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J.t
Teoria e prática da
Teoria e Prática da MEDIAÇÃO
A Mediação é a mais bem sucedida técnica de
solução de conflitos, pois corn ela as pessoas mantêm
todo o controle do . processo, não dependendo de laudos
ou sentenças que nem sempre satisfazem os interesses de
ambas as partes.
mediador é um profissional com uma atuação
muito especial, pois sem decidir, deve ajudar as partes a
inter-relacionarem-se e acharem o melhor caminho para
resolverem seus conflitos satisfatoriantente.
Este livro traz o susténto teórico das técnicas de
mediação, assim como sua aplicação prática, e funda-
mentalmente ensina do mediador como descobrir os
verdadeiros interesses dos clientes envolvidos no litígio.
• •
H
MISTMITO
DE
MEDIAÇÂO
INSTITUTO DE MEDIAÇÃO
ri
Instituto de Mediação forma parte da Com a colaboração de: Angelo Volpi Neto
Interamerican Mediation Association. . José Ribamar G. Ferreira
Af" Augusta de O. Volpi
Prólogo de: Zulenta Wilde INSTO
DE
MEDIAÇÃO
•00000 1 ®6 00 • 000 0 ••
Índice
Capítulo 2: Do Cliente 29
A posição, encobrindo os interesses 31
Luta entre pessoas ou discussões sobre problemas 35
Qual é o cliente da Mediação 38
As emoções dos clientes 39
Capítulo 3: 0 Mediador 43
0 que é ser Mediador 43
As técnicas do Mediador 45
Que profissional é o Mediador? 49
Capítulo 5: A Mediação 65
O inicio. Alguém quer tentar solucionar
seu problema corn a Mediação 66
A, Etapa Primeira. A -apresentação do Mediador
a das regras de Mediação 68
Etapa Segunda. Os clientes expõem o problema 72 4?
1--) - Etapa Terceira. 0 resumo e o primeiro ordenamento dos
(
problemas 74 e
Etapa Quarta. A descoberta dos interesses ainda ocultos 75 e
Etapa Quinta. Gerar idéias para resolver os problemas.
Os acordos parciais 78 e
Etapa Sexta. Acordo Final 80 e
A Mediação e o •Notariado - Angelo Volpi Neto 83 •
•
Teoria e Prática da MEDIAÇÃO 5
•
e
PRÓLOGO
ZULEMA WILDE
sus autores.
al cambio del estilo de vida de esta comunidad en esta materia. Não gostaria que este livro empreendesse sua primeira
de
viagem pelo mundo, sem conter no seu início uma expressão
bloqueio ou preconceito.
Invariavelmente, quando falamos de mediação temos que
desfazer confusões com a arbitragem, pois poucos entendem como
pode um conflito ser resolvido por uma terceira pessoa, sem que essa
• dê sua sentença. Junto ao notariado, sinto que muitos estão acostu-
mados a paziguar conflitos em seus ofícios e por isso acham que não
•
há novidade alguma. Na verdade há uma distância bem grande entre
•
"conciliação" e um conjunto de técnicas de mediação, desenvolvidas
•
cientificamente durante anos, notadamente na Universidade de
•
Harvard.
•
Há ainda os céticos que acham que a mediação é "ficção
•
científica, ou coisa do outro mundo e que não funciona no Brasil.
•
Pois bem, este livro têm a intenção de esclarecer e ensinar
411
a mediação, Aqueles que se dispuserem a lê-lo e interessar aos que
tenham a mente aberta para seu valor.
Foi o que aconteceu comigo quando .a conheci, vislumbrei
um horizonte inexplorado, uma atividade nobre e gratificante, um
•
• Teoria e Prática da MEDIAÇÃO 11
10. Teoria e Prática da MEDIAÇÃO
sentenciou textualmente: "que a inadequação dos mecanismos de
poderoso instrumento de paz social. Uma resposta à crescente
solução de controvérsias nos Estados Unidos era contrária ao bem
. agressividade em nossa sociedade, aos métodos tradicionais e
estar geral de seu povo". E comprovando o êxito da experiência, a
carcomidos de solução de conflitos; uma saída honrosa para os
notários; uma luz para os advogados, e a única solução para a justiça. estendeu a todo o país.
Quanto à justiça, por mais que a agilizemos, por mais Em conseqüência, seu estudo desenvolveu-se em várias
esforço que possamos fazer, aumentando o número de magistrados, universidades, com novas técnicas, sendo hoje parte do curso de
informatizando-a, jamais daremos resposta aos anseios cia popula- Direito das mais renomadas, tais como Harvard, Oxford e Yale. Hoje,
ção, enquanto tivermos que resolver todos nossos conflitos de forma nos EUA a mediação é vista como uma filosofia de vida. Nas escolas
judicial. Para os advogados que, perante a opinião pública levam primárias, os alunos são treinados para que resolvam seus conflitos
entre sí mesmos. Acredita-se que dessa forma a sociedade tornar-se-
parte da culpa da morosidade da justiça, quando eles mesmos são os
mais prejudicados, na mediação encontra-se a possibilidade imedia- á menos violenta e mais interativa.
00•0 0 0 00 ',‘
0 ideal social de homem racional, equilibrado, dono de sí
de Deutsch
_ 4 que diz podero conflito se manifestar de duas maneiras:
o conflito manifesto, que é aberto, ou explícito, e de seus atos, que deu origem As leis e regulamentações sociais,
e o conflito oculto, que
inclusive em suas exceções 6 ; se vê frágil e até obsoleto diante da
implícito, oculto ou negado. Esse autor introduz o
conceito de
constatação da existência de um psiquismo inconsciente, com
conflito oculto que necessariamente deverá ser estudado,
conside-
rando-se as limitações pessoais em conhecer ou perceber desejos e pensamentos que atuam sobre nossa consciência e
o conflito
real. influenciam nossas percepções, pensamentos e atos. 0 psiquismo
inconsciente se manifesta quando uma pessoa expressa seu desejo
Resumindo essas definições, podemos convir que o
confli-
de obter determinada coisa e, na realidade, faz tudo ao contrário.
to consiste em querer assumir posições que
entram em oposição aos
Essa posição contraditória entre um querer consciente e uma condu-
desejos de outro, que envolve uma luta pelo poder e que sua
ta contrária, demonstra que, longe de sermos donos de nossos atos,
expressão pode ser explícita ou oculta atrás
de uma posição ou
discurso encobridor.
Essas apreciações se referem, sobretudo, ao estudo de
estamos fragmentados e determinados pelo nosso inconsciente em
suas contradições com nossos desejos e pensamentos conscientes.
•
Tanto na teoria psicológica economicista, que enfatiza a
conflitos entre países, regiões ou empresas, deixando de lado
o
origem do conflito no acúmulo de energia e sua necessidade de
homem singular. 0 nosso cliente.
expressão, em contradição aos nossos interesses sociais e afetivos;
0 C OO G
como na divisão do aparelho psíquico em instâncias opostas (id, ego
Os conflitos intra-psíquicos. e super-ego) aos interesses e desejos encontrados, o conceito de
Como 0 trabalho do mediador é com pessoas, estejam elas conflito intrapsíquico foi sempre o de luta por manter um equilíbrio
diretamente envolvidas no conflito ou atuando em representação de que assegurasse a ilusão de integridade e de não contradição que,
• .deve ser para ser querido), é a chave do conceito de tensão e conflito percepção quanto a ação
do ser humano, deixando-o preso e
• e a interpretação delas feita pelo adulto. Toda mãe e todo pai tem
uma imagem do que será seu filho, baseado nos seus próprios ideais nós,
com coisas negativas, precisamente, pela ameaça de fazer-nos
precário
perdera equilíbrio entre todas as forças encontradas em um
• e desejos inconscientes que determinarão o modelo onde se formará
acordo,que nos dá a ilusão de felicidade.
• o flexível e fraco aparelho psíquico infantil. Uma criança sabe que
Se somamos essas contradições internas às outras
gera-
• seja, terá o carinho deles) se aceitar ser e formar-se nesse molde que
seus pais fabricaram para ela, ao menos até à adolescência. Assim,
de nossa vontade, teremos nos aproximado do verdadeiro conceito
onde duas individualidades, confundidas
junto com sua bagagem constitucional, a criança deverá incorporar de conflito interpessoal,
se enfrentam por posições
todas as mensagens inconscientes de seus pais, todas as ordens e pelas próprias limitações intrapsíquicas,
o outro,
recomendações conscientes pronunciadas por eles e toda a informa- incompatíveis, determinadas pelo desejo de poder mais que
que
cão que a sociedade introduz nela (educação) como conhecimentos estruturadas numa posição defensiva, cheia de preconceitos,
de uma estrutura do que é esperado dela, no presente e no futuro. confunde mais do que esclarece os próprios interesses.
a seus
Na medida em que o mediador possa transMitir
Chamamos a esses três níveis de imposições de "ilusó-
importância de
rios", pois dão normas que criam a ilusão, de serem cumpridas, de clientes os aspectos positivos do conflito,' rumo à
remarcando o benéfico, e
assegurara equilíbrio e a ausência de angústia. Esses ilusórios são: aproveitara crescimento e a nova ordem,
contar com a colaboração deles e,
Ilusório pessoal, o ilusório familiar e o ilusório social. Ao mesmo acalmando a angústia, poderá
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22 Teoria e Prática da MEDIAÇÃO . Teoria e Prática da MEDIAÇÃO
assim, ajudá-los a resolver satisfatoriamente seus problernas. Todos os especialistas em comunicação explicam a impor-
tância de pensar a quem se dirige a mensagem, para poder elaborá-
Conflitos reais e falsos. la segundo a linguagem que sera a mais clara para o receptor. 0
exemplo mais vulgar seria o de não falar em português com alguém
Podemos definir, que existe um conflito real se existe uma
que só fale inglês. Daí, para qualquer outro exemplo, a chave é tomar
real oposição entre os desejos e direitos de uma pessoa é ásOésejos
em consideração o uso de termos e modos de expressão que serão
e_ direitos de outra pessoa ou grupo. Deixamos o nome de fats° para
compreendidos pelo receptor. Por isso, é muito importante analisar
aqueles conflitos originados por falhe da comunicaçãoque_parce
os ilusórios de cede cliente, para saber como nossa mensagem
produzir, ate que as coisassejam aclaradas, uma aparente oPosição.
atingirá melhor nosso objetivo.
É fundamental para um mediador ter absolutamente clara
Uma segunda regra exige que confirmemos sempre a boa
essa diferença, pois, normalmente, a escalada de .violência, a
recepção da mensagem. Como veremos nos capítulos posteriores,
confusão dos reais interesses de cada parte, e a confusão entre os
o mediador deve sempre fazer um resumo do que escutou, para
verdadeiros problemas e as pessoas entre as quais esses problemas
assegurar-se de ter compreendido corretamente e para que os
existem, contêm sempre distorções originadas na falta .de comu-
clientes também focalizem sua atenção no essencial do problema.
nicação ou por falhas na escassa comunicação existente .entre as
A regra básica da combnicação, fundamental em negocia-
partes. Por isso é importante que o mediadordomine os conceitos da
cão e mediação, é a de escutar com atenção. As pessoas estão
teoria da comunicação e saiba da importância da clareza na emissão
acostumadas a dar por entendida qualquer mensagem, ainda antes
da mensagem e as dificuldades que o ser humano tem de escutar
de ter sido emitida totalmente: "eu já sei o que você quer, ou vai
mensagens tal como foram emitidas.
dizer, e basear-se rios próprios temores para supõr quais são os
desejos e quais serão os discursos da outra parte. Em geral tentam
A comunicação. interromper, adiantar-se e assim não escutam o que a outra pessoa
desejava transmitir. É fundamental que o mediador introduza a regra
Toda_cornunicação consta _ de_ trés partes: o emissor, o
•
DO CLIENTE
34
Teoria e Prática da MEDIAÇÃO Teoria e Prática da MEDIAÇÃO 35
utra, culpando-se mutuamente: "por não querer compreender, por os problemas pessoais", é a outra regra a ser respeitada e que o •
ue o outro é um cabeça dura, por que o outro diz ou fez tal ou qual mediador deve impor desde o início, nas sessões de mediação. •
oisa". Raramente escutaremos uma síntese do problema que as Devo aquí apontar que somente quando as partes desejam e
wou a discutir. alcançar soluções, é que o mediador conseguira impor a regra de •
Essa e" a base da escalada da violência. Personalizando-se a centrar-se nos problemas e deixar de lado as pessoas. e
iscussão cada vez mais, o problema passa a ser "o outro", e não o Muitas vezes as pessoas simplesmente inventam proble-
roblema real, incrementando-se os sentimentos negativos que um mas para poderem brigar. Nesse caso a mediação somente lhes
entirá pelo outro. Chegando-se a perceber um ao outro tão ameaçador servirá para fazer com que vejam a inexistência de problema algum,
ue, de urn problema em que duas pessoas ou.partes estão envolvidas, fora de seu desejo de brigar, pois não se lhes permitirá continuar a
assa-se a uma luta entre adversários, a inimigos de morte. luta. Os tribunais, nesse caso, oferecem um ambiente mais propício
Da impossibilidade de separar as pessoas dos problemas e lhes proporcionarão maiores satisfações.
ue as confrontam, surge a organização judicial atual, onde é tão É fundamental que o mediador tenha be m . claro, para
npossível falar entre os oponentes do problema sem brigar, que transmitir a seus clientes, que a mediação poderá ajudá-los somente
,
recisam de um juiz para mantê-los separados que imporá uma se eles desejam preservar o relacionamento, aprimorá-lo ou ao
entença à qual devem submeter-se, pela incapacidade de negocia- menos não prejudicá-lo. Se não existe esse interesse, a mediação
em entre eles a melhor solução. perde a maior de suas forças e os convénios correm risco de ficar
Ao mesmo tempo esta cultura de confundir os problemas detidos, pela falta do desejo de reconstruir ou preservar o relaciona-
.om as pessoas tem criado a meta de ganhar, como numa guerra, na mento anterior à briga, ou recriar um novo relacionamento, já que o
i ase da destruição do inimigo. 0 conceito de que se "ele ganha eu antigo fracassou.
0 mediador pode aceitar, e até é bom que fomente, o
o
lerco", e vice-versa, impediu a possibilidade da negociação direta,
lois o interesse de um, de ficar com tudo, deixa sempre o outro na desabafo emocional, mas nunca pode permitir a agressão, e deve
e
marcar que o objetivo é achar soluções satisfatórias para ambas as
•
itu ação de perda total.
partes.
e
A possibilidade de encaminhar novamente a atenção sobre
verdadeiro objeto, sobre a verdadeira causa da disputa, e centrar Repito, pois é fundamental para o processo da mediação:
i isso as discussões, leva as partes a um uso comum das palavras o mediador deve saber diferenciar quando seus clientes estão
)ara referir-se aos verdadeiros direitos e interesses sobre o objeto do confundindo o problema com uma briga pessoal, porcausa da cultura
pal se trata, e a reduzir a agressão entre elas. adversarial em vigência; de quando o objetivo de seus clientes
"Centralizaras discussões sobre os objetos e deixarde lado simplesmente brigar entre eles, sem outra razão que a de vencer. No
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protetor da fragilidade que está sentindo. do pai, que havia morrido, tendo então ficado como representante
000 6 9. G00
0 cliente deve acreditar no mediador e senti-lo protetor. dos outros herdeiros, uma irmã mais nova e sua mãe.
Ambas as partes devem sentir-se cuidadas pelo mediador. Este deve Os outros dois sócios, um homem e uma mulher, de
demonstrar-lhes sua imparcialidade que implica em marcar os aproximadamente a mesma idade do falecido, diziam quereraumen-
momentos de injustiça, assim alertá-los quando uma proposta foge tar o capital para comprar maquinários para eles imprescindíveis. Na
dos critérios de realidade. Deve fazê-los sentir-se à vontade, realidade, o que queriam era eliminar ou ao menos neutralizar esse
compreendidos e cuidados por ele. Isso faz com que o medo e a "jovem que, sem saber nada do assunto, atrapalhava o funciona-
angústia diminuam e, logicamente desapareçam as condutas asso- mento da sociedade". Logo após iniciada a mediação, ficou claro que
ciadas a esses sentimentos. o jovem tinha um excelente preparo para cumprir sua função, e suas
Muitos autores que trabalharam as características e dificulda- idéias pareciam sensatas. A cada oposição de seus sócios, ele
des dos homens para negociar, apontam o medo como o principal rebatia com respeito e com muitos conhecimentos e dados, demons-
inimigo. 0 medo bloqueia o raciocínio, a afetividade e com isso a trando até o desnecessário da compra de tais máquinas.
criatividade, valores fundamentais que entram em jogo na mediação. Após muitas idas e vindas sobre o tema, um dos sócios mais
Um homem ou mulher que chora ou grita ou treme está velhos, a mulher, deixou de falare começou a batersuavemente com
. 0 0 0• 1406 0€ 041 0
pedindo ser socorrido. São sinais que o mediador não deve deixar um dedo na tampa da mesa, com um ritmo monótono que parecia o
passar, sem reconhecimento e compreensão, com frases como: de um relógio, mas ela aparentava estar totalmente calma. 0 media-
"Compreendo o que está passando e o quão difícil 6 para o senhor/ dor dirigiu sua atenção a ela e lhe disse que achava ela muito ansiosa
a senhora, esta situação. Eu estou .aqui para ajudá-los e facilitar as e se podia expressar o que estava acontecendo. Com raiva disse que
coisas ao máximo. Vocês já deram o primeiro passo ao virem até o jovem, queria era matá-los, ao ir contra todos os procedimentos que
aqui, que demonstra suá fortaleza e o desejo de solucionar pacifica- tão bem funcionaram até então. A luta de gerações, aqui, era de "vida
mente este conflito". ou morte" e o jovem era a clara expressão do envelhecimento e da
Outras vezes a simples pergunta ou sinalização do que morte próxima deles. 0 jovem ficou sem jeito pela afirmação de sua
percebemos, são suficintes para ajudar o cliente a se acalmar e sócia e replicou que "eles 6 que queriam matá-lo aumentar o capital
instaurado no relacionamento das partes, num planejamento de uma sociedade. Sente seus direitos em perigo, seu sócio como seu
adversário e teme que o resultado não seja benéfico para ele.
aproximação ao problema. Equilíbrio que só os clientes conhecem e Já
discutiu o bastante com seu sócio e chegou à conclusão que a
que com total liberdade instauram se assim o desejam.
confundem ainda mais. de que elas não serão usadas contra si mesmo. 40
discurso do cliente estará tão cheio de todos esses . -
_ pre- e compreen-
0 0 cliente só confia quando se sente ouvido
devemos desarticulqr para . dos c)
e temores que o dido. 0 compreendemos, quando reconhecemos os fracassos
.colLceitos, ideais, ilusões
desativar os bloqueios que impedem a emergência dos reais mecanismos defensivos que ele usa para se proteger e podemos ir
interesses.
Teoria e Prática da MEDIAÇÃO
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MEDIAÇÃO
Teoria e Prática da
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desarmando-os para obter o surgimento de um discurso mais ligado terceiro a responsabilidade de decidirsobre seus próprios problemas,
pela Psicologia sei-ia criar mais uma armadilha para o mediador, 0 mundo tem passado por grandes mudanças e ainda
escutar o cliente para reconhecê-los no seu discurso? Estaríamos Essas mudanças também se produzem no plano indivi-
novamente errando o caminho. dual, e a aparição da mediação como uma nova forma de solucionar
t:Jrridio_p -CM marcará o ponto onde é nossos conflitos interperssoais 6,* sem dúvida, um claro indício.
necessária a nossa intervenção: sinais que o cliente vai dando; Nós, mediadores, temos a responsabilidade de conduzir
contradições entre o discurso e os gestos; interrup_ções no discurso; essa mudança e devemos fazê-lo com cuidado e dedicação. Não
inflexões nossa atuação o podemos errar em nosso trabalho como mediadores, com o risco de
_ de voz; negação que afirma, etc. Com
liberaremos dessas pressões e ele p6derá começar a falar, mais abortar uma das mais brilhantes técnicas que muito pode ajudar
Essa é a razão do uso das entrevistas a sós com cada uma Se o cliente que consulta é um homem ou uma mulher
das partes (caucus)), com o compromisso de absoluto sigilo, pois, fragmentado e inseguro de si, o mediadortambém o 6, e por isso deve
uma vez colbcado o problema, o que queremos é investigar a fundo ser consciente dessa condição e cuidar pare que, no exercício de sua
com cada uma delas o verdadeiro interesse. A sós com o mediador, atividade evite, tanto quanto possível, os efeitos prejudiciais de um
Porque o mediador deve ter bem claro que a mulher ou o Estamos determinados, clientes e mediadores, porprecon-
homem que o consulta está envolvido numa série de compromissos ceitos pessoais, familiares e sociais que nos levam a simpatizar com
consigo e com o seu ideal, pelos quais o.conflito.que o traz tem para uma pessoa mais que com outra, acreditar mais em Lima pessoa que
ele um significado muito mais amplo. Significa sua autoestima, o em outra. 0 mediador deve estar alerta não só aos mecanismos:
. . _
defensivcs dos clientes, senão aos própriós. Enquanto escuta deve
carinho
. e respeito de sua família e de seus colegas de seus _ . _ _
_
também questionar-se sobre o cfue está sentincio_e pepsando,_pa,ra
superiores. e o_reçonhe5imento de que esta agindo A altura das
_ dominar esses pensamept6s. clientes . a_carninh65
circunstancias.
.. Tudo isto deixa-o confuso e incapacitado para com-
e soluções que são os do mediador e não os dos clientes.
preender o que realmente deseja e que resultado será o melhor.
Todas estas dificuldades para decidir contribuíram para
que a sociedade, durante tanto tempo, precisasse depositar num
8
I• • • ••• • •• •• •• ••• • ••• •••••• ••• • ••• •
dade de se apresentar para ser analisada e deixar o paciente livre caso o mediador não os "favoreça" .
dessa repetição compulsiva. Mas ao perder-se, com sua aparição, a Todas estas atitudes, muito alheias da situação de media-
dimensão de trabalho terapêutico, transforma-se em negativa ao ção e do papel de neutralidade do profissional mediador, são
opor resistência a esse trabalho. expressões de uma transferência, em que se procura fazer com que
Em clientes enfraquecidos psiquicamente, por estarem ele atue como uma figura forte, paternal ou maternalmente, prote-
atravessando um conflito, podem apresentar-se situações transferen- gendo, amparando, e ate reivindicativamente, fazendo "justiça"
ciais sobre o mediador. Estas situações se delatam quando o cliente maneira do héroi salvador.
expressa, com atitudes ou comentários, uma imagem do mediador, Outra maneira de possível transferencia se manifesta
alheia ao seu comportamento e personalidade reais. através de atitudes de desconfiança e de ceticismo. O mediadordeve
É fundamental Clue o mediador, na primeira etapa, -se ter especial cuidado com essas expressões e neutralizá-las, porque
•
apresente, assegurando aos clientes confiabilidade e neutralidade, elas podem conter reais dúvidas com respeito ao profissional, assim
assim como o suficiente profissionalismo para que os clientes como desejos inconscientes do cliente de procurar "apanhar/ser
possam trabalhar certos de sua eficácia. Quando o cliente expressa castigado" e chegar a acordos onde seja danificado, para continuar
ao mediador sua satisfação exageradamente, porsentir-se protegido mantendo compulsivamente a sua idéia de que todos querem
ou cuidado por ele, com respeito ao outro em litígio, pode estar prejudicá-lo, imaginando-se sempre vitimado.
significando uma transferência que o mediador deve saber neutrali- Todas essas atitudes devem ser neutralizadas através da
zar através de frases de apoio a que se sinta compreendido e frases necessária repetição das regras da mediação: que são os clientes
de limite, ao reiterar-lhes que as diias partes serão assistidas por ele, que devem descobrir, defender e harmonizarseus interesses corn os
por igual. da outra parte.
Os clientes intentarão, acostumados ao modelo de litígio, mediadordeve ser um terceiro neutral que, fundamental-
_ .
onde cada um deve convencera um terceiro que decide (juiz), de sua mente estejá tercerizando 12, introduzindo continuamente, o modo de
verdade, "comprar/conquistar" ao mediador par a . que o favoreça. ,::- interrelação que deve existir, entre seus cliente, de respeito, _de
Esta atitude tanto pode ser através do intento de sedução como de ::-.- expressão e de escuta, e de harmonização dos interesses de ambos,
comovê-lo, mostrando-se vítima, coitada, que precisa de socorro. por isso que aigumas vezes .o mediador intervém, reforçando a
Outras vezes tomam atitudes mais agressivas através de ameaças -
de abandonar a mediação, tentando ferir o orgulho profissional do 12 Quando falamos de tercerizar, é assumindo que o modo de inter-relaciona-
mento de duas pessoas é tercerizado pela relação em si. 0 matrimônio é a tercerizaclo
mediador, ou com a direta ameaça de desprestigiá-lo, corn uma
de um casal. Os modos em que dois comerciantes tern levado seu relacionamento
alusão aos comentários negativos que de seu trabalho seriam feitos, comercial os terceriza. 0 mediador com seu agir introduzentieziEftenentes uma nova
tercenzarao, a de respeito e mútua compreensão.
perguntas, direcionadas a obter o incremento de uma oposição No mediador sempre surgem sentimentos e pensamentos
di
no transcurso da mediação, referentes aos seus clientes. Elesdevem
0 00
enfraquecida ou a abertura de uma posição estruturada e autoritária
demais. ser bem conhecidos pelo mediadorpara diferenciar os originados por
0 maior cuidado que o mediador deve ter na sua interven- seus preconceitos e associações psíquicas pessoais, que limitarão
ção é analisar se a mesma está guiada, por exemplo, por uma real seu trabalho, daqueles que contribuirão com luz na compreensão de
seus clientes e que, explicitados, podem ajudá-lo, e muito, no
Eis aqui, que o mediador deve cuidar especialmente da sua cão estrutural que o mesmo trabalho de mediação impõe. Não estou
contratransfèrencia. Assim chamada, em psicanálise, os pensa- falando do bom "raport" necessário entre clientes e profissional, mas
mentos e sentimentos ocorridos no terapeuta, durante o trabalho do intento de confundir o mediador com outra figura.
terapêutico. A contratransferéncia tem seus aspectos negativos e Não sucede o mesmo com a contratransferência, que pode
positivos e sempre deve ser conhecida e neutralizada pelo terapeuta. ser enormemente negativa quando se origina das limitações psíqui-
Seu aspeto negativo é que o mesmo profissional confunde cas do mediador ou de grande ajuda, quando vem em nosso socorro
seu papel terapêutico, num intento inconsciente, de reiterarsituações contribuindo com novas informações sobre nossos clientes.
não resolvidas da sua história pessoal, passando a envolver-se numa O profissional mediador tem que ter o necessário auto-
trama ou representação cênica, onde os papeis de paciente e conhecimento para diferenciar, rapidamente, se o que Hie ocorre,
terapeuta se diluem numa "re-apresentação" de outro relacionamen- com relação a seus clientes, está limitando-o na compreensão do
to entre outros personagens. problema ou está lhe trazendo conhecimentos importantes sobre
ou por caraterísticas próprias, uma confusão dessas assegura o Igualmente, toda informação que apareça, contratransferen-
Ao mesmo tempo a análise dos pensamentos, sentimentos como investigação e questionamento, nunca como afirmação, pois,
e associações em geral, que aparecem no terapeuta durante o o importante é que os próprios clientes cheguem A descoberta dessa
trabalho com um paciente pode ser de grande utilidade, ao permitir- informação e A sua confirmação, e não que a recebam como um
lhe compreender processos psíquicos do paciente, não expressados dogma emanado do mediador.
• Um casal se apresenta à mediação para resolver seu como seu marido era fraco e indeciso, ela teve que assumir esse
• divórcio. Ele se apresenta bem vestido, como um executivo,
que era, papel, com o cuidado para que ninguém o percebesse, para, segundo
• com pele bronzeada e atitudes sérias e fi rmes. Ela, usando roupas ela, cuidar da imagem masculina de seu marido.
• muito simples, embora de muito boa qualidade, expressando-se com Eu os fiz compreenderem que essa simulação não era mais
• termos cultos e falando pausadamente, apresentava-se como quem
• insistia na separação e aceitava qualquer condição que ele impuses-
necessária e que, desde aquele momento em diante deviam ser os
dois como realmente eram, já que suas vidas começariam a ser
se. individuais e a cada um deles corresponderia dirigi-la de forma
Comecei a sentir, cada vez que ela falava, muita pena por pessoal.
ela e, ao mesmo tempo, nenhum desejo dê ajudá-la, junto de uma A mediação era o melhor espaço para começar a se
insistente desconfiança na veracidade da sua posição. Ao refletir mostrarem e assumirem a reflexão e decisão da separação em
sobre isso e estar certo de que não se originava de nenhum conjunto, mas como duas individualidades.
preconceito ou especial inclinação psíquica minha, concluí que era Desde aquele momento ela começaria cada tema dizendo
importante investigar se esses pensamentos e sensações que eu como deveria ser resolvido e ele, sem pressões, começou a divergir
tinha correspondiam a uma modalidade especial de relacionar-se da com muito critério. Ao início ela surpreendeu-se da capacidade dele de
mulher. Num momento em que ela repetiu sua frase preferida: "que pensar e de dissentir, e de confessar que não o tinha antes feito para
ele decida", aproveitei para perguntar-lhe, se ela habitualmente não gerardiscussões que podiam Fê-l os levado à ruptura, mas, agora,
despertava sentimentos de compaixão entre seus amigos. Imedia- que a decisão de separação tinha sido tomada e que o jogo tinha sido
tamente ela deixou de falar, ficando numa atitude reflexiva, enquanto descoberto, ele sentía-se livre para dizer o que pensava e desejava.
ele, deixando a sua postura rígida, relaxou-se e começou a falar de Como se vê neste exemplo, é fundamental que o mediador
como todos os amigos deles estavam sempre tomando partido por se questione sobre os pensamentos e as emoções relativas a seus
ela, tentando protegê-la, enquanto ele era acusado de ser quem clientes, que lhe aparecem, para conduzir com sucésso a mediação.
dominava a situação toda e abusava disso. Com voz emocionada, Esse uso da contratransferência deve ser exercitado conti-
ele confessou que, na realidade, quando estavam a sós, ela pro- nuamente, pois será a experiência que assegurará ao mediador a
gramava como deviam ser todas as coisas e que ele só se apre- eficácia de seu uso.
sentava como o porta-voz dessas decisões, que ela não assumia, Faz-se necessário reiterar o alerta sobre os aspetos nega-
mas dizia aceitar. Ela reagiu, levantando a cabeça, e com olhos tivos da contratransferência, quando se origiha em limitações psíqui-
brilhantes, sorriu e explicou que considerava ser o homem quem cas do mediador.
0
possa protegê-los de interferir negativamente na mediação.
A MEDIAÇÃO
1
Considero que a pouca experiência inicial deve guiar um
DO
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criativo e plando as necessidades e os tempos necessários dos clientes para
aprofundar-se na condução de seus clientes na busca de
soluções mais realistas e portanto, mais duradouras. interrelacionar-se e poder, finalmente, chegar ou não a um acordo._
0 conhecimento de todos os pensamentos Podemos saber como começar (semelhante A partida de
e emoções é
fundamentaI.Se o mediador não possui a xadrez), mas nunca como continuará, nem muito menos como
técnica para utilizá-los, deve
então neutralizá-los para que não culminará. Cada cliente é um mundo especial e, segundo isso, o
incidam em demasia no seu trabalho.
Todos estamos envolvidos em tramas de preconceitos e mediador tomará tal ou qual caminho dentro das regras de não-
.,
prejulgamentos conscientes e inconscientes. Os impósição e imparcialidade.
que operam, limi-
tando-nos enormemente, são os esquemas Como a mediação deve ficar liberada de rituais e de
inconscientes que fomos
incorporando ao longo de nossa vida e que, sem conhecê-los, demarcações excessivas, somente indicar-se-ão estruturas (unida-
guiam
nossas ações, pensamentos e sentimentos. des de tempo e objetivo) ou passos possíveis. Com plena conciência
É habitual entre os advogados dizer-se de que em muitas mediações se pularão etapas e em outras nos
que tal ou qual juiz,
a cargo de uma causa, tem inclinações favoráveis deteremos, e ate, em muitos casos, voltaremos a etapas já ultrapas-
ou contrárias ao
caso que conduzem. Também escutamos isso de todos os sadas.
profis-
sionais que têm predisposição a atuar e Sem serfundamental, é importante o meio ou local onde se
reagir de determinada
maneira, em alguns casos, de forma muito previsível. desenvolverá a_medipção.. Dependendo do tipo de mediação, o
O mediadortem a obrigação de conhecer suas importante é que seja num ambiente confortável. Muitos mediadores
tendências
melhor do que ninguém, porque deve guiar aos Impõem a mesa redonda sem lugares predeterminados, o que até
outros a liberarem-
se de preconceitos e a encontrarem caminhos criativos para permite ao mediador ver se as partes se sentam próximas ou muito
solu-
cionarem seus conflitos. separadas; se deixam um espaço para o mediador entre elas ou n5o.
Compreendidos e aplicados, esses conceitos Outros mediadores1 3 preferem poltronas e cadeiras espalhadas pela
dão
estruturalmente ao mediadoros meios para
cumprirmelhorsua missão. 13 Lulz Fernando Gevaerd, Mediaçào de Conflitos. Cima, Rio de Janeiro,
1994.
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Teoria e Prática da MEDIAÇÃO
Teoria e Prática da MEDIAÇÃO 65
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sala, sem aparentemente muito ordem, para que os clientes esco-
ou de outros' profissionais. Mas sempre assessorados por um advo-
gado.
lham a que seja mais confortável para eles. Este sistema é mais
propício para mediações familiares, mas realmente pode ser aplica- Em países onde a mediação já é obrigatória e forma parte
da seqüência antes de chegar ao juízo, muitos clientes assessorados
do de modo geral.
O importante é que não existam mesas ou poltronas que
pelos seus advogados preferem recorrer a mediadores privados,
antes de correr o risco de, por turno ou sorteio, ter a obrigatoriedade
signifiquem oposição ou diferenciação de poderes, nem locais muito
de aceitar um profissional que pode não lhes agradar.
rígidos que não favoreçam a espontaneidade e a descontração.
Considera-se fundamental que um cliente consulte um
Muitos mediadores, atuando em função social, são solici-
advogado antes de recorrer a qualquer técnica para solucionar seu
tados para mediar em centros comunitários, sedes de clubes e até
conflito, pois ele é quem esta especialmente treinado para informar
em empresas sem nenhum preparo especial." 0 mediador deve
se a mediação éo melhorcaminho para esse problema em particular.
tomar em consideração o ambiente, mas é ele quem deve criar o
Além disso, o advogado vai fornecer um importante critério de
clima propício. Ou seja, em síntese, o mediador pode realizar a
realidade, a lei e a jurisprudência nas quais o juiz se basearia para
mediação em qualquer âmbito onde as partes possam sentar-se
ditar sua decisão.
(estar confortáveis) e falar sem temores".
Os critérios que advogados e clientes devem tornar em
consideração para escolher a mediação são os seguintes:
O início. Alzuém quer tentar solucionar
seu problema com a mediação. eosição e direitos, de ambas as partes, equilibrados.
Hoje em dia, quando no Brasil, a mediação ainda não tem Necessidade de siqi10. e celeridade na solução do con-
uma divulgação tão importante, são os advogados que aconselham flito.
seus clientes recorrerem a um mediador para dar uma solução Desejosie mantel., aprimorar ou, ao menos, não deterio-
satisfatória a seus conflitos. rar9 relacionamento. .
Em outros países do mundo, onde já tem se espalhado esta Compromisso afetivo muito .importante corn o proble:
técnica de solução de conflitos, podem ser os clientes mesmo que ma, a ser resolvido num clima que contenha e canalize
procurem diretamente um mediador por referências de conhecidos essas emoções.
Que não envolva ou trate delito.
"Andrew Floyer Acland. C6mo utilizar la Mediaci6n para resolver Conflictos
en las organizaciones. Paidós, Buenos Aires, 1993. Podemos dizer que a maioria dos conflitos apresentados a
IS Em nosso serviço de mediação na Defensoria Pública do Paraná, media-
mos numa sala de aulas, o que também possibilita que os estagiários assistam como
um advogado cumprem com um ou mais desses requisitos.
ouvintes.
e das regras da mediação. usaram para pedir uma entrevista. Por isso deve-se treinar a secre-
tária para que registre as perguntas e saiba o que responder em cada
0 mediador é um profissional que cobra por hora
trabalha.- caso. Uma boa introdução telefônica poupa tempo e malentendidos.
. da, isso faz com que as regras sejam impostas antes de qualquer
Muitos mediadores assumem pessoalmente a marcação da primeira
outra coisa para que os clientes, cientes de seu funcionamento, não entrevista para estarem certos da informação a ser ministrada. Isso
percam tempo tentando repetir modos já conhecidos por eles das
tem o inconveniente de parcializar o primeiro contato com uma só
técnicas adversariais. Em resumo não
percam tempo em brigas parte, epode ser entendida pela outra parte como sendo o mediador
estéreis.
um profissional do oponente. Difei:ente é o caso de um procura para
Muitos .mediadores exigem a entrega prévia à primeira
entrevista, de um relatório contendo os
fatos maisimporiantes_do
16 A necessidade de estar bem Informado antes da primeira sessão de
problema em discussão Pessoalmente acho muito mediação, passa a ser necesárla quando o problema a discutir tem muitos antecedentes,
importante que
o primeiro contato com o comci nos problemas entre paises. (Caso Rio de la Plata, ou Israel-Palses Árabes)
problema seja escutado diretamente da Também quando o problema é tão técnico que contém muitos estudos e informes de
peritos.
• mediador não deve entrar em considerações parciais sobre o proble- clarificar certos pontos, fará entrevistas a sós com cada um dos
• ma, e sim, falar somente das técnicas e vantagens da mediação. clientes (caucus). 17
• Assim fica e assegurado sua imparcialidade, e que a primeira escuta Finalmente, informará sobre seus honorários 6 a forma de
• leva a querer passar portelefone informações sobre o conflito no qual para conseguir acordos dependerá das partes, .e tanto os acordos
O-1.0 0 41) 0 0 0 0 0 0 6 00
simples pelo que está escutando, mas temos que interrompê-lo se
• ser chamados, e como não quero deixar datos exatos por conta da
atrapalha a continuidade da fala do outro, reafirmando-lhe a conve-
minha memória, anoto os valores que são passados; depois raramente
niência da escuta atenta e sua chance de se expressar livremente na
anoto mais alguma coisa. Pessoalmente acho que minha atenção
sua vez, onde terá todo o respeito.
deve ficar livre para ser chamada espontaneamente pelos fatos que
É este um momento muito i9iportante da mediação, pois
aconteçam. Se anoto, estou obrigando minha atenção a um ponto.
devemos criar o ambiente propicio p ra que os clientes falem a
Também, quando se anota, está-se direcionando os clientes, pois eles
vontade. Sabemos que nos seus di cursos bstarão contidos os
prestam muita atenção aos movimentos do mediador e procuram tirar
verdadeiros interesses, que tentaremoS resgatar, para que sejam as
conclusões de cada uma de suas reações ou intervenções.
bases das negociações. Também este momento é importante para
le. Se necessário pode convidá-lo a anotar aqueles pontos que não deseja introduzir as regras de respeito e de interrelação, chave do modo com
esquecer de contestar, quando seja a sua vez.
1° Wilde, Zulema e Gaibrois, Luis. Que es la Mediación. Abeledo-Perrot, 2a Friedman, Gary J. A guide to divorce mediation. Workman Publishing, New
Buenos Aires, 1994. York, 1993.