Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EE 2 Instrumentos para Avaliação Econômica Dos Serviços de Saúde PDF
EE 2 Instrumentos para Avaliação Econômica Dos Serviços de Saúde PDF
Resumo
Este artigo tem por objetivo discutir a avaliação econômica na área da saúde à partir da
análise dos instrumentos ou metodologias de apropriação de custos utilizados mais
freqüentemente. Pretendemos abordar as vantagens e desvantagens de cada um, e apontar
aquele que consideramos a melhor alternativa para realizar a avaliação econômica dos
serviços de atenção básica em saúde.
Abstract
This paper objective is to do a discussion about the economic evaluation in health and the
instruments that can be used to make it. It has also the intend to identify the advantages
and disadvantages of each instrument.
Introdução
Este artigo pretende discutir os instrumentos para realizar a avaliações econômicas,
especialmente na atenção básica de saúde, está dividido em quatro partes principais. Na
primeira, foi feita a discussão sobre as origens da avaliação em saúde e suas vinculações
com a ciência econômica. Na segunda parte apresentamos as definições de avaliação. O
terceiro bloco discute os métodos de avaliação econômica, custo mínimo, beneficio,
efetividade e utilidade. No último, são apresentados os sistemas de apropriação de custos
suas vantagens e desvantagens, assim como outros conceitos importantes para a
compreensão dos sistemas de custeio.
Origens da Avaliação Econômica da Atenção à Saúde
Pode-se dizer que a avaliação da atenção à saúde começou quando primeiro se
discriminaram os diferentes tipos de tratamentos para as diferentes doenças. A mais antiga
tentativa de avaliação foi quando se começou a contar os eventos de determinadas doenças,
descrevendo medidas para evitá-las.
Muito mais tarde, quando os serviços da saúde pública e as informações populacionais
estavam mais organizadas, criaram-se estratégias para avaliar e quantificar a extensão de
problemas como alcoolismo, epidemias, doenças mentais, nascimento, mortalidade infantil
e a condição de saúde de diferentes grupos profissionais. O objetivo era racionalizar a
provisão dos serviços da saúde para atender essas demandas. Cada vez mais, os serviços de
saúde pública precisavam responder a questões, tais como: qual o retorno para a
comunidade de um determinado investimento? Os métodos de avaliação econômica da
atenção em saúde se sofisticaram e passaram de procedimentos descritivos para
procedimentos complexos que buscam responder esse tipo de questão com uma maior
racionalidade (cf. Holland, 1983).
Definição de Avaliação
Existem diversas definições de avaliação. Este conceito foi trazido das ciências
econômicas e utilizado com variações por outras ciências. Para Holland, (1983) a avaliação
da atenção à saúde é uma determinação formal da efetividade, eficiência e aceitabilidade
de uma intervenção/ação planejada para alcançar determinados objetivos.
Para Cohen, a avaliação é a “pretensão de comparar um padrão almejado (imagem -
objetivo em direção a qual se orienta a ação) com a realidade (medida potencial na qual
esta vai ser modificada, ou o que realmente ocorreu como conseqüência da atividade
2
5. Planejamento operacional
“O planejamento operacional tem por objetivo prever
seqüencialmente as atividades que devem ser desenvolvidas no processo
operacional, o consumo de recursos envolvidos e os prazos de execução.
Orienta a execução das atividades e serve como parâmetro para a correção
de desvios, materializa-se, geralmente, no orçamento da empresa, o qual
deve ser elaborado na mesma base conceitual que a contabilidade gerencial
permitindo assim a avaliação e o controle” (Conselho Regional de
Contabilidade ,1995:86).
1. Determinar os custos unitários dos produtos e a partir deles, definir o preço de venda;
2. dimensionar e controlar os custos em cada setor relevante da empresa;
3. determinar as margens de lucro para os produtos a partir dos custos unitários totais e
dos preços de venda efetivo.
Como podemos notar, a principal preocupação dos autores quanto às aplicações de
um sistema de custeio, não é apenas a questão da determinação dos preços, mas
principalmente, a sua utilização enquanto fonte de informações para o controle, avaliação e
planejamento das atividades das instituições.
1
No próximo item são discutidas as formas de rateio.
10
Quando estes locais, além de custos gerarem receitas podem ser chamados de
“centros de resultado”. Os centros de custos ou resultado tem como características
principais: ser um unidade de negócio autônoma, possuir uma área circunscrita de
abrangência, ser fonte geradora de custos, possuir identidade de objetivos comuns, ter uma
unidade de mensuração especifica, possuir homogeneidade funcional e ter unidade de
responsabilidade.
Para Vasconcelos (1996) os centros de custos relacionam-se com a forma de
funcionamento concreta do empreendimento produtivo, com a organização do processo
produtivo, com suas divisões em setores responsáveis por cada etapa do processo
produtivo. Para o autor a melhor definição de centro de custo é a seguinte:
“Para cada subconjunto homogêneo (quanto a sua finalidade
especifica, tecnologia, etc.) de atividades é possível associar a idéia de
centro de custos, no sentido de que, para o seu desenvolvimento são
utilizados o grupo de recursos que devem ser repostos na medida exata,
quando do processo de custeio dos produtos” (Vasconcelos, 1996:21)
serviços produzidos pela instituição. Neste caso, devemos estabelecer critérios arbitrários
de divisão (rateios), já que não temos informações suficientes para calcular o custo dos
centros administrativos relativos a um centro de custo/ resultado especifico, seja ele
produtivo ou de apoio.
Um exemplo de centro de custo/resultado administrativo é o setor administrativo de
uma instituição que lida com tarefas relacionadas com cada centro de custo produtivo e de
apoio e com a instituição como um todo. É muito complexo obter informações precisas
sobre o tempo que cada funcionário fica envolvido com tarefas relativas com cada centro de
custo/resultado .
Os centros intermediários passam a ser chamados de centros de apoio e também
representam os custos indiretos de produção. Esta divisão de custos indiretos é mais fácil de
realizar. Os centros de apoio produzem insumos que serão usado na produção do bem ou
serviço final. Um exemplo de centro de custo de apoio é a lavanderia que produz roupas
limpas e podemos saber com certeza quantos quilos de roupa limpa foi utilizado por cada
centro de custo/resultado produtivo.
O centros produtivos não mudariam a sua denominação e estes representam os
custos diretos de produção de um bem ou serviço.
A proposta de denominação dos centros de custos feita por Beulke parece resumir
apropriadamente o seu sentido, no entanto, existem outras denominações para os centros de
custos como as feitas por Vasconcelos(1996) , onde temos os centros produtivos , os
centros auxiliares ou de apoio e os centros de serviço geral. Como podemos observar,
apesar das diferentes denominações o sentido e o conteúdo dos centros de custo/resultado
não se modifica.
Um conjunto de centros de custo ou resultado forma o plano de centros de custos
ou resultado, este plano é variável e assume diferentes formas dependendo de cada
instituição. Esta definição dependerá do grau de complexidade e da política de utilização e
reposição dos recursos produtivos de cada local.
A partir do plano de centros de custos é que se procede aos rateios dos custos dos
centros de custos de apoio e dos centros de custos administrativos. Estes custos indiretos
devem ser apropriados ao custo final do produto. Para os centros de custos de apoio Beulke
( 1997: 103) afirma que:
“O rateio ocorre mediante o relacionamento dos custos primários dos
centros de apoio pelo somatório de unidades físicas de serviços prestados
(horas de manutenção, quilo de roupa lavada, etc., conforme cada
circunstancia) e, na seqüência, pela ponderação com as unidades em cada
centro beneficiado.”
Para Vasconcelos (1996:12) o sistema de custeio por absorção “....é o único método
que permite a determinação estimativa e a administração estratégica da margem de lucro
unitária para produtos particulares”, ou seja, que possibilita estimar, mesmo que arbitrando
a parcela dos custos indiretos, o preço de venda do produto, a partir dos seus custos totais,
considerando uma determinada margem de lucro.
Segundo Beulke (1997) o uso mais adequado deste sistema é em organizações que
impõe seus preços (monopólios, oligopólios) ou para produtos novos sem referencial de
preços, neste caso o custo pode ser o referencial inicial.
O sistema de apropriação de custos por absorção continua sendo muito
utilizado e pode trazer grandes vantagens para as instituições, principalmente para aquelas
que não possuem condições de informatizar todas as suas informações, que o custo indireto
não é preponderante,
Desvantagens
A principal desvantagem do sistema de custeio por absorção, apontada pelos
autores, refere-se aos rateios dos custos indiretos por meios arbitrários que implica, muitas
vezes, em avaliação incorreta dos custos finais.
Para o Conselho Federal de Contabilidade (1995:36),
“O método de custeamento por absorção é falho em muitas
circunstancias, como instrumento gerencial de tomada de decisão, porque
tem como premissa básica os ‘rateios’ dos chamados custos fixos, que
apesar de apresentarem lógica, poderão levar a alocações arbitrarias e ate
enganosas.”
Ou seja, todos os custos que não estejam diretamente relacionados com o produto
ou serviço não são apropriados ao seu custo. Neste caso, temos o custo apenas do produto
ou serviço sem considerar aqueles custos dos setores de apoio ou administrativos.
Para Vasconcelos (1996:12) este sistema “é o de construção mais simples, e de
maior solidez conceitual... atribui ao produto apenas os custos daquela unidade produzida
ou vendida”, que são, neste caso, os custos variáveis que correspondem em geral, aos
custos diretos para a produção do item , as demais despesas são tratadas como gastos
gerais da empresa. O conceito de lucro é determinado pela margem de contribuição “....
que representa uma estimativa do excedente unitário medido pela diferença entre o preço
unitário de venda efetivo e o custo unitário especifico do produto.” O principal objetivo
deste sistema é a determinação dos custos unitários e a administração da margem de
contribuição unitária de cada produto. Para a construção deste sistema de custeio é
necessário a prévia classificação dos gastos da empresa com cada produto.
A definição de Beulke (1997:38) para este sistema de custeio é semelhante aquela
dos autores acima, para ele o sistema de custeio direto ou marginal tem como característica
“...apropriar aos produtos e serviços somente os custos que variam com o seu volume.”
A diferença introduzida pelo autor diz respeito à classificação dos custos. Ele chama
de proporcionais os custos variáveis e estes podem ser diretos dos procedimentos ou
indiretos gerais. E nomeia os custos fixos de custos não proporcionais, estes podem ser
diretos dos procedimentos , diretos das unidades de resultado e indiretos gerais.
Conforme esta nova classificação de custos proposta pelo autor, no sistema de
custeio direto devemos considerar para o calculo de custo do produto, os custos
proporcionais diretos e também alguns custos proporcionais indiretos. Os custos fixos ou
não proporcionais são considerados custos estruturais ou do período.
Vantagens
A principal vantagem da utilização do sistema de custeio variável é simplificação do
trabalho pela eliminação da necessidade de realizar os rateios dos custos indiretos. Além
disso, permite conhecer a margem de contribuição efetiva de cada produto e
conseqüentemente a identificação o melhor mix de produtos. E também elimina as
flutuações de custo decorrentes da variação nos volumes de produção e vendas versus
absorção dos custos fixos do período.
Desvantagens
A principal desvantagem é servir apenas para determinação do custo de uso
gerencial, pois este sistema de custeio não é reconhecido pela receita federal e, tampouco,
pela contabilidade tradicional, o que implica em resultados (informações) não coincidentes
com os publicados pela empresa. Outra grande dificuldade é a identificação dos custos
variáveis. Além destas, outra desvantagem é em relação ao maior grau de flutuação dos
resultados, pelo não diferimento de custos fixos através de produtos mantidos em estoque
ou no processo de fabricação final de cada período contábil.
16
A utilização deste tipo de sistema de custeio é mais apropriado para instituições que
utilizam muitos recursos indiretos e que possuem uma grande diversidade de processos ,
serviços e procedimentos.
Para construir um sistema de custeio por atividade é preciso seguir as seguintes
etapas ( Beulke: 1997,Vasconcelos: 1996 , Conselho Regional de Contabilidade: 1995) :
1. identificar as atividades desenvolvidas pela instituição;
2. calcular os custos das atividades;
3. apropriar os custos das atividades aos produtos ou serviços produzidos conforme a
utilização que fazem delas;
4. identificar os processos de produção de produtos e serviços;
5. identificar as atividades de cada processo;
6. apropriar os custos diretos das atividades em cada processo, aos produtos ou serviços
produzidos;
7. estabelecer os direcionadores de custos;
8. com base nos direcionadores de custos, apropriar os custos indiretos das atividades em
cada processo, aos produtos ou serviços produzidos;
9. classificá-las em atividades que agregam valor e que não agregam;
O objetivo do sistema de custeio por atividade será a exata apropriação de todos os
custos e diminuir o numero de atividades que não agregam valor ao produto.
Vantagens
As principais vantagens do sistema de custeio por atividade para o Conselho
Regional de Contabilidade (1995), são identificar as fontes geradoras de custos, eliminando
as distorções dos sistemas de rateio, por isso, identifica o custo efetivo dos produtos e
processos. Além disso, é capaz de identificar em que grau, cada atividade contribui, em
valor agregado, ao negocio.
Também são consideradas vantagens o fato de permitir: integrar as varias áreas, a
gestão do portifólio de produtos, fazer o benchmarking com outras empresa, comparando os
custos unitários dos geradores de custos e o estabelecimento de cost targets para cada
atividade. O sistema de custeio ABC é uma ferramenta voltada a gestão.
Conforme Beulke ( 1997) a principal vantagem deste sistema é considerar os custos
indiretos através dos direcionadores de custos, o que elimina a necessidade de arbitrar
rateios, como no custeio por absorção. Além desta, também considera uma vantagem, o
fato de ser mais flexível que o custeio por absorção e não tão flexível quanto o custeio
direto. O autor considera que a sua utilização é mais adequada para gestão eficaz dos
custos.
Vasconcelos (1996) identifica a “maior sensibilidade do ABC às atividades” e por isso
o considera um instrumento preciso para analise gerencial e estratégica.
Na opinião de Vale (1997) a principal vantagem é a agregação de funções correlatas ou
integradas que permite a clara percepção do valor e responsabilidade de cada uma. Com
base nesta informação é possível intervir durante o processo, identificando as atividades
que não geram valor e diminuindo sua participação no processo.
Para Nakagawa(1993) as vantagens do sistema são, o continuo aperfeiçoamento
através da eliminação de custos de atividades que não adicionam valor e o melhor
monitoramento dos custos através de relatórios gerencias mais objetivos.
Desvantagens
Para o Conselho Regional de Contabilidade (1995), a maior dificuldade deste
sistema de custeio, será a criação de pontos de sustentação dentro da instituição que são:
18
A definição das taxas é feita a partir da estrutura de custos, estas devem refletir as
relações entre os diversos grupos de despesa, ou então a relação entre os grupos de
despesa e a receita. No entanto, segundo Vasconcelos (1996) “na maioria das vezes, são
repassadas de pai para filho, sem que haja uma relação entre estas taxas e a estrutura de
custos das empresas.”
As taxas podem ser calculadas de diferentes formas, podem ser: Taxa sobre o total dos
insumos materiais, Taxa em moeda com base nas unidades produzidas ou vendidas, Taxa
sobre o total dos custos diretos de produção ,Taxa sobre os custos de produção.
Vantagens
A simplicidade de calculo é uma das vantagens deste sistema de custeio.
Desvantagens
Não devem ser usadas em empresas com estrutura organizacionais e produtivas
mais complexas.
Alguns autores sugerem que existem alguns sistemas de custeio que são mais
comumente utilizados na área de saúde no Brasil. Segundo Medici & Marques, esses
sistemas são principalmente: sistemas de custeio por absorção, por patologia e por
procedimento. O sistema de custeio por absorção foi descrito anteriormente, a seguir
apresentaremos os outros dois. Estes dois são de fato, o resultado da utilização de alguns
dos sistemas de custeio que descrevemos acima, por isso não faremos a discussão sobre
vantagens e desvantagens.
Considerações Finais
O objetivo deste artigo foi de introduzir a discussão da avaliação do ponto de
vista econômico, ilustrando com os principais instrumentos utilizados para realizar
estas avaliações. Estes instrumentos são os estudos de custos efetividade, mínimo,
beneficio e utilidade e também os diferentes sistemas de custeio.
Os sistemas de custeio são importantes porque viabilizam a realização de
outros estudos de custos ou avaliações pois organizam as informações econômicas.
Também podemos concluir que não existe um sistema e custeio perfeito que seja
resposta única com todas as soluções. Ocorre que alguns são mais apropriados que
outros, conforme as circunstâncias.
Também podemos concluir que os sistemas que existem foram desenvolvidos
para a lógica do setor privado e que para construir um sistema de custeio para os
serviços de atenção básica devemos partir dos sistemas existentes e realizar as
modificações necessárias.
21
Bibliografia