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Apontamentos de Politica I - 1 - Platao, Maquiavel, Hobes, Roterda, More PDF
Apontamentos de Politica I - 1 - Platao, Maquiavel, Hobes, Roterda, More PDF
A República
Platão nasceu em Atenas por volta do ano 427 a.C. Era de família
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universidade, a Academia de Platão adquiriu grande prestigio, a ela
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Análise da obra
Essa é a obra mais importante de Platão. Nela ele expõe suas principais
ideias. Ali está descrito o Mito da Caverna, o que é um filósofo e como
é uma sociedade justa entre outras ideias-
Em A República, Platão idealiza uma cidade, na qual dirigentes e
guardiães representam a encarnação da pura racionalidade. Neles
encontra discípulos dóceis, capazes de compreender todas as renúncias
que a razão lhes impõe, mesmo quando duras. O egoísmo está
superado e as paixões, controladas. Os interesses pessoais se casam
com os da totalidade social, e o príncipe filósofo é a tipificação perfeita
do demiurgo terreno. Apesar de tudo isso e desse ideal de Bem
comum, Platão parece reconhecer o carácter utópico desse projecto
político, no final do livro IX de A República.
Para além de todas as utopias da sua república ideal, da figura dos reis
filósofos, devemos apreciar o ideal ético de Estado e o esforço de Platão
para desvendar os vínculos que ligam os destinos das pessoas ao
destino da cidade.
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A República começa com um sofista, Trasímaco, declarando que a
força é um direito, e que a justiça é o interesse do mais forte. As
formas de governo fazem leis visando seus interesses, e
determinam assim o que é justo, punindo como injusto aquele que
transgredir suas regras. Para responder a pergunta "Como seria
uma cidade justa?" , Sócrates começa a dialogar, principalmente com
Gláucon e Adimanto. Platão salienta que a justiça é uma relação entre
indivíduos, e depende da organização social. Mais tarde fala que justiça
é fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função. A justiça
seria simples se os homens fossem simples. Os homens viveriam
produzindo de acordo com as suas necessidades, trabalhando muito e
sendo vegetarianos, tudo sem luxo. Para implantar seu sistema de
governo, Platão imagina que deve-se começar da estaca zero. O primeiro
passo seria tirar os filhos das suas mães. Platão repudiava o modo de
vida com a promiscuidade social, ganância, a mente que a riqueza, o
luxo e os excessos moldam, típicos dos homens ricos de Atenas. Nunca
se contentavam com o que tinham, e desejavam as coisas dos terceiros.
Assim resultava a invasão de um grupo para o outro e vinha a guerra.
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A música aperfeiçoa o espírito, cria um requinte de sentimento e molda
o carácter, também restaura a saúde.
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Igualmente conhecida na República é a alegoria da caverna, que
ilustra como percebemos apenas parte do mundo, reduzindo-o.
Um grupo de pessoas vive acorrentada numa caverna desde que
nasceu, de costas para a entrada. Elas vêem reflectidas na
parede da caverna as sombras do mundo real, pois há uma
fogueira queimando além de um muro, depois da entrada. Elas
acham que as sombras são tudo o que existe. Um dos habitantes
se livra das amarras. Fora da caverna, primeiro ele se acostuma
com a luz, depois vê a beleza e a vastidão do mundo, com suas
cores e contornos. Ao voltar para a caverna para libertar seus
companheiros, acaba sendo assassinado, pois não acreditam
nele.·
Depois de estudar a filosofia, aqueles que forem considerados aptos irão
testar seus conhecimentos no mundo real, onde experimentarão os
dissabores da vida, ganhando comida conforma o trabalho,
experimentando a crua realidade. Aos cinquenta anos, os que
sobreviveram tornaram-se os governantes do Estado.
Todos terão oportunidades iguais, mas na eliminação serão designados
para classes diferentes. Os filósofos-reis não terão nenhum
privilégio, tendo só os bens necessários, serão vegetarianos e
dormirão no mesmo lugar. A procriação será para fins eugênicos,
o sexo não será apenas por prazer. Haverá defensores contra
inimigos externos, os guardiões, homens fortes, dedicados à
comunidade. Não haverá diferença de oportunidade entre o sexo,
sendo cada um designado a fazer uma tarefa de acordo com a sua
capacidade.
Platão fala da renúncia do indivíduo em prol da comunidade, impondo
inúmeras condições para a vida. Ele atenta para um problema muito
preocupante em nossos dias: a superpopulação. Os homens só
poderiam se reproduzir entre os trinta e quarenta e cinco anos, e as
mulheres entre os vinte e quarenta anos. Também a legislação de
Esparta, que muito inspirou Platão, e a proposta de Aristóteles na
Política levam em conta este aspecto. Assim, resumidamente seria o
Estado ideal, justo. O próprio Platão fala de dificuldade em se fazem um
empreendimento dessa natureza. Um rei ofereceu à ele terras para fazer
sua República, ele aceitou, mas o rei ficou sabendo que quem iria
governar eram os filósofos e mudou de ideia.
Apesar do título, A República (em grego: Politéia), Platão nesta obra não
tem como ponto principal a reflexão sobre teoria política. Nesta obra, o
filósofo lida sobretudo com as questões em torno da paidéia, a formação
grega, na tentativa de impor uma orientação filosófica de educação em
oposição à paidéia poética então vigente. Outro alvo que tem em vista é
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a carreira que os sofistas vinham desenvolvendo como educadores que,
com sua retórica, preparavam os cidadãos a saberem argumentar nos
embates democráticos da ágora. Não tinham, portanto, um
compromisso com a verdade - seus argumentos giravam em torno das
percepções, opiniões e crenças - a doxa. A república ideal seria mais um
resultado da paidéia filosófica que Platão tenta fundamentar e propor
com seus argumentos nesta obra do que o tema central da
argumentação em si. Apenas um terço dos dez livros de A República,
aproximadamente, tratam da organização e fundamentação filosófica da
pólis especificamente. O tratamento dado às questões por Platão acaba
por se tornar sistematizado por aqueles que adoptam sua teoria, a
partir do quê o pensamento no ocidente se torna uma sucessão de
sistemas teóricos. Isso nos leva a considerá-lo o "pai" da filosofia, ao
menos da filosofia enquanto pensamento sistematizado.
Estrutura da obra
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Personagens
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Conteúdo
O próprio título da obra, Politéia, pode trazer embaraço quanto ao
conteúdo, se não for esclarecido. Traduzida comumente pelo latim
República (de respública = coisa pública), politéia indica tudo aquilo
que compõe a origem e organização da Polis, as suas leis, o modus
agendi de seus súbditos, as formas de governo, etc. Devido a essa
abrangência de significados, os temas tratados são os mais variados.
Decorre daí a quase impossibilidade de uma resenha completa.
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A definição de justiça ocupará ainda os livros II, III e IV. Sócrates
alarga o campo da discussão, não relaciona a justiça com o cidadão,
mas a coloca no contexto da cidade. Entram em cena Glauco e
Adimanto, irmãos ―corajosos‖ de Platão. Estes tentam demonstrar a
bondade intrínseca da virtude (justiça) e não só os seus efeitos. A esta
altura, Sócrates estabelece a origem da Polis a partir ―do fato de cada
um de nós não ser auto-suficiente, mas sim necessitado de muita coisa‖
(369b). Apontando os profissionais necessários para suprir todas as
exigências de uma cidade, descreve como uma cidade minúscula
tornar-se-á grande e luxuosa, com a necessidade de classes de cidadãos
especializados em seus ofícios. Dá-se início a um dos temas relevantes
da República: a educação
Sócrates fala primeiro do aprimoramento da educação dos soldados que
se dará através da ―ginástica para o corpo e da música para a alma‖
(276c), iniciando pela música. Deve-se peneirar as letras das músicas
(poesia, fábulas) porque estas contêm somente parte da verdade e com
isso deturpam a alma; portanto, devem sofrer uma censura constante,
inclusive a Ilíada (379...), onde atribui-se aos deuses tanto o bem
quanto o mal. Este tipo de poesia deverá ser banido da educação dos
futuros guardiões (383c). Não só a poesia/música, mas todas as demais
artes deverão ser vigiadas. Esta censura constitui parte do livro III.
Todo esse processo eugênico tem por fim a realização do Estado Ideal,
governado por filósofos e guardiões que jamais deverão se distrair de
suas principais ocupações. Obstinado em tal propósito, Sócrates chega
a excluir qualquer valor ao amor materno ou paterno, antepondo
sempre os objectivos do Estado (460-461). Admite-se o aborto e o
infanticídio quando ocorrerem concepções fora do estabelecido pelo
Estado (461c)
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sempre, e que não se desvirtua por acção da geração e da corrupção‖
(485b).
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em favor só de uma classe, a dos ricos, esta forma de governo
causará a cisão do Estado: “É que um Estado desses não é um só,
mas dois... o dos pobres e o dos ricos, que habitam no mesmo
lugar e estão sempre a conspirar uns contra os outros” (551 d).
Termina o amor à virtude. O Estado entra em luta consigo mesmo:
um partido de poucos muito ricos e outro de muitos pobres
estarão em guerra, prevalecendo o último: “A democracia surge...
quando após a vitória dos pobres, estes matam uns, expulsam
outros, e partilham igualmente... o governo e as magistraturas, e
esses cargos são, na maior parte, tirados à sorte (557a). Tendo a
liberdade por base, na democracia ocorrerá a ausência de
qualquer exigência e o desprezo pelos princípios. A democracia
conduz à anarquia: “Estas são as vantagens da democracia: uma
forma aprazível, anárquica, variegada, e que reparte a sua
igualdade do mesmo modo pelo que é igual e pelo que é desigual”
(558c). Ao exasperar a liberdade como bem supremo, “eliminam-se
até as diferenças impostas pela natureza e, assim, a liberdade em
excesso não conduz a mais nada que não seja a escravatura em
excesso, quer para o indivíduo, quer para o Estado” (564 a). E
dessa forma surge a Tirania: do cúmulo da liberdade surge a
mais completa e mais selvagem das escravaturas (564b). Primeiro,
instaura-se a anarquia, e dessa situação aproveita-se o tirano
que, de pretenso defensor da ordem, transforma-se em lobo,
impondo a força sobre todos. É o reino da injustiça.
No final do livro IX, Glauco questiona que tal Estado Ideal, como
Sócrates propõe, é utópico, jamais existirá. Este Estado
permanecerá como modelo eterno a ser contemplado: “Talvez nos
céus haja algum modelo para alguém que deseja consultá-lo e por
ele modelar a conduta da própria alma”, é a resposta de Sócrates.
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O restante do livro X constitui uma exortação à prática do Bem, ou seja,
da justiça e das demais virtudes. Sócrates recorre ao discurso
escatológico através do mito de Er, onde fala da recompensa no pós
morte: afinal, a vida ―é um grande combate (megas agon), meu caro
Glauco, é mais do que parece, o que consiste em nos tornarmos bons
ou maus. De modo que não devamos deixar-nos arrebatar por
honrarias, riquezas, nem poder algum, nem mesmo pela poesia,
descurando a justiça e as outras virtudes‖ (608b).
O Sonho de Platão
No século IV a.C., em data imprecisa, surgiu
em Atenas a primeira concepção de sociedade
perfeita que se conhece. Tratou-se do diálogo
"A República" (Politéia), escrito por Platão, o
mais brilhante e conhecido discípulo de
Sócrates. As ideias expostas por ele - o sonho
de uma vida harmónica, fraterna, que
dominasse para sempre o caos da realidade -
servirão, ao longo dos tempos, como a matriz
inspiradora de todas utopias aparecidas e da
maioria dos movimentos de reforma social que
desde então a humanidade conheceu. O mestre e o discípulo
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Platão e a democracia
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o seu salão à disposição dos intelectuais, políticos e artistas para
discutirem filosofia e assuntos gerais. Estão presentes Sócrates, os
filhos do dono da casa, Polemarco, Lísias e Eutiderno, além de Timeu,
Criticas e Trasímaco. Tais tertúlias eram muito comuns, fazendo o gosto
das classes cultas de Atenas, sendo uma espécie de antecipação dos
salões que fizeram a fama da sociedade aristocrática francesa do século
XVIII e XIX.
A Justiça
O debate entre os visitantes e anfitriões orientou-se no sentido de
determinar como constituir uma sociedade justa. Como tal não existe
na realidade, os participantes se dispõe então a imaginá-la, bem
como determinar sua organização, governo e a qualidade dos seus
governantes. Para Platão, a educação (paidéia) seria o ponto de
partida e principal instrumento de selecção e avaliação das aptidões
de cada um. Sendo a alma humana (psikê) um composto de três
partes: o apetite, a coragem e a razão, todos nascem com essa
combinação, só que uma delas predomina sobre as demais. Se
alguém deixa envolver-se apenas pelas impressões geradas pelas
sensações
A justiça é feita
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Platão, neste seu entendimento da justiça,
manifesta um espírito eminentemente
conservador ao pretender que cada classe
social se conforme com a situação que ocupa
na pólis e não tente alterá-la ou subvertê-la.
Fazendo-se uma leitura moderna dessas
conclusões, os trabalhadores jamais
poderiam reivindicar o poder político pois
esse deve pertencer exclusivamente aos mais
instruídos e mais sábios. Como se vê, o
filósofo não pretende abolir as classes Uma sociedade em
sociais, como muitos dos seus intérpretes harmonia e paz
afirmavam. Bem ao contrário. A intenção
dele foi reformar o sistema de classes estabelecido pelas diferenças
de renda e património (ricos, pobres e remediados), comuns na
maioria das épocas históricas, substituindo-o por um outro baseado
nas atribuições naturais com que cada um é dotado (razão, coragem,
apetite). Portanto é totalmente inapropriado dizer-se haver um
comunismo platónico.
Propriedade e família
Os governantes
Um dos aspectos mais conhecidos e polémicos da
utopia de Platão é o que trata dos governantes
(arcontes), pois para ele a sociedade ideal deveria ser
governada pelos filósofos, ou pelo filósofo-rei,
porque somente o homem sábio tem a inteira ideia do
bem, do belo e da justiça. Consequentemente, ele terá
menos inclinação para cometer injustiças ou de
praticar o mal, impedindo os governados de se
rebelarem contra a ordem social. Mas por que o
homem sábio é aquele que está mais próximo da ideia Os
do bem? governantes
são os mais
sábios
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O mundo das ideias
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Projecção
A utopia de Platão estimulou pelos tempos afora
uma série de teorias que também visavam à
constituição de uma sociedade perfeita. De certa
forma, ele espelhou a enorme e infinita
insatisfação humana com as sociedades
imperfeitas em que estamos condenados a viver.
Ele, de certo modo, laicizou a busca pelo Paraíso.
Difundiu a ideia de que é possível alcançar-se uma
sociedade perfeita formada por seres humanos
exclusivamente com recursos humanos e não
divinos. A República platónica é antes de tudo um
grande projecto de engenharia social. É inegável
sua influência na obra de Thomas Morus, A
Utopia, de 1516, na de Dominico Campanella, A
Cidade do Sol (Civitas Solis), de 1602, bem como
na maioria das doutrinas políticas socialistas que T.Morus (1478-
emergiram nos séculos XVIII e XIX. O sonho 1535) retomou
platónico igualmente foi apontado, especialmente com sucesso as
por Karl Popper (A Sociedade Aberta e seus ideias utópicas de
Inimigos, de 1957), como inspirador dos Platão
movimentos autoritários, como o fascismo, em
decorrência de sua postura antiliberal, celebrando
a rigidez hierárquica, excluindo dela a liberdade da
realização económica.
Crítica
A principal crítica feita às teorias de Platão ocorreram
em sua época mesmo; sendo que as mais consistentes
partiram do seu discípulo Aristóteles, que apontava a
ideia da comunidade dos bens, das mulheres e dos
filhos, como oposta à natureza das coisas. Elas
desconhecem também, segundo o crítico, o fato de que
se a cidade é a "unidade da multiplicidade", composta
de pequenos grupos e pessoas que são distintas umas
das outras e que fazem questão de manifestar
Para abertamente a sua distinção. Na cidade ninguém quer
Aristóteles as parecer-se com o outro. Torna-se, pois, antinatural
ideias de exigir uma uniformização ou padronização total, como
Platão eram sugerem os moldes platónicos. Para Aristóteles, a tese
antinaturais de entregar o poder apenas a um segmento da
sociedade, aos sábios, seleccionados por um complexo
sistema semelhante ao de uma casta que governariam sem nenhum
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limite, parecia-lhe contradizer a vocação essencial da cidade, que é ser
regida por leis comuns a todos e não apenas por um sector dela, por
mais qualificado que o governante pudesse ser.
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2 - Em seguida vem as artes produtoras (o plantio, a tecelagem, o
comércio, etc.), e por último:
A Política é Tecelagem
Os Pretendentes à Política
Quem, porém, entre eles, pode se habilitar a
esta arte, a de dedicar-se à ciência do tecer? O
pensador então estabelece uma espécie de
escala da qual, a princípio, são eliminados os
escravos, fazendo a seguir restrições também a
maioria dos homens livres em geral (aos
camponeses, aos artesãos, aos comerciantes e
aos marinheiros, desqualificando-os para o
exercício de tal arte). Entre os que realmente
Figuras estranhas
ambicionam dominar a arte da política, ele
rondam o mundo da
aponta os pertencentes aos sectores
política
intelectualizados da sociedade: os arautos (os
mensageiros), os adivinhos, os sacerdotes e os magistrados. Ocupando
um lugar especial entre esses que querem ter voz activa na política, ele
identifica um estranho grupo que diz ser composto por centauros,
sátiros e outros animais fantásticos, que rondam por assim dizer o
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mundo da política, ameaçando toda hora quer dele participar
activamente (o que nos leva a interpretar tal grupo bizarro como uma
metáfora dos elementos irracionais que pululam na sociedade tentando
dominá-la).
As formas da política
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O Rei Competente
Platão minimiza a importância das formas que
os regimes políticos assumem. Neste momento
da sua exposição, por meio do Estrangeiro,
personagem principal do diálogo, a monarquia,
a tirania, a oligarquia, a aristocracia ou a
democracia, afiguram-lhe ser de menor
interesse perante o fato maior de saber-se
Os selos do poder
dominar a ciência da política. Pois é esta
real
ciência (a que determina o que realmente é
importante para a política), a arte de saber governar os homens, "a mais
difícil e maior de todas as ciências possíveis de se adquirir", é que nos
possibilita a ajudar a afastar os rivais do Rei Competente (isto é, o
governante ideal). Ela é um instrumento de selecção que, ao mesmo
tempo que nos permite dissuadir os pretendentes equivocados, auxilia a
persuadir os vocacionados a ingressarem na política.
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Ele pode tudo
A Massa e a Elite
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assembleia e não pela arte da política, a vida, assegurou ele, se tornaria
insuportável.
O Verdadeiro Político
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A Arte de Peneirar
A função primeira dela é afastar tudo o que for hostil e estranho a ela,
conservando apenas aquelas artes que lhe são mais próximas, tais
como a estratégia (a arte militar), a magistratura (arte de praticar a
justiça) e a retórica (arte de discursar). Artes que se equivalem tal como
o cobre e o diamante aprecem em relação ao ouro. O momento seguinte,
considerando-se que a estratégia, a magistratura e a oratória, são as
que estão mais próximas à essência da política, Platão observa porém
que elas também são artes subordinadas:
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A Política é a Ciência Soberana
Energia e Moderação
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que as pessoas têm de se agruparem. E ninguém pode ter garantido seu
próprio bem sem a família e sem alguma forma de governo. Para
Aristóteles os indivíduos não se associam somente para viver, mas para
viver bem. Dos agrupamentos das famílias forma-se as aldeias, do
agrupamento das aldeias forma a cidade, cuja finalidade é a virtude dos
seus cidadãos para o bem comum.
A cidade aristotélica deve ser composta por diversas classes, mas quem
entrará na categoria de cidadãos livres que podem ser virtuosos são
somente três classes superiores: os guerreiros, os magistrados e os
sacerdotes. Aristóteles aceita a escravidão e considera a mesma
desejável para os que são escravos por natureza. Estes são os incapazes
de governar a si mesmo, e, portanto, devem serem governados. Segundo
Aristóteles, um cidadão é alguém politicamente activo e participante da
coisa pública. Segundo Aristóteles, sem um mínimo de ócio não se pode
ser cidadão. Assim, o escravo ou um artesão não se encontra
suficientemente livre e com tempo para exercer a cidadania e alcançar a
virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica.
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todo. Segundo Aristóteles, a família compõe-se de quatro
elementos: os filhos, a mulher, os bens, os escravos; além,
naturalmente, do chefe a que pertence a direcção da família. Deve
ele guiar os filhos e as mulheres, em razão da imperfeição destes.
Deve fazer frutificar seus bens, porquanto a família, além de um
fim educativo, tem também um fim económico. E, como ao
estado, é-lhe essencial a propriedade, pois os homens têm
necessidades materiais. No entanto, para que a propriedade seja
produtora, são necessários instrumentos inanimados e animados;
estes últimos seriam os escravos.
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reconhece: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a
dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos.
FAMILIA E EDUCAÇÃO
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pela animação e vida se poderá determinar se existe crime"
(Política, 4,c.14, § 10).
Só modernamente se veio a saber melhor sobre a vida. Enquanto
isto demorou, até moralistas cristãos admitiram o aborto antes da
referida animação de que fala Aristóteles, como acontecida apenas
em um estágio adiantado da gestação.
Não se sabendo dizer se foi mesmo o maior filósofo dentre os até agora
nascidos, certamente é Aristóteles ainda uma das cordilheiras mestras
do pensamento humano.
A Política de Aristóteles
34
Aristóteles e Atenas
A política
35
A estrutura da obra
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Constituição e governo
Segundo o estagirita, governo e constituição significam a mesma coisa,
sendo que o governo pode ser exercido de três maneiras diferentes; por
um só, por poucos ou por muitos. Se tais governos têm como objectivo o
bem comum, podemos dizer que são constituições rectas, ou puras. Por
outro lado, se os poderes forem exercidos para satisfazer o interesse
privado de um só, de um grupo ou de apenas uma classe social, essa
constituição está desvirtuada, depravou-se. Nota-se aqui o claro
confronto ressaltado por ele entre a busca do bem comum e o interesse
privado ou de classe. Quando um regime se inclina para o último, para
algum tipo de exclusivismo, voltando as costas ao colectivo, é porque
perverteu-se.
As formas de governo
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O regime ideal
Projecção e crítica
38
Formas de governo
39
Nicolau Maquiavel
O Príncipe
40
na administração da República de Florença, de 1498 a 1512, na
segunda Chancelaria, tendo substituído Adriani, e como secretário do
Conselho dos Dez da Guerra (Dieci di Libertà et Pace), a instituição que
na Signoria tratava da guerra e da diplomacia.
”Os fins justificam os meios” seja tão mal interpretada. Mas para
entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o
período histórico em que viveu. É exactamente isso que vamos fazer.
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governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e
manter o poder.
42
sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do
poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o
cálculo político, a astúcia e a acção rápida e fulminante contra os
adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à
impotência a oposição interna, atemorizar os súbitos para evitar a
subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo
da administração.
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“…Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é
natural que se arruíne entre tantos que não são bons.”
*****
44
Ele foi torturado, mas ainda assim insistiu ser inocente. Foi libertado
naquele mesmo ano, e a partir de então, se isolou, vivendo em uma
pequena propriedade em San Casciano, próximo a Florença. Sem
perspectivas de conseguir uma nomeação para o novo governo,
Maquiavel se dedicou a escrever livros.
*****
O Príncipe
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A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em
cinco partes, a saber:
Maquiavel afirma ainda que um líder deve buscar o apoio de seu povo.
Para a surpresa de muitos, o autor explicou que ao assumir o poder
―deve-se cometer todas as crueldades de uma só vez, para não ter que
voltar a elas todos os dias…Os benefícios devem ser oferecidos
gradualmente, para que possam ser melhor apreciados.‖
Maquiavel também ensinou que para obter sucesso, um líder deve estar
cercado por ministros leais, competentes e confiáveis.
46
Maquiavel também afirma que, se necessário, um governante deve
mentir e trapacear. O autor declara que é melhor para um líder caluniar
do que agir de acordo com suas promessas, se estas forem resultar em
consequências adversas para sua administração e seus interesses.
Em 1500 foi enviado a França onde se encontra com Luís XII e com o
Cardeal de Orleães.
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A sua missão mais memorável, acontecida em 1502 quando visitou
César Bórgia estabelecido na Romagna, foi objecto de um relatório de
1503 intitulado «Descrição da Maneira empregue pelo Duque Valentino
[César Bórgia] para Matar Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, Signor
Pagolo e o Duque de Gravina, Orsini», no qual descreveu com uma
precisão cirúrgica os assassinatos políticos do filho do Papa Alexandre
VI Bórgia, explicando sub-repticiamente a arte política ao principal
dirigente de Florença, o indeciso e timorato Pier Soderini.
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Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio
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Nessa visão de poder do Estado, é clara a importância da religião, pois
em nome dela são feitas valer muitas causas em favor do Estado. A
religião é, sob a visão de Maquiavel, um instrumento político é usado
de modo a justificar interesses os mais peculiares e, também, como
conforto à população, que anda sempre em busca de ideais, a estar
disposta até mesmo a conceder sua vida em busca destes.
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A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria
experiência, seja ela com os livros dos grandes escritores que o
antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até
mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado
governo do qual fez parte.
Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Índex
pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objecto de
excreção dos moralistas.
Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou
durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido
cortada pelo meio com o retorno dos Médici e, quando estes deixaram o
poder, os cidadãos esqueceram-se dele, ―um homem que a fortuna tinha
feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado‖. Também não
chegou a ver a Itália forte e unificada.
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Princípios maquiavélicos
Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: ―os fins
justificam os meios”. Mas com certeza ela é o melhor resumo para sua
maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só
trabalho , todo o pensamento de Nicolau Maquiavel , portanto, vamos
analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente
interpretada.
Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio
antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as ideias
de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a
prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na
arte de governar. Maquiavel procura a prática.
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Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. O termo
maquiavélico tem sido constantemente mal interpretado.
O Legado de Maquiavel
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Benito Mussolini, o líder fascista italiano durante a Segunda Guerra
Mundial, um homem que trouxe muita destruição para seu país,
elogiou publicamente o livro. Dizem que Napoleão Bonaparte dormia
com um exemplar do livro sob seu travesseiro. No entanto, deve-se
lembrar que Maquiavel apenas apresentou, e não criou, a realidade
amoral da política.
54
Natureza humana:
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Política: é a actividade constitutiva da existência colectiva: tem
prioridade sobre todas as demais esferas.
Não define Estado: infere-se que percebe o Estado como poder central
soberano que se exerce com exclusividade e plenitude sobre as questões
internas externa de uma colectividade.
Estado: está além do bem e do mal: o Estado é!
Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles
têm de bom e os contém no que eles têm de mal.
Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade.
Daí a ideia de “razão de Estado”: existem motivos mais elevados que
se sobrepõem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei.
Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o
fim: e os fins justificam os meios.
O Príncipe: não se destina aos governos legais ou constitucionais.
Questão: como constituir e manter a Itália como um Estado livre, coeso
e duradouro? Ou como adquirir e manter principados?
A tirania é uma resposta prática a um problema prático.
O Príncipe: não há considerações de direito, mas apenas de poder: são
estratégias para lidar com criações de força.
Teoria das relações públicas: cuidados com a imagem pública do
governante.
Teoria da cultura política: religião nacional, costumes e ethos social
como instrumentos de fortalecimento do poder do governante.
Teoria da administração pública: probidade administrativa, limites à
tributação e respeito à propriedade privada.
56
CONCLUSÃO:
57
homens vivem em conflito e competição, o que pode acarretar uma
anarquia declarada a menos que seja controlada pela força que se
esconde atrás da lei.
58
Erasmo de Roterdão
A Educação do Príncipe Cristão
O elogio da Loucura
59
política, mas pode ser considerada como um compêndio de
formação política. É uma obra pedagógica, justamente porque
Erasmo, como preceptor de príncipes, procura através dos seus
ensinamentos, da sua doutrina, da sua moral, tornar o príncipe cristão
virtuoso e justo, como ele entendia que os príncipes deviam ser". Numa
monarquia hereditária, a maior esperança em que surja um bom
rei está na educação do jovem príncipe. Quanto mais excelente for
a educação do jovem príncipe, mais probabilidades há em que
venha a ser um bom rei.
O principal objectivo da educação do jovem príncipe é inculcar nele o
sentido do Estado. O príncipe deve ser ensinado a desejar, não os
privilégios de quem reina, mas as responsabilidades de quem governa.
Como cristão, Erasmo considera que o estudo das Sagradas Escrituras
deve estar sempre presente no currículo escolar do jovem príncipe.
"Há que imprimir na mente do príncipe a clara distinção entre o
bem e o mal. A verdadeira honra dos príncipes é a que vem da
virtude e da prática das boas acções - e não do número de estátuas,
ou da linhagem da família, ou das pompas e riquezas. O dever do
príncipe é ter em conta o bem-estar do seu povo, mesmo que com o
sacrifício da sua própria vida, se necessário. Erasmo, noutro passo
da "Educação do Príncipe Cristão", completa o seu pensamento
indicando expressamente quais as obras que o jovem príncipe deve
ler. São elas, por ordem de importância: em primeiro lugar, os Provérbios
e o Livro da Sabedoria, de Salomão; segundo, os Evangelhos; terceiro, os
livros de Plutarco e de Séneca; quarto, a Política de Aristóteles; quinto o
"De Officiis" de Cícero; e sexto, a República de Platão.
Fazendo lembrar Platão, Erasmo considera que o príncipe também deve
ser filósofo, pois sem o concurso da filosofia o rei governa às cegas.
"Erasmo propõe com a boa preparação para a vida cristã a leitura
sensata dos poetas e filósofos pagãos, seguindo o exemplo de São
Basílio, de Santo Agostinho e de São Jerónimo, evitando, obviamente, os
maus costumes associados com a cultura grega. A volta aos clássicos
tem valor instrumental, pois serve para fins cristãos, ideia
contrária ao ideal dos humanistas italianos. Estes consideram os
clássicos como meios para alcançar uma vida plenamente humana,
sem qualquer preocupação com fins cristãos"
Em 1511, Erasmo publicou um importante tratado sobre educação,
intitulado "Sobre o Método Certo de Ensino" ( no original latino "De
Ratione Studii") e um ano depois deu á estampa um texto didáctico com
o título "Sobre a Lista de Palavras" (no original latino "De Copia
Verborum"). O tratado "De Ratione Studii" foi "a primeira formulação
explícita de Erasmo sobre o processo educativo. Aliás, é a única obra do
género, na época, no que diz respeito aos rudimentos, isto é, à
aprendizagem da fala e da leitura. Nota-se a influência de Quintiliano. A
esse respeito, Erasmo afirma que àquilo que Quintiliano escreve nada
se pode acrescentar. A finalidade do trabalho de Erasmo é levar os
jovens de inteligência e de capacidade mediana a um nível de estudos
aceitável, ensinando-os a conversar em Latim e Grego, numa idade em
60
que, sob as orientações de um mestre comum, não teriam ultrapassado
sequer o nível primário" .
Erasmo revelou uma enorme preocupação com a aprendizagem da
escrita, considerando que uma boa escrita não se atinge apenas com o
estudo da gramática e a realização de ditados e composições, sendo
também necessário mergulhar na Literatura Clássica e em particular
Plínio, Platão, Aristóteles, Orígenes, Basílio, Ovídio, Homero e Hesíodo.
Erasmo defendeu a utilização dos prémios e das recompensas como
forma de incentivar os alunos.
Em 1518, Erasmo publicou "Os Colóquios Familiares" ("Familiarium
Colloquiorum Formulam"), consistindo em exercícios para o ensino da
conversação em Latim. Em 1529, publicou o tratado "Sobre a Educação
dos Meninos" ("De Pueris Instituendis"), no qual traça, de uma forma
breve, o seu ideário pedagógico. Nesta obra, Erasmo faz uma crítica ao
mau estado do ensino na sua época: más instalações, professores mal
preparados, alunos ignorantes e directores escolares incompetentes.
O bom professor deverá interessar-se por cada um dos seus alunos,
conhecer as suas personalidades, dominar muito bem as matérias, ter
boa capacidade de comunicação e possuir as virtudes morais.
Erasmo foi um pioneiro na defesa da educação infantil, defendendo o
início dos estudos a partir dos três anos de idade, mas
Sempre no respeito pela maturidade da criança, procurando adaptar o
ensino à personalidade do aprendiz.
61
Os filósofos – gabam-se de serem os únicos sábios, mas se
tirar-mos o véu de orgulho e presunção veremos que não passam
de ridículos loucos. A natureza parece zombar de suas
conjecturas, e é risível sua teoria de infinidade dos mundos.
Falam de astronomia como se conhecessem os astros palmo a
palmo. Na verdade, eles não têm nenhuma ideia segura.
Mas a crítica maior de Erasmo é para a Igreja. Ele era cristão, mas
foia contra a hierarquia dessa instituição (Igreja), que declara guerras,
faz cerimonias e rituais em demasia, e discutem eternamente o mistério
divino, sendo que o mandamento de Cristo é apenas a prática da
caridade. Defende um retorno à simplicidade do início da Igreja. Lutero
estava juntando adeptos em suas pregações e convidou Erasmo, mas
este permaneceu na Igreja católica, apontando defeitos. Mais tarde
polemizou contra Lutero a favor do livre-arbítrio, que o protestante não
acreditava. Erasmo é considerado o principal pensador do humanismo.
Critica os teólogos, pois esses condenam, por poucos motivos, muitas
pessoas como hereges. Os bispos vivem alegremente, entregam-se à
diversão material e esquecem que o seu nome significa zelo e solicitude
pela redenção da alma, mas não esquecem das honrarias e o dinheiro.
Os monges, para Erasmo, não fazem nada, mas não dispensam o vinho
e a mulheres. O papa não tem a salvação que Cristo fala, pois se
tivessem abria mão de seu património e dos impostos. Erasmo critica o
imposto que a igreja cobra para não condenar as almas após a morte. E
os papas aprovam a guerra, que é cruel e desumana.
62
Thomas More
A utopia
Era filho do juiz Sir John More, nomeado cavaleiro por Eduardo IV, e de
Agnes Graunger. Casou-se com Jane Colt em 1505, em primeiras
núpcias, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John.
Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se em segundas núpcias
com Lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor,
caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. Dele se
disse que era amigo de seus amigos, entre estes se encontravam os
mais destacados humanistas de seu tempo, como Erasmo de
Rotterdam e Luis Vives.
Deu aos filhos uma educação excepcional e avançada para época não
discriminando a educação dos filhos e das filhas. A todos
indistintamente fez estudar latim, grego, lógica, astronomia, medicina,
matemática e teologia. Sobre esta família escreveu Erasmo:
"Verdadeiramente, é uma felicidade conviver com eles."
63
Câmara dos Comuns da qual foi eleito Speaker tendo ganho fama de
parlamentar combativo. Em 1510, foi nomeado Under-Sheriff de
Londres, no ano seguinte juiz membro da Commission of Peace. Entrou
para a corte de Henrique em 1520 foi várias vezes embaixador do rei e
tornou-se cavaleiro (Knight) em 1521. Foi nomeado vice-tesoureiro e
depois Chanceler do Ducado de Lancaster e, a seguir, Chanceler da
Inglaterra.
A sua obra mais famosa é "Utopia" (1516) (em grego, utopos = "em
lugar nenhum") . Neste livro criou uma ilha-reino imaginária que
alguns autores modernos viram como uma proposta idealizada de
Estado e outros como sátira da Europa do século XVI. Um dos
aspectos desta obra de More é que ela recorreu à alegoria (como no
Diálogo do conforto, ostensivamente uma conversa entre tio e
sobrinho) ou está altamente estilizada, ou ambos, o que lhe abre
um largo campo interpretativo.
65
Temos aí uma diferença de concepções no método de alcançar um
bom governo. Para More, este deveria ter origem no povo, e ser
calcado na sabedoria dos mais velhos.
66
Por outro lado, a participação das mulheres na sociedade é bem
igualitária, na educação, no treino militar e na divisão do trabalho.
Por exemplo, mesmo o casamento sendo rigidamente controlado de
acordo com as necessidades colectivas, ambos os noivos deverão
estar de acordo com o matrimónio. Da mesma forma, o divórcio é
tão restrito ao homem quanto à mulher (daí a necessidade de
escolher bem os cônjuges antes).
67
Esse rígido controlo é encontrado também nos costumes. More
entendeu que uma sociedade tão diferente no funcionamento e nas
suas raízes deveria ter também uma cultura e ética totalmente
diferente, e tentou encontrar os pontos onde os costumes contribuiriam
para a manutenção dessa sociedade. Aqui diverge de Maquiavel. Esse
acredita numa dupla moral. More acredita que a vida pública deve estar
reflectida na vida privada. Esse rígido controlo da cultura e dos
costumes está calcado no condicionamento, isto é à repetição intensa
das lições, mensagens subliminares durante a educação e simbolismo.
Há um quê de Behaviorismo na educação em Utopia.
Parte pode ser reservado para eventualidades, outra parte doada para
os pobres de alguma nação vizinha. Uma outra parte é reservada para
ser vendida a nações vizinhas que queiram comprar. O dinheiro
resultante não teria utilidade se não houvesse nações gananciosas e
belicosas.
68
para acumular o suficiente para subsistência, os subornos e as tropas
mercenárias, era perfeito.
Todo cidadão de Utopia busca o prazer. Mas o seu prazer não pode
resultar no prejuízo, num mal a outrem. A filosofia de Utopia
constrói toda uma lógica da busca pelo prazer, extremamente
lúcida por sinal, enumerando uma hierarquia e classificando os
prazeres físicos, intelectuais e espirituais. A ética e a religião
também são ligadas à busca pelo prazer e felicidade.
69
Thomas More escreveu uma obra onde descreve uma
sociedade que entende como melhor que aquela onde
vivia. Isso todos sabem. O próprio nome da ilha acaba
corroborando essa concepção geral de que Utopia (que
vem do grego, ou-topos: lugar nenhum) é considerada
como o local onde se encontraria a sociedade ideal, e
sendo ideal, inalcançável. Mas embora o nome da ilha
indique que esta exista em um lugar nenhum, ela é
situada geograficamente na América, no novo mundo. Ela
não é colocada num lugar imaginário, num lugar
espiritual, ou num lugar perdido. A ilha existiria no novo
continente, sendo então possível fazer a viagem para lá. E
é exactamente o que fez Rafael Hitlodeu, o viajante do
qual supostamente More ouviu falar da ilha. Por sinal,
idoso e sábio, Rafael Hitlodeu representa o rei filósofo de
Platão. Essa localização no Novo Mundo está ligada a
ideia da esperança de um novo tempo, de uma nova era
para o homem, que é o Renascimento e o Humanismo. A
descoberta de uma nova terra trazia consigo uma nova
chance, isto é, para os insatisfeitos com o mundo
europeu, a possibilidade tanto de encontrar uma nova
civilização melhor, quanto um novo lugar para
experimentar. O Humanismo do autor estava fazendo um
grande rompimento com a idade média, não estava
interessado na promessa de uma recompensa no além,
no espírito, está preocupado com o mundo físico, com o
mundo temporal. Um dos maiores méritos do livro
Thomas More foi deslocar o Paraíso para o mundo real.
70
posturas políticas que deixa transparecer, principalmente na primeira
parte do livro, Thomas More está interessadíssimo na aplicação de suas
ideias. Todo o debate entre More e Rafael Hitlodeu na primeira parte do
livro é conduzido de maneira subliminar por este intuito.
71
Thomas Hobbes
Leviatã
72
Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só
podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder
absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja cristã e o Estado cristão
formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o
direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir
o culto. Neste sentido, critica a livre interpretação da Bíblia na Reforma
Protestante por, de certa forma, enfraquecer o monarca.
Sua filosofia política foi analisada pelo estudioso Richard Tuck como
uma resposta para os problemas que o método cartesiano introduziu
para a filosofia moral. Hobbes argumenta, assim como os cépticos e
como René Descartes, que não podemos conhecer nada sobre o mundo
exterior a partir das impressões sensoriais que temos dele. Esta filosofia
é vista como uma tentativa para embaçar uma teoria coerente de uma
formação social puramente no fato das impressões por si, a partir da
tese de que as impressões sensoriais são suficientes para o homem agir
em sentido de preservar sua própria vida, e construir toda sua filosofia
política a partir desse imperativo.
Notar que um soberano pode ser uma pessoa tanto quanto um grupo,
eleito ou não. Porém, na perspectiva de Hobbes, a melhor forma de
governo era a monarquia — sem a presença concomitante de um
Parlamento, pois este dividiria o poder e, portanto, seria um estorvo ao
Leviatã e levaria a sociedade ao caos (como na guerra civil inglesa).
73
Índice
1 Parte 1: A respeito do Homem
74
o
3 Parte 3: Do Estado cristão e Parte 4: Do Reino das
Trevas
5 Ligações externas
75
Alguns excertos que retratam o pensamento do autor:
Uma das origens das acusações de ateísmo contra Hobbes tem origem
neste capítulo, onde o autor descreve como os primeiros líderes das
sociedades primitivas criaram crenças e religiões para manter o povo
em obediência e paz.
76
Capítulo 13: Sobre a condição natural da humanidade
relativamente à sua felicidade e miséria
77
quem se contenta somente com a sua própria defesa não dura muito
tempo.
78
homens não têm um poder maior que lhes obriga a cumprir o contrato,
o pacto é nulo, um juramento, simplesmente, não assegura a obrigação.
79
12ª, 13ª e 14ª Leis Naturais: Tudo aquilo que não pode ser
dividido deve ser gozado em comum. O que não pode nem ser divido e
nem ser gozado em comum deve ser sorteado. O sorteio pode ser feito
de maneira arbitrária de maneira a conceder em acordo a um dos
indivíduos, como ocorre a concessão a um primogénito de uma herança.
15ª Lei Natural: Os mediadores da paz devem ter salvo-conduto
porque esse é o meio para a intercessão.
16ª e 17ª Leis Naturais: Mediante controvérsia deve se
estabelecer um árbitro e a este devem se submeter os indivíduos.
Quando uma causa não é mediada por um árbitro e causou guerra:
trata-se de uma guerra contra a lei de natureza.
18ª Lei Natural: Posto que cada um procura o seu próprio
benefício, ninguém pode ser o seu próprio juiz.
19ª Lei Natural: No caso de uma controvérsia, um juiz deve ouvir
o testemunho de uma terceira, quarta ou até mais pessoas pois não
pode ser parcial.
Parte 2: Do Estado
80
"Esta é a geração daquele enorme 'Leviatã', ou antes - com toda
reverência - daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus
Imortal, nossa paz e defesa."
81
estado civilizado, onde os homens depositam em um representante que
resguarde os interesses de todos e cada um.
82
Na monarquia, o interesse pessoal é o mesmo que o interesse
público, nesta forma de governo não há como o soberano ser rico ou
glorioso senão com os súditos. A democracia e a aristocracia já
propiciam uma forma de corrupção que restrinja as riquezas do
governo.
Hobbes defende que a monarquia é menos inconstante, mais
sensata com relação à admissão de conselhos, privilegia menos alguns
em relação aos demais, em suma, a melhor forma de governo.
83
Capítulo 23: A respeito dos ministros públicos do poder soberano
"Os Estados não podem suportar uma dieta, eis que não sendo
suas despesas limitadas por seu próprio apetite, mas sim, por
acidentes externos e pelos apetites de seus vizinhos, a riqueza
pública não pode ser constrangida por outros factores senão os que
forem exigidos no momento."
84
Capítulo 29: Das coisas que enfraquecem ou levam à dissolução de
um Estado
85
homens devem ser eternamente atormentados; e por que acções obterão
vida Eterna.
O lugar onde Adão teria Eternidade se não tivesse pecado, era o Paraíso
terrestre. No início descobrimos que Adão foi criado em tal condição de
vida que, não transgredindo o mandamento de Deus, ele teria usufruído
dela no Paraíso do Éden para Sempre. Pois havia a Árvore da Vida; da
qual ele teria sido permitido comer se deixasse de comer da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal; que não lhe era permitida. E portando,
assim que ele a comeu, Deus o expulsou do Paraíso, para que ele não
estendesse a mão e tomasse também da árvore da vida, e vivesse para
sempre. Pelo que me pareceu (submetendo, contudo, ambos nisso, e em
todas as questões, de onde a determinação depende das Escrituras, à
interpretação da Bíblia, autorizada pela Commonwealth, de quem sou
súdito) que Adão, se não tivesse (Gen. 3. 22) pecado, teria a Vida Eterna
na Terra: e que a Mortalidade entrou nele, em sua posteridade, pelo seu
primeiro Pecado. Não que a Morte em si entrasse então; porque neste
caso Adão nunca teria podido ter filhos; ao passo que viveu muito
tempo após, e viu numerosa descendência até morrer. Mas onde diz, No
dia em que comeres, positivamente morrerás, deve querer dizer sua
Mortalidade, e certeza de morte. Vendo então que a vida Eterna estava
perdida pelo erro de Adão, em cometer pecado, aquele que devia
cancelar este erro recuperaria, com isso, aquela Vida novamente. Ora,
Jesus Cristo compensou pelos pecados de todos os que crêem nele; e
assim recobrou para todos os crentes, aquela Vida Eterna, que foi
perdia pelo pecado de Adão. E é neste sentido que entendemos o que
São Paulo ensinou, (Rom. 5. 18, 19.) Como, pela ofensa de um,
sobreveio Julgamento sobre todos os homens para condenação, assim
mesmo, pela rectidão de um, a dádiva gratuita sobreveio a todos os
homens para Justificação da Vida. O que é novamente (1 Cor. 15. 21,
22.) entregue com mais perspicácia nestas palavras, Pois visto que pelo
homem veio a morte, pelo homem também veio a ressurreição dos
mortos. Pois como em Adão todos morrem, assim em Cristo deverão
todos ser vivificados. Textos concernentes o lugar da Vida Eterna, para
Crentes. Concernente ao lugar onde os homens usufruirão esta Vida
Eterna, a qual Cristo tinha obtido para eles, os textos a seguir parecem
dar a entender que será na Terra. Pois se em Adão todos morrem, isto é,
perderam o Paraíso, e Vida Eterna na Terra, assim em Cristo todos
serão vivificados; então se fará com que todos os homens vivam na
Terra; caso contrário, a comparação não seria apropriada.
O autor defendeu nesta obra que a única obrigação moral com a qual os
agentes estão comprometidos é a satisfação do seu próprio interesse.
Nota-se que Hobbes não defendeu que agimos "sempre" por interesse
próprio: por exemplo, pelo fato de sermos "naturalmente" egoístas. Ele
defendeu algo consideravelmente mais "forte": mesmo que seja possível
agir de forma "não egoísta", pura e simplesmente não devemos fazê-lo.
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Daí que, segundo Hobbes, o único princípio ou norma de
comportamento seja a persecução dos interesses particulares de cada
agente.
Conclusão:
. Contexto
1. Concepção do homem
2.Estado de Natureza
2.1 Estado onde o homem disputa de todas as coisas por direito natural
e absoluto.
2.2 Direito de Natureza: é o direito e a liberdade de cada um para usar
todo o seu poder inclusive a força para preservar a sua natureza e
satisfazer os seus desejos.
2.3 Lei Natural: é a regra geral, ditada pela razão, que obriga cada um a
preservar a sua própria vida e o proíbe de destruí-la
2.3.1 Primeira Lei da Natureza: todo homem deve esforçar-se para que
a paz exista e seja mantida desde que haja expectativas reais de
consegui-lo.
2.3.2 Violação da Primeira Lei da Natureza: faz com que passe a vigorar
apenas o Direito de Natureza: todos recorrem ao livre uso da força para
aumentar seu poder ou para impedir que o seu poder seja controlado
por terceiros = Estado de Guerra.
2.4 Estado de Natureza = Estado de Guerra
2.4.1 Mesmo que não exista estado de batalha
2.4.2 Plena liberdade e total terror: a violência é iminente e pode
ocorrer da forma mais imprevisível, sem qualquer causa aparente
2.4.3 Homens: Não podem gerar riqueza: ocupam-se durante todo o
tempo em atacar outros ou em protegerem-se da possibilidade de serem
atacados.
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3. Sociedade política (Estado) é a única alternativa que a
razão mostra existir ao estado de guerra
88
ideia de propriedade
3.6.3 Se a propriedade não existe no estado de natureza, tampouco
pode-se esperar que exista justiça
3.6.4 Justiça e propriedade: só podem existir na sociedade política
3.6.5 É o soberano que atribui a cada homem uma parcela conforme o
que ele próprio considera compatível com a equidade e o bem comum
3.6.6 Propriedade: é um conjunto de direitos artificiais sobre algo,
impedindo o seu desfrute não autorizado por parte de outros mas sem
impedir que o soberano o faça.
89
8. Relações Internacionais
9. Método de Hobbes
II. Leviathan
1.Introdução
Em sua obra ―Leviathan‖, Thomas Hobbes reflecte sobre a
impossibilidade do retorno dos homens ao estado de natureza, quando,
entre outras coisas, afirma que os homens foram feitos iguais.
Argumenta que sua natureza leva à discórdia (competição, desconfiança
e desejo de glória). Sem um poder comum, os homens estarão sempre
nesse estado de natureza, ou seja, em constante estado de guerra uns
contra os outros, havendo, assim, a necessidade de um poder comum
que os ordene, pois não existe um equilíbrio entre atritos e a
estabilidade sempre que não houver a paz, necessariamente se travará
a guerra.
Nessa guerra de todos contra todos, nada pode ser injusto. Não existe
distinção entre bem e mal, justiça e injustiça. Onde não há bem
90
comum, não há lei, e onde esta não existe, certamente não haverá
justiça. No estado de guerra, força e fraude são consideradas virtudes.
2. Concepção do homem
91
Assim, o homem deve esforçar-se para que exista a paz e que esta seja
mantida, mas, no entanto, não deve renunciar aos seus direitos em
favor dos outros deve garantir a sua própria existência acima de
qualquer princípio. Se o estado de harmonia em que se encontrar for
violado, é digno de recorrer ao livre uso da força se não para aumentar
seu poder, para impedir que ele seja controlado.
4. Características do pacto
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são contrárias à paz, e quais as que lhe são propícias;
# 7: pertence à soberania do poder de prescrever as regras de
propriedade; a autoridade judicial; direito de fazer guerra e paz com
outras nações e Estados; escolher os conselheiros, ministros,
magistrados e funcionários, tanto na paz como na guerra; e direito de
recompensar com riquezas e honras, e o de punir com castigo corporais
ou pecuniários, ou com a ignomínia, a qualquer súdito, de acordo
com a lei que previamente estabeleceu.
93
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