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Aula 03 – Do crime: parte 02

3.1 Tentativa
3.1.1 Conceito
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei.
Na tentativa, há prática de ato de execução, mas não chega o sujeito à consumação por
circunstâncias independentes de sua vontade.

3.1.2 Elementos da tentativa


03 Elementos compõem a estrutura do crime tentado:
1. Início da execução;
2. Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade
3. Dolo de consumação
É CABÍVEL A TENTATIVA NOS CASOS DE DOLO EVENTUAL!

3.1.3 Espécies de Tentativa


* Tentativa Branca ou Incruenta: o agente não atinge o objeto material. João tentar
matar Pedro a tiros, porém erra todas as munições.
* Tentativa Vermelha ou Cruenta: João acerta os tiros em Pedro, porém o delito não
se confirma.
* Tentativa Perfeita: fica caracterizada a INCOMPETÊNCIA do agente. O autor
utiliza todos os meios executórios mas não atinge a consumação. Ex.: joão descarrega
todos as 6 munições do revólver, mas não atinge a vítima em nenhum ponto letal.
* Tentativa Imperfeita: o agente inicia a execução mas não utiliza todos os meios
disponíveis. Ex.: possui 6 munições no revólver, porém quando dá o 3° tiros, policiais
chegam ao local impedindo a execução.

3.1.4 Punibilidade da Tentativa


Teoria subjetiva da punibilidade da tentativa: prega a aplicação da mesma pena que a do
delito consumado.
Teoria objetiva da punibilidade da tentativa: pena menor da tentativa em relação ao
crime consumado. (ADOTADA PELO CP)
Art. 14 CP – Par. Único – Salvo disposição em contrário,
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.
QUANTO MAIS O AGENTE SE APROFUNDOU NA EXECUÇÃO, QUANTO MAIS SE
APROXIMOU DA CONSUMAÇÃO, MENOR A REDUÇÃO!
Existe algumas exceções onde a tentativa e a consumação do resultado possuem a
mesma pena:
Art. 352 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa:
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da pena
correspondente à violência.
Afora as exceções previstas, é obrigatória a redução da pena entres os limites de 1/3 a
2/3.
3.1.5 Crimes que não admitem tentativa
A regra geral é que os crimes dolosos são compatíveis com a tentativa.
1. Crimes Culposos: não se admite tentativa, pois só se consome com a existência
do resultado naturalístico.
2. Crimes Preterdolosos: por se caracterizar pela culpa no resultado, não admite
tentativa.
3. Crimes Unisubsistentes: também chamado de crime único, a conduta é
exteriorizada mediante um único ato, não se podendo falar em inter criminis e,
consequentemente, na ocorrência de tentativa. É o caso do desacato cometido
verbalmente: ao ser dita a palavra empregada, com a finalidade de menosprezar
a função pública, consumado está o crime.
4. Crimes Omissivos Próprios: não se exige um resultado naturalístico decorrente
da omissão.
5. Contravenções Penais: Segundo a lei de contravenções penais, não é admitida a
tentativa.
6. Crimes Condicionados: dependem de uma condição para que possam ser
punidos. Ex.: participação no suicídio – João quer se suicidar e Marcos passa a
gritar “- pula, pula, puta”. Só há punição se resultar em morte ou lesão corporal
grave.
7. Crimes Habituais: A doutrina majoritária admite NÃO ser possível a tentativa.
8. Crimes de Atentado: fala-se em crime de atentado ou de empreendimento
quando a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado. Exemplo:
art. 352 CP
PRETERDOLOS
UNISUBSISTENTES
CULPOSOS
CONTRAVENÇÕES PENAIS
ATENTADO
CONDICIONADOS
HABITUAIS
OMISSIVOS PRÓPRIOS
3.1.5 Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
Art. 15 CP – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados.
1. Desistência Voluntária: o agente por ato voluntário, abandona a prática dos
demais atos necessários e que estavam à disposição para sua consumação.
Quando o agente diz: POSSO PROSSEGUIR MAS NÃO QUERO!
2. Arrependimento Eficaz: o agente pratica TODOS os atos suficientes para a
consumação do delito, mas adota providências para impedir o resultado. Ex.:
João dá veneno para Marcos e posteriormente, já próximo da morte, aplica o
antídoto, salvando Marcos.

O arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais!

3.1.6.1 Requisitos
Existem 2 benefícios a serem cumpridos para que o agente seja beneficiado pelo disposto
no art. 15
1. Voluntariedade: Ideia originada da mente do agente
2. Eficácia: tem que impedir o resultado. Se tentou impedir, mas não conseguiu...
azar o dele.
3.1.6.2 Efeitos
Desistência voluntária/arrependimento eficaz não são causas de diminuição de pena, e
sim de atipicidade.
O agente vai ser punido, não pela forma tentada, e sim pelos atos já praticados até o
momento!

3.2 Arrependimento Posterior


3.2.1 Conceito
Art. 16 CP – Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituído a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será de um a dois terços.
Arrependimento posterior é causa de DIMINUIÇÃO DA PENA! – Ocorre quando o
agente, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, voluntariamente
e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado
por sua conduta.

3.2.1.1 Requisitos
Para que ocorra o arrependimento posterior os seguintes requisitos devem ser cumpridos
cumulativamente:
1. Crime sem violência ou grave ameaça: Ex.: joão quebra a janela da casa,
explode duas portas de madeira, mata 3 cachorros e degola um gato. Nesse caso,
houve violência contra Coisa e não contra pessoa.
2. Reparação Voluntária, Pessoal e Integral: não importa se a ideia surgiu ou não
da mente do agente. Basta que a reparação seja voluntária.
3. Limite Temporal: a reparação do dano ou restituição da coisa deve ocorrer
ANTES do recebimento da denúncia ou queixa.

3.3 Crime Impossível


3.3.1 Conceito
Também chamado de “quase-crime”, tentativa inadequada ou inidônea:
Art. 17 CP – Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.
Na tentativa, a consumação é plenamente possível, a qual só não ocorre por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Diferentemente, no crime impossível a
consumação nunca pode ocorrer, seja em razão da ineficácia absoluta do meio, seja
por força da impropriedade absoluta do objeto!

3.3.2 Teoria adota pelo Código Penal


Teoria objetiva temperada/intermediária: para a configuração de crime impossível, os
meios empregados e o objeto do crime devem ser ABSOLUTAMENTE inidôneos a
produzir o resultado.
Idoneidade absoluta – aquela em que o crime nunca poderia chegar a ser consumado.
Ex.: indivíduo que falsifica GROSSEIRAMENTE dinheiro e tenta comprar algo com
ela. Isso seria uma hipótese de crime impossível.
Diferentemente daquele que falsifica de forma quase perfeita, logo, não caracterizaria
o crime impossível.

3.3.3 Espécies de Crime Impossível


Existe duas espécies de crime impossível
Por ineficácia absoluta do meio: quando o meio executório empregado pelo insciente
pseudo autor, pela sua natureza, é absolutamente incapaz de causar o resultado
(ausência de potencialidade lesiva)
Ex.: João desejando matar Pedro, coloca açúcar na bebida achando ser veneno.
Ex.2: João tenta matar Pedro com revólver sem munição.
Inclui-se nessa hipótese a tentativa irreal/supersticiosa, cujo exemplo seria de João
tentar matar Pedro mediante ato de magia ou bruxaria.
Por impropriedade absoluta do objeto: o objeto material sobre o qual deveria incidir o
comportamento não existe ou, pela sua situação ou condição, torna-se absolutamente
impossível a produção do resultado visado, por circunstâncias desconhecidas pelo
agente.
Ex.: mulher tomar remédios abortivos, porém não está grávida.
Ex.2: sujeito desejando matar a vítima, acerta tiros em cadáver (a vida não mais existia
no momento)
Obs.: João tenta roubar celular de Pedro, porém o telefone estava no outro bolso.
Nesse caso não se trata de crime impossível, pois o objeto material existe! Estamos
diante de uma impropriedade RELATIVA do objeto e ocorrerá o crime tentado. Para
que haja o crime impossível, é necessária a impropriedade ABSOLUTA do objeto.

3.4 Ilicitude
3.4.1 Conceito
Antagonismo entra a conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico. Causando
lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico tutelado.
Nem toda conduta que se enquadra perfeitamente no ordenamento jurídico penal deve
ser punida pois existes as excludentes de ilicitude.
3.4.2 Causas de Exclusão da Ilicitude
Causas Genéricas:
Estado de Necessidade
Legítima Defesa
Estrito Cumprimento do Dever Legal
Exercício Regular do Direito
-------------------------------------------------------------
Causas Específicas – Art. 142 CP (Parte Especial):
Art. 142 – Não constituem injúria ou difamação punível:
I – A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II – A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III – O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
-------------------------------------------------------------
Obs.: Atuação extralegal => não encontra previsão direta em lei, é uma extensão da
norma. Ex.: tatuador que tatua um indivíduo não está cometendo lesão corporal, pois
está amparado no consentimento do ofendido.

3.4.3 Estado de Necessidade


Sacrifício de um interesse juridicamente protegido para salvar de perigo atual e
inevitável o direito do próprio agente ou de terceiros. O Brasil adota a teoria unitária
que prega que o estado de necessidade é excludente de ilicitude.
Art. 24 CP – Considera-se estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
Par. 1° - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo.
Par. 2° - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.
3.4.3.1 Requisitos
Existe dois momentos distintos QUE DEVEM SER SOMADOS para a ocorrência do
estado de necessidade:
1. Situação de Necessidade – depende de:

- Perigo atual;
- Perigo não provocado voluntariamente;
- Ameaça a direito próprio ou alheio;
- Ausência de dever legal de aceitar o perigo
2. Fato Necessitado – A conduta típica em face do perigo tem como requisitos:
- Inevitabilidade do perigo por outro modo;
- Proporcionalidade

3.4.3.2 Situação de Necessidade


Existência de perigo atual: exposição de um bem jurídico a uma situação de
probabilidade de dano. Não é admitido essa excludente de ilicitude quando se trata de
perigo remoto.
Proteção de direito próprio ou alheio: o bem a ser salvo deve estar protegido pelo
ordenamento jurídico.
Perigo não provocado voluntariamente: a pessoa que deu origem ao perigo não pode
invocar a excludente de ilicitude para a sua própria proteção.
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: deve inexistir o dever legal de
enfrentar o perigo, pois caso a lei o determine, este deve tentar salvar o bem ameaçado
sem destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha que correr os riscos inerentes à
sua função. Ex.: não pode um bombeiro, para salvar um morador de uma casa em
chamas, destruir a residência vizinha, quando possível fazê-lo de forma menos lesiva,
ainda que mais arriscada à sua pessoa.

3.4.3.3 Fato Necessitado


Inevitabilidade do perigo: se admite o sacrifício do bem quando o perigo for inevitável
para escapar da situação perigosa e não houver outra forma de escapar.
Proporcionalidade do sacrifício: deve-se buscar sacrificar um bem jurídico de menor
importância para salvar outro de maior importância.
E se sacrificar o de maior valor:
Art. 23, Parág2° - Embora seja razoável exigir-se o
sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
No dispositivo acima não há obrigatoriedade da diminuição da pena. O magistrado
avalia o caso, aplicando se achar conveniente!
3.4.4 Legítima Defesa
Segunda causa de exclusão de antijuridicidade prevista pelo art. 23 do código penal, e
regulada pelo art. 25:
Art. 24 – Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente os meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Agressão injusta – agressão atual ou iminente – defesa de direito próprio ou alheio
Reação com os meios necessários – uso moderado dos meios necessários

3.4.4.1 Agressão Injusta


Comportamento HUMANO capaz de provocar um perigo concreto de dano ou gerar
lesões.

3.4.4.2 Agressão Atual ou Iminente


Deverá estar ocorrendo ou prestes a acontecer, e nunca quando já terminada.
Diferentemente do estado de necessidade, onde a o perigo deve ser atual.

3.4.4.3 Defesa de Direito Próprio ou Alheio


Deve haver a intenção do agredido de se defender ou de defender um bem jurídico de
terceiro.

3.4.4.4 Reação com os meios necessários


Àqueles suficientes para reprimir a agressão injusta que está ocorrendo/prestes a
ocorrer. (observância da proporcionalidade e observância do caso concreto)

3.4.4.5 Uso moderado dos meios necessários


Deve haver moderação para não incorrer no EXCESSO DE LEGÍTIMA DEFESA

3.4.4.6 Legítima Defesa Putativa (imaginária)


Devido a um erro, o agente acredita estar diante de uma injusta agressão atual ou
iminente.
Ex.: João coloca mão no bolso para pegar lenço e Marcos acreditando que é uma arma,
saca a sua e mata João.
Neste caso, NÃO OCORRE A EXCLUSÃO DA ILICITUDE.
3.4.5 Estrito Cumprimento do Dever Legal
Art. 23 CP – Não há crime quando o agente pratica o fato: [...]
III – Em estrito cumprimento do dever legal...
“É a causa de exclusão de ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por
força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos exatos limites dessa
obrigação,”

3.4.5.1 Elemento Subjetivo


É necessário que o agente que praticou a conduta típica tenha atuado querendo praticá-
la, mas com a consciência de que cumpria um dever imposto pela lei.
Ex.: delegado prende desafeto sem justificativa, e descobre posteriormente que existia
um mandado de prisão preventiva, cabendo a esse mesmo delegado cumpri-lo. A
conduta mesmo assim é criminosa, porque o delegado atuou sem a consciência e sem a
intenção de cumprir seu dever.

3.4.5 Exercício Regular de Direito


Art. 23 CP – Não há crime quando o agente pratica o fato: [...]
III – [...] no exercício regular de direito.
“faculdade de agir atribuída pelo ordenamento jurídico a alguma pessoa”
Ex.: correção dos filhos pelos pais
Prisão em flagrante por particular
No expulsar, quando da invasão de propriedade.

3.4.5.1 Ofendículos
Aparatos defensivos de propriedades. Ex.: cacos de vidro no muro, cercas de arame
farpado, maçanetas eletrificadas, etc.
São considerados EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
Lesões ocorridas na prática de esportes violentos, desde que toleráveis e dentro das
regras do esporte, também são considerados exercício regular do direito.
3.4.6 Estrito Cumprimento do Dever Legal X Exercício Regular do
Direito

Diferenciações Estrito Cumprimento Exercício Regular do


do Dever Legal Direito
Facultativa – o agente
Compulsória – O agente está autorizado a agir
está obrigado a cumprir pelo ordenamento
Natureza o mandamento legal jurídico, mas a ele
pertence a opção de
exercer o direito
assegurado
O dever de agir tem O direito cujo exercício
origem exclusivamente se autoriza pode advir
Origem na lei da lei, de regulamentos
e, para parte da
doutrina, até mesmo dos
costumes

3.4.7 Legítima Defesa X Estado de Necessidade

a) No ESTADO DE NECESSIDADE, há um conflito entre dois bens jurídicos


expostos a perigo; na LEGÍTIMA DEFESA, uma repulsa a ataque;

b) No ESTADO DE NECESSIDADE, o bem jurídico é exposto a perigo; na


LEGÍTIMA DEFESA, o direito sofre uma agressão atual ou iminente;

c) No ESTADO DE NECESSIDADE, o perigo pode ou não advir da conduta


humana; na LEGÍTIMA DEFESA, a agressão só pode ser praticada por pessoa
humana;

d) No ESTADO DE NECESSIDADE, a conduta pode ser dirigida contra terceiro


inocente; na LEGÍTIMA DEFESA, somente contra agressor;

e) No ESTADO DE NECESSIDADE, a agressão não precisa ser injusta; na


LEGÍTIMA DEFESA, por outro lado, só existe se houver injusta agressão. (ex.:
dois náufragos disputando a tábua de salvação. Um agride o outro para ficar com
ela, mas nenhuma agressão é injusta).
3.5 Excesso
Art. 23, Par único – o agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo
O artigo se refere à penalização do excesso, doloso ou culposo, em todas as causas de
exclusão de ilicitude.

3.5.1 Espécies de Excesso


Doloso ou consciente: excesso voluntário. Ex.: indivíduo desarma bandido e,
posteriormente, com o ladrão já imobilizado, dispara dois tiros em sua cabeça.
Culposo ou inconsciente: excesso que deriva da culpa (negligência, imperícia ou
imprudência) – ex.: João, visando defender-se de tapas efetuados por sua mulher,
empurra Maria que tropeça, bate a cabeça e morre.
O STF dispõe sobre o tema:
Depois da reforma penal em 1984, segundo o parágrafo único do art. 23 do CP, o
agente responderá pelo excesso doloso ou culposo em qualquer das causas de exclusão
de ilicitude.
Desde então, tornou-se obrigatório o questionamento do excesso doloso ou culposo,
sempre que o Conselho de Sentença negar, na excludente da legítima defesa, o uso dos
meios necessários ou a moderação no emprego dos meios.
Pela ordem de precedência, questiona-se em primeiro lugar o excesso doloso,
porquanto o júri, até ali, negou a legítima defesa, prevalecendo ainda a prática do fato
criminoso a título de dolo, pois a ação é única. Respondido afirmativamente, estará o
réu condenado por crime doloso.
Negado, questiona-se o excesso culposo. Negado ambos, o réu estará absolvido, pois o
júri reconheceu o excesso casual. Se o Juiz Presidente deixa de questionar o excesso
doloso, indagando apenas o excesso culposo, ocorrerá nulidade por deficiência dos
quesitos, independentemente de protesto no momento próprio, pois se trata de quesito
obrigatório.

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