Antes do surgimento dos relés microprocessados, a proteção térmica de
motores elétricos trifásicos era realizada por dispositivos térmicos nos disjuntores, enquanto fusíveis e a unidade magnética dos disjuntores protegiam contra curtos-circuitos. Motores de baixa potência ainda seguem esse método, mas motores maiores usavam relés secundários eletromecânicos ou eletrônicos para proteção. Com o desenvolvimento dos relés microprocessados, motores industriais agora são protegidos por relés numéricos, substituindo métodos tradicionais. O texto discute várias falhas de motores elétricos, como efeitos térmicos, sobrecargas, falhas por tensão, operacionais, ambientais e mecânicas. Para proteger os motores, várias funções são empregadas, como proteção de distância, controle de temperatura, proteção térmica, contra subtensão, entre outras. As proteções contra falhas térmicas são feitas usando detectores térmicos bimetálicos, termistores e resistências dependentes da temperatura. A seleção e ajuste dessas proteções são discutidos, com ênfase na importância da especificação correta durante a aquisição dos motores. O comportamento térmico dos motores elétricos é influenciado pela diferença entre a potência elétrica fornecida e a potência mecânica disponível no eixo. O aquecimento ocorre devido às perdas nos enrolamentos e núcleos magnéticos, com o atrito contribuindo para as perdas totais, convertidas em calor. A dissipação térmica, crucial para evitar danos, concentra-se nas espiras centrais. A curva tempo × corrente de aquecimento é fornecida pelos fabricantes, determinando a capacidade de operação sem afetar a isolação. A elevação de temperatura pode ser calculada usando a equações, considerando a quantidade de calor gerado, a capacidade calorífica e o coeficiente de transmissão de calor do motor. A constante de tempo térmica de aquecimento, σa, representa o tempo para atingir 63,2% da elevação máxima em condições nominais. No processo de resfriamento, quando o motor está em equilíbrio térmico, a transferência de energia térmica para o ambiente é representada por uma curva declinante. O resfriamento pode ocorrer de forma adiabática, mas na prática, o tempo é maior que o aquecimento devido à dissipação natural de calor. Reduzir a carga do motor também influencia o resfriamento. Para ajustar o relé de proteção térmica, é essencial conhecer as curvas de aquecimento e resfriamento do motor. O relé de proteção por imagem térmica (49) é utilizado para proteger motores elétricos e outros equipamentos contra sobrecarga. Ele opera monitorando a corrente solicitada da rede de alimentação e desliga o motor se a corrente exceder um valor ajustado. A proteção térmica é crucial para evitar danos ao motor devido ao aumento de temperatura. O sistema térmico é caracterizado pela energia integrada ao longo do tempo, fornecida como calor, elevando a temperatura do sistema. A proteção térmica do motor visa desligar a fonte de energia em um tempo inferior ao necessário para que a temperatura ultrapasse o limite seguro. O relé de imagem térmica avalia a temperatura dos enrolamentos do motor, considerando perdas de efeito Joule e dissipação térmica. Duas condições são analisadas: sobrecarga a frio e a quente, gerando duas curvas de atuação do relé. As curvas do relé devem ser ajustadas com base nas constantes de tempo térmico do motor, fornecidas pelo fabricante. Principais funções do relé de imagem térmica incluem proteção contra excesso de temperatura durante a partida com rotor travado, operação monofásica e curtos-circuitos nos enrolamentos. Os ajustes do relé consideram constantes térmicas de aquecimento e resfriamento, unidade de tempo definido, tempo de partida prolongada, desequilíbrio de corrente entre fases, e tempo de desequilíbrio. Procedimentos para ajustar o relé incluem a determinação dos tempos de aquecimento e resfriamento do motor, utilizando equações para curvas de aquecimento a frio e a quente. Os ajustes também dependem das características térmicas do motor, fornecidas pelo fabricante. A proteção contra sub e sobretensões em motores de indução é essencial para evitar danos causados por variações excessivas de tensão. Quando a tensão é superior à nominal, ocorrem alterações no comportamento operacional do motor, como a diminuição da corrente de plena carga, aumento da corrente de partida, diminuição da corrente rotórica, ligeira redução do fator de potência, aumento do conjugado de partida e aceleração do rotor. Para prevenir esses efeitos, são recomendadas medidas como a instalação de relés de sobretensão temporizados e a limitação da tensão a até 110% da nominal. Por outro lado, em casos de tensão inferior à nominal, medidas como relés de subtensão ajustados a 90% da tensão nominal são indicadas, considerando quedas de tensão com duração inferior a 200 ms como não afetivas ao motor. Além disso, há proteções específicas, como contra partida longa, rotor bloqueado e perda de carga. Para o caso de partida longa, o ajuste do relé deve considerar o tempo de rotor bloqueado e o tempo de partida do motor. Já a proteção contra rotor bloqueado durante a operação normal requer dois relés de sobrecorrente temporizados. A proteção por perda de carga é discutida, e métodos para ajuste do relé são apresentados com base nas correntes medidas no motor sem carga e em operação de plena carga. A proteção contra desequilíbrio de corrente é abordada, levando em consideração a variação percentual entre as fases e ajustando o relé de acordo com o tempo desejado de atuação. A proteção contrafuga de corrente à terra (51GS) é explicada como sendo sensibilizada por correntes que energizam a carcaça do motor devido a defeitos na isolação, podendo representar riscos à vida do operador. O uso de conexão residual através de um transformador de corrente é mencionado, e são fornecidos ajustes recomendados para essa função. A proteção contra perda de excitação/sincronismo (78) é discutida, com ênfase nos motores síncronos, onde a perda de excitação pode resultar em uma mudança no fator de potência. A necessidade de desligar imediatamente o motor da rede em caso de perda de excitação é ressaltada. A perda de sincronismo é abordada como uma particularidade dos motores síncronos, sendo estes capazes de suportar variações de tensão sem perder o sincronismo. A proteção contra descargas atmosféricas é mencionada como uma medida necessária para evitar danos causados por ondas de surto provenientes de descargas atmosféricas. O uso de para-raios de sobretensão é recomendado para uma proteção adequada. A supervisão do número excessivo de partidas (66) destaca a importância de limitar o número de partidas por hora conforme as recomendações do fabricante do motor. Por fim, são fornecidos ajustes recomendados para diversas funções de proteção, como proteção térmica, contra subtensão, perda de carga, subimpedância, desbalanço de corrente, partida longa, entre outras.