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Tentativa

Art 14 - Diz-se o crime:

Crime consumado

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal

Crime Tentado

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.

Pena de tentativa

Parágrafo Único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuído de um a dois terços.

Iter Criminis (caminho do crime): Tem 2 fases

1.Fase interna: É a cogitação. É impunível

2.Fase externa: Parte da preparação, execução e consumação

Os atos preparatórios em regra não são puníveis, a punição da tentativa começa a partir da
execução, dos atos executórios.

Alguns crimes são tipificados como crimes sendo a fase preparatória de outros crimes. Exemplo:
Art 291 do Código Penal Petrechos de Falsificação de papeis públicos. Se você falsifica a
falsificação absorve o crime de Petrechos de Falsificação, se não, a preparação para a falsificação
por si só já é tipificada como crime. Exemplo 2: Associação Criminosa: independe da realização
do crime. Exemplo 3: Associação para o tráfico.
Onde se completa o Iter Criminis? Na consumação. O exaurimento não é tido como uma fase do
Iter Criminis

Tentativa: É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

Teorias sobre a punibilidade da tentativa:

A) Teoria subjetiva, voluntarística ou monista: ocupa-se exclusivamente da vontade criminosa,


que pode se revelar tanto na fase dos atos preparatórios como também durante a execução. O
sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o desvalor da ação, sendo irrelevante o
desvalor do resultado. ( Aqui se eu cometo um Crime Impossível por Absoluta Ineficácia do Meio
de Execução, eu ainda assim sou punido, pois o que valia era a minha intenção, mesmo que
fosse impossível eu cometer o crime. Não é aplicado no nosso Código Penal, pois para nós os
atos preparatórios não são, em regra, puníveis)

B) Teoria Sintomática: Idealizada pela Escola Positivista de Ferri, Lombroso e Garofalo, sustenta a
punição em razão da periculosidade subjetiva, isto é, do perigo revelado pelo agente. Possibilita
a punição de atos preparatórios, pois a mera manifestação de periculosidade já pode ser
enquadrada como tentativa, em consonância com a finalidade preventiva da pena (O importante
é a periculosidade. Não se aplica ao nosso Código Penal)

C) Teoria Objetiva, realística ou dualista: A tentativa é punida em face do perigo proporcionado


ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Sobrepensam-se a intensão e o resultado. Quanto mais
próximo do resultado mais pesado a penalidade da tentativa, mais perto da pena do crime
consumado. (Teoria adotada pelo código penal)

D) Teoria da Impressão ou Objetivo-Subjetiva: representa um limite à teoria subjetiva, evitando o


alcance desordenado dos atos preparatórios. a A punibilidade da tentativa só é admissível
quando a atuação da vontade ilícita do agente seja adequada para comover a confiança na
vigência do ordenamento normativo e o sentimento de segurança jurídica dos que tenham
conhecimento da conduta criminosa.
Espécie de Tentativa:

A) Tentativa Branca ou Incruenta: É quando a tentativa do agente não chega a acertar a coisa ou
a pessoa.

B) Tentativa Vermelha ou Cruenta: É quando a tentativa do agente acerta a coisa ou a pessoa.

No caso de Tentativa Branca, o patamar de redução da pena é máximo. Ou seja 2/3

C) Tentativa Perfeita: Quando o agente esgota todos os meio de execução disponíveis, porém,
por motivos alheios a sua vontade, não consegue consumar o crime. Também conhecido como
Crime Falho. Pode-se se entender também como todos os meios SUFICIENTES. Não precisa
esgotar o pente da arma, se for tiro na cabeça.

D) Tentativa Imperfeita: Quando o agente não esgota todos os meio disponíveis para a execução
do crime.

Infrações Penais que não admitem Tentativa:

A) Crimes Culposos: Logicamente, porque crimes culposos não dependem do dolo, é sem a
vontade de cometer o crime, como você pode falhar na execução de algo que você sequer esta
tentando realizar. * Há o entendimento que caberia tentativa na culpa imprópria, de acordo com
a doutrina majoritária.

B) Crimes Preterdolosos: O agente age com dolo no crime que ele pretendia realizar, mas com
culpa no crime consequente agravador. Tipo quando você tem dolo no crime de lesão, porém a
pessoa acaba morrendo, então você tem culpa no crime de homicídio. Ou seja, se a pessoa não
morrer, se meu primeiro intuito foi apenas lesionar, eu não posso responder por tentativa de
homicídio.

C) Crimes Unisubsistentes: Crime unisubsistente é aquele crime que é praticado em apenas um


ato e não um processo de execução onde podemos ver as etapas da execução do crime, então
não há como haver tentativa. Exemplo: Injúria Verbal. Se a Injúria for escrita pode até haver
tentativa.

D) Crimes Omissivos Próprios ou Puros: Omissão de socorro não cabe tentativa. Ou você faz ou
não faz, não tem como não tentar fazer, se você falhar você não cometeu crime *Crimes
Omissivos impróprios ou crimes por comissivos omissivos cabem tentativa. Crime Comissivo
Omissivo é quando você tinha a obrigação legal de realizar um ato e não realiza, então se alguém
quase morre pela sua omissão você pode responder por um crime comissivo omissivo tentado.

E) Crimes de Perigo abstrato ou presumido: Não faz sentido

F) Contravenções Penais: É uma espécie de infração penal, mas não é um crime.

G) Crimes Condicionados: Aqueles crimes que dependem de uma condição objetiva para ocorrer.
Não cabe tentativa. Exemplo 122 do Código Penal Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio
--> Deve ocorrer ou a morte ou a lesão corporal grave. Se não ocorrer nada com a pessoa, não
podemos imputar o crime a quem instiga um suicídio que não ocorreu.

H) Crimes subordinados a Condição Objetiva de Punibilidade: Por serem crimes contra a ordem
tributária financeira.

I) Crime de Atentado ou de Empreendimento: A tentativa é punida na forma consumada. Porque


na lei fala que a tentativa por si só é um crime. Exemplo: Art 3 da Lei 4.898/65 Lei do Abuso de
autoridade Constitui crime qualquer atentado a liberdade de locomoção.
J) Crimes habituais: Demandam um estilo de vida, pois a pratica de um ato só não configura o
crime, então para a consumação do crime a conduta deve ser feita repetidas vezes pelo agente.

K) Crimes de Obstáculo: Por sua acessoriedade.

Infrações Penais que não cabem tentativa:

Atentado

Culposos

Contravenções penais

Habituais

Omissivos Próprios

Unisubsistentes

Preterdolosos

Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz (Ponte de Ouro)

1 - Desistência Voluntária: Art 15 do Código Penal O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados. Na Desistência Voluntária o indivíduo não esgota todos os meios de execução de um
crime. Ele está no meio da execução e desiste

1.1 Natureza Jurídica da Desistência Voluntária: Prevalece na Doutrina Majoritária que a


Desistência voluntária é uma causa excludente de tipicidade. (Na doutrina minoritária é
considerado uma causa de exclusão da pena)
2 - Arrependimento Eficaz: Praticamente a mesma coisa que a desistência Voluntária. Art 15 Do
Código Penal O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. A única diferença é que aqui o
indivíduo utiliza todos os meios de execução, mas se arrepende do crime e desiste de realizar o
ato.

2.2 Natureza Jurídica do Arrependimento Eficaz: Prevalece na doutrina Majoritária que o


Arrependimento Eficaz é uma causa excludente de tipicidade.

Em ambos os casos não se responde pelo crime já praticado e deixa de responder pelo crime se
pretendia praticar.

3. Motivos: Deve ser sempre voluntariamente, se o crime não se executa por ato alheio a
vontade do criminoso, fira crime tentado.

*Tentativa Perfeita: O indivíduo tenta realizar o crime porém, por atos alheios a sua vontade,
mesmo tendo esgotado todos os meios de execução, o crime não se consuma.

*Tentativa Imperfeita: O indivíduo tenta realizar o crime, porém, por atos alheios a sua vontade,
sem ter esgotado todos os meios de execução do crime, o crime não se consuma.

Tentativa Abandonada: Sinônimo de Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz.

Arrependimento Posterior: Art 16 do Código Penal - Nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou
da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
2. Natureza Jurídica: Diminuição de Pena de 1/3 até 2/3 O mesmo que da tentativa.

3. Fundamentos: É como se fosse uma justiça reparativa.

4. Requisitos:

a) Crimes sem violência ou sem grave ameaça à pessoa.

b) Deve-se reparar ou restituir a coisa

c) Deve ser até o recebimento da denúncia. (Denúncia do MP ao Juiz). Detalhe, não é até o
oferecimento, mas o recebimento. Se for for crime de ação penal privada é até o oferecimento
da queixa

d) Deve ser por um ato voluntário do agente.

5. Detalhes: ainda que não se aplique aos crimes de violência, o instituto do Arrependimento
Posterior pode ser aplicado no caso da lesão corporal culposa.

6. Critério para a redução de pena: Quanto mais rápido a reparação do dano, mais reduzida é a
pena.

7. Recusa do Ofendido em aceitar a reparação do dano ou da coisa: Não é necessária, ainda que
o ofendido se recusa a aceitar a reparação do dano ou da coisa ou o receba, não faz diferença,
haverá a redução da pena de 1 a 2 terços.

8. Comunicabilidade do Arrependimento Posterior com o Concurso de Pessoas: Há


Comunicabilidade entre as pessoas no arrependimento posterior caso haja concurso de pessoas,
ou seja, se cometi um crime em co-autoria ou auxílio, se um dos agentes realizar a reparação do
dano ou a restituição da coisa até o oferecimento da denúncia, a todos se aplicará a redução de
pena.
9. Artigos Específicos Acerca da Reparação do Dano:

Art 312 parágrafo terceiro do código penal Peculato Culposo

No caso do funcionário público tenha concorrido para a que outro desvie ou obtenha bem
público ou particular sob guarda da administração pública, se este funcionário reparar o dano
até a SENTENÇA IRRECORRÍVEL ela terá a pena extinta, caso a reparação seja posterior, a pena
será reduzida pela metade.

Crime Impossível (Crime Oco ou Tentativa Ineficaz)

1. Natureza Jurídica: Excludente de tipicidade legal

2. Teorias Sobre o Crime Impossível:

A) Teoria Objetiva: Apregoa que a responsabilização de alguém pela prática de determinada


conduta depende de elementos objetivos e subjetivos (dolo e culpa)

A.1) Teoria Objetiva Pura: Se o meio de execução for relativamente ineficaz, será aplicado o
instituto de crime impossível para excluir a tipicidade. Se for absolutamente ineficaz também se
aplica a excludente de tipicidade. Assim como absoluta ou relativa impropriedade do objeto
material.

A.2) Teoria Objetiva Temperada: (Adota pelo nosso Código Penal) Se tivermos a ineficácia
absoluta do meio de execução ou o objeto material for absolutamente impróprio. Se for relativo,
responderá pelo crime tentado ou até mesmo consumado.
B) Teoria Subjetiva: Leva em conta a intenção do agente, manifestada por sua conduta, pouco
importando se os meios por ele empregados ou o objeto do crime eram ou não idôneos para a
produção do resultado. Assim, seja a inidoneidade absoluta ou relativa, em qualquer hipótese
haverá tentativa, pois o que vale é a vontade do agente, seu aspecto psíquico.

C) Teoria Sintomática: Preocupa-se com a periculosidade do autor, e não com o fato praticado. A
tentativo e o crime impossível são manifestações exteriores de uma personalidade temerária do
agente, incapaz de obedecer às regras jurídicas a todos impostas. Destarte, justifica-se, em
qualquer caso, a aplicação da medida de segurança.

3. Espécies de Crime Impossível:

A) Crime Impossível por Ineficácia Absoluta do Meio: O meio que o agente escolhe para
executar o crime é absolutamente ineficaz. Exemplo: Tentar amatar alguém com uma arma que
é de brinquedo. Tentar matar alguém envenenado e não ser veneno.

B) Crime Impossível por Impropriedade absoluta do Objeto Material: Coisa ou pessoa onde
recai a conduta do agente. Se eu tento matar uma pessoa e começo a dar facada, mas a pessoa
já estava morta, não tem como praticar o homicídio. Ou um aborto de uma gestação psicológica.
Arma quebrada, inapta para o uso não é crime de porte ilegal de arma. Vender farinha ao invés
de cocaína.

4. Espécies de Crimes Putativos:


A) Crime Putativo por erro de tipo: É diferente do Erro de Tipo (Art 20 do Código Penal) (O
erro de tipo é uma falsa percepção da realidade. O indivíduo em tese não quer praticar o crime,
ele não está agindo com dolo, se for um crime inexcusável é crime culposo e se for crime
excusável é excludente de ilicitude) = A Crime impussível

B) Crime Putativo por erro de proibição ou "Delito de Alucinação": A pessoa pensa estar
praticando crime mas sua conduta é atípica.

C) Crime Putativo por obra do agente provocador (crime ensaio, crime de experiência ou
flagrante provocado): Quando induz o indivídua a praticar um crime para que possa pegá-lo em
flagrante e prendê-lo.

STF Súmula 145 É crime impossível

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