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Capítulo 9

Colisões

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Definiremos colisão como uma interação com duração limitada entre dois corpos.

Em uma colisão, a força externa resultante que atua sobre os corpos poderá
ser desprezada em relação às forças envolvidas na colisão.

Conservacão do momento linear

Analisaremos situações em que se considera Fext= 0, assim o momento linear


total do sistema se conserva (P é constante).

⇒ P f = Pi

Vamos supor que os dois corpos que colidem têm massas m1 e m2.

p1 f + p 2 f = p1i + p 2i ⇒ m1 v1 f + m2 v 2 f = m1 v1i + m2 v 2i

válido para toda colisão


Conservação da energia (colisões elásticas e inelásticas)

A energia total do sistema conserva-se em qualquer colisão. Entretanto, a energia


mecânica nem sempre se conserva. Parte da energia cinética pode ser
transformada em calor ou deformação, por exemplo.

Colisão elástica é aquela em que a energia mecânica se conserva.


Colisão inelástica é aquela em que a energia mecânica não é conservada.

Balanço de energia mecânica durante uma colisão:

K1 f + K 2 f = K1i + K 2i − ∆U

1 1 1 1
⇒ m1v12 f + m2 v 22 f = m1v12i + m2 v 22i − ∆U válido para toda colisão
2 2 2 2

onde ∆U representa a perda de energia mecânica do sistema.

Se ∆U > 0, a energia cinética do sistema diminui com a colisão.


Se ∆U = 0, a energia cinética do sistema não varia e a colisão é elástica.
Se ∆U < 0, a energia cinética do sistema aumenta com a colisão.
Colisões em uma dimensão

Quando duas partículas sofrem uma colisão frontal, todo o movimento, tanto antes
quanto depois da colisão, ocorre em uma única direção.

Neste caso as velocidades podem ser manipuladas como escalares.

Exemplo – Uma bola com massa 100 g é atirada com uma velocidade de 5,00
m/s contra outra bola de massa 250 g que se encontra em repouso. Após uma
colisão frontal a bola que estava parada adquire uma velocidade igual a 1,60 m/s
na mesma direção e sentido da primeira. a) Calcule a velocidade da primeira
bola após o choque. b) Analise o balanço energético desta colisão.
m1v1i − m2 v 2 f m2
a) m1v1 f + m2 v 2 f = m1v1i ⇒ v1 f = = v1i − v2 f
m1 m1
250 g
⇒ v1 f = 5, 00 m/s − x 1, 60 m/s = 1, 00 m/s
100 g
1 1
b) K i = m1v12i = 0,100 kg x 25,0 m 2 /s 2 = 1, 25 J
2 2
1 1 1 1
K f = m1v12 f + m2 v 22 f = 0,100 kg x (1,00) 2 m 2 /s 2 + 0,250 kg x (1,60) 2 m 2 /s 2 = 0, 740 J
2 2 2 2
Kf < Ki, então ocorreu um choque inelástico, pois o sistema perdeu energia mecânica.
Exemplo – Uma bola com massa de 200 g, com velocidade de 20 m/s, colide
frontalmente com outra bola com massa de 400 g, em repouso, e na colisão o
sistema perde metade de sua energia cinética. Calcule as velocidades das bolas
após a colisão.
p1 f + p2 f = p1i ⇒ m1v1 f + m2 v 2 f = m1v1i ⇒ mv1 f + 2mv 2 f = mv1i (1)

1 1 2 1 1 1
Kf = Ki ⇒ mv1 f + 2mv 22 f = mv12i ⇒ v12 f + 2v 22 f = v12i (2)
2 2 2 4 2
De (1) v1 f = v1i − 2v 2 f (3)

1 2 1 2
(3) em (2): (v1i − 2v 2 f ) + 2v = v1i ⇒ v1i − 4v1i v 2 f + 4v 2 f + 2v 2 f = v1i
2 2 2 2 2
2f
2 2
2v1i ± v1i v1i v1i
⇒ 12v 2 f − 8v1i v 2 f + v1i = 0
2 2
⇒ v 2f = ⇒ v 2f = ou v 2f =
6 2 6
v v 2v
Se v 2 f = 1i , v1 f = 0 Se v 2 f = 1i , v1 f = 1i
2 6 3
a primeira bola não pode ultrapassar a segunda
20 m/s
⇒ v2 f = = 10 m/s, v1 f = 0
2
Colisão inelástica com máxima perda de energia

Veremos no próximo capítulo (rotações) que podemos descrever o movimento das


partículas de um sistema como movimento de translação do centro de massa e
movimento das partículas em relação ao centro de massa do sistema.

Definimos colisões como situações em que se considera Fext= 0, assim o


momento linear total do sistema se conserva (P é constante).

Como P=MvCM, se P é constante, vCM também o será.

Ou seja, uma colisão pode alterar a velocidade das partículas em relação ao CM,
mas não tem como alterar a velocidade do próprio centro de massa do sistema.

Uma colisão com máxima perda de energia será então aquela em que as partículas
que compoem o sistema ficam juntas com v=vCM após a colisão, pois neste caso
toda a energia cinética devida ao movimento das partículas em relação ao CM do
sistema terá sido perdida.
Vamos considerar a colisão de duas partículas em um referencial onde a partícula
2 está inicialmente parada e a partícula 1 tem v1i=v.

⇒ m1 v1 f + m2 v 2 f = m1 v

No caso de colisão com máxima perda de energia teremos: v1 f = v 2 f = v f


m1
⇒ (m1 + m2 ) v f = m1 v ⇒ v f = v (1)
m1 + m2
As energias cinéticas inicial e final serão
1 1
K i = m1v 2 e Kf =(m1 +m2 )v 2f (2)
2 2
1 m12 1 m12
(1) em (2): K f = ( m1 +m2 ) v 2
⇒ K f = v 2

2 (m1 +m2 ) 2 2 (m1 +m2 )

A energia perdida pelo sistema será


1 1 m12 1 (m12 + m1m2 − m12 ) 2 1 m1m2
∆U = K i − K f = m1 v −
2
v =
2
v = v2
2 2 (m1 +m2 ) 2 (m1 +m2 ) 2 (m1 +m2 )
m2
⇒ ∆U = Ki
(m1 +m2 )
Colisões elásticas em uma dimensão

Vamos considerar duas partículas de massas m1 e m2 que sofrem uma colisão


elástica frontal em um referencial onde a partícula 2 está inicialmente parada e a
partícula 1 tem v1i = v.

Devido à conservação do momento linear e da energia mecânica neste caso teremos:

m1v1 f + m2 v 2 f = m1v (1)


2 equações com 2 incógnitas, v1f e v2f
1 1 1
m1v1 f + m2 v 2 f = m1v 2 (2)
2 2

2 2 2
m
De (1) v 2 f = 1 (v − v1 f ) (3)
m2
m12 2
(3) em (2): m1v1 f + (v − 2vv1 f + v12 f ) = m1v 2
2

m2
⇒ m2 v12 f + m1 v 2 − 2m1 vv1 f + m1 v12 f = m2 v 2
⇒ (m1 + m2 )v12 f − 2m1 vv1 f + (m1 − m2 )v 2 = 0 eq. de 2o grau em v1f

(m1 − m2 ) 2m1
v1 f = v e v2 f = v
(m1 + m2 ) (m1 + m2 )
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(m1 − m2 ) 2m1
v1 f = v e v2 f = v
(m1 + m2 ) (m1 + m2 )

Analisando as equações acima vemos que

• v2f tem sempre o mesmo sentido de v

• v1f tem o mesmo sentido de v se m1 > m2

• v1f tem sentido oposto de v se m1 < m2 partícula 1 colide e volta

• v1f = 0 e v2f = v se m1 = m2 partícula 1 colide e pára

Casos em que as massas são muito diferentes

• Se m1 << m2, v1f = −v e v2f = 0 bola de sinuca na tabela

• Se m1 >> m2, v1f = v e v2f = 2v carro que colide com pedestre

A colisão de dois corpos de massas muito diferentes pode ser usada para
aumentar a velocidade de uma nave ao passar perto de um planeta.
No referencial da Terra No referencial do planeta

vf = − (vi +2V) v’f = − (vi +V)


−V

vi v’i = vi +V

Vista da Terra, a nave se aproxima do planeta com velocidade oposta à do planeta.

A nave contorna o planeta sob o efeito da gravidade deste e retorna na direção


oposta àquela em que se aproximou do planeta.

Trata-se de uma colisão como definimos no começo do capítulo, ela é elástica e


pode ser tratada como unidimensional.

No referencial do planeta (partícula 2 inicialmente parada, como as eqs. que


deduzimos), a nave tem velocidade inicial v’i = vi+V.

Como m1 << m2, v’f = −v’i= −(vi+V) e a velocidade do planeta não se altera.

No referencial da Terra, a nave retorna com velocidade vf = v’f −V= −(vi +2V).
Analisamos colisões elásticas em uma dimensão para situações em que v2i=0.

Neste caso as velocidades finais das partículas são dadas por

(m1 − m2 ) 2m1
v1 f = v1i e v 2 f = v1i (1)
(m1 + m2 ) (m1 + m2 )

Para situações em que ambas as partículas estão inicialmente em movimento,


basta mudar o referencial das equações acima.

Seja R1 o referencial onde v2i= 0 e R2 um referencial onde a partícula 2 tem


velocidade V2i. O referencial R2 tem velocidade V2i em relação a R1.

R1 R2 V2i em relação a R1

v1i v2i = 0 V1i V2i

As velocidades medidas em R1 (vn) relacionam-se com as medidas em R2 (Vn):

v n = Vn − V2i Vamos usar esta transformação nas equações (1)


Em R1:
(m1 − m2 ) 2m1
v1 f = v1i e v 2 f = v1i
(m1 + m2 ) (m1 + m2 )

As velocidades medidas em R1 (vn) relacionam-se com as medidas em R2 (Vn):

v n = Vn − V2i

Em R2:

m1 − m2 m1 − m2 2m2
V1 f − V2i = (V1i − V2i ) ⇒ V1 f = V1i + V2i
m1 + m2 m1 + m2 m1 + m2

2m1 m − m1 2m1
V2 f − V2i = (V1i − V2i ) ⇒ V2 f = 2 V2i + V1i
m1 + m2 m1 + m2 m1 + m2

Velocidades das duas partículas após a colisão em


um referencial (R2) onde ambas têm velocidade inicial.
Colisões elásticas em duas dimensões

No caso geral de colisão entre duas partículas, o evento ocorre em três dimensões.

Se a segunda partícula estiver inicialmente parada, a colisão pode ser descrita


em duas dimensões. O movimento inicial da partícula 1 define uma reta e a
posição inicial da partícula 2 define um ponto. Os dois juntos definem um plano.

Colisão elástica, não frontal, entre a partícula 1 de massa m1 e v1i=v1ii e a


partícula 2 de massa m2, inicialmente em repouso.

v1f

y
v1i θ
b φ x bÆparâmetro de impacto
Se b=0, colisão frontal

vv2f2f
v1f
y v1f

y
v1i θ
θ
b φ x φ x

v2f
vv2f2f

Usando as leis de conservação da energia e do momento linear temos:


1 1 1
m1v1i = m1v1 f + m2 v 22f
2 2

2 2 2
m1v1i = m1v1 f cos θ + m2 v 2 f cos φ No eixo x
m1 v1i = m1 v1 f + m2 v 2 f
0 = m1v1 f sen θ − m2 v 2 f senφ No eixo y

Temos 4 incógnitas, v1f, v2f, θ, φ, e apenas 3 equações.

Para resolver o problema, neste caso, uma das incógnitas tem que ser fornecida.
Caso particular: partículas de massas iguais

Neste caso as equações de conservação da energia e do momento tornam-se

v1f
v12i = v12 f + v 22f
θ
v1i
v1i = v1 f + v 2 f v2f φ

v1i é a soma vetorial de v1f e v2f

v21i é a soma dos quadrados dos módulos de v1f e v2f

Pelo teorema de Pitágoras conclui-se que esses três vetores formam um


triângulo retângulo e v1f e v2f são ortogonais entre si.

π
⇒θ +φ =
2
Com esta condição extra é possivel resolver o sistema de
equações de momento e energia e determinar v1f, v2f, θ e φ.
Exemplo – Uma bola de sinuca, com velocidade de 10,0 m/s, colide com outra de
massa igual, e sua trajetória sofre um desvio de 60o,0. Calcule as velocidades das
duas bolas após a colisão.

Partículas de massas iguais e v1f


5,0 m/s
colisão elástica, então θ + φ = π/2. y
10 m/s 60
Como θ=60o, então φ=30o.
30 x

m1v1i = m1v1 f cos θ + m2 v 2 f cos φ 8,7 m/s


v2f
0 = m1v1 f sen θ − m2 v 2 f senφ
1 3
v1i = v1 f + v 2 f (1) (3) em (1)
2 2
3
3 1 v2 f = v1i = 8, 66 m/s
0= v1 f − v 2 f (2) 2
2 2
3
De (2) v = 3 v (3) v1 f = v 2 f = 5, 00 m/s
1f 2f 3
3

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