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28/08/2017 Parecer CG n.

º 29/PP/2008 - Ordem dos Advogados

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Parecer CG n.º 29/PP/2008


30 DE JANEIRO, 2009

PARECER
 
QUESTÃO:
 
 
Coloca o Sr. Dr. …. ao Conselho Geral a seguinte questão: está um advogado declarado insolvente impedido de exercer a Advocacia?
 
 
RESPOSTA:
 
 
O Código dos Processos Especiais de Recuperação da Empresa e de Falência (CPEREF), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 132/93, de 23 de Abril, com al
aterações introduzidas pelos DL n.º 200/2004, de 18 de Agosto (http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?
nid=86&tabela=leis&ficha=1&pagina=1), DL n.º 76-A/2006, de 29 de Março (http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?
nid=731&tabela=leis&ficha=1&pagina=1), DL n.º 282/2007, de 07 de Agosto (http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?
nid=927&tabela=leis&ficha=1&pagina=1), e pelo DL n.º 116/2008, de 04 de Julho (http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/leis/lei_mostra_articulado.php?
nid=997&tabela=leis&ficha=1&pagina=1), veio eliminar a distinção, nesta sede, entre insolvência de comerciantes e não comerciantes.
 
Assim, podem ser objecto de processo de insolvência quaisquer pessoas singulares ou colectivas (artº 2), sendo considerado em situação de insolvência o
devedor que se encontre impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas (artº 3).
 
Isto para dizer que no CPEREF a insolvência de Advogados, que não são “comerciantes” não goza de um tratamento diferente da falência dos comerciantes.
 
 
E no seu artº 1 o CPEREF estabelece que o processo de insolvência é um processo de execução universal que tem como finalidade a liquidação do património
de um devedor insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores (ou a satisfação destes pela forma prevista num plano de insolvência).
 
É claro que as finalidades do processo de insolvência e, antes ainda, o próprio propósito de evitar insolvências fraudulentas ou dolosas, seriam seriamente
prejudicados se aos declarados insolventes não sobreviessem quaisquer consequências sempre que estes hajam contribuído para tais situações
 
Como se pode ler no preâmbulo da lei, o tratamento dispensado ao tema pelo novo Código (inspirado, quanto a certos aspectos, na recente Ley Concursal
espanhola), consiste, no essencial, na criação do ‘incidente de qualificação da insolvência’.
 
É aberto oficiosamente em todos os processos de insolvência, qualquer que seja o sujeito passivo, e não deixa de realizar-se mesmo em caso de
encerramento do processo por insuficiência da massa insolvente (assumindo nessa hipótese, todavia, a designação de ‘incidente limitado de qualificação da
insolvência’, com uma tramitação e alcance mitigados).

O incidente (sem efeitos quanto ao processo penal ou à apreciação da responsabilidade civil) destina-se a apurar se a insolvência é fortuita ou culposa,
entendendo-se que esta última se verifica quando a situação tenha sido criada ou agravada em consequência da actuação, dolosa ou com culpa grave
(presumindo-se a segunda em certos casos), do devedor, ou dos seus administradores, de direito ou de facto, nos três anos anteriores ao início do processo
de insolvência.
 
A qualificação da insolvência como culposa pode implicar sérias consequências para as pessoas afectadas, que podem ir da inabilitação por um período
determinado, a inibição temporária para o exercício do comércio, bem como para a ocupação de determinados cargos, a perda de quaisquer créditos sobre
a insolvência e a condenação a restituir os bens ou direitos já recebidos em pagamento desses créditos.
 
Assim, a sentença de declaração da insolvência é fonte de inúmeros e importantes efeitos, que são agrupados do seguinte modo: ‘efeitos sobre o devedor e
outras pessoas’; ‘efeitos processuais’; ‘efeitos sobre os créditos’, e ‘efeitos sobre os negócios em curso’.
 
O principal efeito sobre o devedor, aliás clássico, é o da privação dos poderes de administração e de disposição dos bens integrantes da massa insolvente,
por si ou pelos seus administradores, passando tais poderes a competir ao administrador da insolvência.
 
Outro dos efeitos poderá ser a inabilitação ou a inibição do insolvente para o exercício do comércio e de determinados cargos.
 
Sendo certo que a inabilitação ou a inibição será obrigatoriamente objecto de registo na Conservatória do Registo Civil se o inabilitado ou o inibido for uma
pessoa física (cfr. arº 1, alª m)  do Código do Registo Civil), e na Conservatória do Registo Comercial se for uma pessoa colectiva.
 
Um ponto parece claro: a inabilitação ou a inibição do insolvente para o exercício do comércio ou de determinados cargos nunca é uma consequência
necessária, ou automática, da declaração de insolvência.
 
É sempre preciso que a sentença que decretou a insolvência imponha tal consequência casuisticamente e de modo expresso. O mesmo sucederá
naturalmente sendo o insolvente um Advogado ou de um Advogado Estagiário.
 

https://portal.oa.pt/advogados/pareceres-da-ordem/conselho-geral/2009/parecer-cg-n%C2%BA-29pp2008/ 1/3
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Apenas com a particularidade que neste caso o Tribunal -- sobretudo se a sentença alimentar imputar ao Advogado uma falência fraudulenta -- até poderia
vir a despoletar junto da Ordem dos Advogados a necessidade de averiguação da sua  inidoneidade para o exercício profissional, nos termos e para os
efeitos do artº 171 do Estatuto da Ordem dos Advogados.
 
Com efeito, este preceito do EOA manda instaurar processo para averiguação de inidoneidade para o exercício profissional sempre que o advogado ou
advogado estagiário se coloque em determinadas situações -- algumas das quais poderão eventualmente emergir da matéria apurada ou revelada na
sentença falimentar -- nomeadamente:
 
a) Tenha sido condenado por qualquer crime gravemente desonroso;
b) Não esteja no pleno gozo dos direitos civis;
c) Seja declarado incapaz de administrar as suas pessoas e bens por sentença transitada em julgado;
d) Esteja em situação de incompatibilidade ou inibição do exercício da advocacia e não tenha tempestivamente requerido a suspensão ou o
cancelamento da sua inscrição, continuando a exercer a sua actividade profissional, mesmo através da prática de actos isolados próprios da mesma;
e) Tenha, no momento da inscrição, prestado falsas declarações no que diz respeito a incompatibilidade para o exercício da advocacia;
f) (…)
g) Seja judicialmente reconhecida a sua incapacidade mental para assumir a defesa de interesses de terceiros.
 
 
 
 
CONCLUSÕES:
 
 
 
1. Um advogado declarado insolvente não está impedido, ipso facto, de exercer a Advocacia.
 
2. Um advogado declarado insolvente só estará impedido de exercer a Advocacia, por razões atinentes à respectiva insolvência:
 
a) Se a sentença que o declarou insolvente também o tiver declarado inabilitado ou inibido de exercer a profissão de advogado -- limitações
estas necessariamente transitórias;
b) Ou se a referida insolvência, atentas as respectivas circunstâncias, tiver levado a Ordem dos Advogados a concluir pela sua inidoneidade para
o exercício profissional, nos termos e para os efeitos do artº 171 do Estatuto da Ordem dos Advogados.
 
 
 
 
 
S.m.o., é este o nosso parecer.
 
À consideração do Sr. Bastonário.
 
 
Lisboa, 19 de Novembro de 2008

Relator: João Loff Barreto

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