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MeditatorsHandbook Port PDF
MeditatorsHandbook Port PDF
PARIYATTI
867 Larmon Road Onalaska,
Washington 98570 USA
360.978.4998
www.pariyatti.org
Bill Crecelius
www.pariyatti.org
© 2015 Bill Crecelius
Prefácio1
Agradecimentos4
Introdução6
Esclarecimentos11
Começando13
Meditação diária 17
Uma grande distração 27
Apoio no Dhamma 31
Amigos no Dhamma 37
Fazendo escolhas 41
Apenas continue a conhecer Anicca45
Bingo Bango Bhaṅga 50
O paradoxo das Pāramīs 54
Mettā e você 65
O que podemos aprender nos livros 69
Resumindo 72
Apêndice I - Desenvolvendo uma área de meditação em casa 76
Apêndice II - Livros de Dhamma recomendados 79
Prefácio
C
hegamos a Bombaim por volta das 19h00, depois
de um voo tranquilo vindo de Dubai. Nossos
amigos nos receberam no aeroporto para nos levar
ao seu restaurante favorito. Era uma noite encantadora.
Minha esposa Anne, que não estava se sentindo bem,
foi para o apartamento descansar. O restante do grupo
seguiu o seu caminho. Apesar do trânsito muito
pesado, era uma noite suave. Depois de 45 minutos no
trânsito complicado, ficamos todos revigorados e de
bom humor quando chegamos ao restaurante. Havia
uma fila enorme na porta esperando por mesas. Não
importava o que acontecesse—fosse o calor ou os
mendigos nos incomodando enquanto esperávamos—
estávamos completamente otimistas, apesar de todos os
inconvenientes. A noite toda continuou dessa maneira.
Na manhã seguinte, acordei com uma sensação
semelhante de boa vontade. Entrei na sala de estar e Anne
e nosso amigo estavam tomando chá. Sentei-me e eles
me disseram: “Goenkaji faleceu ontem à noite às 22h40”.
Mettā simplesmente começou a jorrar. Não precisei fazer
nada.
Decidimos meditar e ir até a sua residência para
prestar nossa homenagem. A disposição suave da noite
anterior continuou, mas agora acompanhada por esta
mettā. Quando chegamos ao prédio, as pessoas tinham
obviamente estado acordadas desde muito cedo naquela
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Manual de um meditador
2
Prefácio
3
Agradecimentos
G
ostaria de agradecer àqueles que ajudaram
com a edição e a inspiração. Primeiramente,
minha esposa Anne, que leu o manuscrito
diversas vezes. Kim Johnston, minha velha amiga da
Austrália, também me ajudou e fez um ótimo trabalho de
edição. Quando recebi o manuscrito de volta e algumas
das palavras haviam sido alteradas para ortografia
australiana/britânica, tive de sorrir, mas sem ter certeza
de como faria para mudá-las de volta.
Por muitos anos, Robin Curry tem sido minha
leal colaboradora sempre que precisava de alguma coisa
editada. Ela, às vezes, ralhava diante do meu pedido,
quando pensava nas muitas maneiras que eu poderia
desfigurar o inglês gramaticalmente correto, mas sempre
fazia o que era preciso. Nem preciso dizer que ela estava
lá novamente para me apoiar neste momento. Obrigado
Robin.
Bharathram Sundararaman, um voluntário da
Pariyatti que foi meu editor oficial e que ofereceu muitas
sugestões úteis para melhorar este livro. Apesar de muito
ocupado com a vida profissional e familiar, como outros
tantos voluntários de Dhamma, dedicou tempo para
editar este manual para meditadores. Também Brihas
Sarathy e Adam Shepard da Pariyatti e Virginia Hamilton.
Agradeço ao Daniel Haskett pela criação da capa e das
ilustrações do nó.
4
Agradecimentos
5
Introdução
A
prendi a manter a minha prática e a fazê-la
crescer. Gostaria de compartilhar isso com
você. Primeiramente, como um homem solteiro
morando em uma área sem outros meditadores, depois
morando em uma área com muitos amigos meditadores
de Vipassana e, finalmente, como um homem casado
com uma parceira no Dhamma, adaptei minha vida para
viver continuamente no Dhamma.
O caminho do monge é elevado e sublime. Diz-
se que o caminho para o monge é livre e suave e fácil de
trilhar. Está elevado acima da sujeira e da lama. Não há
pedras, seixos, rochas afiadas ou espinhos. Infelizmente,
para nós pobres chefes de família este não é o caso. Nossas
vidas estão estreitamente ligadas às responsabilidades
mundanas, empregos, laços familiares e pagamentos de
hipoteca. Ao contrário dos monges, o nosso caminho está
cheio de obstáculos mundanos e distrações. É por esta
razão que acho poder o Manual de um Meditator ajudar
os alunos de Vipassana em sua caminhada ao longo desta
trilha de purificação.
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Introdução
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Manual de um meditador
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Introdução
ensinamento.
Mesmo ao longo de tantos séculos e de tantas
gerações, tantas pessoas preservaram o ensinamento,
direta e indiretamente, para o benefício das gerações
futuras! Quantos professores existiram? Sabemos
que nos últimos 100 anos ou mais, houve quatro
(Ledi Sayadaw, Saya Thetgyi, Sayagyi U Ba Khin e
Goenkaji), então provavelmente teriam existido, pelo
menos, 100 professores nesta linhagem abrangendo os
últimos 2.500 anos. Este seria o número aproximado de
ācariyas (professores) que nos separam do Buda. Quão
afortunados somos por estas pessoas maravilhosas, de
coração puro, terem compartilhado esta joia para que
possamos tê-la hoje.
Ao longo destes anos, o ensino se adaptou aos
tempos. Quando o Buda estava vivo e, por pouco tempo
depois, havia muitos arahants, seres totalmente libertos,
que mantiveram os ensinamentos ultra puros. Com
o passar do tempo, os leigos apoiaram os monges de
maneira mais formal o que veio a ser conhecido como
a religião budista formada. Contudo, ainda eram quase
inteiramente monges ensinando meditação aos monges.
Na nossa linhagem, foi o Venerável Ledi Sayadaw que
transmitiu os ensinamentos ao agricultor Saya Thetgyi,
que se tornou o primeiro professor leigo. Acabou sendo
uma jogada brilhante, porque o século XX estava
amanhecendo e um novo mundo, baseado na revolução
industrial e na tecnologia da computação, estava prestes
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Manual de um meditador
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Esclarecimentos
E
m recente conversa com um amigo, percebi que
este livro pode dar a impressão de que tudo o
que faço é meditar. Talvez como uma espécie de
quase-monge. A realidade está longe disso, embora eu
seja muito sério sobre reservar tempo para meditar.
Desde que comecei a meditar, tive três fases
na minha vida. A primeira fase foi de viajar, meditar e
imergir-me no serviço de Dhamma. Descobri a trilha
enquanto era um viajante e, durante este tempo, grande
parte da minha vida era dedicada à meditação e a viagens
para a Índia e para a Birmânia para frequentar cursos e
para servir o Dhamma.
Em seguida, casei-me e tivemos um filho. Isso
iniciou a segunda fase, em que trabalhei em vários
empregos durante os 27 anos seguintes. Fiz tudo o que
um marido normal e um pai normal fazem, exceto por
ter incluído sessões de meditação duas vezes por dia e,
geralmente, um curso de 20, de 30 ou de 45 dias a cada
ano. Também reformei totalmente algumas casas, construí
alguns edifícios e tive muitos interesses, incluindo
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Manual de um meditador
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Começando
V
ocê a essa altura já experimentou as sutilezas
da mente e do corpo que lhes estão disponíveis
graças a apenas um curso de dez dias de
meditação Vipassana.
Embora possa ter começado a trabalhar em um
nível que era tanto superficial, no início, em apenas
dez dias você foi capaz de mover a mente de um nível
grosseiro para um muito mais sutil. Você experimentou
outra coisa também. Pela prática de estritas regras de
moralidade, conseguiu acalmar a mente para que lhe
permitisse uma investigação interior mais profunda.
Quem diria que isso poderia acontecer?
Bem ali do lado de fora dos portões, todo o caos e o
comportamento indisciplinado do mundo cotidiano
ainda estava acontecendo. Mas você estava vivendo em
um casulo, que escolheu habitar com a esperança de
aprender algo que fosse ajudá-lo. Quem diria que este
estilo de vida virtuoso, combinado com uma técnica de
meditação de 2.500 anos atrás, teria lhe proporcionado
esses sentimentos de contentamento, de tranquilidade, de
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Manual de um meditador
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Começando
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Manual de um meditador
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Meditação diária
E
stas duas sessões diárias são muito importantes.
Não é possível enfatizá-las o suficiente porque,
quando você começa a perder sessões, fica cada
vez mais difícil meditar. Quando você vem a um curso
pela primeira vez, pode ser muito inexperiente, mas,
até o final dos dez dias, terá visto uma transformação
em si mesmo. Você agora é capaz de sentir sensações
internamente, com facilidade, ao passo que, antes do
curso, provavelmente estava totalmente inconsciente de
que tais sensações sequer existiam. A fim de manter um
nível de consciência Dhammica dentro de si mesmo, você
precisa destas sessões de meditação regularmente. Elas
mantêm viva a pureza que estabelecemos. Estas duas
horas por dia, de manhã e à noite, são absolutamente
necessárias.
Você pode achar que não é tão fácil meditar,
quando voltar para casa. Pode notar, mesmo enquanto
seu carro se afasta do centro, que a atmosfera mudou.
Você já não está em um lugar onde milhares de pessoas
têm meditado por muitos anos. Distrações surgirão quase
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Manual de um meditador
imediatamente.
Quando parar para abastecer ou talvez pegar um
jornal, comprar um sorvete ou um refrigerante, poderá
não haver mais quaisquer pensamentos do Dhamma.
Todas essas coisas são normais, mas você pode ver que
a atmosfera do centro pode ser imediatamente esquecida.
Se estiver determinado a desenvolver uma prática, deve
encontrar um lugar para estar no espírito do Dhamma que
seja separado da corrente principal do mundo cotidiano.
Com isto em mente, a primeira coisa a fazer
é organizar o seu lugar de meditação. Como Goenkaji
menciona na palestra final do curso de dez dias, é bom
ter um lugar para meditar que seja sempre o mesmo. Se
for um pouco quieto e longe do tráfego habitual na casa,
ajudará. Uma sala separada seria ideal. Um cômodo que
não esteja sendo usado funciona muito bem, apesar de isso
ser coisa muito rara, pelo menos, na minha casa. Se algo
tão óbvio não estiver disponível, então, um lugar em seu
quarto ou escritório que não seja muito usado funcionará.
Um bom lugar é aquele em que você pode colocar suas
almofadas, xale, alarme, etc. e não serão perturbados.
Para obter uma lista de ideias, veja o Apêndice 1.
É muito importante criar um espaço no qual você
possa meditar duas vezes por dia. O lugar se preencherá de
vibrações de Dhamma e de sentimentos de mettā. Tornar-
se-á mais forte ao longo dos anos e você descobrirá ser
mais fácil meditar ali.
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Meditação diária
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Meditação diária
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Meditação diária
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Meditação diária
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Uma grande distração
T
em uma coisa que você deve considerar que é tão
contra a corrente da nossa cultura nacional, que
vou prefaciar esta parte com a minha experiência
e deixá-lo decidir por si mesmo. Pode ser a pedra preta
no kheer (arroz doce) que Goenkaji cita em sua última
palestra, onde a criança jogou fora todo o doce por causa
de um pedaço de cardamomo na sobremesa. Esta grande
distração são os intoxicantes.
Quando saí do meu primeiro curso, notei que
alguns alunos jogaram fora seu haxixe e assumiram o
compromisso com um novo modo de vida, enquanto
outros iam acender um baseado. Drogas e álcool têm
tamanha relevância na cultura ocidental e se tornaram
algo que muitas pessoas inicialmente se recusam a
abandonar. E, o que é mais importante, não veem razão
alguma para isso.
O que descobri durante os primeiros anos,
quando ingeria álcool e, em seguida, tentava meditar, era
parecer como se uma lente tivesse sido besuntada com
vaselina.
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Uma grande distração
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Apoio no Dhamma
P
ode parecer muito difícil viver em uma sociedade
que não respeita quem observa os cinco preceitos,
mas você descobrirá que as forças da natureza
virão ao seu auxílio. Por exemplo, uma das ajudas será
a sua prática diária. Quando você se sentar toda vez
no mesmo lugar, o local escolhido começará a ficar
carregado com vibrações de Dhamma. Mesmo que seja
bem pouco no começo, isso aumentará. Então, quando
se sentar para meditar, saberá que está entrando em um
lugar Dhâmmico, mesmo que seja apenas de um metro
por um metro.
Para ajudar este lugar a ficar mais forte mais
rapidamente, comece a convidar seus amigos que
também são meditadores nessa tradição. Faça uma
sessão de meditação em grupo, sentando-se com eles
no lugar onde pratica meditação. Eles podem se reunir
ao seu redor, enquanto vocês se sentam juntos. Todos
vocês serão beneficiados. Convide-os talvez para jantar
e converse com eles. Você descobrirá que todas aquelas
preocupações com sīla (moralidade) não são mais
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Apoio no Dhamma
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Apoio no Dhamma
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Amigos no Dhamma
Q
uando voltei da Índia, fui morar na área da Baía
de São Francisco, porque sabia que ali havia
outros meditadores que conhecera na Índia.
Quando voltei para os Estados Unidos, a área onde
minha família morava era um deserto, em termos de
outros meditadores, então, fui para aonde sabia haver
meditadores. No segundo dia depois de ter me mudado
para Berkeley, participei de uma sessão de meditação
em grupo e conheci pessoas com quem me relaciono até
hoje.
Durante cerca de 20 anos depois disso, raramente
perdia uma sessão de meditação em grupo semanal.
Isso me ajudou tremendamente. A maioria das pessoas
que conheci nessas sessões foram as que ajudaram
a estabelecer o Dhamma na América do Norte e, em
particular, na Califórnia. Tem sido um modo de vida
enriquecedor devido a estas relações e por causa destas
sessões de meditação em grupo.
No meu caso, mudar para uma cidade onde
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Amigos no Dhamma
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Asevanā ca bālānaṃ,
paṇḍitānañca sevanā;
pūjā ca pūjanīyānaṃ,
etaṃ maṅgalamuttamaṃ.
Evitar os tolos,
(cultivar) a companhia dos sábios;
(prestar) honra onde a honra é devida,
este é o bem-estar mais elevado.
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Fazendo escolhas
D
epois de deixarmos o centro, tendo acabado de
concluir um curso de meditação, temos muitas
opções. O que eu vou fazer? Para onde vou?
Uma das escolhas que as pessoas provavelmente deixam
de considerar conscientemente é: irei frequentar os tolos?
Infelizmente, algumas das pessoas que
conhecemos se comportam de maneiras tolas, que podem
prejudicá-las e nos prejudicar também. São pessoas que
não direcionam suas vidas por meio da ação correta.
O que é ação correta? Ação correta é desenvolver suas
forças e suas virtudes, vivendo de acordo com o Nobre
Caminho Óctuplo do ensinamento do Buda e, neste caso,
estamos falando principalmente de sīla (moralidade).
É claro que não podemos parar totalmente de
nos dar com pessoas que sejam tolas ou que não tenham
bom comportamento moral. Mesmo meditadores chefes
de família, com a melhor das intenções, não são capazes
de manter sīla (moralidade) perfeita, mas há gradações
e isso é algo que você pode querer levar em conta nesta
altura.
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Fazendo escolhas
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Apenas continue a conhecer Anicca
S
e alguém fosse contar o número de vezes
que Goenkaji menciona anicca (mudança,
impermanência) durante um curso, ficaria
impressionado. Ele diz isso repetidamente. Está
tentando enfatizar um ponto, martelando, mas muitos
alunos simplesmente passam por cima disso ou perdem
por completo o significado. Ele repete isso porque é
IMPORTANTE.
Uma das coisas mais importantes de se lembrar
como aluno recente, ou mesmo como um aluno que
fez dezenas de cursos, é anicca. Goenkaji observa
continuamente, “mantenha a equanimidade e continue a
conhecer anicca” ou “mantenha a equanimidade com a
apreciação de anicca.” Ele termina as instruções no início
de cada sessão de meditação com estas palavras depois
de Vipassana ser apresentada. O que quer dizer com isso?
Por que acha que continua dizendo isso repetidamente?
Continuar conhecendo anicca significa estar
consciente das sensações que você está sentindo e saber
que elas são mutáveis e impermanentes e continuar
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Apenas continue a conhecer Anicca
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Apenas continue a conhecer Anicca
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Bingo Bango Bhaṅga
U
ma das maiores armadilhas em que os alunos
caem é o desejo pelas sensações sutis. A
mente naturalmente tende a desejar sensações
agradáveis e ter aversão às sensações desagradáveis. Este
é o seu condicionamento. Esta é a causa de sofrimento.
O treinamento é para sair do sofrimento. Logo após o
início de Vipassana, Goenkaji começa a dizer para os
alunos observar as coisas como elas são. Ele diz que
independentemente de qual seja a sensação que surgir,
você deve apenas observá-la. Em vez disso, muitos
alunos querem algo que não têm e começam a desejar.
No nono dia do curso de dez dias, ele discute
bhaṅga pela primeira vez. Bhaṅga é quando seu corpo
se abre e toda a massa é preenchida por sensações muito
sutis. Para que isso aconteça, você não tem de fazer nada,
isso simplesmente acontece. A palavra soa tão atraente
que, às vezes, cria confusão na mente dos alunos.
Ela simplesmente vibra com o som de algo especial.
Pensamos: “Oh, isso deve ser importante, devo conseguir
isso. É isso que eu quero.”
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Bingo Bango Bhaṅga
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O paradoxo das Pāramīs
U
ma situação incomum deve ser superada, a
fim de progredirmos na trilha do Dhamma.
Para alcançar a iluminação plena, existem dez
qualidades mentais que devem ser desenvolvidas. Elas
são conhecidas como pāramītas ou pāramīs, o que
significa perfeições que devem ser realizadas
Estas pāramīs, quando desenvolvidas, nos dão a
força para progredir no caminho da sabedoria. Quando
as pāramīs são fracas, a nossa prática será igualmente
fraca. Ter uma prática forte facilita desenvolver essas
pāramīs, mas, se não as tiver, você terá problemas para
progredir na trilha. Então, como obter pāramīs fortes?
Este é o paradoxo.
Estas dez pāramīs são:
Generosidade (Dāna)
Moralidade (Sīla)
Renúncia (Nekkhamma)
Sabedoria (Paññā)
Esforço (Viriya)
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O paradoxo das Pāramīs
Tolerância (Khanti)
Verdade (Sacca)
Forte Determinação (Adhiṭṭhāna)
Amor Compassivo (Mettā)
Equanimidade (Upekkhā)
Se repassar esta lista, verá que alguém com
estas qualidades tem boa moral, uma mente equilibrada
e a capacidade de trabalhar, apesar das dificuldades que
devem ser superadas, quando meditamos no dia a dia.
São as perfeições que um ser totalmente liberto (arahant)
atinge para alcançar o objetivo final. Você também deve,
eventualmente, possuir todas essas pāramīs, e, em
quantidades suficientes também, antes de poder se tornar
totalmente liberto.
Na verdade, você já possui pāramīs muito
abundantes. Se não as tivesse, você não teria tido a
curiosidade de dar sequer um passo na trilha. Quando
ouviu as palavras “Vipassana”, “Goenka”, “insight”,
você não teria tido o menor interesse ou inclinação para
prosseguir. Você não iria querer saber mais. Reflita sobre
as pāramīs e encontrará a direção necessária para seguir
em frente.
Você precisa estar ciente do paradoxo das
pāramīs, de modo a poder tomar a iniciativa, quando
surgir uma oportunidade para desenvolver uma dessas
pāramīs. Isso precisa ser feito tanto na vida cotidiana,
quanto nos cursos. Estando consciente, você fortalecerá
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Mettā e você
C
omo pode uma coisa que você não vê, mas
apenas sente, ajudá-lo e beneficiar todos os seres?
O poder de mettā só será do seu conhecimento
quando você o usar e experimentá-lo.
Todos os dias, no final de suas sessões de
meditação, é aconselhável praticar mettā por alguns
minutos. Isto significa encher as sensações corporais que
está sentindo com pensamentos de amor compassivo para
com todos os seres, também para com os seres que lhe são
próximos e queridos. Pode ser o seu companheiro, seus
filhos, seus amigos ou outros membros da família. Eles
são um bom ponto de partida, porque você já tem bons
sentimentos em relação a eles. Às vezes, na agitação do
dia, esquecemos a nossa consciência e podemos dizer ou
fazer algo que poderia perturbar os nossos entes queridos
ou nossos conhecidos. Pode ser que esta situação tenha
acontecido no passado distante ou hoje mesmo, mas
praticar mettā com essas pessoas em mente pode produzir
resultados surpreendentes.
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Mettā e você
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O que podemos aprender nos livros
H
á muitos livros interessantes escritos sobre os
ensinamentos do Buda. A quantidade é vasta.
Alguns deles são bons e outros são ruins,
como a maioria das coisas. Pariyatti (www.pariyatti.
org) foi iniciada por um meditador e tem um grande
estoque de livros relacionados a esta tradição. Também
são os distribuidores norte-americanos para a Buddhist
Publication Society (BPS), do Sri Lanka, a Pali Text
Society (PTS) da Inglaterra, e estocam muitos livros do
Vipassana Research Institute (VRI) da Índia.
Tenho obtido muito prazer de livros sobre
o Dhamma e isso me ajudou a entender alguns dos
conceitos discutidos nas palestras. Durante um bom
número de anos, lia todas as noites antes de dormir.
Definir um horário regular daquela maneira ajudou muito
a desenvolver um programa de leitura em uma vida
atarefada. Eu incluí uma lista de leitura no Apêndice II.
Pariyatti (estudar o Dhamma nos livros) pode
ser uma grande fonte de inspiração para os meditadores.
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O que podemos aprender nos livros
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Resumindo
C
omo um chefe de escoteiros que orienta seus
escoteiros a terem sucesso ao utilizar as técnicas
do Manual do Escoteiro, espero que um pouco
disso o ajude a se tornar melhor em desatar os nós do
ódio, da cobiça e do delírio que compõem grande parte
do nosso ser. É pela prática constante e correta que este
sucesso virá. Não pode ser assimilado por estar perto de
uma pessoa que tenha atingido os níveis mais elevados de
desenvolvimento. Não pode ser alcançado ao ler livros,
ouvindo discursos ou cânticos. Não pode ser transmitido
de pai para filho. O sucesso só pode acontecer pela
prática. O resultado será proporcional à quantidade de
esforço equilibrado despendido.
O Manual do Escoteiro realmente ajuda jovens
escoteiros a se divertirem imensamente quando estão
na natureza. Aprendem a fazer as coisas corretamente e
facilmente, de modo a não se machucar ou se prejudicar.
Espero que este manual torne a sua vida tranquila e
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Resumindo
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Resumindo
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Apêndice I - Desenvolvendo uma área de
meditação em casa
Para obter o maior benefício de suas sessões diárias
de meditação, é melhor se tiver um lugar para meditar
que não seja usado para qualquer outra coisa. Deve
ser tal que não esteja transitando por lá o tempo todo
ou o perturbando frequentemente. Gostaria de dar-lhe
exemplos do que outras pessoas têm feito em suas casas
para criar uma área de meditação separada.
Uma das coisas mais fáceis de se fazer é comprar
um biombo, como os que se vendem em algumas lojas de
móveis. Coloque-o no canto de uma sala ou no fundo da
sala. Isto proporciona um espaço especial que só usará
para a meditação.
Um amigo em Seattle tinha uma sala de estar
muito grande e construiu uma partição de tela de papel
(tela de shoji), que tomou uma extremidade da sala.
Tinha até uma porta. Parecia bem japonês e quatro ou
cinco pessoas podiam lá se sentar confortavelmente.
Um casal que conheço de San Diego tinha
escritórios adjacentes em dois quartos separados em
sua casa. Mandaram construir uma porta entre os dois
quartos, que deixavam aberta e cada um se sentava de um
lado de sua pequena sala de meditação instantânea.
Um amigo na Inglaterra pôs a sala de meditação
em seu sótão inacabado. Não havia uma escada
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Apêndice I - Desenvolvendo uma área de meditação em casa
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Apêndice II - Livros de Dhamma
recomendados
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Apêndice II - Livros de Dhamma recomendados
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Centros de meditação Vipassana
Cursos de meditação Vipassana na tradição de Sayagyi U
Ba Khin como ensinado por S. N. Goenka são realizados
regularmente em muitos países ao redor do mundo.
Informações, calendários de cursos em todo o mundo
e formulários de inscrição estão disponíveis no site de
Vipassana:
www.dhamma.org
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SOBRE A PARIYATTI
Pariyatti é dedicada a proporcionar acesso a preços
acessíveis a ensinamentos autênticos do Buda sobre a te-
oria do Dhamma (pariyatti) e a prática (paṭipatti) da med-
itação Vipassana. Uma organização caritativa beneficente
sem fins lucrativos, conforme o artigo 501 (c) (3) desde
2002, Pariyatti é sustentada por contribuições de pessoas
que apreciam e querem compartilhar o valor incalculável
dos ensinamentos de Dhamma. Convidamos você a vis-
itar www.pariyatti.org para conhecer nossos programas,
serviços e formas de apoiar a publicação e outros projetos.
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