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De forma bastante sintética, pode-se dizer que o livro traça as principais características de um
verdadeiro líder político e maneiras dele se manter no poder. Primordialmente isso implica em
saber impor autoridade e cativar um principado. [Primeira tese central.]
“Mas, quando se conquistam territórios numa província com língua, costumes e leis diferentes,
aqui surgem as dificuldades e é necessário haver muito boa sorte e habilidade para mantê-los.
E um dos maiores e mais eficientes remédios seria aquele do conquistador ir habitá-los.” (Cap.
III) *
“Deve, ainda, quem se encontre à frente de uma província diferente, como foi dito, tornar-se
chefe e defensor dos menos fortes, tratando de enfraquecer os poderosos e cuidando que em
hipótese alguma aí penetre um forasteiro tão forte quanto ele.” (Cap. III)
Maquiavel traça um paralelo entre república e monarquia, mas se limita a analisar apenas a
segunda forma de governo.
“Contudo, nas repúblicas há mais vida, mais ódio, mais desejo de vingança; não deixam nem
podem deixar esmaecer a lembrança da antiga liberdade: assim, o caminho mais seguro é
destruí-las ou habitá-las pessoalmente.” (Cap. IV)
“Os que, por suas virtudes, semelhantes às que aqueles tiveram, tornam-se príncipes,
conquistam o principado com dificuldade, mas com facilidade o conservam; e os obstáculos
que se lhes apresentam no conquistar o principado, em parte nascem das novas disposições e
sistemas de governo que são forçados a introduzir para fundar o seu Estado e estabelecer a
sua segurança.” (Cap. VI)
“Ainda, não evite o príncipe de incorrer na má faina daqueles vícios que, sem eles, difícil se lhe
torne salvar o Estado; pois, se bem considerado for tudo, sempre se encontrará alguma coisa
que, parecendo virtude, praticada acarretará ruína, e alguma outra que, com aparência de
vício, seguida dará origem à segurança e ao bem-estar.”
A partir do capítulo VI até o capítulo VIII, o autor expõe três formas básicas de se chegar ao
poder: pelo destino, pelo valor ou pela “malvadeza”.
“Só estes possuem Estados e não os defendem; súditos, e não os governam; os Estados, por
serem indefesos, não lhes são tomados; os súditos, por não serem governados, não se
preocupam, não pensam e nem podem separar-se deles. Somente estes principados, pois, são
seguros e felizes. Mas, sendo eles dirigidos por razão superior, à qual a mente humana não
atinge, deixarei de falar a seu respeito, mesmo porque, sendo engrandecidos e mantidos por
Deus, seria obra de homem presunçoso e temerário dissertar a seu respeito.” (Cap. XI)
Mais adiante, infere-se da obra que a arte de governar está ligada à intimidação, sagacidade e
porque não enganação – já que para Maquiavel os fins justificam os meios. Um verdadeiro líder
deve ouvir tudo, mas confiar apenas em si próprio.
“Concluo, pois, voltando à questão de ser temido e amado, que um príncipe sábio, amando os
homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que
é seu e não no que é dos outros; deve apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como foi dito.”
(Cap. XVII)
Por fim o autor declara que para um príncipe se manter no governo é necessário adaptar-se
àquele tempo em que vive.
“Por isso, o homem cauteloso, quando é tempo de passar para o ímpeto, não sabe fazê-lo e,
em conseqüência, cai em ruína, dado que se mudasse de natureza de acordo com os tempos e
com as coisas, a sua fortuna não se modificaria.” (Cap. XXV)
E na Itália (local onde o contexto histórico da época – 1513- proporcionou a criação do livro “O
Príncipe) deve haver novas leis e ornamentos, e um governante sábio e forte. [È a segunda
tese principal que propõe a Unificação Italiana.]