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art. 25, IV, “a” e “b” da Lei n.° 8.625/93, art. 46, VI, “b”, da Lei Complementar n. º 25/98 e na Lei
n.° 7.347/85, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA em desfavor de JOSÉ ALMEIDA LIMA, brasileiro, advogado, casado,
natural de Santa Rosa de Lima/SE, nascido em 28/09/1953, OAB/SE 851, CPF 102.237.385-49,
residente e domiciliado na Praça Theodorico do Prado Montes, nº 28, Farolândia, Aracaju/SE; e,
JACKSON BARRETO DE LIMA, brasileiro, advogado, solteiro, natural de Santa Rosa de Lima/
SE, nascido em 06/05/1944, RG 111.219, SSP/SE, CPF 038.622.325-49, residente e domiciliado na
Rua Gervásio de Araújo Souza, nº 613, Atalaia, Aracaju/SE, pelos substratos fáticos e jurídicos a
seguir expostos.
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O fato teve imediata repercussão, o que motivou visita de inspeção por parte do
MPSE, realizada no dia 09 de abril de 2018, estando o respectivo Relatório de Visita encartado às
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fls. 53/54 dos autos do procedimento, sendo oportuno destacar das constatações que: a) o local não
estava funcionando, vez que ainda estava em obras, lá não havia nenhum equipamento de
hemodiálise e não era possível a utilização do espaço para o fim a que se destinava; b) os
equipamentos que estavam no local no momento da inauguração foram colocados para a
apresentação; c) a obra seria concluída em prazo estimado de 10 (dez) dias; os elevadores que
possuíam ligação com o espaço que em funcionaria o “Centro de Nefrologia” não estavam em
funcionamento; d) a quantidade de equipamentos de ar-condicionado instalados no local era
insuficiente para o funcionamento do setor. Foram retiradas fotografias no local, consoante mídia
acostada aos autos (fl. 20), que demonstram que o local, que dias antes fora inaugurado e entregue
como pronto, era um canteiro de obras. A título exemplificativo, algumas das fotografias tiradas na
data da inspeção, alguns dias depois da inauguração, que retratam realidade diversa da exibida no
dia da inauguração e que pode ser vista nos vídeos anexos:
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NASCIMENTO (mídia à fl. 36) que, indagada se o local poderia ser considerado um Centro de
Nefrologia, disse:
“para a gente não, para o prestador é uma sala onde vai ser feita a hemodiálise. O
nome centro de nefrologia fica transparecendo que é um serviço ambulatorial, que é
para o renal crônico, que é como existe em outras clínicas aqui dentro de Aracaju,
tem outras clínicas que são para atendimento do renal crônico, que não é o objetivo
e não é a função do hospital. O hospital recebe o paciente renal agudo, ou seja, que
ele chega no hospital, ele as vezes nem sabe que ele tem um problema renal, por uma
cirurgia ou alguma coisa e tal, que precise fazer hemodiálise porque o rim não está
suportando, enfim, uma série de questões médicas que eu não sei. Mas enfim é para
atender a hemodiálise intra hospitalar, para atender ao paciente renal agudo, que
chega no HUSE e precisa fazer hemodiálise, não necessariamente por problema renal.
Esses pacientes geralmente vêm daí ou alguma intercorrência que gerou uma
necessidade de se fazer hemodiálise. (...) Então quando se coloca o nome centro de
nefrologia, deixou transparecer, foi uma surpresa para gente quando chegamos lá e
vimos esse nome 'centro de nefrologia', 'gente, não é um centro de nefrologia, é uma
sala de fazer diálise'. Aí houve esse trocadilho em que criou toda essa, toda essa, essa
celeuma, mas enfim nós tínhamos avisado para, quando vimos o nome lá centro de
nefrologia, nós avisamos para o pessoal que aquilo ali deveria ter ao menos um
complemento, botar 'centro de nefrologia intra hospitalar'. (...) Que quando vocês
chegaram lá, nos encontraram lá no hospital, lá na sala, com o pessoal, com a direção
do hospital já pontuando o que era que faltava para que a gente pudesse entrar ali. E
foi, aí foi que a gente comentou sobre esse nome do centro de nefrologia, 'olhe, vocês
deveriam colocar intra hospitalar, para não dar a impressão de que é um centro, que é
porta aberta, que todo mundo que é crônico pode chegar aqui e fazer a hemodiálise,
porque não é'. Até porque o HUSE tem uma fila lá, o último conhecimento meu, acho
que tinham, acho que eram 21 pacientes, que estavam morando lá no HUSE, porque
não tem renais crônicos, porque não tem vaga dentro de Aracaju para esses pacientes.
Eles são atendidos porque estão no HUSE, porque eles não recebem alta porque não
tem onde fazer. Mas não é uma pessoa que recebe alta e voltar para lá e fazer, não,
porque não é o objetivo nosso e não é o que está contratualizado e o hospital também
não pode oferecer esse tipo de serviço porque ele não é contratualizado para isso. Ele
tem um contrato e no rol de procedimento deles está que ele tem que prestar diálise
para paciente agudo e não para paciente crônico.(...)"
“(…) foi solicitado para gente que se nós poderíamos descer com os equipamentos
para botar lá, para tirar umas fotos e porque o Governador iria lá e aí a gente
colocou; não se falou claramente que seria uma inauguração para sair assim como se
ia, que ia já funcionar. Eles pediram para gente, que o Governador iria para fazer
uma inauguração de todo o espaço, a palavra inauguração foi dita assim para fazer a
inauguração de todo o espaço e que eles gostariam que a gente descesse as máquinas
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e posicionasse lá, pronto. Foram todas as máquinas. Logo depois que terminou a
solenidade nós retiramos, que aí tinham que fazer. As máquinas ficaram lá de manhã,
houve a solenidade de manhã, acho que tipo assim, 10 hs, 11 hs, que terminou a
solenidade, nós retiramos a máquina, até porque precisávamos continuar o serviço,
para não deixar nenhum paciente dialisar. Não importou nenhum prejuízo para os
pacientes, de jeito nenhum, porque já tinha, é como eu lhe disse, a gente fica
esperando que o médico, a prescrição. Foi pedido isso para fazer, que era para descer,
se a gente poderia descer os equipamentos para deixar lá na sala porque o
Governador iria fazer uma solenidade, tirar umas fotos para divulgar, para fazer uma
solenidade de inauguração do espaço. (...) O espaço não estava pronto para funcionar.
Tanto que a gente não desceu com essa intenção e não foi nos passado isso. Tanto que
nós temos uma correspondência do dia 28 de março, que nós passamos para, para eles
colocando o que era que faltava no espaço para que a gente pudesse funcionar. (…)
Ainda faltava a questão de descer a osmose, como eu te falei, a gente precisa para
descer a osmose, nós precisamos de 02 dias e nós já fizemos todos, já avisamos ao
HUSE que no momento de descer, que nós vamos parar 02 dias, mas assim sem
prejuízo para o paciente (...) Mas enfim não dava para mudar, para mudar, ainda não
estava em condições de mudar, porque a osmose ainda também não tinha sido
mudada.(...) E aí logo após a inauguração, nós tivemos uma reunião pontuando
mais uma vez todas as coisas que nós precisávamos para mudar e que prazo, na
verdade o prazo quem teria que nos dar era ele e não nós, porque precisava ter uma
estrutura já adequada, dado o ok, para que a gente pudesse mudar."
“algumas vezes a gente foi procurado para dar uma orientação em relação a nossa
necessidade, porque como era algo específico, algo especializado, então na verdade
eles queriam saber da gente, o que a gente precisaria naquele espaço, e, para que
funcionasse de forma mais adequada. E aí a gente foi orientando. A gente viu o projeto
com o arquiteto algumas vezes, mas assim a obra é do hospital, a gente só fez dar um
auxílio mesmo. E aí passaram para gente que eles iam inaugurar, apresentar a
estrutura física, a gente passou para eles que a gente não tinha como funcionar na
situação que estava. (...)A osmose da gente é uma estação de tratamento de água, que
é uma estação fixa. Então para a gente poder descer esse equipamento da sala atual
para essa sala nova, a gente precisa de uma série de ajustes, tipo, eu preciso paralisar
o serviço por um prazo de 48 horas, né que a gente até comentou no dia da visita, é, eu
preciso fazer teste da água, então não é uma coisa terminou a obra agora, a gente vai
descer, né. A sala ainda não estava com ar-condicionado e o equipamento da gente
não pode rodar sem ar-condicionado, por conta de esquentar a fonte, ter
complicações com o equipamento. Então eles estavam cientes de que a gente não iria
funcionar. Que na verdade não teria condição operacional para isso. Então, pediram
apenas para gente ceder as máquinas que a gente já têm, que foi o que a gente viu,
para mostrar, que já existem os equipamentos, a sala, enfim.(…) na verdade não foi
uma montagem, a gente só desceu os equipamentos, no mesmo dia, porque, esses
equipamentos, é o que a gente utiliza no hospital (…) o pedido foi feito na mesma
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semana da inauguração, precisariam para mostrar, mas que seria informado que não
ia funcionar, que era para mostrar os equipamentos, como ficaria o layout da sala.
(...)a gente colocou alguns pontos também para eles que a gente precisa para iniciar o
atendimento, que a gente informou em CI e tudo, que é a liberação de uma linha
telefônica porque a gente usa internet para questão de controle de material, essas
coisas, que isso já está resolvido. Existe uma questão do elevador também, para
movimentação do paciente, por ser um ambiente mais afastado, a gente solicitou a
questão do elevador, mas que a gente sabe que não é algo que vai resolver amanhã,
nem na próxima semana. Se eles entregarem a obra, a gente se organiza até lá,
questão da logística dos pacientes (...). Então se eles entregarem hoje, por exemplo, eu
não sei como é que está o andamento, porque hoje eu ainda não fui lá para ver. Mas se
eles entregarem hoje a gente pode mudar, começar a mudança amanhã à noite, porque
eu dialiso todo mundo amanhã, que precisar, e aí à noite a gente começa a fazer esse
processo de mudança, para voltar a funcionar na terça(...)”
“(…) então, na verdade, a denominação do nome é que não condiz. Na verdade eu não
sei se foi questão de assessoria, eu não sei do que foi colocado como centro de
nefrologia. O entendimento que a gente tem, para quem trabalha com nefrologia, é que
centro de nefrologia é algo ambulatorial, e que não é o que a gente faz, diálise de
paciente agudo, que está internado. Então talvez o centro de nefrologia não seja o
mais adequado, talvez você pode colocar unidade intra hospitalar de nefrologia, mas,
na verdade, o que a gente vai fazer lá é o que a gente já faz, que é a diálise de paciente
internado e, de preferência, voltado para paciente agudo (...)”
Também foi inquirido LUIZ EDUARDO PRADO CORREIA (mídia à fl. 36),
Superintendente do HUSE à época dos fatos que, além de deixar claro que as determinações para a
inauguração partiram da Secretaria de Estado da Saúde, disse:
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“(…) Primeiro que você não inaugura um centro hospitalar com os pacientes dentro,
do ponto de vista da saúde e da infectologia, isso não é nem permitido. Você faz uma
inauguração para depois funcionar. Você faz a inauguração, depois vai fazer a
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limpeza, desinfecção, todo um trabalho que normalmente se faz, para depois botar
para funcionar. E uma estrutura como aquela, que estava pronta, e colocamos
pacientes lá dentro 07 dias úteis depois, só Deus que fez o mundo em 07 dias. Eu não
tenho essa capacidade de pegar uma obra daquela do zero e 07 dias úteis depois
entregar funcionando, sendo uma unidade referência no país em nefrologia,
hemodiálise intra-hospitalar.(…) Eu tinha dito: 'pessoal, não está concluído', até
porque naquela primeira sala, que é a hemodiálise, e eu já estava na segunda, dos
leitos, nós falamos que são 35 leitos, e aqui vocês podem verificar, com a imprensa
presente, essa mesma imprensa, essa mesma imprensa calhorda presente, ouviram eu
dizer: são 35 leitos, eu disse lá que são 35 leitos, mas vocês não vão encontrar 35
leitos. Por que razão? Porque aqui na parte central ainda eu preciso colocar uma
divisória de MDF, ainda cheguei ao detalhe de MDF dessa altura, porque de um lado
aqui e de outro vamos completar com os leitos e estaremos colocando no correr da
semana, exatamente, porque iremos funcionar daqui a 8, 10 dias, que era exatamente
quando o planejamento iria permitir, que estava feito com a empresa SENEFRO, que
estava lá acompanhando pari passu (...)”
seu funcionamento não era feito de forma automática, até porque não podia transferir
os pacientes de forma automática, que tinha ainda alguns procedimentos de ordem
técnica, essa parte eu não sabia, não sei, porque também não me competia e como
Governador do Estado eu não tinha que saber esses detalhes.(…) E então eu fui lá
para entregar o centro de nefrologia. Agora não tinha a informação técnica de que
logo, logo, após a inauguração a entrega não seria, não estaria funcionando, as
máquinas tinham que ter um prazo aí para fazer a ligação desse aparelho de
equipamento. Então eu não sabia que teria uma demanda de tempo maior(...)” .
O Ministério Público busca com a presente lide a condenação dos requeridos nas
penas previstas no artigo 12, inciso III da Lei de Improbidade, ante a constatação de que praticaram
ato de improbidade administrativa tipificado no artigo 11 da Lei 8.429/92.
A norma em exame é residual em relação às que tratam das duas outras modalidades
de atos de improbidade, pois a afronta a legalidade faz parte de sua contextura. Em síntese, pode
dizer-se que a norma do art. 11 constitui soldado de reserva, configurando-se pelo resíduo na
hipótese da conduta ilegal do agente público não se enquadrar nas duas outras categorias de
improbidade.
Nessa pauta de valores insere-se o ideário vigente no grupo social sobre, v. g.,
honestidade, boa conduta, bons costumes, equidade e justiça. Em outras palavras, a decisão do
agente público deve atender àquilo que a sociedade, em determinado momento, considera
eticamente adequado e moralmente aceito.
inacabada passou ao largo dos princípios da impessoalidade e da moralidade já que o ato teve por
objetivo satisfazer interesse de promoção pessoal, sobretudo do segundo demandado que pretende
concorrer a uma vaga para o Senado no próximo pleito, aproveitando do capital político advindo de
inauguração de mais uma obra dentro do maior hospital do Estado.
Referindo-se à redação do art. 11, caput, da Lei 8.429/92, colhe-se o seguinte excerto
doutrinário:
“Embora a redação do dispositivo não tenha sido a mais apropriada, pois seria de
maior rigor ou precisão reiterar os princípios constitucionais basilares que informam
a atuação pública elencados no art. 37, caput, da Carta Magna (legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), a circunstância de constar dele
a expressão violação da legalidade elucida, sem dúvidas, que o preceito compreende a
transgressão dos demais princípios constitucionais que instruem, condicionam,
limitam e vinculam a atuação dos agentes públicos, posto que, como já afirmado no
Capítulo I, por ocasião do exame dos princípios constitucionais da Administração
Pública, estes ‘servem para esclarecer e explicitar o conteúdo do princípio maior ou
primário da legalidade’” (FILHO, MARINO PAZZAGLINI, op. cit., p. 112).
Uma cena foi criada com o intuito de levar a população a crer que um novo serviço
seria prestado a partir de então. Na prática, porém, nem se tratava de um novo serviço, já que o
atendimento nefrológico já era prestado a pacientes da unidade, e nem começou a ser prestado no
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Antes de adentrar no exame da prova, cumpre já fixar que o dolo necessário para a
configuração da conduta ímproba discutida é tão somente a vontade livre e consciente de realizar a
conduta - ou seja, a consciência e deliberação de praticar o ato em contrariedade ao ordenamento.
Ressalte-se que não há necessidade de nenhum dolo específico.
“Esse dever impõe ao agente público o desempenho de suas atribuições sob pautas
que indicam atitudes retas, leais, justas, honestas, notas marcantes da integridade do
caráter do homem. É nesse sentido, do reto, do leal, do justo e do honesto que deve
orientar o desempenho do cargo, função ou emprego junto ao Estado ou entidade por
ele criada, sob pena de ilegitimidade de suas ações.” (Direito Administrativo. 4ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1995, p. 51)
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Em primeiro lugar, de acordo com a prova oral produzida nos autos do procedimento
extrajudicial, especialmente o depoimento do Superintendente do HUSE à época dos fatos, o ex-
governador tinha ciência de que as obras não estavam concluídas, ao contrário do que afirmou
quando inquirido. Com efeito, em sua inquirição, conforme arquivo audiovisual anexo, destacou
LUIZ EDUARDO PRADO CORREIA:
Ainda que assim não fosse, imprescindível não se perder de mira que cabe ao
Governador do Estado “exercer, com auxílio dos Secretários de Estado, a direção superior da
administração estadual” (Constituição do Estado de Sergipe, artigo 84, inciso III). Ora, não é dado
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Para além disso, e considerando o fato de que o dolo que constitui elemento
subjetivo do ato improbo é genérico e pode ser direto ou eventual, ganha corpo o entendimento de
que é admissível a aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada no exame de ações civis públicas
em que se examinem atos de improbidade administrativa.
1 MAGALHÃES, Valmir Costa. Breves notas sobre lavagem de dinheiro: cegueira deliberada e honorários
maculados. Revista Emerj. Rio de Janeiro, v. 17, n. 64, p. 164-186, jan-abr. 2014. Disponível em:
<http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista64/revista64_164.pdf>. Acesso em 21 de julho de
2018.
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tenha participado de sua consecução e dele tenha auferido benefícios. Essa, exatamente, a situação
no tocante ao segundo demandado.
Diante destas premissas, é inegável que a ação dos requeridos configura o dano
moral a merecer reparação. O ato de improbidade apontado nesta ação coletiva macula a
respeitabilidade do poder público, estimula a prática de atos divorciados dos princípios da
impessoalidade, da moralidade e da boa-fé, além do dever de lealdade e respeito às regras jurídicos
previstas no ordenamento, em suma, propiciando uma verdadeira desobediência civil, a qual acaba
por sabotar os valorosos propósitos da República previstos no art. 3º de nossa Lei Maior.
3 “A escolha da dignidade da pessoa humana como fundamento da República, associada ao objetivo fundamental de
erradicação da pobreza e da marginalização, e de redução das desigualdades sociais, juntamente com a previsão do
parágrafo 2° do art. 5°, no sentido da não-exclusão de quaisquer direitos e garantias, mesmo que não expressos, desde
que decorrentes dos princípios adotados pelo texto maior, configuram uma verdadeira cláusula geral de tutela e
promoção da pessoa humana, tomada como valor máximo do ordenamento” (TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito
Civil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p 48).
4 “Dano moral coletivo é o resultado de toda ação ou omissão lesiva significante, praticada por qualquer pessoa contra
o patrimônio da coletividade, considerada esta as gerações presentes e futuras, que suportam um sentimento de repulsa
por um fato danoso irreversível, de difícil reparação, ou de conseqüências históricas” (PEREIRA, Marco Antônio
Marcondes. Dano moral contra a coletividade: ocorrências na ordem urbanística. Dano Moral e sua Quantificação.
Caxias do Sul: Plenum, 2007.1 CD-ROM. ISBN 978-85-88512-18-4).
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“As pessoas jurídicas de direito público, com maior razão do que as direito privado,
devem ser ressarcidas dos danos morais que venham a sofrer. A Administração
Pública tem por fim a persecução do bem comum e todo ato praticado por seus
agentes deve ter em foco o interesse público. Assim, temos que o ato de improbidade
administrativa pode ferir também um interesse moral do ente público, traduzido na
sua honra objetiva, na confiança e respeito que as pessoas devem devotar-lhe, não
havendo motivo plausível para a recusa de ressarcimento. Nesse sentido, Figueiredo
assinala que, no conceito de lesão ao patrimônio público, ‘por certo, está englobada a
noção de lesão moral, porque no conceito de perda patrimonial, cremos, está
englobada a ideia de prejuízo moral, dano moral. Ademais, a lesão ao patrimônio
moral sempre será dimensionada sob o aspecto econômico. Em suma, não existe
‘perda patrimonial’ apenas sob a ótica econômica, ainda que recomposta a partir
desse critério.”(José Jairo Gomes, Apontamentos sobre a Improbidade Administrativa,
in Improbidade Administrativa – 10 anos da Lei 8.429/92, ed. Del Rey, p. 265).
Com efeito, observe-se ainda que há expressa previsão legal acerca da reparação por
dano moral no artigo 1° da lei n° 7347/85.
Neste ponto, avulta-se necessário enfocar que, originariamente, a Lei 7347/85 (Lei
da Ação Civil Pública) limitava-se a fazer referência à responsabilidade por danos. Todavia, a Lei
8884/94 deu nova redação ao artigo 1º da Lei da Ação Civil Pública, introduzindo os adjetivos
morais e patrimoniais ao mencionado preceptivo.
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública – comentários por artigo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2007, p. 13.
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“(...) que o dano moral se caracteriza pela ofensa a padrões éticos dos
indivíduos, no caso em foco dos indivíduos componentes dos grupos sociais
protegidos. Sendo assim, pode-se afirmar que não apenas o indivíduo,
isoladamente, é dotado de determinado padrão ético. Os grupos sociais,
titulares de direitos transindividuais, também o são. Assim, se for causado
dano moral a um desses grupos pela violação a interesses coletivos ou
difusos, presente estará o interesse de agir para a propositura da ação civil
pública.
Tribunais e doutrinadores (...) têm avançado na aplicação da norma
condenatória que permite a obrigação de indenizar no caso de dano moral
coletivo. Na Justiça do Trabalho, por exemplo, há decisões que adotaram
esse entendimento contra empregadores que se prevaleciam dessa condição
para obter vantagens ilícitas à custa dos empregados6 ou, o que tem sido
mais comum, que mantêm empregados em situação análoga à de escravos –
o trabalho-escravo, que, sem dúvida, causa ofensa à dignidade de toda a
sociedade. Por sua precisão, vale a pena ver os termos da ementa do
seguinte acórdão:
DANO MORAL COLETIVO – POSSIBILIDADE – Uma vez configurado
que a ré violou direito transindividual de ordem coletiva, infringindo
normas de ordem pública que regem a saúde, segurança, higiene e meio
ambiente do trabalho e do trabalhador, é devida a indenização por dano
moral coletivo, pois tal atitude da ré abala o sentimento de dignidade, falta
de apreço e consideração, tendo reflexos na coletividade e causando grandes
prejuízos à sociedade.7
Na doutrina, vários estudiosos têm advogado a necessidade de aplicação
da norma que prevê o dano moral coletivo. Em nosso entender, as
dificuldades na configuração do dano moral quando há ofensa a interesses
coletivos e difusos devem ser cada vez mais mitigadas, de forma a ser
imposta a obrigação indenizatória como verdadeiro fator de exemplaridade
e de respeito aos grupos sociais, sabido que a ofensa à dignidade destes tem
talvez maior gravidade que as agressões individuais. Daí ser correta a
afirmação de que o dano moral coletivo é a injusta lesão na esfera moral de
uma dada comunidade, ou seja, a violação antijurídica de um determinado
6 TRT – 12ª Região, 1ª Turma, RO nº 931/98-SC, Rel. Juiz GILMAR CAVALHERI, julg. em 22/09/98.
7 TRT – 8ª Região, RO 5.309/2002-PA, Rel. Juiz LUÍS DE JOSÉ JESUS RIBEIRO, julg. em 17/12/2002.
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8 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do Dano Moral Coletivo no Atual Contexto Jurídico Brasileiro. In: Revista de Direito
do Consumidor nº 12, out/dez/94.
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Op. Cit.
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coletivos e difusos ( Lei da Ação Civil Pública, Ação Popular, CDC, ECA, Estatuto do Idoso, dentre
outras ), formando o que se convencionou chamar de microssistema10 de direito processual coletivo.
b) Seja a petição inicial recebida com a citação dos demandados para, querendo, no
prazo de quinze dias, contestarem a presente ação, sob pena de revelia;
c) A notificação do Estado de Sergipe, caso queira, para integrar a lide, nos termos
do artigo 17, § 3º, da Lei Federal 8.429/92;
10 Reconhece-se na doutrina, v.g. Emerson Garcia, in Improbidade Administrativa, Nelson Nery, in Código de Processo
Civil Comentado, e em nossos Pretórios, verdadeira simbiose entre as ações de cunho coletivo, as quais nas palavras do
eminente Ministro do STJ Luiz Fux, a partir da normatização constitucional “ criou um microsistema de tutela de
interesses difusos referentes à probidade da administração pública, nele encartando-se a Ação Popular, a Ação Civil
Pública e o Mandado de Segurança Coletivo, como instrumentos concorrentes na defesa desses direitos (...) ( REsp. no.
401.964/RO, un., julgado em 22/10/02).
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pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos;
Por fim, o Ministério Público do Estado de Sergipe ressalta que a presente petição
inicial poderá ser aditada a qualquer momento para nela incluir no polo passivo da demanda novos
requeridos cuja participação seja apurada após a deflagração da presente ação civil pública.
Pede deferimento.
Rol de testemunhas: