Os geradores síncronos são máquinas elétricas com enrolamentos
estatóricos no estator e enrolamentos rotóricos no rotor. Alimentados por corrente contínua, geram um campo magnético rotativo que induz uma tensão alternada nos enrolamentos estatóricos. Podem ter polos lisos (baixa rotação) ou polos salientes (alta rotação). Esses geradores são cruciais em sistemas de potência, e falhas podem ter consequências graves. As causas de falhas incluem defeitos construtivos, origem externa (sobrecargas, curtos-circuitos), e origem interna (curtos-circuitos no rotor, estator, terminais). Podem ser acionados por turbinas hidráulicas, a vapor, a gás, motores a diesel, eólicas etc. Existem dois tipos principais de geradores: de indução (assíncronos) e síncronos. Os de indução geram energia ativa, são mais simples, mas têm limitações operacionais. Os síncronos geram energia ativa e reativa, sendo mais complexos, operando em diversas velocidades e potências. A proteção de geradores síncronos é essencial e complexa, abrangendo uma variedade de falhas. Diferentes funções de proteção são necessárias, como proteção contra sobrevelocidade, sobrecorrente, subtensão, entre outras. A classificação de potência do gerador (prime, modo de espera, contínua) é essencial para determinar seus limites de operação. A forma de aterramento do ponto neutro das bobinas estatóricas é crucial, podendo ser sólido, resistivo ou reativo. Precauções devem ser tomadas para evitar sobretensões durante curtos-circuitos. Geradores síncronos podem operar em condições normais (fornecendo potência) ou motorizados (recebendo potência, o que deve ser evitado para prevenir danos). Ao determinar as correntes de curto-circuito nos geradores e em suas proximidades, é essencial considerar as reatâncias que caracterizam cada máquina. Para analisar os transitórios em geradores elétricos, é necessário compreender o conceito de componentes de eixo direto e em quadratura. Um gerador síncrono de polos salientes é discutido, destacando a preferência da magnetização pelos polos salientes. A corrente de curto-circuito inicial em geradores síncronos é elevada, diminuindo até alcançar o regime permanente. A análise das diferentes fases das correntes de falta requer conhecimento das reatâncias limitadoras, especialmente as reatâncias subtransitória, transitória e síncrona do eixo direto. A reatância subtransitória do eixo direto (xd'') é explicada, sendo crucial para limitar a corrente de curto-circuito nos primeiros ciclos. Suas variações são discutidas para diferentes tipos de geradores. O valor inicial da corrente de curto- circuito trifásica é calculado usando a equação correspondente. Outras reatâncias, como a transitória do eixo direto (xd') e síncrona do eixo direto (xd), são abordadas, destacando suas variações e importância na limitação das correntes de curto-circuito. O gerador é o único componente que reage através dessas três reatâncias. A proteção diferencial de corrente em geradores é discutida, visando reduzir danos internos para diferentes tipos de defeitos. A aplicação e considerações sobre o sistema de aterramento do neutro são explicadas. Diferentes configurações de proteção diferencial são apresentadas, levando em conta a conexão dos enrolamentos e a presença de transformadores. A proteção diferencial é útil para defeitos internos, mas algumas limitações são discutidas, como a perda de isolação entre espiras de um enrolamento estatórico. Considerações sobre a aplicação da proteção diferencial em geradores de grande porte são abordadas, ressaltando suas condições de aplicação. Em geral, a proteção diferencial é aplicada em geradores com potência ou tensão nominais elevadas, devido ao seu custo. A proteção de distância de fase (função 21) é uma estratégia utilizada para proteger geradores elétricos através de relés de distância. Essa abordagem, conhecida como proteção de mínima impedância, consiste em duas a três zonas de proteção. Geralmente, é aplicada junto com proteções de primeira linha para cobrir a zona de proteção do gerador e seu transformador elevador. As zonas 21B e 21C servem como proteções secundárias para defeitos além dos limites das proteções primárias. Os ajustes das zonas 21A, 21B e 21C são feitos com base na impedância do transformador elevador e das linhas de transmissão, evitando atuações indevidas. A proteção contra faltas na rede elétrica, destacando que a proteção de sobrecorrente de geradores é considerada uma proteção de retaguarda. Para geradores de pequena capacidade, relés de sobrecorrente temporizados são usados no Quadro de Comando e Proteção, enquanto para capacidades maiores, o quadro é localizado próximo ao gerador. A proteção de sobrecorrente é crucial para evitar danos internos ao gerador. As unidades temporizadas de fase e neutro, indicando critérios de ajuste e considerações para garantir a eficácia dessas proteções. A proteção 51V, dependente da tensão, é discutida, com foco nas formas operacionais controlada e restrita por tensão. A função 50IE é introduzida como uma proteção contra energização involuntária após o desligamento e religamento do gerador, sensibilizando-se para correntes e frequências acima dos valores ajustados. A faixa de ajuste inclui correntes de partida do gerador e frequências entre 4 Hz e 15 Hz. Os enrolamentos do estator podem ser afetados por sobrecargas não administradas do gerador. Essas sobrecargas aquecem os enrolamentos que, atingindo valores de temperatura superiores à elevação de temperatura admitida pelo fabricante, reduzem a vida útil da máquina. Para proteger os enrolamentos de possíveis sobrecargas nos geradores podem ser utilizados relés de sobrecorrente temporizados, como já foi mencionado, porém sem oferecer uma proteção satisfatória. Outra forma de proteção é o uso de relés térmicos utilizados em disjuntores ou contactores e são aplicados em máquinas de pequena capacidade. No entanto, a solução mais adequada é o uso de relés digitais de imagem térmica. Esses relés devem ter a sua curva ajustada aproximadamente em 10 s abaixo da curva de aquecimento do gerador, curva que é fornecida pelo fabricante. Além das sobrecargas, os enrolamentos dos geradores podem ser afetados pela obstrução dos canais de ventilação, ocasionando aquecimento e queima da isolação, bem como curtoscircuitos nas lâminas do estator. Essa forma de aquecimento não é detectada pelos relés de sobrecorrente ou de imagem térmica. Para proteger os geradores submetidos a essa condição são instalados pares termostatos ou termistores no interior de cada enrolamento, também conhecidos como resistências detectoras de temperatura (RTD). Os terminais desses dispositivos térmicos são levados a um relé anunciador que pode manifestar a sua atuação de forma visual e/ou sonora. Os geradores do tipo industrial devem permitir uma sobrecarga 1,1 vez a corrente nominal por um tempo de 1 hora. Já para sobrecargas momentâneas o valor permitido pode ser dado, aproximadamente, pela curva de aquecimento fornecida na Figura 5.17. Assim, para uma sobrecarga de 65% sobre a corrente nominal, em média, o gerador pode suportála durante o período de apenas de 60 s (1 minuto), como se pode perceber através da curva anteriormente mencionada. Os pares termostatos são ligados a uma ponte de Wheatstone que possui uma bobina de operação instalada em seu centro. Seu funcionamento está baseado no desbalanço de corrente entre os resistores e os pares termostatos fazendo circular corrente na bobina de operação. Esse desequilíbrio de corrente é ocasionado pela elevação de temperatura nos pares termostatos inseridos nas bobinas do estator submetidos às fontes de aquecimento anteriormente mencionadas. Os detectores de temperatura, normalmente em número de três, são instalados em geradores com capacidade nominal superior a 500 kW. Podem ser localizados em vários pontos do enrolamento do estator fornecendo um mapa térmico das condições das bobinas. Os detectores fornecem a indicação da temperatura mais elevada das bobinas podendo registrar essa temperatura através de um mostrador externo e/ou retirar de operação o gerador através do acionamento do disjuntor principal e da excitatriz. O relé indicado para a condição de sobreaquecimento dos geradores é projetado em função das resistências detectoras de temperatura. Seus contatos são acionados quando o valor da temperatura atingir o valor ajustado e ele permanece operando até que a temperatura retorne à posição inferior à de operação máxima. Normalmente, a faixa de ajuste desse tipo de relé varia entre 80 °C e 180 °C. Não são compensados pela temperatura ambiente, isto é, são relés não tropicalizados. A classe de isolamento determina o valor da temperatura máxima das bobinas, ou seja: Classe A − limite: 105 °C: seda, algodão, papel e similares impregnados em líquidos isolantes: por exemplo: esmalte de fios. Classe E − limite: 120 °C: fibras orgânicas sintéticas. Classe B − limite: 130 °C: asbesto, mica e materiais a base de poliéster. Classe F − limite A proteção contra subtensões é essencial para prevenir danos aos geradores em situações como a perda de uma unidade de geração, falhas próximas ao ponto de conexão do gerador ou aumento repentino na demanda. Nestas circunstâncias, a excitatriz fornece corrente contínua ao enrolamento de campo, compensando a redução de tensão. No entanto, é importante monitorar a elevação de temperatura no rotor e estator, evitando ultrapassar os limites de temperatura seguros. Os relés de tensão desempenham um papel crucial na proteção contra subtensões, ajustando-se em uma faixa específica para atuar quando necessário. Sua função principal é permitir que outras proteções mais adequadas desliguem o gerador, caso seja necessário. Já a proteção contra sobretensões é necessária para eventos como operações incorretas, falhas no regulador de tensão, rejeição de carga e descargas atmosféricas. A saída intempestiva de um grande bloco de carga pode causar ilhamento, desconectando parte da rede elétrica e resultando em sobretensão. Nesse cenário, relés de sobretensão são utilizados, ajustados com faixas específicas para garantir uma resposta adequada. Os relés de sobretensão podem ser alimentados por transformadores de potencial exclusivos, e é fundamental garantir uma fonte diferente da utilizada para alimentar o regulador de tensão. Esses relés possuem características de funcionamento linear para evitar problemas durante variações de frequência no gerador.