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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI – ECOLOGIA - CAPÍTULO N° 1- 2006

1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1.1.Introdução

Os seres humanos são animais sociais, ou seja, vivem em agrupamentos. O tamanho e a complexidade
destes, vai depender das atividades desempenhadas e de suas relações com o meio ambiente.
Hoje, cerca de metade da humanidade vive em aglomerados urbanos, onde as atividades
predominantes estão ligadas a indústria e aos serviços (bancos, comércio, informática, etc.). No Brasil, mais de
dois terços da população vive em ambientes urbanos.
Quando observamos uma imagem da Terra vista do espaço, as grandes metrópoles aparecem apenas
com pequenos pontos no planeta. As cidades pequenas e médias são imperceptíveis. Apesar das áreas urbanas
representarem relativamente pouco em vista de toda a superfície terrestre, são nelas que iremos encontrar as
maiores modificações ambientais. Distintamente dos ambientes com pouca intervenção humana, onde a maior
parte da energia é captada pelo sol, através do processo de fotossíntese,
quase toda a energia que necessita uma cidade vem de fora: a gasolina e
o diesel que movimentam os veículos, o gás de cozinha, a energia
hidrelétrica, os alimentos consumidos pelos habitantes da cidade, entre
outros.
Sobre quase todos os aspectos que observemos, ocorrem
grandes modificações no ambiente preexistente com a urbanização.
Modifica-se o relevo, a vegetação, a hidrografia e até o clima.

Para conhecer mais imagens da Terra vistas do espaço e


diversos produtos de sensoriamento remoto, visite o site da
NASA no URL: http://images.jsc.nasa.gov/

1. 2. Desenvolvimento Sustentável - Conceituação

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEl como programas que "podem melhorar a qualidade de vida das pessoas dentro da capacidade
potencial do sistema de sobrevivência da terra". Isto significa satisfazer as necessidades das gerações atuais sem
prejudicar os recursos da Terra de tal forma que as gerações futuras fiquem impedidas de as satisfazer. O
desenvolvimento sustentável põe também em realce o desenvolvimento eqüitativo, ou seja, a superação das
disparidades entre países ricos e pobres, como importante forma de garantir que as gerações presentes e
futuras possam satisfazer as suas necessidades.
A sustentabilidade baseia-se em três componentes: econômico, social e ambiental. Os aspectos
econômicos da sustentabilidade incluem, mas não se limitam, ao desempenho financeiro, remuneração dos
funcionários e contribuições à comunidade. Alguns exemplos de aspectos sociais são a formação de políticas,
padrões de trabalho justos e tratamento igualitário de todos os funcionários. Aspectos ambientais incluem o
impacto no ar, água, terra, recursos naturais e saúde humana.
Assim, desenvolvimento sustentável pressupõe a expansão econômica permanente, com melhorias nos
indicadores sociais e a preservação ambiental.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de
que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico,
que leva em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo
crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser
encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a
existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento

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sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e
produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode
ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do
Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumidas
atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de
consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades.
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro
quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de
madeira mundial. As Nações Unidas e o desenvolvimento sustentável
Desde que, em 1972, as Nações Unidas convocaram a Conferência Sobre o Ambiente em Estocolmo, o
interesse pela contínua degradação do ambiente em geral tem aumentado. Se esta ruptura do equilíbrio
ecológico e econômico continua, iremos comprometer as qualidades da biosfera e acabar por conduzir o planeta
a uma catástrofe simultaneamente ecológica e econômica.
Alguns dos perigos que ameaçam a Terra e a sua população:
A poluição está danificando o ar e a água da Terra. Todos os anos, as nossas indústrias produzem
milhões de toneladas de resíduos tóxicos que vão ser lançados nos mares, em aterros sanitários ou, pior ainda,
exportados para países pobres. Tais resíduos danificam a atmosfera, podem alterar o clima e são nocivos tanto
para nós como para os animais.
A utilização indiscriminada dos solos está reduzindo a área cultivável. A agricultura intensiva e o abate
de florestas, por vezes paralelamente a mudanças climáticas, conduzem à degradação dos solos. Na medida em
que a terra se torna cada vez menos fértil, os que a cultivam ou vivem das suas árvores perdem a sua fonte de
sustento.
A ação do homem está acabando com a diversidade das espécies. Há cerca de 30 milhões de espécies
na terra. A esta diversidade existente à nossa volta chama-se biodiversidade. É destes recursos biológicos que
obtemos roupa, medicamentos, alimentação e abrigo. A maior ameaça à biodiversidade provém da destruição
das florestas tropicais.
Na Amazônia, uma única árvore pode conter 2000 espécies raras de animais. As florestas tropicais são
também essenciais para manter o equilíbrio do dióxido de carbono na atmosfera. No entanto, a derrubada
descontrolada de árvores e a agricultura, juntamente com as chuvas ácidas, estão destruindo as florestas
tropicais.
Os Estados Membros das Nações Unidas salientam que a degradação econômica e ambiental está
relacionadas e que a proteção do ambiente nos países em desenvolvimento tem de ser encarada como parte
integrante do processo de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, os padrões de consumo e de produção nos
países industrializados aceleram a degradação do ambiente. Para solucionar estes problemas, são necessários
novos níveis de cooperação entre as nações - uma parceria global.

1.3. Consumo Sustentável

Hoje, existe a necessidade de conscientização dos indivíduos a respeito da importância de tornarem-se


consumidores responsáveis. Propõe-se que se estabeleça um trabalho de formação de um consumidor-cidadão.
Esse trabalho educativo é essencialmente político, pois implica a tomada de consciência do consumidor como
importante ator de transformação do modelo econômico em vigor, já que tem em suas mãos o poder de exigir
um padrão de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente equilibrado. Esse ator, consciente das
implicações dos seus atos de consumo, passa a compreender que o seu papel é o de exigir que as dimensões
sociais, culturais e ecológicas sejam consideradas pelos setores produtivo, financeiro e comercial, em seus
modelos de produção, gestão, financiamento e comercialização. Essa não é uma tarefa simples, pois requer uma
mudança de posturas e atitudes individuais e coletivas no cotidiano. O desafio que se coloca é o abandono da
sociedade do descarte e do consumo excessivos, a recusa do sonho americano (american dream) como sinônimo
de bem-estar, de felicidade. Maior dificuldade reside ainda no tomada de consciência de que a sociedade do
consumismo gera enormes pressões sobre o meio ambiente, já que não existe produto que não contenha
material oriundo da natureza, portanto a produção depende da exploração dos recursos ambientais, e não há
descarte de rejeitos que não volte a Terra. Enfim, o que se propõe é uma mudança de paradigma, de retorno no
modo de vida simples do passado, o abandono do consumo em exagero.
Fica evidente, quando se estuda a questão do consumo sustentável, que existe uma grande
desigualdade no poder de consumo ao se comparar diferentes segmentos de uma sociedade, e, ainda, diferentes
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sociedades. Muitas sociedades não atingiram padrões de consumo condizentes com a manutenção das condições
mínimas de dignidade humana, coma ocorre em muitas regiões da África, da Ásia, da América Latina, e do
próprio Brasil, onde sequer a alimentação básica está garantida para milhões de famílias. De acordo com dados
da Organização das Nações Unidas ('ONU'), 20% daqueles com maior renda no mundo são responsáveis por
86% dos gastos totais com consumo de bens, enquanto as 20% mais pobres têm acesso a apenas 1,3% dos
bens de consumo. É preciso que se encontre um equilíbrio na distribuição dos frutos do progresso material,
científico e tecnológico entre os povos do mundo.
Ao se tratar do consumo sustentável, cabe a ressalva de que se propugna uma alteração do padrão de
consumo insustentável dos mais ricos, e a adequação dos padrões de consumo dos mais pobres a patamares
mínimos de dignidade social. Ou seja, busca-se a implantação dos conceitos de equidade e justiça social.
As desigualdades de padrões de consumo foram objeto de análise de uma organização norte-
americana favorável à adoção do paradigma do consumo sustentável, o Center for a New American Dream
(Centro para a Novo Sonho Americano). Eis alguns exemplos de dados que colheram em suas pesquisas sobre as
desigualdades citadas anteriormente:
• Os norte-americanos consomem 40% da gasolina do mundo;
• Os norte-americanos consomem mais papel, aço, alumínio, energia, água e carne per capita do que qualquer
outra sociedade do Planeta;
• O norte-americano médio produz duas vezes mais lixo do que o europeu médio;
• Seriam necessários pelo menos quatro planetas adicionais ao existente, se todos os 6 bilhões de indivíduos da
Terra tivessem um padrão de consumo equivalente ao do norte-americano médio.

Para conhecer um guia sobre “ práticas de consumo sustentável “ acesse


ao URL: http://www.mma.gov.br/port/sds/guia.html

1.4. As Redes de Ações Internacionais e o Conceito de Desenvolvimento Sustentável

Uma das características mais marcantes deste início de milênio é fenômeno do aparecimento de
iniciativas de todo o tipo, em prol da cidadania - desde entidades de defesa do consumidor até ONG(s) que
promovem capacitação na área de informática em favelas. Todas têm um ponto em comum: a recuperação ou
aquisição de cidadania pelas parcelas marginalizadas.
Estes movimentos que ao que tudo indica, ocorrem em diversos países, normalmente não são
xenófobos. Baseiam-se em tendências e valores universais e fazem parte de uma tendência de se estabelecer
uma cidadania internacional em cima do consenso sobre questões básicas do ser humano e no esforço de
construção de uma política global, baseada na paz e na fraternidade universal. Surge a “sociedade civil
internacional”, com “redes” envolvidas em causas comuns como a o fim do trabalho infantil, a luta contra a fome
ou preservação de florestas em todo o mundo, por exemplo.
A ONU organismo criado a partir da Carta das Nações Unidas em 1945, para ser uma espécie de
governo mundial encontra-se hoje muito fragilizada e com uma estrutura envelhecida pelo tempo. Em recentes
conflitos internacionais como a Guerra do Kosovo, esteve incapacitada a intermediar o conflito. A OTAN
organização militar, passou por cima da autoridade constituída, deste governo mundial. Mesmo que
reconheçamos esta evidente fragilidade e a necessidade de reformulação da entidade, a ONU hoje canaliza os
anseios de mudanças, no sentido do estabelecimento de um código de normas internacionais mais consistentes,
onde os cidadãos exerçam cada vez mais influência sobre os destinos mundiais, para o presente e para as
gerações futuras.
A busca é pelo consenso mundial em torno desses valores universais, que devam assim, serem aceitos
por todas ou pela grande maioria das nações e não surjam da ação de cúpulas, mas reflexo de inúmeras
discussões, fóruns, conferências de todos os níveis promovidos por milhares de organizações não
governamentais espalhadas pelo mundo todo, formando as tais “redes”.
Além das convenções não-governamentais multiplicam-se as conferências internacionais patrocinadas
pela ONU através da UNESCO, UNICEF, FAO ou pelo PND (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) ou ainda do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Embora estas
passem pelo crivo dos Estados Nacionais, são impulsionados pelas aspirações da sociedade civil organizada. Foi
o que ocorreu no caso na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a RIO-92.
Apesar de ser uma conferência de cúpula, foi permeada pelas aspirações de ONG(s) e da sociedade civil,
reunidas numa conferência paralela denominada de FORUM GLOBAL.
A RIO-92, muito criticada na época por ser evasiva, pouco conclusiva, não levando a ações efetivas,
etc; teve um grande mérito: organizar o debate mundial em torno das principais temáticas ligadas ao meio
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ambiente. Esta organização permitiu que nos anos que se sucederam à conferência, os debates que ali se
iniciaram, desdobrassem-se em novas convenções e resoluções de consenso mundial na área de meio ambiente
e desenvolvimento. Esta continuidade parte da necessidade de entendimento universal em torno de uma agenda
básica para questões ambientais e também para outras áreas, como os direitos humanos.
A questão ecológica, embora estivesse presente na agenda dos movimentos sociais desde os anos
sessenta, vai tomar corpo definitivo com o fim da bipolaridade nas relações internacionais e a queda no muro de
Berlim.
São marcos importantes o surgimento da comissão que elaborou o Relatório Mundial Sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento e Desenvolvimento – Nosso Futuro Comum, conhecido também como Relatório
Brundtland, de 1987, que recomendou a criação de uma declaração universal sobre a proteção do meio
ambiente e desenvolvimento sustentável e a RIO-92 que formou uma secretaria especial destinada a elaborar, a
partir da “Declaração do Rio” uma carta de princípios internacionais universais denominada de “Carta da Terra”.
Esta carta que é o equivalente ambiental da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” está em
fase final de elaboração, cumprirá o papel de tornar-se um código de ética global, baseado em valores
fundamentais, norteando pessoas, organizações e países dentro paradigma do desenvolvimento sustentável.
Este termo passou ser utilizado com muita insistência a partir do RIO-92. Existem muitas conceituações para ele.
Muitas vezes é utilizado de forma “imprópria” servindo para mascarar processos “insustentáveis”.
Pode-se dizer baseando-se em diversas definições recentes, que se entende por “desenvolvimento”
não apenas crescimento do PIB de um país, mas um processo mais amplo que incluiria também melhoria dos
indicadores sociais ao mesmo que a economia crescesse. Esses indicadores sociais deveriam ainda melhorar a
taxas superiores ao do crescimento vegetativo. Já a noção de sustentável, está vinculada da adoção de
processos e tecnologias que não dilapidem os recursos do planeta de modo a garantir sua disponibilidade para
as gerações futuras.
De certa forma, o conceito de desenvolvimento sustentável se opõe ao apelo neoliberal, onde a lógica
de atuação é o mercado livre de barreiras, corte de custos de produção e dispensa de trabalhadores. Prevalece
assim, a otimização dos lucros a qualquer custo. No paradigma neoliberal, o capital atua de forma hegemônica,
procurando-se tirar proveito das “vantagens corporativas”, mesmo que para isso, passe-se por cima da
autonomia dos Estados.
No paradigma oposto, o do desenvolvimento sustentável, pressupõe-se um sistema de decisões
pactuado entre os diversos atores sociais: Estado, empresas, ONG(s) e demais representantes da sociedade civil,
são partes das formulações a respeito “do que, como e para quem produzir”.
Esta discussão envolve sobre tudo a ética, pois se questionando os modo de consumo dos países ricos
em relação aos pobres e a necessidade de uma racionalidade nestes padrões de crescimento, caminha-se para o
surgimento de uma nova ética internacional. Também fica clara a noção de interdependência entre os problemas
que a hoje humanidade enfrenta. O aquecimento da Terra, a perda da diversidade biológica ou a marginalização
de grupos sociais são temáticas que abrangem toda a humanidade e que só podem ser resolvidas através de
uma ação conjunta, uma cooperação internacional coordenada em todos os níveis decisórios.
Prof. Ailton Pinto Alves Filho

Para conhecer mais sobre o terceiro setor acesse o site


http://www.rits.org.br/

1.5. A Rio 92

Com o intuito de discutir os princípios do desenvolvimento sustentável e começar a coloca-los em


prática surgiu a Rio-92, que se realizou no Rio de Janeiro. A “Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e
Desenvolvimento” foi indiscutivelmente, um dos marcos mais significativos para a compreensão do
desenvolvimento sustentável.
As organizações não governamentais (ONGs) reunidas num fórum paralelo denominado de FORUM
GLOBAL também foram decisivas, pois ajudaram a definir a ordem de trabalhos.
No Rio foram estabelecidos, por 172 Chefes de Estado, 5 acordos importantes, a saber:

a) Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, um conjunto de princípios nos quais se
definiram os direitos civis e as obrigações dos Estados na Rio-92. Para viabiliza-se a "Declaração de Princípios do
Rio" formou-se uma secretaria internacional incumbida de dar prosseguimento ao projeto que mais tarde foi
designado de Carta da Terra.
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Uma versão da Carta da Terra em português pode ser acessada na seguinte URL:
http://www.ufmt.br/remtea/downloads/Carta%20da%20Terra.doc

b) a “ Declaração das Florestas” – que consiste numa uma Declaração de princípios relativos às florestas e uma
série de indicações para o manejo mais sustentável das florestas do mundo. A declaração recomendava para
que cada país estabelecesse seus programas nacionais florestais. Para ratificar esta declaração foi
estabelecido no Brasil o Programa Nacional de Florestas - PNF, pelo Decreto n º 3.420, de 20 de abril de 2000.

c) a Convenção sobre Mudanças Climática – Baseando-se em relatórios do Painel Intergovernamental em


Mudança do Clima (IPCC) criado pela Organização Meteorológica Mundial e o PNUMA Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, a Convenção do Clima, assinada por 153 paises, que propõem a união de esforços
mundiais para estabilizar a concentração dos gases que provocam o aquecimento global.

Para acessar aos relatórios do IPCC utilize-se do seguinte URL:


http://www.ipcc.ch/

d) e a Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) estabelece diretrizes para a conservação e utilização
sustentável da diversidade biológica e também o acesso aos recursos genéticos, objetivando a repartição justa e
eqüitativa dos benefícios gerados pelo seu uso, incluindo a biotecnologia. A convenção já foi assinada por 175
países, dos quais 168 a ratificaram, incluindo o Brasil. A CDB estabeleceu os objetivos a serem atingidos pelas
Partes (países que a assinaram). Cabe às Partes determinar como implementar a CDB para proteger e usar sua
biodiversidade de uma maneira sustentável para não comprometer, hoje, a possibilidade de seu uso para
amanhã. Os EUA foram o único país do primeiro mundo a não firmarem a convenção na época. O governo
George Bush humilhou seu representante William Reilly, chefe da delegação americana, desautorizando todas as
suas tentativas de negociar a adesão ao texto sobre biodiversidade. Após a ratificação no Congresso Nacional da
convenção em 1994, foi criado o Programa Nacional da Diversidade Biológica (Pronabio), com o objetivo de
viabilizar os compromissos firmados pelo país.

Cada acordo diz respeito a questões específicas, tais como o clima ou as florestas. Já a
Agenda 21, é um plano de ação global que inclui as medidas mais importantes que é necessário
tomar para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

e) Agenda 21, um plano de ação mundial para promover o desenvolvimento sustentável. Estas são algumas das
coisas que a Agenda 21 pede que os governos e os cidadãos façam:
•Reconhecer a relação entre questões ambientais e de desenvolvimento.
•Utilizar a energia de forma mais eficaz e desenvolver fontes de energia renováveis, como o vento e a energia
solar.
•Promover a educação ambiental dos agricultores.
•Plantar novas florestas e replantar as florestas danificadas.
•Eliminar a pobreza, ajudando os pobres a ganhar a vida de forma à não danificarem o ambiente.
•Fixar multas para as pessoas e indústrias que poluem as águas.
•Preparar planos nacionais para o tratamento de lixos.
•Exigir que as indústrias adotem métodos de produção mais seguros e mais limpos.
•Mudar padrões de consumo que destroem a economia.
Foi criado um órgão de alto nível, a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável,
destinado a vigiar o cumprimento de todos os acordos alcançados no Rio. As Nações Unidas criaram também
escritórios para auxiliar os países a atingirem estes objetivos, ajudando os governos, cientistas e pessoas locais
partilhando informação e tecnologia, bem como levando a cabo programas de formação para que as pessoas
possam ser informadas sobre o desenvolvimento sustentável e sobre como o alcançar.

(fontes: WWF – Fundação Mundial Para Preservação da Vida Selvagem e Grupo Ecológico Alerta e Ministério do
Meio do Meio Ambiente)

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Para conhecer mais sobre o assunto visite o


site do PNUMA Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente no URL:
http://www.unep.org

1.6. A Agenda 21

1.6.1. O que é a 21?

Para entendermos o que é Agenda 21 precisamos falar de suas principais dimensões, que são cinco:
1. É o principal documento da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Humano), que foi a mais importante conferência organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em
todos os tempos. Ela tem esse nome porque se refere às preocupações com o nosso futuro, agora, a partir do
século XXI. Este documento foi assinado por 170 países, inclusive o Brasil, anfitrião da conferência.
2. É a proposta mais consistente que existe de como alcançar o desenvolvimento sustentável, isto é, de como
podemos continuar desenvolvendo nossos países e nossas comunidades sem destruir o meio ambiente e com
maior justiça social.
3. É um planejamento do futuro com ações de curto, médio e longo prazo, em outras palavras, re-introduz uma
idéia esquecida de que podemos e devemos planejar e estabelecer um elo de solidariedade entre nós e nossos
descendentes, as futuras gerações.
4. Trata-se de um roteiro de ações concretas, com metas, recursos e responsabilidades definidas.
5. Deve ser um plano obtido através de consenso, ou seja, com todos os atores e grupos sociais opinando e se
comprometendo com ele. Em resumo, a Agenda 21 estabelece uma verdadeira parceria entre governos e
sociedades. É um programa estratégico, universal, para alcançarmos o desenvolvimento sustentável no século
XXI.
A Agenda 21 serve de guia para as ações do governo e de todas as comunidades que procuram
desenvolvimento sem com isso destruir o meio ambiente. Da mesma forma que os países se reuniram e fizeram
a Agenda 21, as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer a Agenda 21 Local.
Portanto, com a implantação das Agendas 21 podemos garantir um Meio Ambiente equilibrado para as futuras
gerações, cumprindo assim, nosso dever mencionado na Constituição do Brasil.

Fonte: www.agenda21.org.br

1.6.2. O que é a Agenda 21 Global?


É um plano de ação estratégico, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já feita de
promover, em escala planetária, novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental,
justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de decisão consensual extraída de documento de quarenta capítulos, para o qual
contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países, envolvidos, por dois anos, em um processo
preparatório que culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento - CNUMAD, em 1992, no Rio de Janeiro, conhecida por ECO-92.
Apesar de ser um ato internacional, sem caráter mandatário, a ampla adesão aos seus princípios tem
favorecido a inserção de novas posturas frente aos usos dos recursos naturais, a alteração de padrões de
consumo e a adoção de tecnologias mais brandas e limpas, e representa uma tomada de posição ante a
premente necessidade de assegurar a manutenção da qualidade do ambiente natural e dos complexos ciclos da
biosfera.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo quatro outros acordos: Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento; Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas; Convenção das Nações Unidas
sobre Diversidade Biológica; e Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A AGENDA 21 TRADUZ
EM AÇÕES O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
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Fonte: www.agenda21.org.br

PARA FAZER O DOWNLOAD COMPLETO DA AGENDA 21 acesse URL: HTTP://WWW.ECOLNEWS.COM.BR/AGENDA%2021.ZIP

1.6.3. O que é a Agenda 21 Brasileira?


Agenda 21 Brasileira tem por objetivo definir uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o
País, a partir de um processo de articulação e parceria entre o governo e a sociedade. Nesse sentido, o processo
de elaboração da Agenda 21 Brasileira vem sendo conduzido pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e Agenda 21 (CPDS), a partir de critérios e premissas específicas, que privilegiam uma abordagem
multisetorial da realidade brasileira e um planejamento em longo prazo do desenvolvimento do País.
A metodologia de trabalho para a Agenda 21 Brasileira selecionou as áreas temáticas que refletem a
nossa problemática sócio-ambiental e definiu a necessidade de proposição de novos instrumentos de
coordenação e acompanhamento de políticas publicas para o desenvolvimento sustentável.
A escolha dos seis temas centrais da Agenda 21 Brasileira foi feita de forma a abarcar a complexidade
do país, dos Estados, municípios e regiões dentro do conceito da sustentabilidade ampliada permitindo planejar
os sistemas e modelos ideais para o campo, através do Tema Agricultura Sustentável, para o meio urbano, com
as Cidades Sustentáveis; para os setores estratégicos de transportes, energia e comunicações, questões-chave
do Tema Infra-estrutura e Integração Regional; para a proteção e uso sustentável dos recursos naturais, o tema
Gestão dos Recursos Naturais; para reduzir as disparidades sociais, o tema Redução das Desigualdades Sociais;
e para a Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: www.agenda21.org.br

1.6.4. Quais os conceitos que norteiam a metodologia de elaboração da Agenda 21 Brasileira?


A metodologia define quais as premissas e temas considerados prioritários para o país e, a exemplo de
outros países que já elaboraram suas agendas, determina que a Agenda 21 Brasileira não replique os quarenta
capítulos da Agenda 21 Global, e deva ser estruturada em três partes: uma introdutória, delineando o perfil do
país no limiar do séc. XXI; uma parte dedicada aos seis temas prioritários (cidades sustentáveis, agricultura
sustentável, infra-estrutura e integração regional, gestão dos recursos naturais, redução das desigualdades
sociais e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável), e uma terceira sobre os meios de
implementação.
A metodologia privilegia ainda uma abordagem multissetorial da realidade brasileira, procurando
focalizar a interdependência entre as dimensões ambientais, econômicas, sociais e institucionais. Além disso,
determina que o processo de elaboração e implementação da Agenda 21 deve observar o estabelecimento de
parcerias, entendendo que a Agenda 21 não é documento de governo, mas um produto do consenso entre os
diversos setores da sociedade brasileira.

Fonte: www.agenda21.org.br

1.6.5. O que é e para que serve a Agenda 21 Local?


A Agenda 21 pode ser elaborada para o país como um todo, para regiões específicas, estados e
municípios. Não há fórmula pré-determinada para a construção de Agendas. Também não há vinculação ou
subordinação entre a Agenda 21, em fase de organização para o país, e as iniciativas de Agendas 21 Locais, ou
seja, os municípios não devem esperar a conclusão da Agenda 21 Brasileira para iniciar seus processos próprios
de elaboração da Agenda 21.
Em 1997, durante a realização da Rio+5, foram divulgados os resultados de uma pesquisa do Conselho
Internacional para Iniciativas Ambientais Locais - ICLEI e pelo Departamento de Coordenação de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, sobre a implementação das Agendas 21 Locais em todo o
mundo. A metodologia dessa pesquisa procurou distinguir o processo de elaboração da Agenda 21 Local de
outras formas de planejamento em geral, e utilizou a seguinte conceituação de Agenda 21 Local:
A Agenda 21 Local é um processo participativo, multissetorial, para alcançar os objetivos da Agenda 21
no nível local, através da preparação e implementação de um plano de ação estratégica, de longo prazo, dirigido
às questões prioritárias para o desenvolvimento sustentável local “.
Com a Agenda 21 Local, a comunidade, junto com o poder público, aprende sobre suas dificuldades,
identifica prioridades e movimenta forças que podem transformar sua realidade.

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1.7. A Carta da Terra

Baseada em princípios e valores fundamentais, para nortear pessoas e Estados


no que se refere ao desenvolvimento sustentável, a Carta da Terra servirá como um
código ético planetário.
A Carta da Terra é o equivalente à Declaração Universal dos Direitos
Humanos, no que concerne a sustentabilidade, à eqüidade e à justiça.
O Projeto da Carta da Terra inspira-se em uma variedade de fontes, incluindo
a ecologia e outras ciências contemporâneas, as tradições religiosas e as filosóficas do
mundo, a literatura sobre ética global, o meio ambiente e o desenvolvimento, a
experiência prática dos povos que vivem de maneira sustentada, além das declarações e
dos trabalhos intergovernamentais e não governamentais relevantes.

Entre os valores que se afirmam na minuta de referência encontramos:

• Respeito a Terra e à sua existência.


• A proteção e a restauração da diversidade, da integridade e da beleza do ecossistema da Terra.
• A produção, o consumo e a reprodução sustentáveis.
• Respeito aos direitos humanos, incluindo o direito a uma meio ambiente propicio à dignidade e ao bem estar
dos humanos.
• A erradicação da pobreza.
• A Paz e a solução não violenta dos conflitos.
• A distribuição eqüitativa dos recursos da Terra.
• A participação democrática nos processos de decisão.
• A igualdade de gênero.
• A responsabilidade e a transparência nos processos administrativos.
• A promoção e aplicação dos conhecimentos e tecnologias que facilitam o cuidado com a Terra.
• A educação universal para uma vida sustentada.
• Sentido da responsabilidade compartilhada, pelo bem-estar da comunidade da Terra e das gerações futuras.
Consensualmente, entende-se que a Carta deve ser:
• Uma declaração de princípios fundamentais com significado perdurável e que possa ser compartilhada
amplamente pelos povos da todas as raças, culturas e religiões.
• Um documento relativamente breve e conciso, escrito com linguagem inspiradora.
• Ela deve ser clara e significativa.
• A articulação de uma visão que reflita valores universais.
• Uma chamada para a ação, que agregue novas dimensões significativas de valores às que já se encontram
expressas em outros documentos relevantes.
• Uma Carta dos povos que sirva como um código universal de conduta para pessoas, para instituições e para
Estados.

1.8. Atividades do Capítulo

18.1. Questões Relativas ao Capítulo

1. Conceitue “desenvolvimento sustentável”


2. Qual a importância da Rio-92?
3. O que é a agenda 21?
4. O que significa consumo sustentável?
5. O que é a “Carta da Terra”
6. É possível no Brasil, produzir-se através de padrões de desenvolvimento sustentável? De que maneira?

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