Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A palavra “princípio” dá ideia de começo, ou seja, aquilo que inaugura a ordem jurídica. Princípios
são valores fundamentais que inspiram a criação e a aplicação do Direito Penal.
Obs.: O Direito é formado por normas jurídicas, sendo essas subdivididas em: (a) regras; e (b)
princípios. As regras são rígidas, enquanto os princípios são voláteis, flexíveis.
O que podemos extrair desse conceito “são valores fundamentais que inspiram a criação e a
aplicação do Direito Penal”? Em primeiro lugar, os princípios se manifestam tanto no momento da
criação do Direito Penal (alcançam o trabalho do legislador), como também alcançam o trabalho do
operador do Direito Penal no momento de sua aplicação prática.
Alguns princípios estão previstos expressamente na legislação brasileira, a exemplo da reserva legal
e da individualização da pena. Mas também existem princípios que, embora não previstos
expressamente na nossa legislação, são extraídos da globalidade do sistema jurídico, tal como o
princípio da insignificância.
Qual o papel dos princípios? Os princípios se destinam a limitar o poder punitivo do Estado.
Encontra-se no art. 1° do CP, e também no art. 5°, XXXIX, da CF/88. Mais do que um regra legal,
cuida-se de cláusula pétrea (direito fundamental), integrante do núcleo imutável da CF.
Esse princípio estatui que apenas a lei pode criar o crime e cominar a respectiva pena. A lei é a fonte
formal imediata do Direito Penal.
a) Fundamento Jurídico
Obs.: Cuidado com a expressão “conteúdo mínimo”, o qual legitima as normas penais em
branco, os crimes culposos e os tipos penais abertos.
b) Fundamento Político
Existe uma frase dita pelo alemão Franz von Liszt, dizendo que “O Código Penal é a Magna
Carta do delinqüente”. Nada mais é do que a chamada função de garantia do direito penal,
isto é, o Código Penal, antes de prejudicar, servirá para proteger o ser humano do arbítrio do
Estado.
O STF se utiliza dessa expressão. A lei cria o crime e comina a pena. Quem faz a lei são os
legisladores, parlamentares eleitos pelo povo para representá-lo e, assim, ditar os rumos do
Direito Penal.
É possível a utilização de medidas provisórias no Direito Penal? Existem duas posições sobre o
assunto.
2ª posição: Não, pois as medidas provisórias não podem ser utilizadas no Direito Penal.
Essa é uma posição chamada de “constitucionalista”, pois o art. 62, §1º, I, “b” da CF:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a
b) direito penal, processual penal e processual civil;
Note que a CF não aceita medida provisória no Direito Penal, não importa se é para
favorecer o réu ou não.
O princípio da reserva legal (ou estrita legalidade) e o princípio da legalidade são sinônimos?
Uma primeira corrente sustenta que esses dois princípios têm igual significado. Outra corrente, por
sua vez, entende que não, pelas seguintes razões:
A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende, ou seja, a lei penal apenas poderá ser
aplicada para os fatos praticados após a sua entrada em vigor.
Art. 1º do CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.
Art. 5º, XXXIX, da CF: - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Os princípios da reserva legal e da anterioridade são inseparáveis entre si. Este complementa
aquele.
Qual é a consequência lógica desse princípio? É a irretroatividade da lei penal (art. 5º, XL, da CF).
A vacância da lei é o intervalo que medeia a publicação da lei até sua entrada em vigor.
Questão: Para se respeitar o princípio da anterioridade, basta que a lei exista (tenha sido publicada),
ou é necessário que esteja em vigor?
Obs.: não há crime quando o fato foi praticado durante o período de vacância da lei. Apenas haverá
crime a partir do momento da entrada em vigor.
Não há crime se a conduta não é capaz de causar lesão ou no mínimo perigo de lesão ao bem
jurídico.
Esse princípio funciona como fator de legitimação do Direito Penal, e está diretamente relacionado
como princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos, segundo o qual o Direito Penal não deve
se ocupar de questões políticas, éticas, morais, religiosas, filosóficas, etc.
o Qualquer bem jurídico pode ser classificado como bem jurídico penal?
Não, apenas os bens jurídicos fundamentais (indispensáveis) interessam ao Direito Penal.
o Quem faz essa escolha dos bens jurídicos mais importantes?
Essa escolha é feita única e exclusivamente pela CF. É o que se convencionou chamar de teoria
constitucional (ou constitucionalista) do Direito Penal.
Para essa teoria, o Direito Penal só é legítimo quando protege valores consagrados na Constituição
Federal. Em outras palavras, todo crime deve ter seu fundamento de validade na Lei Suprema.
Nesse contexto, o homicídio é crime porque o art. 5º, caput, da CF assegura a todos o direito à vida.
4. Princípio da Proporcionalide
b) de outro lado, esse princípio representa a proibição da proteção insuficiente (ou deficiente) de
bens jurídicos (garantismo positivo).
Hiperbólico é algo grande.Monocular olha apenas para um lado. Portanto, garantismo hiperbólico
monocular é o garantismo exagerado, voltado exclusivamente aos interesses do réu.
Espécies de proporcionalidade:
5. Princípio da confiança
Foi criado na Espanha, especificamente para crimes de trânsito. A ideia é a de que aquele que
respeita as regras de trânsito tem o direito de confiar que as demais pessoas também as respeitarão.
No Brasil esse princípio foi ampliado para abranger qualquer crime que envolve as regras da
sociedade.
O direito penal moderno é um direito penal do fato (preocupa-se exclusivamente com o fato típico e
ilícito praticado pelo agente).
O direito penal do autor é ultrapassado, pois rotula determinadas pessoas como indesejadas aos
interesses da sociedade. Um exemplo moderno deste direito penal do autor é o Direito Penal do
inimigo.
O Direito Penal só deve ser utilizado quando não há outra forma de proteção do bem jurídico. Desse
princípio decorre o Direito Penal Mínimo, reservado para os casos realmente necessários.
a) O legislador
O princípio se manifesta no momento da criação do crime e da cominação da pena.
b) O aplicador do Direito
O crime já foi criado, a pena já foi cominada, mas é preciso verificar a necessidade de
aplicá-los no caso concreto.
O princípio da intervenção mínima figura como reforço ao princípio da reserva legal, no sentido de
que o legislador não deve usar seu poder legiferante ao seu bel prazer.
I. Princípio da Fragmentariedade
Esse princípio preceitua que o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico,
ou seja, um crime apenas pode ser criado se os demais ramos do Direito não foram
suficientes para a proteção do bem jurídico.
O Direito Penal é a “ultima ratio” (última razão). Funciona como executor de reserva.
Na prática, o Direito Penal só pode ser utilizado quando um problema não puder ser
solucionado pelos demais ramos do Direito.
“Não há crime quando a conduta se revela como insignificante, ou seja, incapaz de lesar ou sequer
de colocar em perigo o bem jurídico protegido pela lei penal”. A conduta é tão irrisória que não se
revela capaz de ofender o bem jurídico protegido pelo tipo penal.
O STF diz expressamente que a finalidade desse princípio consiste na chamada “interpretação
restritiva da lei penal”. Em outras palavras, a lei penal é muito abrangente, o princípio da
insignificância vem para limitar seu alcance. Destina-se a diminuir a intervenção penal; a restringir
a atuação do Direito Penal – nunca para aumentá-lo.
O princípio da insignificância é causa supralegal (ou seja, não prevista em lei) de exclusão da
tipicidade. Destarte, quando incide o princípio da insignificância, o fato é atípico, não há crime.
A tipicidade penal é a soma da chamada (i) tipicidade formal com a (ii) tipicidade material.
Tipicidade formal é o mero juízo de adequação entre o fato e a norma. Na tipicidade formal,
analisa-se se o fato praticado na vida real se amolda ao modelo de crime descrito na lei penal. A
tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
I. Requisitos Objetivos
Os quatro requisitos objetivos são citados em todos os julgados do STF que tratam do
princípio da insignificância:
ii. Criminoso habitual: é aquele que faz da prática de crimes o seu meio de vida,
dedicando-se ao cometimento de infrações penais. Nesse caso, a jurisprudência é
tranquila ao entender que não se aplica o princípio da insignificância para o criminoso
habitual.
b) Condições da vítima
i. Extensão do dano
ii. Valor sentimental do bem: STF, HC nº 107.615 (Inf. nº 639) – furto de “disco de
ouro”.
Regra geral: aplicação do princípio da insignificância a todo e qualquer crime que seja com ele
compatível, e não somente aos crimes patrimoniais (exemplo: descaminho).
Exceções: há crimes que são incompatíveis com o princípio da insignificância (exemplo: crimes
hediondos e equiparados, homicídio, latrocínio, estupro, roubo, crimes praticados com violência à
pessoa ou grave ameaça, etc).
Não se aplica ao crime de roubo porque se trata de delito complexo que envolve patrimônio, grave
ameaça e a integridade física e psicológica da vítima, havendo, portanto, interesse estatal na sua
repressão (STF RHC 111433) (STJ AgRg no AREsp 348.330/SP, julgado em 19/11/2013).
Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
(Súmula 599, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/11/2017, DJe 27/11/2017)
Lei Penal
A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal, pois só ela pode criar crimes e cominar penas
(desdobramento do princípio da reserva legal).
Atenção: não é correto falar em “pena cominada em abstrato”. Isso é redundância, pois a cominação
há se dá em abstrato.
Nosso Código Penal segue a teoria das normas, desenvolvida pelo alemão Karl Binding. Para ele, a
lei penal é descritiva, ou seja, ela apenas descreve a conduta criminosa, não proíbe a sua prática,
apenas diz “se cometer tem determinada pena”. Cuida-se do chamado “sistema da proibição
indireta”.
b) Leis penais não incriminadoras: não criam crimes nem cominam penas. Estão previstas na
Estão previstas na Parte Geral, na Parte Especial e na legislação extravagante. Subdividem-
se em: