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Defesa Édipo - Odt
Defesa Édipo - Odt
existência dos deuses e seres da mitologia grega ,como a Esfinge, tentarei ,primeiramente,
demonstrar a inculpabilidade dele em seu próprio mundo. Fica evidente, ao longo da obra,
que há uma grande parcela(talvez totalmente) de fatalismo ,se não para todas a pessoas,
pelo menos para aquelas escolhidas por determinada entidade ‘divina’. Édipo era uma
dessas, seu destino já havia sido traçado ,antes do seu nascimento, por causa de um erro de
seu pai, o rei Laio. Com efeito,não importaria o que fosse feito, ele ,muito provavelmente,
mesmo mudando todas as suas ações, teria chegado ao mesmo fim. Portanto, não há como
acusálo de parricídio e incesto já que tudo não passa de um castigo divino ao seu pai e que
recai sobre toda a família, sendo Édipo nada mais que um ‘instrumento’ usado para tal fim.
À luz dessas considerações,ou a culpa é do seu pai, por ter atraído a ira dos deuses, ou a
culpa é dos deuses, por serem tão cruéis em sua vingança, levandoa a inocentes por causa
de laços sanguíneos.
Voltemos agora a nosso mundo.
Édipo não pode ser culpado de parricídio tendose em vista que ele não sabia que ,ao se
defender, estaria matando seu pai biológico. Em verdade, ele acreditava que seu pai
biológico era o Rei de Corinto ,Pólipo. Portanto, ele não teve a intenção de matar seu pai e
matouo por uma triste coincidência. Não vou defendêlo de homicídio pois essa não é a
acusação em julgamento.
Ele também não pode ser culpado de incesto, pois acreditava que sua mãe era a rainha de
Corinto. Em verdade, casouse com sua mãe por outra triste coincidência, já que ao chegar
à cidade decifrou o enigma da Esfinge e com isso tornouse o rei de Tebas, tendo que se
casar com a esposa do falecido rei Laio, sua mãe, Jocasta.
A defesa, desta forma, em ambos os casos, restringese ao desconhecimento ,por parte do
acusado, de que estaria cometendo atos tão sujos. Ficase claro na obra ,ademais, o
desprezo que ele tem de si quando descobre o que tinha feito: sua primeira reação foi furar
os olhos , mostrando assim toda sua tristeza e nojo. Assim, se o acusado cometeu tão
terríveis erros foi tão simplesmente pelo desconhecimento de que os tivesse fazendo.
defesa psicológica
Durante seus estudos da psicanálise e do desenvolvimento sexual infantil, Freud criou a
teoria do Complexo de Édipo. Esse termo foi criado inspirado na tragédia grega “Édipo rei”
e é utilizado para designar o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança
experimenta com relação aos seus progenitores durante a fase fálica do desenvolvimento
psicossexual (entre 3 e 6 anos), quando ocorre também a formação da libido e do EGO.
O complexo de Édipo constitui uma das problemáticas fundamentais da teoria e da clínica
psicanalítica. Para a teoria psicanalítica, o momento crucial da constituição do sujeito
situase no campo da cena edípica. Dessa forma, o Édipo não é somente o “complexo
nuclear” das neuroses, mas também o ponto decisivo da sexualidade humana, ou melhor,
do processo de produção da sexuação. Será a partir do Édipo que o sujeito irá estruturar e
organizar o seu viraser, sobretudo em torno da diferenciação entre os sexos e de seu
posicionamento frente à angústia de castração. Freud irá remeter, na sua teorização sobre
o Édipo, a autores e personagens clássicos da literatura mundial, como o “Hamlet” de
Shakespeare e a trama do parricídio dos “Irmãos Karamazov”, obras que reencenaram o
mito de Édipo da tragédia de Sófocles.
“Seu destino nos move apenas porque poderia ter sido o nosso porque o oráculo lançou
a mesma maldição sobre nós antes do nosso nascimento, como sobre ele. É o destino de
todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso sexual para nossa mãe e nosso primeiro
ódio e nosso primeiro desejo assassino contra nosso pai. Nossos sonhos nos convencem de
que isso é assim.”
FREUD, Sigmund.