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Ent�o queres ser um escritor?

se n�o sai de ti a explodir


apesar de tudo,
n�o o fa�as.
a menos que saia sem perguntar do teu
cora��o, da tua cabe�a, da tua boca
das tuas entranhas,
n�o o fa�as.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecr� de computador
ou curvado sobre a tua
m�quina de escrever
procurando as palavras,
n�o o fa�as.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
n�o o fa�as.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
n�o o fa�as.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
n�o o fa�as.
se d� trabalho s� pensar em faz�-lo,
n�o o fa�as.
se tentas escrever como outros escreveram,
n�o o fa�as.

se tens que esperar para que saia de ti


a gritar,
ent�o espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro � tua mulher


ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
n�o est�s preparado.

n�o sejas como muitos escritores,


n�o sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
n�o sejas chato nem aborrecido e
pedante, n�o te consumas com auto-devo��o.
as bibliotecas de todo o mundo t�m
bocejado at�
adormecer
com os da tua esp�cie.
n�o sejas mais um.
n�o o fa�as.
a menos que saia da
tua alma como um m�ssil,
a menos que o estar parado
te leve � loucura ou
ao suic�dio ou homic�dio,
n�o o fa�as.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
n�o o fa�as.

quando chegar mesmo a altura,


e se foste escolhido,
vai acontecer
por si s� e continuar� a acontecer
at� que tu morras ou morra em ti.

n�o h� outra alternativa.


e nunca houve.

Tradu��o: Manuel A. Domingos

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