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Consenso em paracoccidioidomicose
Guideliness in paracoccidioidomycosis
1.Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. 2. Departamento de Saúde Comunitária
da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 3. Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem da Faculdade de Medicina Botucatu da Universidade
Estadual de São Paulo, São Paulo, SP. 4. Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP. 5. Departamento de Clínica Médica da Faculdade Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
*Consultores do Consenso em Paracoccidioidomicose: Adriana Kono, Antonia Terezinha Tresoldi, Bodo Wanke, Carlos Roberto Carvalho, Gil Benard, Luiz Carlos Severo, Marcelo
Simão Ferreira, Mario Leon Silva Vergara, Roberto Martinez, Rogério Jesus Pedro, Silvio Alencar Marques, Zarifa Khoury.
Patrocínio sem conflito de interesse com entidades privadas: Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Paulista de Infectologia.
Endereço para correspondência: Dra. Maria Aparecida Shikanai-Yasuda. Laboratório de Imunologia. Av. Enéias de Carvalho Aguiar 500, Térreo, Sala 4,
05403-000 São Paulo, Brasil.
Tel: 11 3066-7048, Fax:11 3069-7507
e-mail: lim48imuno@yahoo.com.br
Recebido para publicação em 20/5/2006
Aceito em 2/6/2006
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contaminado com o fungo, como por exemplo, atividades Faixa etária e distribuição entre gêneros
agrícolas, terraplenagem, preparo de solo, práticas de
jardinagens, transporte de produtos vegetais, entre outros. Em
A infecção é prioritariamente adquirida nas duas primeiras
todas as casuísticas, observa-se que a grande maioria dos
décadas de vida, com um pico de incidência entre 10 e 20
pacientes exerceu atividade agrícola nas duas primeiras décadas
anos de idade. A apresentação de manifestações clínicas ou a
de vida, tendo nessa época provavelmente adquirido a infecção,
evolução para doença é incomum neste grupo, ocorrendo mais
embora as manifestações clínicas tenham surgido muitos anos
freqüentemente em adultos entre 30 e 50 anos, como reativação
depois. A maioria destes pacientes, quando procuram atenção
de foco endógeno latente. Embora haja grandes variações entre
médica, já saíram da área endêmica, residindo em centros
as regiões, na média estima-se que cerca de 10% dos casos da
urbanos onde exercem outras atividades, não ligadas ao trato
doença ocorram até os 20 anos de idade e os demais ocorram
do solo. Tabagismo e alcoolismo estão freqüentemente
em idade mais avançada. A razão de acometimento da PCM em
associados à micose. Ao contrário de outras micoses, como a
adultos varia entre 10 a 15 homens para 1 mulher, o que não
criptococose, a histoplasmose disseminada e a candidíase, a PCM
ocorre na infância, onde a infecção e a doença se distribuem
não é usualmente relacionada a doenças imunodepressoras.
uniformemente entre ambos os sexos, com ligeiro predomínio
Entretanto, há casos desta micose associados à infecção pelo
do masculino em adultos jovens.
HIV, neoplasias e, mais raramente, a transplantes de órgãos.
3. IMUNOPATOGENIA
Incidência, prevalência e mortalidade
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A
B
A C
D
F
Figura 6 - Imagens em paracoccidioidomicose. A - Radiologia
convencional mostrando imagem em “asa de borboleta”. B - opacidades
B nodulares e micronodulares difusas . C - Tomografia de pulmão
apresentando múltiplas cavitações. D - Aumento bilateral de adrenais.
Figura 4 - Acometimento oral na forma crônica da paracoccidioidomicose. E e F - O envolvimento de SNC evidencia imagens de aspecto hipodenso
A - Gengivoestomatite B - Estomatite moriforme e com realce de contraste em forma de anel.
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devem ter exame físico geral detalhado, lembrando-se de pele, dores abdominais) e, sistema nervoso central
de relatar avaliação de peso e altura, para permitir a (cefaléia, déficit motor, síndrome convulsivo, alteração de
caracterização do estado nutricional. comportamento e/ou nível de consciência).
5.1. Avaliação geral de paciente com forma aguda Exames laboratoriais e de imagem para avaliação da doença
Raio X simples de tórax (PA e Perfil)
Na forma aguda, a anamnese e o exame físico devem ser Hemograma completo
dirigidos para pesquisar o envolvimento de múltiplas cadeias Velocidade de hemossedimentação (VHS)
de linfonodos e suas possíveis complicações: icterícia
Provas bioquímicas hepáticas: ALT, AST, gGT, fosfatase alcalina
obstrutiva por compressão de colédoco, sub-oclusão ou
oclusão intestinal (eventualmente também secundária a lesões Avaliação renal e metabólica: creatinina, Na e K
de mucosa), síndrome de compressão de veia cava, diarréia
com síndrome de má absorção e ascite. Além da avaliação A realização de exames mais complexos está
de múltiplas cadeias de linfonodos, incluir a pesquisa de condicionada à suspeita clínica ou alterações dos exames
hepatomegalia, esplenomegalia, lesões de pele, lesões ósteo- laboratoriais que indiquem envolvimento de sistema nervoso
articulares, sinais e sintomas relacionados ao envolvimento central, acometimento gastrointestinal, formas abdominais,
adrenal (astenia, emagrecimento, hipotensão arterial, disfunção adrenal, insuficiência respiratória crônica ou
hiperpigmentação de pele, dores abdominais) e sistema lesões ósteo-articulares. Nestes pacientes, a investigação
nervoso central (cefaléia, déficit motor, síndrome convulsivo, com exames de imagem e provas funcionais deverá ser
alteração de comportamento e/ou nível de consciência). conduzida com o apoio de especialistas, se necessário, no
ambiente hospitalar.
Exames laboratoriais e de imagem
Raio X simples de tórax (PA e Perfil) 5.3. Exames laboratoriais para diagnóstico específico
Ultrassonografia abdominal
Hemograma completo O padrão ouro para o diagnóstico de PCM é o encontro
Velocidade de hemossedimentação de elementos fúngicos sugestivos de P. brasiliensis em exame
a fresco de escarro ou outro espécime clínico (raspado de
Provas bioquímicas hepáticas: ALT, AST, gGT, fosfatase alcalina
lesão, aspirado de linfonodos) e/ou fragmento de biopsia de
Eletroforese de proteínas órgãos supostamente acometidos.Aspectos do diagnóstico
Avaliação renal e metabólica: creatinina, Na e K laboratorial da doença podem ser observados na Figura 7.
Para fins de possível notificação padronizada de casos,
A realização de exames mais complexos está condicionada sugerem-se as seguintes definições:
à suspeita clínica ou alterações dos exames laboratoriais que 1. Caso suspeito: paciente com uma ou mais das
indiquem envolvimento de sistema nervoso central, seguintes manifestações, durante pelo menos quatro semanas,
acometimento gastrointestinal, disfunção adrenal, insuficiência excluída a tuberculose e outras doenças que cursam com
respiratória ou lesões ósteo-articulares. Nestes pacientes, a quadro semelhante:
investigação com exames de imagem e provas funcionais deverá 1.1. Tosse com ou sem expectoração e dispnéia
ser conduzida com o apoio de especialistas, no ambiente
1.2. Sialorréia, odinofagia, rouquidão
hospitalar. A realização de exames mais complexos está
condicionada à suspeita clínica ou alterações dos exames 1.3. Lesão (ulcerada) na mucosa nasal ou oral
laboratoriais que indiquem o envolvimento do sistema nervoso 1.4. Lesões cutâneas (úlceras, vegetações, nódulos, placas etc)
central, acometimento do sistema gastrintestinal, disfunção 1.5. Adenomegalia cervical ou generalizada, com ou sem
adrenal, lesões ósteo-articulares, entre outros. supuração e fistulização.
1.6. Criança ou adulto jovem com hepatoesplenomegalia
5.2. Avaliação geral de paciente com forma crônica e/ou tumoração abdominal.
Na forma crônica, a anamnese e o exame físico devem 2 - Caso provável: paciente com manifestações clínicas
obrigatoriamente incluir a pesquisa de sinais e sintomas compatíveis com PCM e títulos de anticorpos séricos anti-P.
relacionados ao envolvimento pulmonar, tegumentar e brasiliensis realizado preferencialmente por imunodifusão
laringeo (tosse, dispneia, expectoração muco/purulenta, quantitativa. A técnica de contra-imunoeletroforese é uma
lesões ulceradas de pele e de mucosa da naso-orofarínge, alternativa válida porém disponível em centros de referência.
odinofagia, disfagia; disfonia, etc), linfático (adenomegalia), A técnica de ELISA não deve ser empregada pela sua
adrenal (astenia, emagrecimento, hipotensão, escurecimento inespecificidade na PCM.
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3 - Caso confirmado: Paciente com manifestações clínicas Tendo em vista a maior simplicidade do teste, a não
compatíveis com PCM em cuja secreção, fluido corporal ou necessidade de equipamentos de maior custo, a sensibilidade
material de lesão foi observado a presença de P. brasiliensis, > 80% e a especificidade > 90%, bem como pela experiência
por exame micológico direto, cultura ou exame acumulada nas últimas décadas, a reação de imunodifusão dupla
histopatológico. Figura 7. em gel agar situa-se atualmente como principal método de
diagnóstico sorológico da PCM. Recomenda-se para ID ou
qualquer outro teste utilizado no diagnóstico de PCM que os
soros sejam titulados, para melhor interpretação da resposta
terapêutica, uma vez que os títulos de anticorpos diminuem
progressivamente com o controle clínico da doença. É desejável
que ocorra negativação ou estabilização em diluição de 1:2 ou
menos para considerar-se preenchido o critério de cura
A B sorológica. Alguns pacientes podem apresentar já no diagnóstico
títulos abaixo de 1:4. Nestes casos, o critério sorológico pela ID
tem valor limitado no seguimento do tratamento.
Recursos adicionais para o sorodiagnóstico são encontrados
apenas em centros de referência e/ou de pesquisa. O ELISA
representa um método alternativo para o sorodiagnóstico
da PCM, mais rápido e mais apropriado para exame de grande
número de soros. É técnica mais sensível, porém sua
C D especificidade é menor do que a da ID, exigindo cuidadosa
padronização e interpretação dos resultados positivos. A reação
de imunoblot permite especificar os tipos de anticorpos séricos
contra os diversos determinantes antigênicos do fungo. Outra
abordagem diagnóstica consiste na demonstração de anticorpos
ou antígenos em outros fluídos, incluindo líquido
E F cefalorraquiano, lavado bronco-alveolar e urina.
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profilaxia secundária, uma vez atingidos os critérios de cura O envolvimento adrenal tem sido documentado em cerca
da PCM. No entanto, são necessários estudos prospectivos de 40 a 50% dos indivíduos submetidos a necropsia. Estudos
para validar esta orientação. de avaliação funcional da reserva adrenal mostram que 15 a
50% dos pacientes podem evoluir com redução da função
desta glândula. Cerca de 3% dos pacientes apresentam doença
7.2. Paracoccidioidomicose e câncer
de Addison necessitando reposição hormonal.
O sistema nervoso central é comprometido em cerca de
Há registro na literatura de poucos casos de associação 6 a 25% dos casos de PCM, sendo sua apresentação mais
entre PCM e carcinomas, particularmente em localizações comum representada por lesões expansivas, únicas ou
como pulmões, orofaringe e laringe. Mais raramente, múltiplas, em hemisférios do cérebro, cerebelo ou de ambos.
neoplasias da série hematológica, como leucemia e linfoma, Os pacientes freqüentemente evoluem com déficit motor,
também podem ocorrer. A suspeita diagnóstica é fundamental síndrome convulsiva (epilepsia) e/ou hidrocefalia. O
para o estabelecimento precoce do diagnóstico e da envolvimento cerebelar ocorre em cerca de 20 a 30% dos
terapêutica. À semelhança do que ocorre na tuberculose, a casos de neuro-PCM, sendo comum a evolução rápida para
presença de carcinoma de pulmão em pacientes com PCM hipertensão intracraniana, levando a necessidade de
pulmonar pode ser mascarada por manifestações decorrentes derivação ventricular. O potencial de seqüelas das formas
da fibrose pulmonar consequente à micose. O mesmo pode neurológicas desta micose é bastante substancial.
ocorrer em lesões cicatriciais de acometimento de laringe e
Além das seqüelas relacionadas às lesões pulmonares, adrenais
faringe, particularmente nos pacientes alcoolistas e tabagistas.
e de sistema nervoso central, o processo de fibrose decorrente do
envolvimento de mucosas e pele pode causar alterações crônicas
7.3. Condutas práticas em pacientes com PCM e de voz (disfonia por lesão de corda vocal), obstrução laríngea
suspeita de co-morbidades com necessidade de traqueostomia, redução da rima bucal e
sinéquia de nádegas. Nas formas agudas, as seqüelas mais comuns
1. Solicitar pesquisa de BAAR em 3 amostras de escarro são obstrução de linfáticos abdominais com síndrome de má
em pacientes com quadro de PCM pulmonar, particularmente absorção e perda de proteínas (linfangectasia intestinal) e quadros
naqueles com febre e sudorese noturna; de icterícia obstrutiva (Figura 8).
2. Investigar a possível infecção por HIV em pacientes O custo social e econômico destas complicações não tem
com epidemiologia sugestiva, bem como em casos de PCM sido adequadamente avaliado pela comunidade científica e
com formas disseminadas graves; pelas autoridades de saúde.
3. Fazer acompanhamento otorrinolaringológico de
pacientes com lesão laríngea e que persistam com disfonia, 8.1. Proposta de algoritmo de avaliação de seqüela
para diagnóstico diferencial com tuberculose ou pulmonar
malignização;
4. Em pacientes com envolvimento pulmonar e piora da Pacientes com PCM, freqüentemente tabagistas,
função respiratória, apesar do tratamento adequado, deve- apresentam padrões de insuficiência respiratória de tipo
se considerar a possibilidade de infecção bacteriana e/ou obstrutivo, restritivo ou misto, inferindo-se uma ação
tabagismo, TB ou neoplasia associados ou evolução para sinérgica entre tabagismo e a PMC na gênese da obstrução.
forma sequelar.
8. SEQÜELAS
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As alterações radiológicas consideradas moderadas e graves devem preferencialmente realizar o tratamento em regime
estão presentes principalmente em pacientes com quadro hospitalar. As drogas que podem ser empregadas nestes casos
funcional obstrutivo. Na gasometria, alguns pacientes podem graves são a anfotericina B, na dose de 1mg/kg/dia ou solução
apresentar PaCO2 > 45mmHg e hipoxemia (PaO2 < 80mmHg). intravenosa de sulfametoxazol/trimetoprim, na dose de duas
O gradiente alvéolo-arterial de O2 pode estar aumentado. A ampolas cada 8h até melhora clínica do paciente que permita
avaliação hemodinâmica pode mostrar hipertensão pulmonar a introdução da medicação antifúngica oral. O voriconazol,
em decorrência de hipóxia. um novo antifúngico triazólico de segunda geração, disponível
Após 6 a 9 meses de tratamento da micose (doença em apresentações oral e intravenosa, apresenta uso potencial
controlada), havendo alteração radiológica persistente em PCM. Sua boa penetração no sistema nervoso central aponta
tais como, a presença de infiltrado intersticial e/ou sinais de para seu uso na terapêutica da neuroPCM (Tabela 2).
hiperinsuflação pulmonar, o paciente deverá ser
encaminhado ao pneumologista para estudo funcional dos Tabela 2 - Esquema de tratamento ambulatorial para formas leves e moderadas
de paracoccidioidomicose*
pulmões (espirometria) e caracterização da gravidade do
quadro e orientação da terapêutica. Medicamentos Dose Duração do
tratamento
Itraconazol** Adultos: 200mg por dia, logo 6 a 9 meses nas
9. TRATAMENTO após uma das refeições principais formas leves e
(almoço ou jantar), em uma única 12 a 18 meses nas
tomada. formas moderadas
O manejo terapêutico da PCM deve obrigatoriamente
Crianças com < 30kg e > 5 anos,
incluir medidas de suporte às complicações clínicas
5 a 10mg/kg/dia, ajustar a dose não
associadas ao envolvimento de diferentes órgãos pela micose
abrindo a cápsula***
além da terapêutica antifúngica específica. Os pacientes Sulfametoxazol Adultos:trimetoprim:160 a 240mg 12 meses nas formas
deverão ser acompanhados periodicamente até apresentarem /trimetoprim** sulfametoxazol 800mg a 1.200mg. leves e de 18 a 24
os critérios de cura. Diferente de outros fungos patogênicos, VO12/12hs meses, nas formas
P. brasiliensis é fungo sensível à maioria das drogas Crianças – trimetoprim, 8 a 10mg/kg moderadas.
antifúngicas, inclusive aos sulfamídicos. Conseqüentemente, sulfametoxazol, 40 a 50 mg/kg,
vários antifúngicos podem ser utilizados para o tratamento VO 12/12h
desses pacientes, tais como anfotericina B, sulfamídicos *Ver item critérios de gravidade. Casos graves devem ser encaminhados a centros de
(sulfadiazina, associação sulfametoxazol/trimetoprim), maior resolutividade.
azólicos (cetoconazol, fluconazol, itraconazol). ** Primeira escolha para adultos, com base na facilidade de administração, melhor
aderência e tolerabilidade. Crianças que não deglutem cápsulas de itraconazol podem
Apesar da limitação das informações disponíveis em ser tratadas com a solução oral de sulfametoxazol/trimetoprim.
estudos comparativos com diferentes esquemas terapêuticos, *** Maior experiência em crianças é com sulfametoxazol/trimetoprim.
sugere-se o itraconazol como a opção terapêutica que
permitiria o controle das formas leves e moderadas da doença Observações:
em menor período de tempo. Entretanto, considerando que o
O itraconazol não pode ser utilizado conjuntamente com:
medicamento não está disponível na rede pública da maioria
astemizol, antiácidos e bloqueadores de receptor H2,
dos Estados, a combinação sulfametoxazol-trimetroprim é a
barbituricos, cisapride, ciclosporina, didanosina, digoxina,
alternativa mais utilizada na terapêutica ambulatorial dos
fentanil, fenitoína, rifampicina, cisaprida e terfenadina.
pacientes com PCM. Pacientes com formas graves, necessitando
internação hospitalar, devem receber anfotericina B ou
associação sulfametoxazol/ trimetoprim por via intravenosa. A 9.1. Principais interações medicamentosas dos
duração do tratamento relaciona-se à gravidade da doença e antifúngicos utilizados no tratamento da PCM
ao tipo de droga utilizada. Usualmente, o tratamento é de longa (Quadros 1 e 2).
duração, para permitir o controle das manifestações clínicas
da micose e evitar as recaídas. O paciente deve permanecer em
9.2. Terapêutica em populações especiais
tratamento e acompanhamento até a obtenção dos critérios de
cura, com base nos parâmetros clínicos, radiológicos e
sorológicos. Além do tratamento antifúngico específico, o Paracoccidioidomicose e gravidez
paciente deverá receber assistência para as condições gerais
como desnutrição, tratamento odontológico, doença de Addison As alterações imunológicas próprias da gestação podem
e co-morbidades (tuberculose, aids, enteroparasitoses, infecções agravar a historia natural de micoses sistêmicas e doenças
bacterianas pulmonares). causadas por patógenos intracelulares. A literatura registra
Os pacientes com formas graves de PCM, com perda de peso o aumento de ocorrência de abortos e natimortos em
> 10%, associada à dificuldade de deglutição e comprometimento gestantes com paracoccidioidomicose. Além disso, foram
do estado geral, insuficiência respiratória, sinais ou sintomas observadas placentite e intervilosite com trombose nos vasos
neurológicos ou evidências de comprometimento de adrenais, da placenta de gestantes com PCM, podendo resultar em
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