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Máquinas de Fluxo

Prof. Sérgio Bartex

Máquinas de Fluxo

Material de apoio à disciplina


Capítulo 4
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Máquinas de Fluxo
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Capítulo 4 – Perdas energéticas e rendimentos


- Neste capítulo serão abordados os seguintes tópicos:

4. Perdas energéticas e rendimentos


4.1. Tipos de perdas
4.2. Potências e rendimentos em máquinas de fluxo
4.3. Graus de reação real
4.4. Exercícios resolvidos
4.5. Exercícios propostos
4.6. Referências
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Capítulo 4 – Perdas energéticas e rendimentos


- Vimos no capítulo anterior a equação de Euler (fundamental) para
máquinas de fluxo ideais, ou seja:

- o fluido era considerado ideal ou sem viscosidade (sem perdas);


- a rugosidade das pás do rotor e das paredes do sistema diretor não foi
considerada;
- não haviam folgas entre o rotor e o sistema diretor;
- o escoamento era perfeitamente tangencial às pás do rotor e do
sistema diretor (número infinito de pás);
- não haviam descolamentos de fluido das superfícies de contato;
- etc.....

- Contudo, sabe-se que estas hipóteses simplificadoras não são


encontradas na prática.
- Por motivos óbvios, as transformações que ocorrem nas máquinas de
fluxo ocorrem com degradação de energia.
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4.1. Tipos de perdas


- Sabemos da 1ª lei da termodinâmica que a energia não pode ser criada
nem destruída, apenas transformada (conservada).

- O que se costuma chamar de perdas são, na verdade, processos


irreversíveis que ocorrem no funcionamento de máquinas de fluxo reais.

- Essas irreversibilidades são oriundas da transformação de forma mais


nobres de energia (mecânica) em formas de energia de qualidade
inferior (calor e energia interna).

- Atrito;
- Expansão não-resistida;
- Alguns exemplos de - Mistura de dois fluidos;
irreversibilidade são: - Transferência de calor com ΔT finita;
- Resistência elétrica;
- Deformação inelástica dos sólidos;
- Reações químicas.
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- Nas máquinas de fluxo, tais perdas são classificadas como internas e


externas.
(a) perdas hidráulicas;
(b) perdas por fugas ou volumétricas;
- As perdas internas englobam:
(c) perdas por atrito de disco;
(d) perdas por ventilação (no caso de
máquinas de admissão parcial).

- As perdas externas são essencialmente as perdas mecânicas (e).

- Veremos agora, com um pouco mais de detalhes cada uma destes 5 tipos
de perdas.
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- Fluxo de energia em uma máquina motora:


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(a) Perdas hidráulicas

- Estas são as perdas mais importantes nas máquinas de fluxo.

- No atrito do fluido com as paredes dos canais do


rotor e sistema diretor;
- Na dissipação de energia por mudança de seção e
direção dos canais que conduzem o fluido através da
- Sua origem está:
máquina;
- No choque do fluido contra o bordo de ataque das
pás, principalmente quando a máquina funciona fora
do ponto nominal (ou de projeto).

- Este choque é produzido na entrada das pás móveis do rotor, quando


a tangente à pá na entrada não coincide com a direção da velocidade
relativa.
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- As perdas hidráulicas provocam uma perda de energia específica


intercambiada entre as pás do rotor e o fluido de trabalho:

- Máquinas de fluxo geradoras: Ypá = Y + E p (4.1)

- Máquinas de fluxo motoras: Ypá = Y − E p (4.2)

Energia específica que Energia específica disponível Energia específica


teoricamente as pás do rotor pelo fluido na entrada da referente às perdas
receberiam do fluido, em J/kg. máquina, em J/kg. hidráulicas, em J/kg.
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- Nas máquinas de fluxo, tais perdas são classificadas como internas e


externas.
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(b) Perdas por fugas ou perdas volumétricas


- Ocorrem devido às folgas inevitáveis existentes entre a parte rotativa e a
parte fixa da máquina, que separam recintos com pressões diferentes.

- Tais folgas podem variar de alguns décimos de milímetros (bombas


industriais de processo) até vários milímetros (ventiladores de baixa
pressão).

Máquina de fluxo motora Máquina de fluxo geradora


Perdas por fugas em máquinas de fluxo (Henn, 2012).
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(c) Perdas por atrito de disco


- Dão-se devido a energia perdida com o movimento do disco (que é
dotado de pás) girando dentro da carcaça.
- De modo ideal, o disco deveria girar no “vazio”, mas na prática, a carcaça
encontra-se preenchida com o fluido de trabalho, sendo que as faces
externas deste disco arrastam por atrito as partículas de fluido aderidas a
ele.

- Assim, o movimento de fluido no espaço compreendido entre o rotor e a


carcaça consome uma determinada potência, caracterizando este tipo de
perda.
- A potência consumida por atrito de disco, Pa, dada em W, é expressa
como:
Pa = Ku 3 D 2 Diâmetro externo (4.8)
do rotor, em m.

Coeficiente adimensional, Velocidade tangencial


que depende do número correspondente ao diâmetro
de Reynolds. externo do rotor, em m/s.
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(d) Perdas por ventilação

- Tais perdas se dão em máquinas de fluxo de admissão parcial, sendo


importantes nos estágios de ação de turbinas a vapor e de turbinas a
gás.
- Modo de admissão: maneira como a roda do rotor da turbina é
alimentada pelo distribuidor (estator ou injetor). Este modo pode ser:
1) Admissão total: a entrada do fluido no rotor é feita de modo uniforme
sobre toda a periferia da roda. Geralmente as turbinas de reação
utilizam este modo de injeção total.
2) Admissão parcial: o fluido chega ao rotor apenas por uma parte da
periferia da roda da turbina, em um único ou em vários pontos. Exemplo:
turbina Pelton e turbina a vapor com bocal de Laval.

- São originadas pelo contato das pás inativas do rotor com o fluido que
se encontra no recinto onde ele gira.
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- Essas perdas são - com o aumento do diâmetro do rotor;


proporcionais à massa - com o aumento da altura das pás;
específica do fluido de - com o aumento da velocidade de rotação;
trabalho e crescem com: - com a diminuição do grau de admissão.

- Tais perdas, que são internas às máquinas de fluxo, fornecem calor ao


fluido de trabalho, aumentando sua entalpia de descarga.

(e) Perdas mecânicas


- Estas perdas se dão em consequência do atrito nos mancais e nos
dispositivos de vedação por contato (gaxetas e selos mecânicos) e do
atrito do ar com as superfícies rotativas (volantes e acoplamentos).
- As perdas dos dispositivos de transmissão também são consideradas
como perdas mecânicas.
- O calor gerado por estas perdas não é transferido ao fluido de
trabalho, sendo por este motivo chamadas de perdas externas.
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- As perdas nos mancais dependerão do peso da parte rotativa suportada


por eles, da velocidade tangencial do eixo e do coeficiente de atrito entre
as superfícies em contato.
- Já nas gaxetas, além da velocidade tangencial do eixo, do coeficiente e
da superfície de atrito, deve-se considerar o grau de aperto da sobreposta
da gaxeta.

Selo mecânico Sobreposta


http://www.fundicaofogal.com.br/no
http://www.gdnash.com.br/Ne http://www.vedacert.com.br/produt vosite/sistema/views/admin/produt
wsletter/gaxetas.jpg o/selo-mecanico-vd3.html os/Aperta%20Gaxeta.png

- Quanto maior for este aperto, maior será a pressão exercida pela gaxeta
sobre o eixo e maiores serão as perdas mecânicas correspondentes.
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4.2. Potências e rendimentos em máquinas de fluxo


- Definiremos matematicamente agora as potências e os rendimentos
das máquinas de fluxo que levam em conta as várias perdas descritas na
seção anterior.

- São eles:

- Rendimento hidráulico, ηh
- Rendimento volumétrico, ηv
- Rendimento de atrito de disco, ηa
- Potência disponível, P
- Rendimento interno, ηinterno
- Rendimento mecânico, ηm
- Potência no eixo, Peixo
- Rendimento total (global), ηt
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4.2. Potências e rendimentos em máquinas de fluxo


- Note que a partir de agora, temos 3 tipos de Y:
- Ypá∞ – Trabalho específico teórico (sem perdas e para pá infinita);
- Ypá - Trabalho específico teórico (sem perdas);
- Y – Trabalho específico contabilizando as perdas.

Ypá∞ = U5Cu5 – U4Cu4

Ypá = µ.Ypá∞

Y = Ypá. η (Para máquinas Geradoras)

Y = H. g
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Energia específica
- O rendimento hidráulico, ηh, é definido como: referente às perdas
hidráulicas, em J/kg.
Ypá Y − Ep
- Máquinas de fluxo motoras: h = = (4.9)
Y Y
Y Y
- Máquinas de fluxo geradoras:  h =
(4.10)
=
Ypá Y + E p

- O rendimento volumétrico, ηv, é definido como:


 −m
m  f Q − Qf
- Máquinas de fluxo motoras: v = = (4.11)
m Q
m Q
- Máquinas de fluxo geradoras: v = = (4.12)
 +m
m  f Q + Qf
Fluxo mássico que passa pelas canalizações Fluxo mássico que passa
de admissão e descarga da máquina, em kg/s. através das folgas, em kg/s.
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- O rendimento de atrito de disco, ηa, é definido como:

a =
(Y − E )(m − m ) − P
p f a

(Y − E )(m − m )
- Máquinas de fluxo motoras: (4.13)
p f

a =
(Y + E )(m + m )
p f (4.14)
- Máquinas de fluxo geradoras:
(Y + E )(m + m ) + P
p f a

Potência consumida
- A potência disponível, P, para acionar uma por atrito de disco.
máquina de fluxo motora, será:

P = m Y = QY
- A potência realmente fornecida pelo fluido de trabalho às pás do rotor
(descontando as perdas internas) é chamada de potência interna da
máquina, Pinterna, dada por:
Pinterna = (m − m f )(Y − E p ) − Pa (4.15)
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- A relação entre a potência interna e a potência disponível é chamada de


rendimento interno, ηinterno:
Pinterna
interno = (4.16)
P
- Unindo expressões, teremos:

 h v a =
(m − m )(Y − E ) − P
f p a
=
Pinterna
= interno (4.17)
m Y P
- De modo análogo, para uma máquina de fluxo geradora, obtém-se:
Potência disponível no fluido
que sai da máquina, em W.

P
interno = =  h v a (4.18)
Pinterna
Potência consumida para vencer
as perdas internas e fornecer a
potência disponível, em W.
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- O rendimento mecânico, ηm, é definido como: Potência no eixo


da máquina, em W.
Peixo
- Máquinas de fluxo motoras: m = (4.25)
Pinterna
Pinterna
- Máquinas de fluxo geradoras:  m = (4.26)
Peixo

- Assim, levando-se em consideração todas as perdas que acontecem nas


máquinas de fluxo, podemos definir o rendimento total (ou global), ηt,
grandeza esta adimensional, que relaciona:

Máquinas Peixo Peixo Peixo


t = = =
Potência obtida no eixo e a
de fluxo (4.27)
m Y QY
potência disponível para
motoras acionar a máquina P

Máquinas Potência que o fluido recebe


P m Y QY
de fluxo
ao passar pela máquina e a
potência fornecida no seu eixo
t = = = (4.28)
geradoras por um motor de acionamento
Peixo Peixo Peixo
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- Finalmente, unindo expressões, podemos escrever para ambos os tipos


de máquinas de fluxo (motoras e geradoras) o rendimento total (ou
global), ηt:
Peixo Pinterna Peixo
t = = = interno m =  h v a m (4.29)
P P Pinterna

- A potência no eixo, em W, será dada por:

- Máquinas de fluxo motoras: (4.30)

QY
- Máquinas de fluxo geradoras: Peixo = (4.31)
t
- Para obtermos o valor da potência em CV, utilizando a altura
manométrica no lugar da energia disponível Y, basta multiplicar por g e
dividir por 75.
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4.6. Exercício

Fonte: Henn, 2013.


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4.6. Exercício

Fonte: Henn, 2013.


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4.6. Referências
- Na preparação deste capítulo foram utilizadas as seguintes referências:

- Henn, Érico Antônio Lopes, 2012, Máquinas de fluido, 3ª Edição, Editora


UFSM, (ISBN: 8573910755), 496 p.

- Macintyre, Archibald Joseph, 2011, Bombas e instalações de


bombeamento, 2ª Edição, Editora LTC, (ISBN: 8521610866;
9788521610861), 782 p.

- Macintyre, Archibald Joseph, 1983, Máquinas motrizes hidráulicas,


Editora Guanabara Dois, (ISBN: 8570300166), 649 p.

OBS.: Algumas das figuras que acompanham os slides deste capítulo


possuem um link para acesso e podem conter direitos autorais.
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- As imagens da capa (primeiro slide) deste material foram retiradas dos


seguintes endereços eletrônicos em fevereiro de 2014, e podem conter
direitos autorais:

• www.rockridgewindmills.com/faq/FAQ4.jpg

• s.hswstatic.com/gif/artificial-heart-abiocor-hand.jpg

• www.tecnocino.it/wp-galleryo/hovercraft-militare/hovercraft.jpg

• www.grs-ltd.co.uk/grsltd/wp-content/uploads/2013/06/5266171_print.jpg

• www.directindustry.com/prod/soler-palau/axial-fans-circular-ducts-14160-584670.html

• www.adsadvance.co.uk/media/images/RR%20Trent%20XWB_tcm239-17683%5B1%5D.jpg

• img.directindustry.com/images_di/photo-mg/centrifugal-fan-low-pressure-14160-6463601.jpg

• 2.bp.blogspot.com/-4hrKgSCITIU/UI0fsJLiX_I/AAAAAAAAAWg/1UuIf6ckGn0/s320/turbina.jpg
• www.sulzer.com/en/-/media/Media/Images/ProductsAndServices/PumpsAndSystems/Single_
Stage_Pumps/BA/BA_end_suction_single_stage_centrifugal_pump.jpg?mw=690

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