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Memória
– Existência.
A devoção aos Anjos da Guarda foi cultivada desde os começos do cristianismo. A sua
festa, com carácter universal para toda a Igreja, foi instituída pelo Papa Clemente X no século
XVII. Os Anjos da Guarda são mensageiros de Deus encarregados de velar por cada um de
nós, protegendo-nos no nosso caminho na terra e compartilhando com os cristãos a
preocupação apostólica de aproximar as almas de Deus.
Que segurança nos deve inspirar a presença dos Anjos da Guarda na nossa
vida! Eles nos consolam, iluminam e lutam a nosso favor: no mais aceso do
combate, apareceram do céu aos inimigos cinco homens resplandecentes,
montados em cavalos com freios de ouro, que se puseram à testa dos judeus.
Dois desses homens levaram o Macabeu para o meio deles, cobriram-no com
as suas armas, guardavam-no incólume e lançavam dardos e raios contra os
inimigos que, feridos de cegueira e cheios de espanto, iam caindo7. Os santos
Anjos intervêm todos os dias de formas e modos muito diversos na nossa vida
corrente. Que providência tão singular e cheia de bondade e quanta solicitude
a de Deus para connosco, seus filhos, por meio desses santos protectores!
Procuremos neles a fortaleza de que necessitamos para a nossa luta ascética
habitual, e ajuda para que acendam em nossos corações as chamas do Amor
de Deus.
Hoje pode ser um bom dia para reafirmarmos a nossa devoção ao Anjo da
Guarda, pois temos muita necessidade dele: Ó Deus, que na vossa misteriosa
providência mandais os vossos Anjos para nos guardarem – dizemos ao
Senhor com uma oração da Liturgia da Missa –, concedei que nos defendam
de todos os perigos e gozemos eternamente do seu convívio17.
Eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em pedra
alguma19. Sustentam-nos nas suas mãos como um precioso tesouro que Deus
lhes confiou. Como os irmãos mais velhos cuidam dos mais novos, assim os
Anjos nos assistem até nos introduzirem felizmente na casa paterna. Então
terão cumprido a sua missão.
O nosso trato com o Anjo da Guarda deve ter um carácter amistoso, que ao
mesmo tempo reconheça a sua superioridade em natureza e em graça. Ainda
que a sua presença seja menos sensível que a de um amigo na terra, tem uma
eficácia muito maior. Os seus conselhos e sugestões vêm de Deus e penetram
mais profundamente que a voz humana. E, ao mesmo tempo, a sua
capacidade de ouvir-nos e compreender-nos é muito superior à do amigo mais
fiel; não apenas porque a sua permanência ao nosso lado é contínua, mas
porque capta mais fundo as nossas intenções, desejos e pedidos.
(1) Dan 3, 58; Antífona de entrada da Missa do dia 2 de Outubro; (2) cfr. João Paulo
II, Audiência geral, 30-VII-1986; (3) Hebr 1, 14; (4) Gen 48, 16; (5) Êx 23, 20-23; (6) 4 Rs 6, 16-
17; (7) Mac 10, 29-30; (8) Antífona da comunhão da Missa do dia 2 de Outubro; (9) At 5, 19-20;
12, 7-17; (10) Jo 1, 51; (11) cfr. G. Huber, Meu anjo caminhará à tua frente, Prumo-Rei dos
Livros, Lisboa, 1990, págs. 33-50; (12) A. Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei,
Quadrante, São Paulo, 1989, pág. 138; (13) ib.; (14) ib., pág. 138, nota 40; (15) cfr. ib.; (16)
São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 565; (17) Oração colecta da Missa de 2 de outubro; (18)
Liturgia das Horas, Segunda Leitura; São Bernardo, Sermão 12 sobre o Salmo “Qui habitat”, 3,
6-8; (19) Sl 90, 2; (20) 1 Rs 19, 7; (21) cfr. Tanquerey, Compêndio de teologia ascética y
mística, Palabra, Madrid, 1990, n. 187, págs. 131-132; (22) cfr. Orígenes, Contra Celso, 5, 4;
(23) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 339.