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A Árvore Celestial-Ramon Llull
A Árvore Celestial-Ramon Llull
Da Árvore Celestial
Esta Árvore Celestial é dividida em 7 partes: raízes,
tronco, braços, ramos, folhas, flores e fruto.
I. Das Raízes da Árvore Celestial
1. No momento em que Deus criou o mundo, criou uma
bondade geral de natureza corporal e uma grandeza,
uma duração, um poder, um instinto natural e um
apetite, além dos outros princípios primeiros e gerais
que pertencem à natureza corporal. E dividiu cada um
desses princípios em duas partes: a quinta essência e as
quatro substâncias do mundo, partes que compõem
a Árvore Elemental. Assim, a bondade geral é una e, por
sua vez, é dividida em muitas bondades, da quinta
essência e dessas essências abaixo.
Esta corporalidade geral existiu para que a bondade
acima e a bondade abaixo tivessem naturalmente a
maior concordância, e o mesmo da grandeza e das
outras formas primeiras, exceto a contrariedade, pois a
contrariedade geral não foi colocada nos princípios
acima para eles não serem contrários uns aos outros,
nem terem geração, corrupção ou privação das formas
antigas e renovação das formas novas. Por isso, a
contrariedade geral é sustentada nestas quatro
substâncias do mundo, que são os braços da Árvore
Elemental, razão pela qual os elementos são contrários
uns aos outros para existir geração e renovação de
formas novas, conforme o que já dissemos.
2. Portanto, as raízes da Árvore Celestial são a bondade,
a grandeza, a duração, o poder, o instinto natural e o
apetite da virtude verdadeira, o deleite, a diferença, a
concordância, o princípio, o meio e o fim, a maioridade,
a igualdade e a menoridade.
3. Através da bondade, a Árvore Celestial é boa, e
através dessa bondade existe a razão. Por sua vez, o
bom movimento e a boa operação influem em sua
impressão e restauração: pela grandeza, ela é grande em
extensão e corporalidade; pela duração, ela é durável;
pelo poder, ela é poderosa; pela sabedoria, suas partes
possuem instintos naturais que a conduzem para a
finalidade para a qual existe; pelo apetite, ela deseja
aqueles fins e a virtude a completa e a atinge com a
ajuda do movimento, instrumento daquele objetivo;
pela verdade, suas influências são verdades naturais;
pelo deleite, se deleitam as formas acima, para dar suas
semelhanças às formas abaixo; peladiferença, suas
raízes são diferentes, pois umas fazem obras e
influências, e outras fazem outras obras;
pela concordância, as raízes concordam; pelo princípio,
as raízes são as primeiras causas das de baixo;
pelo meio, têm meio em si mesmas, assim como a
bondade do Sol bonifica o meio entre o bonificativo e o
bonificável, e o Sol está no meio entre Saturno e a Lua;
pela finalidade, as coisas acima são objetos de acordo
com a corporalidade, a geração e a corrupção das coisas
abaixo necessárias à vida do homem e à sua ciência,
necessária, por sua vez, para conhecer, lembrar, honrar
e servir a Deus; pela maioridade, algumas raízes são
princípios maiores em umas regiões que em outras, em
uns elementais que em outros, como Saturno tem maior
virtude no outono que no verão; pela igualdade, os
princípios acima são simplesmente iguais em bondade,
em duração, em poder e nos outros; pela menoridade, a
influência de alguns é menor que em outros, como o Sol,
que na Inglaterra não tem tão grande virtude sobre a
Lua como na Índia.
Assim, de acordo com seu próprio ser, cada uma das
formas acima são razão das coisas abaixo, e de acordo
com as mesclas das coisas abaixo, se mescla a influência
das coisas acima e a virtude daqueles nestas coisas
movidas abaixo.
4. No princípio da criação do mundo, quando os
princípios gerais foram divididos e partes foram
colocadas acima e outras abaixo, conforme dissemos, as
partes de cima foram desnudadas de muitas naturezas e
propriedades nas partes de baixo, como a bondade do
firmamento, que foi depurada e desnudada de
porosidade, de calor, de umidade, de frescor e de secura,
de dureza e moleza, de aspereza e maciez, de doçura e
amargor, de alteração, geração e corrupção, e todas as
outras partes do firmamento.
II. Do Tronco da Árvore Celestial
1. O tronco da Árvore Celestial é como uma pele
estendida circularmente: é um corpo que tem a esfera do
fogo até as superfícies, que ficam uma acima da outra e
dentro das quais são contidas todas as coisas corporais.
Estas superfícies são o fim; nelas o tronco celestial é
finito, e são de duas partes, isto é, de suas raízes, e não
participam acima com nenhum outro corpo.
2. O tronco é composto e confuso por suas raízes, e é
animado da alma motiva como o tronco da Árvore
Elemental de elementativa, o Vegetal de vegetativa e o
Sensual de sensitiva. Por isso, sua finalidade é o
movente, o movível e o movido, para que seu movimento
seja a razão de todos os movimentos corporais abaixo, e
suas partes sejam todas oblíquas, isto é, circulares, assim
como sua bondade, que faz arco com o bonificativo, o
bonificável e o bonificar; assim como o Sol, que faz arco
no dia que está sobre a Terra, no meio-dia e do levante
ao poente.
Isso acontece porque o movimento contínuo é feito
sucessivamente, assim como sua bondade na grandeza, a
grandeza na bondade, e as outras partes do tronco. Por
isso, a bondade que existe na direção reta do levante
possui apetite à grandeza que existe no poente, a qual é
bonificável, e o movimento no bonificar é estendido do
levante ao poente, o qual levante e poente são julgados
de acordo com a divisão do dia e da noite, e de acordo
com o olhar que se dirige ao tronco elemental são muitos
os levantes, os poentes e os meio-dias, da mesma forma
como o levante é um quando o Sol se vai em Jerusalém,
outro quando se vai na Itália, outro quando se vai na
Noruega, e assim das outras partes do tronco elemental.
O mesmo acontece com o meio-dia e o poente. Dessa
maneira pode-se saber que o firmamento tem repouso no
movimento, assim como a pedra na estação e em seu
centro. Pois assim como a pedra cai pelo ar se movendo
para estar num lugar onde não se moverá nem será
movida, da mesma forma todas as partes do firmamento
se movem para mover, para serem moventes, movíveis e
movidas. Por isso seu movimento não cessa.
3. O tronco celestial se move ao redor de si, e o tronco
elemental está no meio. Conforme o direcionamento do
tronco elemental e do tronco celestial, as partes de
ambos os troncos se correspondem. Isso acontece como se
o tronco elemental tivesse indigência de alguma de suas
partes, e o tronco celestial, na continuação que tem com
o elemental, influísse, cumprisse e satisfizesse o
elemental, assim como faz a bondade acima sobre a
bondade abaixo e a grandeza acima sobre a grandeza
abaixo.
Mais: se conforme a região do levante o tronco
elemental tem indigência de calor contra o frio que
existe na região do poente, o Sol, que é instrumento
branco, multiplica o calor daquela região com seu
resplendor e com o fogo de seu calor, e multiplica o calor
que existe na água no momento que aquece aquela no
óleo, no ventre do cavalo que a bebeu ou na folha da
abóbora que recebeu o orvalho da noite, e o mesmo das
outras coisas semelhantes a essas. O Sol faz isso por
razão de sua grande bondade e suas outras qualidades.
4. De acordo com os exemplos que dissemos dos braços
da Árvore Sensual, quando as potências vão até os
objetos por linha contínua elementada sem que a
potência vá ao objeto e nem o objeto venha até ela, e
ambos existem em discreta quantidade, o ato se faz por
natureza de ambas as quantidades, isto é, pela contínua
e pela discreta. Da mesma forma, o tronco celestial e o
tronco elemental se olham de acordo com a quantidade
contínua e discreta sem que o tronco acima entre no de
baixo nem o de baixo no de cima, apesar de possuírem
quantidade discreta um do outro.
Mas a influência de cima vem para baixo por razão da
quantidade geral e contínua na qual estão ambos os
troncos, assim como existe na bondade geral corporal
uma grandeza geral corporal, e assim das outras. E
naquela linha geral se faz a obra na impressão conforme
o exemplo que demos nos braços da Árvore Sensual.
Dessa forma pode-se conhecer como a luminosidade do
Sol não cai abaixo, mas influi sua semelhança nas
superfícies da Árvore Elemental que as representa
abaixo através da quantidade contínua de luz. O mesmo
coloca a bondade de Touro e sua qualidade de movente,
que recebe a bondade do fogo e sua qualidade de
movente, e sua semelhança aparece abaixo na bondade
da pimenta e na qualidade de movente da chama, e
assim das outras coisas semelhantes a essas. Essa
filosofia é muito prazerosa de entender e é o caminho
para se conhecer muitos segredos naturais.
5. O tronco da Árvore Celestial não se pode sentir, pois é
confuso, mas sua cor é sentida nas estrelas fixas e
errantes, e sua figura é circular e é causa de todas as
figuras circulares corporais. No entanto, essa figura não
pode ser vista, mas é de partes triangulares que estão
em linha oblíqua, conforme dissemos. Por isso é a causa
dos triângulos abaixo assim como o triângulo é do fogo,
do ar e da terra. De acordo com o olhar das direções do
tronco elemental, ele responde à figura quadrangular,
assim como o meio-dia, a meia-noite, o levante e o poente
se olham por uma linha corporal e geral. Por isso são
feitas quatro impressões das regiões que correspondem
aos quatro quadrados gerais, causa dos quadrados
abaixo, e os triângulos nascem deles por que os
quadrados gerais são situados em uma situação
triangular.
6. O tronco celestial não é leve nem pesado, pois é
composto de linhas oblíquas e redondas, as quais, de
acordo com si mesmas, simplesmente não têm nada
acima nem abaixo, assim como o círculo não tem começo
nem fim, conforme sua situação. O tronco celestial não é
corrompível nem gerável. Contudo, é causa de geração e
corrupção das coisas abaixo, pois ajuda mais algumas
coisas em um lugar e outras em outro lugar.
Mais: o tronco celestial não cresce nem míngua, pois não
apetece a nenhum outro lugar, mas somente aquele no
qual está. O mesmo acontece em relação às suas partes.
Poderíamos dizer que o tronco de cima tem muitas
outras propriedades que o tronco de baixo não tem,
assim como o tronco de baixo tem muitas propriedades
que o tronco de cima não tem, isto é, o calor, a
porosidade e todas as outras. Mas nos esquivaremos de
falar da prolixidade daquelas muitas propriedades do
tronco de cima e passaremos aos braços daquela.
III. Dos Braços da Árvore Celestial
1. Os braços da Árvore Celestial são os doze signos.
Convém que tais braços respondam aos braços
da Árvore Elemental conforme a ordenação dos corpos
de baixo e dos corpos de cima. Contudo, conforme a
posição dos filósofos, algumas contrariedades surgem
conforme a ordem necessária, como Áries, que dizem ser
da compleição do fogo, e Touro da terra, e Gêmeos do ar.
De acordo com a razão natural e a situação acima que
convém responder à situação dos braços da Árvore
Elemental, três signos deveriam ser da compleição do ar
no verão, três do fogo no estio, três da terra no outono e
três da água no inverno. Os três do verão são Áries,
Touro e Gêmeos; os três do estio são Câncer, Leão e
Virgem; do outono, Libra, Escorpião e Sagitário; do
inverno, Capricórnio, Aquário e Peixes.
Contudo, assim como os quatro tempos do ano vão ao
redor da Terra, da mesma forma os signos que vão ao
redor da Terra podem ser vistos assiduamente no outono
e no inverno. E se os filósofos antigos erraram estes
corpos, não se maravilhe se os pósteros também
falharem nos juízos que dão a respeito da arte da
astronomia.
2. Se Áries, Touro e Gêmeos são bons, todo o quadrado é
bom de se ver, e assim como concordam em bondade,
devem concordar também em mobilidade e
masculinidade. Por razão de suas concordâncias, devem
concordar em Marte, que é dado por senhor a Áries;
Vênus é dada a Touro e Mercúrio é dado a Gêmeos. Isso
contradiz a feminilidade que se atribui a Touro e a
mediocridade que se atribui a Gêmeos, e o mesmo das
outras coisas semelhantes a essas que portam muitos
inconvenientes de acordo com as posições antigas, como,
por exemplo, a complexão da terra ser dada a Saturno,
que é o mais baixo elemento, tem o menor círculo e o
movimento mais lento, pois Saturno é o planeta mais
alto e o maior corpo de todos os outros planetas.
Por isso, o senhor papa e seus companheiros, conforme a
ordem necessária das impressões acima e abaixo, fariam
bem se ordenassem a ciência da astronomia a situações
específicas, inquirindo as experiências que se seguiriam
daquela ordem. Essa investigação poderia ser feita de
acordo com o processo deste Livro e com a ajuda do
processo da Arte inventiva e da Tábula Geral.
3. Os braços da Árvore Celestial devem responder aos
braços da Árvore Vegetal, assim como Áries, Touro e
Gêmeos devem mover a apetitiva aos objetos de
complexão úmida e quente no verão; Câncer, Leão e
Virgem à complexão quente e seca no estio; Libra,
Escorpião e Sagitário à complexão seca e fria no outono;
Capricórnio, Aquário e Peixes à complexão fria e úmida
no inverno.
Contudo, se Leão move a apetitiva no estio a um objeto
frio e úmido, o faz para que tenha mais matéria para
aquecer e ressecar, pois a matéria mais aquecida e
ressecada tem apetite para ser úmida e resfriada, e o
mesmo se segue com as outras regiões.
4. Os braços da Árvore Celestial devem responder aos
braços da Árvore Sensual, assim como Áries concorda
mais com a visão pela umidade e calor que Leão pelo
calor e secura; e Leão com a audição pelo calor e pela
secura que Peixes pelo frio e umidade, e o mesmo das
outras coisas semelhantes a essas.
O mesmo acontece nos braços espirituais, pois Áries
concorda mais com o corpo através da vontade pela
umidade e calor que Peixes pelo frio e umidade ou
Sagitário pelo frio e secura; Leão concorda mais com o
cérebro da fronte com o entendimento pelo calor e
secura que Peixes pelo frio e umidade; Escorpião
concorda mais com as partes posteriores do cérebro com
a memória pelo frio e secura que Gêmeos pela umidade e
calor.
O mesmo se segue com os braços, as canelas e os outros
membros do homem. Assim pode-se conhecer em quais
tempos do ano e em qual hora do dia e da noite os
médicos devem dar medicinas e como elas dão sanidade
a um membro juntamente com um signo e sanidade a
outro membro com outro signo.
5. Como a Terra está no meio da oitava esfera, os seis
signos estão todas as horas sobre as superfícies acima da
Terra e outros seis abaixo, através da linha reta do
levante ao poente e do meio-dia à transmontana.
Por isso, cada signo se eleva de acordo com o olhar da
direção da Terra, assim como afirmam que o levante
seja “a”, o poente “c”, o meio-dia “b” e a transmontana
“d”. Assim, elevam Áries, Touro e Gêmeos de “a” até “b”;
Câncer, Leão e Virgem de “b” até “c”; Libra, Escorpião e
Sagitário de “c” até “d” e Capricórnio, Aquário e Peixes
de “d” até “a”. Por isso sabemos que o Sol é mais quente
quando desce de “b” até “c” do que quando sobe de “a”
até “b”, pois recebe mais virtude de Câncer, Leão e
Virgem que de Áries, Touro e Gêmeos.
6. Quando Áries se eleva de “a” até “b” essa elevação é a
cabeça, sua descida, de “b” a “c”, é sua espinha e “b” é seu
meio. Por isso, os braços da Árvore Elemental influem
de uma forma conforme sua cabeça, de outra forma
conforme seu meio e outra conforme sua espinha.
Assim, a astronomia faz um juízo na cabeça, outro no
meio e outro na espinha, fazendo o mesmo com os outros
signos. E ainda faz um juízo de Áries, Câncer, Libra e
Capricórnio por serem móveis e seus domínios sobre as
coisas abaixo não terem duração, e, por outro lado,
durarem as coisas feitas sob o domínio de Touro, Leão,
Escorpião e Aquário, que não são móveis. E ainda,
duram, mas não duram muito as coisas de Gêmeos,
Virgem e Sagitário, que são móveis em suas partes, mas
não em seu todo.
7. Áries desce de “b” para “c” conforme a situação do
círculo de cima que é de “a” a “c”, e desce antes em
Gêmeos, o mesmo em relação a Touro. Por isso, a
astronomia faz o juízo de Gêmeos no quadrado de “b” e
“c” antes que o de Touro e o de Áries, de Touro antes que
o de Áries, e o mesmo com os outros signos.
Por isso, são feitas 24 horas no dia natural para a
astronomia saber julgar o signo de acordo com sua hora.
Já dissemos que o mesmo acontece em relação aos 12
meses e aos 4 tempos do ano.
8. É dada masculinidade a um signo por razão da forma
e feminilidade por razão da matéria, para que um signo
tenha ação e outro paixão, e aquele que tem ação seja
masculino e diurno e o que tem paixão seja feminino e
noturno.
Contudo, em uma mesma região e hora são engendrados
masculinos e femininos. Isso acontece em razão da
recepção dos corpos de baixo, pois eles recebem as
impressões acima conforme sua disposição para recebê-
las, assim como o fogo, que todas as vezes e todos os
tempos tem a natureza de aquecer a substância que
toca, mas não aquece a pele da salamandra que está
nele, e isso não é nada porque ela se alimenta no fogo e é
mais dele que de qualquer outro elemento.
De maneira semelhante, ainda que um signo seja
masculino, sua masculinidade não é razão para sua
região produzir masculinidade na matéria que é mais
disposta ao feminino conforme a disposição dos braços
da Árvore Elemental. Dessa forma pode-se conhecer
quão grave é o entendimento dos juízos da astronomia.
9. O motivo pelo qual é atribuída mobilidade e estação
aos signos é porque convém que as coisas produzidas por
geração sejam produzidas pelo movimento, que é capaz
de ser aumentado e feito de coisas alteráveis. Os
instrumentos se cansam de tal movimento, assim como o
cavalo se cansa de correr, o coração de cogitar, a boca
de falar e as mãos de obrar.
Por isso, a natureza requer repouso, conforme nossa
experiência de dormir, de observar que as plantas não
dão fruto no inverno, o cavalo cansado de correr não
deseja mais andar e a balestra cansada de portar já não
golpeia tão forte como fez muitas vezes como na
primeira vez. Por isso, diz-se que um signo é estável,
como Leão, que dizem não ser móvel, e aqueles que não
se movem têm o ofício repousar as substâncias
trabalhadas.
Aqueles que se movem, como Áries, têm o ofício de fazer
com que as substâncias sejam movíveis, moventes e
movidas após seu repouso. E mais: dizem que alguns
signos não se movem porque são medíocres, como
Virgem, e dizem isso porque neles se encontram a
motividade, a mobilidade e a estabilidade. E fazem todas
estas coisas de acordo com as impressões superiores, pois
os signos estão continuamente fixos no firmamento e
fazem parte dele.
Mas o juízo que se faz da mobilidade de um, da
imobilidade de outro e da mediocridade de outro é feito
por razão do olhar que se dirige para cima, assim como
o Sol, que com uma mesma virtude resseca a calha e
funde a cera.
10. Como boa coisa é ser e má coisa é não-ser, diz-se que
ser é bom e não-ser é mal. Por isso, dizem que aqueles
signos são as razões dos homens serem bons, e aqueles
que são razões a não-ser são maus. Assim, os astrônomos
julgam que Áries é bom porque o bem nasce dele e Leão é
mau porque as guerras e as batalhas se seguem dele.
E ainda, dizem que os bons signos afortunam os homens
ao bem através da prosperidade, da longa vida, da
sabedoria e dos prazeres, e os maus fazem o contrário
disso. E entendem e dizem isso conforme as impressões
naturais, as quais a liberdade da alma não consente
todas as vezes. E ainda, que Deus, conforme Sua
bondade ou justiça, usa de Seu efeito à Sua vontade em
todos os tempos e em todos os lugares.
Por isso fazem mal os astrônomos quando se confundem
no julgamento das impressões feitas sobre os corpos
abaixo a partir dos de cima, que assim podem ser
destruídos sobre os corpos daqueles as impressões por
Deus ou pela livre vontade do homem, conforme
a Árvore Moral, assim como o homem pode destruir as
letras impressas na cera pelo copista ou pelo selo.
IV. Dos Ramos da Árvore Celestial
1. Os ramos da Árvore Celestial são os sete planetas. Os
antigos filósofos dizem que Saturno está acima e Júpiter
abaixo, e assim por ordem até a Lua. Dizem que Saturno
é mau, tem o chumbo e o sábado e é da compleição da
terra; Júpiter é bom, tem o estanho e a quinta-feira e é
da compleição do ar; Marte é mau, tem o ferro e a terça-
feira e é da compleição do fogo; o Sol é bom, tem o ouro e
o domingo e é da compleição do fogo; Vênus é boa, tem o
cobre, a quinta-feira e é da compleição da água;
Mercúrio é neutro, tem a prata, a terça-feira e é da
compleição da terra, e o ferro deveria ser dele porque é
mais duro que qualquer outro metal; a Lua é boa para os
bons e má para os maus, tem a prata, a segunda-feira e
é da compleição da água.
2. Convém que os planetas sejam situados de acordo com
a situação dos elementos, pois as duas situações se
correspondem ordenadamente. As esferas dos elementos
são assim ordenadas: o fogo está acima e o ar abaixo
para que o fogo se incline ao ar; o ar está acima da água
para que se incline a ela e a água está acima da terra
para que se incline a ela. Assim, por razão dessa
inclinação que é feita de cima para baixo, a influência
vem de cima para baixo.
Mas isso não está ordenado conforme as situações que os
filósofos ordenam nos planetas, pois eles colocam
Saturno, que é seco, acima, e o ar, que é úmido, abaixo;
Marte e o Sol, que são quentes, eles colocam abaixo do
ar, e um participa com o outro, donde se segue muita
semelhança de calor e destruição da ordem da situação
conveniente àquela esfera dos elementos. Ainda, eles
colocam a compleição da água abaixo de Mercúrio, que
é seco, e muitos outros inconvenientes nossa Arte ensina
a respeito da opinião dos antigos sobre a situação dos
planetas.
Por isso diz-se que a Lua tem mais matéria que qualquer
um dos outros planetas, pois sua grande matéria deve
ser disposta para receber muitas e grandes paixões que
vêem de cima, dos outros planetas. Por isso a Lua
significa tão fortemente as suas propriedades abaixo,
mais que qualquer outro planeta, e assim todos olham
para a Lua: os marinheiros, os homens quando desejam
fazer sangrias, plantar e cortar as árvores, as fêmeas
quando desejam conceber filhos, e assim das outras
coisas semelhantes a essas, como a lagosta do mar, que
sob uma lua é mais plena que outra.