a
abertura da fissura. Pesquisas e experiências têm mostrado que estruturas para retenção de
água podem ter fissuras com aberturas de ate 0,1 a 0,2mm. Assim uma fissura, mesmo quando
atravessa totalmente a espessura da parede, pode permitir a penetração de umidade após a
ocorrência da primeira fissura; mas o estancamento do vazamento ocorre em poucos dias.
Existem fatores que afetam na formação de fissuras antes do carregamento e este
mecanismo ocorre em duas etapas: uma com o concreto ainda fresco, antes do endurecimento;
e outra com o concreto já endurecido. Pode-se dizer também que as fissuras ocorrem antes da
estrutura ser colocada em uso, ou seja, antes do carregamento.
As fissuras que ocorrem devido ao carregamento externo são basicamente
decorrentes de tensões de tração devidos aos esforços de compressão, tração, flexão,
cisalhamento ou torção, sendo que estas ocorrem com o concreto endurecido, onde este
trabalho foca o esforço de flexão por ser o mais freqüente em concreto armado.
Desta forma, apresentam-se alguns fatores como: a água, cimento, agregados, cura,
lançamento, adensamento e condições climáticas que afetam na fissuração antes do
carregamento que serão analisados abaixo.
C.1 Água
12
C.2 Cimento
C.3 Agregado
13
O concreto deve ser lançado logo após o amassamento, não sendo permitido, entre
o fim deste e o lançamento, intervalo superior à uma hora; se utilizada agitação mecânica,
esse prazo será contado a partir do fim da agitação. Com o uso de retardadores de pega o
prazo poderá ser aumentado de acordo com as características do aditivo.
Em nenhuma hipótese se fará lançamento do concreto após o inicio da pega,
podendo ocorrer o aparecimento de fissuras.
Para os lançamentos que tenham que ser feitos a seco, em recintos sujeitos a
penetração de água, deverão ser tomadas as precauções necessárias para que não haja água no
local em que se lança o concreto nem possa o concreto fresco vir a ser por ela elevado.
O concreto deverá ser lançado o mais próximo possível de sua posição final,
evitando-se a incrustação de argamassa nas paredes das formas e nas armaduras.
Deverão ser tomadas precauções para manter a homogeneidade do concreto. A
altura de queda livre não poderá ultrapassar 2m, para peças estreitas e altas, o concreto deverá
ser lançado por janelas abertas na parte lateral, ou por meio de funis ou trombas.
Cuidados especiais deverão ser tomados quando o lançamento se der em ambiente
com temperatura inferior a dez graus ou superior a quarenta graus.
Durante e imediatamente após o lançamento, o concreto deverá ser vibrado ou
socado continua e energicamente com equipamentos adequados à trabalhabilidade do
concreto. O adensamento deverá ser cuidadoso para que o concreto preencha todos os
recantos da forma. Durante o adensamento deverão ser tomadas todas as precauções
necessárias para que não se formem ninhos ou haja segregação dos materiais; dever-se-á
evitar a vibração da armadura para que não se formem vazios ao seu redor, com prejuízo da
aderência.
No adensamento manual as camadas de concreto não deverão exceder 20 cm.
Quando se utilizarem vibradores de imersão, a espessura da camada deverá ser
aproximadamente igual a ¾ do comprimento da agulha; se não puder atender a esta exigência
não devera ser empregado vibrador de imersão.
O processo de lançamento e adensamento se não executados como descrito acima
poderá vim a comprometer a peça estrutural, vindo a ocasionar o fissuramento.
15
D. Retração
De maneira geral, pode-se dizer que o concreto retrai em dois momentos distintos:
primeiramente no estado plástico e depois no estado endurecido. Quando o concreto ainda se
encontra na fase plástica, a secagem rápida do concreto fresco provoca retração quando a taxa
de perda de água da superfície, por evaporação, excede a taxa disponível de água de
exsudação. Nesta fase, o concreto apresenta baixíssima resistência à tração, e as fissuras
podem facilmente aparecer nestas situações. Por ocorrer no concreto ainda no estado plástico,
esta retração é denominada retração plástica.
Sob uma perspectiva ampla, três são as características que combinadas levam o
concreto a retrair: 1) a geometria da estrutura, 2) o traço do concreto e 3) as condições
climáticas. Então vejamos:
Geometria da estrutura: nas peças com elevada relação entre a superfície exposta e o
volume total da peça, tais como pisos, pavimentos e lajes de concreto, a perda de água
para o ambiente se dá de maneira muito rápida. Ora, se a retração do concreto está
relacionada à perda da água e se este tipo de estrutura está mais vulnerável a esta
perda é intuitivo pensar que lajes, pisos e pavimentos de concreto naturalmente sofrem
mais com a retração do concreto. As dimensões das placas (distâncias entre juntas)
cada dia maiores e a execução de placas cada vez mais esbeltas tornam os pisos e
pavimentos extremamente suscetíveis aos efeitos da retração do concreto;
O empenamento ocorre quando a placa sofre distorção das bordas e cantos para
cima, gerado por um gradiente de umidade e/ou temperatura entre as faces superior e inferior
da placa. O empenamento das bordas está bastante relacionado com o fenômeno da retração
do concreto. O empenamento excessivo pode conduzir à perda de aderência de revestimentos,
fissuras estruturais devido à perda de contato da placa com a sub-base, piora do nivelamento
do piso e mau funcionamento das juntas.
A retração do concreto deve ser minimizada para que seus malefícios também
sejam. Como não temos condições de controlar as condições climáticas devemos saber
trabalhar adequadamente os outros fatores que favorecem a retração do concreto como a
geometria da peça (espaçamento das juntas, por exemplo) e o traço do concreto. Além disso,
pode-se adotar práticas executivas como proceder a cura do concreto e alterar o horário das
concretagens para períodos de menor temperatura, sol e vento. Medidas como o borrifamento
de neblina de água, a aplicação de agentes redutores de evaporação, a adição de fibras
sintéticas e o emprego de armadura de combate a retração, combinadas ou utilizadas
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isoladamente, são benéficas para a redução da fissuração por retração e/ou empenamento das
bordas.
Mecanismo de fissuração
Período de
Concreto M ecanismo Causas Princip ais Causas secundarias
Ap arecimento
escesso de secagem/dessecamento
assentamento p lástico 10 min a 3 horas
Fresco exsudação ráp ido
(antes do secagem/dessecamen
retração p lástica exsudação 30 min a 6horas
início da to ráp ido
pega) escoramento lançamento
movimento das formas imediato
insuficiente inadequado
fenômeno retração por falta de juntas de semanas ou
cura inadequada
físico secagem movimentação meses
variação sazonal de Excesso de ausência de p roteção semanas ou
fenômeno temp eratura composto com térmica meses
térmico reações exotérmicas
cobrimento lançamento 1 dia ou
calor de hidratação
insuficiente inadequado semanas
corrosão da cobrimento acima de três
concreto poroso.
Endurecime armadura insuficiente meses
nto fenômeno reação alcali álcali em excesso no
sílica reativa acima de 5 anos
químico agregado cimento
formação de p orosidade do
sulfatos acima de 1 ano
etringita concreto
De acordo com o item 13.4 da NBR 6118 (ABNT, 2003), o estado limite de
formação de fissuras (ELS-W) é aquele em que surge a primeira fissura na peça de concreto
armado. Admite-se que esse estado é atingido quando a tensão de tração máxima na seção
transversal for igual à resistência de tração do concreto na flexão (fct,f).
Conforme mencionado nos tópicos anteriores, a fissuração é um fenômeno
inevitável em estruturas de concreto. Assim, poder-se-ia pensar que a verificação do estado
limite formação de fissuras seria desnecessária. Entretanto, a partir dessa verificação, torna-se
possível descobrir o estádio de comportamento da estrutura.
19
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2003), o momento de fissuração pode ser
calculado pela seguinte expressão aproximada:
∙ ∙
= (2.6)
onde:
α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a
resistência à tração direta (α = 1,2 para seções em forma de “T” ou duplo “T”, e α = 1,5 para
seções retangulares);
yt é a distância do centro de gravidade da seção transversal a sua fibra mais tracionada;
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
fct é a resistência à tração direta do concreto. Para esta verificação particular, para
determinação do momento de fissuração, deve ser usado fct = 0,3∙fck0,667. (2.7)
uma boa dosagem do concreto, se faz necessário uma boa execução da estrutura, para garantir
o cobrimento adequado das peças estruturais e a aderência entre o aço e o concreto.
A agressividade ambiental é uma caracterização aproximada do ambiente ao qual
serão expostos os elementos de concreto armado e que afetam a sua durabilidade, e,
consequentemente, a vida útil do elemento e da estrutura. Está relacionada com às ações
físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações
mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica, além de
outras previstas no dimensionamento.
Nos projetos das estruturas correntes a agressividade ambiental pode ser classificada
de acordo com o apresentado na Tabela 2.2. Conforme a NBR 6118 (ABNT, 2003), a
agressividade ambiental pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de
exposição da estrutura ou de suas partes; a agressividade do meio ambiente está relacionada
às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das
ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e
outras previstas no dimensionamento das estruturas de concreto.
A fissuração deve ser verificada de acordo com os critérios dados no item 17.3.3,
com os limites estabelecidos no item 13.4.2. De maneira geral, fissuração que respeite esses
limites (da ordem de 0,3 mm a 0,4 mm) não acarreta perda de durabilidade ou de segurança
quanto aos estados limites últimos e depende da agressividade do meio ambiente.
Conforme o item 17.3.3.2, o valor da abertura de fissuras pode sofrer influência de
restrições às variações volumétricas da estrutura difíceis de serem avaliadas de forma
suficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influência das condições
de execução da estrutura. Por essas razões, os critérios para estimar a abertura de fissuras
devem ser encarados como avaliações aceitáveis do comportamento geral do elemento, mas
não garantem avaliação precisa da abertura de uma fissura específica.
O estado de fissuração depende, entre outros fatores, das bitolas e das posições
adotadas para a armadura longitudinal. Como dito anteriormente, a fissuração em elementos
estruturais de concreto armado á inevitável devido principalmente à baixa resistência do
concreto à tração, e mesmo, sob ações de serviço, valores críticos de tensões de tração são
atingidos. O controle da abertura de fissuras visa principalmente proteger as armaduras quanto
à corrosão, de modo a comprometer o bom desempenho e a durabilidade da estrutura.
As fissuras devem ser evitadas por meio de cuidados tecnológicos, especialmente na
definição do traço do concreto e nos cuidados deste.
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Classificação geral
Classe de Risco de
do tipo de
agressividade Agressividade deterioração da
ambiente para
ambiental estrutura
efeito de projeto
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana 1) , 2)
Pequeno
Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1) , 2)
Industrial 1) , 3)
2 ) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda(um nível acima) em:
obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%,
partes da estrutura protegidas de chuva em ambiente predominantemente secos, ou
regiões onde chove raramente.
Classe de agressividade
Concreto Tipo
I II III IV
Relação Concreto armado ≤0,65 ≤0,60 ≤0,55 ≤0,45
água/cimento em
massa Concreto protendido ≤0,60 ≤0,55 ≤0,50 ≤0,45
Concreto armado ≥C-20 ≥C-25 ≥C-30 ≥C-40
Classe de concreto
Concreto protendido ≥C-25 ≥C-30 ≥C-35 ≥C-40
Na Norma Brasileira NBR 6118 (ABNT, 2003) são estabelecidos limites para a
abertura de fissuras de acordo com a classe de agressividade do meio ambiente para
elementos de concreto armado, abaixo segue a tabela.
Como citado anteriormente não podemos acabar totalmente com as fissuras nas
construções, mas podemos amenizá-las, por isso apresentam-se algumas recomendações:
Para vigas com altura igual ou inferior a 60 cm pode ser dispensada a utilização de
armadura de pele.
Para o cálculo da armadura de pele admite-se que a fissuração do concreto nela
provoque a tensão σ s = fyk e que suas barras tenham espaçamentos Sr máximo de 20 cm e não
seja maior que d/3 (d é a altura útil da seção).
onde:
I é a inércia da seção
yt é a distância do centro de gravidade à fibra mais tracionada da seção.
27
Para exemplificar melhor o modelo de fissuração por flexão será ilustrado aqui o
ensaio realizado por acadêmicos da Universidade Católica de Goiás.
Figura 2.9 - Armadura utilizada para ensaio da viga 01 (Rocha, et al., 2004)
Figura 2.10 - Viga 01 posicionada na prensa para ser ensaiada (Rocha, et al., 2004)
Figura 2.11 - Viga 01 rompida por flexão pura - P=1,45 tf (Rocha, et al., 2004)
28
Tabela 2.5 – Valores máximos de diâmetro e espaçamento, com barras de alta aderência.
limite últimos e e aos estados-limite de serviço deve ser feita em função de combinações
últimas e de serviço, respectivamente. Para todas as combinações, as ações permanentes
devem ser tomadas em seu valor total; as ações variáveis devem ser tomadas somente nas
parcelas que geram efeitos desfavoráveis para a segurança, para isso, se faz necessário o uso
de coeficientes de ponderação, como segue na Tabela 2.6.
3.1 Exemplo 1
− ∙ + ( ∙ ) +2∙ ∙ ∙ ∙
=
550.805,4 c
cri = = = 0,035
Assim, w = 0,180 mm (menor valor) < 0,3 mm (ver tabela 2.4), conclui-se que a fissuração
não é nociva.
33
3.2 Exemplo 2
− ∙ + ( ∙ ) +2∙ ∙ ∙ ∙
=
, ,
fct = 0,21∙fc = 0,21∙20 = 1,6 MPa
Md ser = 145 + 0,4∙20 = 153 KN∙m
Como Mdser = 153 KN∙m > Mr = 30,25 KN∙m, logo a peça está fissurada.
c) Verificação do estado limite de abertura de fissuras
Tensão na armadura no estádio II
, 153
= ∙ ∙ = ∙ 0,3237 ∙ 9,87 = 273
( ) 178.909 ∙ 0,00000001
Md ser = 153 KN∙m (combinação freqüente de ações)
ysi = d – xln = 50 – 18 = 32 cm (distância da armadura i até a linha neutra)
Abertura estimada de fissuras
3 20 273 273
= ∙ ∙ = ∙ ∙ = 0,34
12,5ƞ1 12,5 ∙ 2,25 210000 2,21
4 20 273 4
= ∙ ∙ + 45 = ∙ ∙( + 45) = 0,226
12,5ƞ1 12,5 ∙ 2,25 210000 0,02
Onde:
, ,
fctm = 0,3∙fc = 0,3∙20 = 2,21 MPa.
Acri = 25∙(8ϕc + ϕestribo + c) = 25∙(8∙2,0 + 6,3 +3) = 632,5 cm²
As = 12,6 cm²
,
cri = = = 0,02
,
Assim, w = 0,226 mm (menor valor) < 0,3 mm (ver tabela 2.4), conclui-se que a fissuração
não é nociva.
3.3 Exemplo 3
− ∙ + ( ∙ ) +2∙ ∙ ∙ ∙
=
490.865,1 c
Assim, w = 0,160 mm (menor valor) < 0,3 mm (ver tabela 2.4), conclui-se que a fissuração
não é nociva.
37
onde:
wk = valor característico da abertura da fissura;
β = coeficiente que relaciona a abertura média de fissuras com o valor de projeto = 1,7
com carga induzida e fissuração restringida em seções mínimas excedendo 800mm, e 1,3
para fissuração restringida em seções com dimensões mínimas de altura, largura ou
espessura (qual for a menor) de 300 mm ou menos;
ϕ = diâmetro da barra em mm;
K1 = coeficiente que é adotado conforme as propriedades de aderência da barra: 0,8 para
barras de alta aderência e 1,6 para barras lisas;
K2 = coeficiente adotado conforme o tipo de solicitação: 1,0 para tração pura e 0,5 para
flexão;
ρr= taxa efetiva de armadura que é a razão entre As (área de armadura contida na área
efetiva tracionada Ac,ef . A área efetiva tracionada é a área de concreto adjacente à 2,5
da distância da face mais tracionada da seção ao centróide da armadura (Figura 4.1);
β1 = coeficiente que é adotado conforme as propriedades de aderência da barra: 1,0 para
barras de alta aderência e 0,5 para barras lisas;
β2 = coeficiente que é adotado conforme a duração do carregamento: 1,0 para curta
duração e 0,5 para longa duração;
σs = tensão de tração na armadura calculada com base na seção fissurada;
σsr = tensão de tração na armadura calculada com base na seção fissurada, sob as
condições de carregamento que causaram a primeira fissura.
4.1 Exemplo 1
Considerações de cálculo:
β = 1,3 (largura de 30 cm da viga);
Mr = 58,8 KN∙m (calculado no item 3.1);
αe = 9,87 (calculado no item 3.1);
ysi = 39,51 cm (calculado no item 3.1);
III = 550.805,4 ;
k1 = 0,8 (barra de alta aderência);
k2 = 0,5 (esforço de flexão);
β1 = 1 (barra de alta aderência);
β2 = 0,5 (carregamento de longa duração);
ϕ = 25 mm
ρeff = = 0,067
∙ ,
39
4.2 Exemplo 2
Considerações de cálculo:
β = 1,3 (largura de 30 cm da viga);
Mr = 30,25 KN∙m (calculado no item 3.2);
αe = 9,87 (calculado no item 3.2);
ysi = 32 cm (calculado no item 3.1);
III = 178.909 ;
k1 = 0,8 (barra de alta aderência);
k2 = 0,5 (esforço de flexão);
β1 = 1 (barra de alta aderência);
β2 = 0,5 (carregamento de longa duração);
ϕ = 20 mm
,
ρeff = ∙ ,
= 0,0409
4.3 Exemplo 3
Considerações de cálculo:
β = 1,3 (largura de 30 cm da viga);
Mr = 102,4 KN∙m (calculado no item 3.3);
αe = 8,82 (calculado no item 3.3);
ysi = 52 cm (calculado no item 3.3);
III = 490.865,1 ;
k1 = 0,8 (barra de alta aderência);
k2 = 0,5 (esforço de flexão);
β1 = 1 (barra de alta aderência);
β2 = 0,5 (carregamento de longa duração);
ϕ = 20 mm
,
ρeff = ∙ ,
= 0,0504
( , )
wk = 1,3 50 + 0,25 ∙ 0,8 ∙ 0,5 ∙ ,
∙ ∙ 280 − 1 ∙ 0,5 ∙ = 0,155
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A Tabela 5.1 apresenta os resultados que foram obtidos segundo a NBR 6118
(ABNT, 2003) e a EUROCODE 2 para a abertura de fissuras de cada exemplo. O cobrimento
utilizado para realizar o dimensionamento das peças foi de 3,00 cm para as duas normas.
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUSCO, P.B. (1995). Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Pini.
HIBELLER, R. C. Resistência dos Materiais, 7. ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
http://www.ucg.br/acad_web/professor/sitedocente/admin/arquivosUpload/3922/materia1/Ens
aios%20de20Stuttgart_artigo_ibracon_2004(6).pdf
SUSSEKIND, J. C. Curso de concreto, vol. 2, 2ª Ed. Rio de Janeiro. Ed. Globo, 1985.
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