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Saberes Culinários Mineiros

Instituto de Cultura Regional de Uberaba


BRUNA SANTA CRUZ BELELA AMUI
UNIVERSIDADE DE UBERABA

Saberes Culinários Mineiros


Instituto de Cultura Regional de Uberaba

Autora: BRUNA SANTA CRUZ BELELA AMUI


TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
Orientador: RODRIGO CAMARGO MORETTI

Uberaba
2016
BRUNA SANTA CRUZ BELELA AMUI

Saberes culinários mineiros


Instituto de Cultura Regional de Uberaba: Valorização do Patrimônio Imaterial Culinário

Trabalho Final de Graduação apresentado como parte


das atividades para obtenção do título de Arquiteto e
Urbanista do curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de Uberaba sob orientação de Professor
orientador Rodrigo Camargo Moretti.

UBERABA
2016
Dedico este trabalho ao meu pai, que se orgulhava
em ser mineiro e me ensinou a valorizar o imaterial.
Agradeço à todos que de alguma forma me ajudaram na execução deste trabalho.
Meu orientador Rodrigo Moretti, pelo apoio desde a concepção do tema e por me transmitir conhecimentos que
sem dúvida levarei por toda minha vida profissional.
Minha mãe Tata, que assim como em todos os momentos da minha vida esteve ao meu lado, passou a entender
sobre Arquitetura, patrimônio e tradições , me acompanhou nas visitas e me incentiva a cada dia ir além.
Lucas, pelo apoio incondicional na realização deste sonho que construímos juntos e pela compreensão nos
momentos em que a faculdade foi prioridade.
Meu irmão Be, por dividir seus conhecimentos culinários e contribuir na execução do tema e minha irmã Ailin, por
ser minha orientadora à distância, em questões acadêmicas e pessoais.
Minha avó Rita, pelo carinho e pelas longas conversas sobre o passado.
Aos meus amigos da faculdade pela parceria, amizade e apoio emocional.
“São fartas as nossas terras de palmitos,
guarirobas, coroá cheiroso, taiobas e
bolos de carimãs. Destes bolinhos,
marília, usam muito aqueles povos,
fazendo um mingau com ovos, quase
todas as manhãs. Temos o cará mimoso,
temos raiz de mandioca, da qual se faz
tapioca, e temos o doce aipim. Temos o
caraetê, caraju, cará barbado, o inhame
asselvajado, a junça, o amendoim.
Mangaritos redondinhos, batatas-doces,
andus, quiabos e carurus, de que se fazem
jambés. Temos quibebes, quitutes,
moquecas e quingombôs, gerzelim,
bolos d'arroz, abarás e manauês. Temos a
canjica grossa, pirão, bobós, caragés,
temos os jocotupés, ora-pro-nóbis, tutus.
Também fazemos em tempo do milho
verde o corá, mojanguês e vatapás, pés de
moleque e cuscuz.”
(Publicação de Joaquim José Lisboa,
1806, alferes do Regimento Regular de
Vila Rica.)
Resumo
A cultura popular e as tradições culturais de uma sociedade fazem parte do Patrimônio Imaterial deste local, e na região
do Triângulo Mineiro, uma tradição ainda mantida que deve ser preservada é a culinária mineira, feita de forma artesanal,
espontânea e através de receitas que atravessam gerações. A memória cultural do mineiro está fortemente relacionada
à cozinha e à comida. Desta forma o projeto de um Instituto de Cultura Regional na cidade de Uberaba favorece a
manutenção destes saberes e memórias, abordando temas como a valorização do patrimônio imaterial, importância dos
centros históricos e preservação.

Palavras-chave
Cultura regional; Patrimônio Imaterial; Arquitetura ; Culinária; Preservação.
Introdução 15

Capítulos
Capítulo 1 - Patrimônio ao redor da cozinha 19

1.1 - Cultura - 23
1.2 - Cultura Tradicional Mineira - 27
1.3 - Escolha da área - 33
1.4 - Diagnósticos - 35

Capítulo 2 - Leituras de Projeto 43


2.1 - Museu do Pão - 45
2.2 - Sesc Pompéia - 49
Capítulo 3 - Uberaba 53
3.1 - Valor Histórico - 55
3.2 - Conceito, partido e aspectos legais - 57

Capítulo 4 - Projeto 59
Referências Bibliográficas Consultadas 76

Anexos

Sumário
O presente Trabalho Final de Graduação tem por objetivo desenvolver a proposta projetual de um Instituto de Cultura
Regional de Uberaba, a fim de explorar índices e dados de produção de atividades da cultura e tradição da culinária
mineira, como forma de analisar e valorizar o Patrimônio Imaterial da região. Constituem outros objetivos o
embasamento teórico ao trabalho prático em projeto a história de Uberaba relacionada ao Patrimônio Urbano e Cultural,
elaborar leituras de projetos similares que valorizam a cultura tradicional e típica de uma região; visitar à espaços de
produção e venda de produtos culinários, além de analisar a caracterização física da área de projeto e seus
condicionantes urbanísticos.
A população de Uberaba é, assim como a maioria do país, composta por uma miscelânea de nacionalidades, que passam
pela cultura árabe, indígena, italiana, libanesa, africana, japonesa e portuguesa, criando assim uma cultura nova, típica da
região, com suas tradições próprias. Este fenômeno cultural de aglutinação de saberes é percebido desde o período de
colonização do país como na carta do alferes Joaquim José Lisboa em 1806 apresentado na epígrafe deste trabalho,
onde o autor se surpreende com a diversidade de produtos da terra e suas utilidades, apresentadas primeiramente pelos
índios e depois apropriadas pelos próprios colonizadores. Esta rica população que possui um grande acervo prático e
15
teórico, porém não bem difundido entre os moradores em geral, levou à escolha do tema, que foi consequência da
percepção de que parte da cultura de uma região se dispersa ao longo de sua história e isso acontece devido à diversos
fatores, entre eles, o processo de intensa globalização e a valorização de novas tecnologias, temas contemporâneos e até
mesmo de culturas estrangeiras atuais. Porém a cidade de Uberaba, assim como toda a região do Triângulo Mineiro,
mantém um forte apego à sua identidade cultural inicial, através da manutenção de saberes e práticas artesanais, onde a
influência externa não interfere na originalidade e simplicidade, como comprovam as autoras Abdalla e Machado
(2007):

A
cozinha constitui um dos pilares centrais da imagem de um típico mineiro reconhecida internamente e
além das fronteiras do Estado. A observação da pródiga oferta de alimentos em ocasiões festivas e nos
momentos mais corriqueiros do cotidiano tem estimulado nossa reflexão sobre a cozinha como espaço
privilegiado de convívio e relações sociais. Podemos falar de cozinha materna, da mesma forma como falamos de
língua materna, que permanece como referência viva mesmo na memória daqueles que migram, constituindo
elemento importante na pauta da identidade, num plano universal. (MACHADO; ABDALA (org.). Caleidoscópio de
saberes e práticas populares. Uberlândia: EDUFU,2007. )
16
Para que este apego se mantenha e continue ao longo das gerações surge a proposta do Instituto de Cultura Regional,
baseando-se no fato de que, além da estética, estrutura, conforto, inovação e funcionalidade, a Arquitetura tem um
papel social e deve promover a igualdade de acesso aos serviços prestados pela sociedade incluindo cultura e lazer,
estimulando também a educação.
A elaboração deste projeto se dará a partir de pesquisas feitas na cidade de Uberaba, que tem em seu centro geográfico
um circuito cultural não estimulado que abrange as regiões da Arthur Machado, Praça Rui Barbosa, Mercado
Municipal, Igrejas Santa Rita e Santa Terezinha, e busca também destacar este setor, além de servir de modelo para
outras cidades também valorizarem sua cultura.
17
AV. DR. ODILON FERNANDES

Praça Afonso Pena


Concha Acústica
AV.
Igreja Santa Terezinha Àrea de Projeto
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O Praça Comendador Quintino


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Igreja Santa Rita


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Praça Rui Barbosa Mercado Municipal

MAPA CIRCUITO CULTURAL DE UBERABA - Fonte: Autora


18
19
Patrimônio ao redor da cozinha 20
21
Neste capítulo, serão apresentados três conceitos principais: Cultura, Tradição e Patrimônio a serem trabalhados e
aliados à culinária tradicional e suas relações espaciais que são geradas em torno da cozinha.

22
Cultura
Diversos autores apontam inúmeros conceitos para o termo Seguindo este conceito, a culinária é considerada uma
cultura. O pesquisador Alfredo Bosi (1992) sugere que forma de manifestação cultural a partir do princípio
cultura é algo que se aprende, se desenvolve e se cultiva e de que ela expressa os costumes de um local ou grupo
paralelo à isso o homem culto é o que acumulou esse de pessoas, a forma de se alimentar e preparar a
conhecimento da cultura ao longo da vida. O autor afirma comida retrata os costumes. Mais uma vez perceptível
ainda que não há uma cultura universal, mas múltiplas na epígrafe deste trabalho, onde o alferes Joaquim
culturas, únicas e autênticas. José Lisboa relata os modos de preparo da comida na
Tem-se atualmente a noção de cultura como processo, época em que o Brasil era colônia portuguesa, algo
como bem simbólico, como algo que se produz na vida diretamente ligado à forma de vida da população,
social e que modifica-se constantemente, pois a cultura é o: com referências indígenas e portuguesas.

c onjunto das práticas, das técnicas, dos


símbolos e dos valores que se devem
transmitir às novas gerações para garantir a
reprodução de um estado de coexistência social. A
educação é o momento institucionalizado deste
Silvio Romero, Celso de Magalhães e Couto de
Magalhães, foram os primeiros intelectuais brasileiros
a indicar o 'corpo das tradições' formado pela relação
processo” (BOSI, 1992, p.22).
entre as raças branca, negra e indígena e apontar os
Já o termo tradição teve, originalmente um significado elementos culturais específicos de cada uma delas e
indicado na religião: transmitida de século para século pela até que ponto esses elementos já estariam fundidos.
palavra. Mas o termo, assim como o de cultura, se expandiu Devido à esta fusão, pode-se considerar o povo
no tempo e hoje, refere-se aos elementos culturais como detentor dos saberes tradicionais, mesmo
presentes nos costumes, nas artes, nos fazeres e nos sendo essa cultura diversas vezes “diminuída”, e o
saberes, que são herança do passado, ou seja, a tradição povo deve ser disseminador destes saberes.
também é um produto do passado que continua se Buscando a manutenção e a valorização de algo
renovando e atualizando no presente. Neste sentido, a onipresente nas sociedades em geral, a cultura
pesquisadora Samanta Carvalho escreve que: popular, que não é imutável e deve permanecer
representando as evoluções de cada época, ou seja, o
...as manifestações culturais são representativas passado, presente e futuro são aliados.
da voz social, uma forma subjetiva que o grupo de
pessoas encontra para expor seu interior,
expressar o que pensam, o que desejam realizar ou
modificar.” (CARVALHO, Samanta V. C. B Rocha.
“Manifestações Culturais” Noções Básicas de
23 Folkcomunicação.), 2007. p. 64-66 p. 64).
FOLIA DE REIS UBERABA FIGURA COANDO CAFÉ CONGADA
FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL FONTE: PINTEREST FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL

A Constituição Federal de 1988 renovou e ampliou o conceito de Patrimônio Histórico e Artístico (1937) por Patrimônio Cultural,
que constituem os “bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. ” Nesta nova definição, os modos de
criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico passam a ser regidos e regulamentados por lei, a gestão do Patrimônio e da
documentação relativa aos bens é responsabilidade do poder público, porém a promoção e proteção do Patrimônio Cultural de
uma sociedade é de responsabilidade entre uma parceria do poder público e a sociedade em geral.
Sendo assim, ‘’pensar hoje em preservação do patrimônio, faz-se importante considerar, a amplitude do patrimônio cultural, que
deve ser contlado em todas suas variantes... edificações, espaços, documentos, imagens e palavras.” (CASTRIOTA. L B. Patrimônio
Cultural. Conceitos, políticas, instrumentos. 2009, p 95)

Os bens materiais podem ser móveis ou imóveis e são classificados segundo sua natureza conforme os quatro Livros do Tombo:
arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas.
Os bens imateriais estão relacionados às práticas da vida social que se manifestam em saberes, ofícios, modos de fazer,
celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas. É transmitido entre as gerações e recriado
espontaneamente, através da reapropriação de saberes e práticas adaptados de acordo com cada necessidade e momento,
conservando porém a essência inicial, desenvolvendo comunidades e grupos familiares, gerando um sentimento de identidade,
que se preserva ao longo do tempo.

24
Existem 4 livros de Registro de Patrimônio Imaterial no IPHAN
Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional, cada um com
um tema específico. São eles: Livro de Registro dos Saberes, que
trata dos conhecimentos e técnicas tradicionais de um determinado
grupo( podemos incluir as receitas e técnicas de preparo da comida
mineira); Livro de Registro de Celebrações, sobre as ocasiões de
sociabilidade que possuem regras prórpias; Livro de Registro das
MUSEU DE ARTE SACRA
Formas de Expressão, que abrange as manifestações artísticas em FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL
geral; Livro de Registro dos Lugares que lida com locais de
manifestações culturais coletivas de naturezas variadas, (que
incorporamos a cozinha, que é o local onde acontecem as
manifestações estudadas neste trabalho).

Em relação à Uberaba, o CONPHAU Conselho de Patrimônio


Histórico e Artístico de Uberaba foi fundado em 1984 e foi neste
período que se iniciaram os processos de valorização e manutenção
MUSEU DE ARTE DECORATIVA
do Patrimônio Material a Imaterial da cidade. Antes disso, em 1939 a FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL
Igreja Santa Rita havia tombada pelo IPHAN Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional e em 1987 se tornou o Museu de Arte
Sacra. No fim da década de 80 e nos anos 90 equipamentos de
cultura como o TEU Teatro Experimental de Uberaba, o Teatro Vera
Cruz, o Centro de Cultura José Maria Barra e o Mercado Municipal
receberam melhorias e incentivos do poder público para estímulo da
cultura local. Em 2000 a família de José Maria dos Reis doou a
fazenda para o município incentivando a criação do MADA Museu de
Arte Decorativa. A análise destes imóveis resultou na aplicação
prática na etapa projetual como releituras às técnicas construtivas,
MERCADO MUNICIPAL
em referência ao barro, madeira e pedras da Santa Rita e Mercado FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL

25
Municipal; distribuição do programa e relação entre cozinha e ambientes de convívio da Casa do Artesão e Casa de Cultura; os
jardins e varandas do MADA; a linearidade e repetição de elementos do Vera Cruz e TEU e a materialidade e readequação de
uso do galpão industrial do SESI.

CASA DO ARTESÃO TEATRO EXPERIMENTAL DE UBERABA COMPLEXO SESI MINAS


FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL
FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL

CASA DA CULTURA VERA CRUZ


FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL FONTE: FUNDAÇÃO CULTURAL

Após 2000 foram inventariados os grupos de Catira e Congada da cidade e no ano de 2014 os grupos de Folia de Reis. Uberaba
possui atualmente tombados 25 bens imóveis, 4 bens móveis e um bem imaterial, que é a Banda de Música do 4º Batalhão da
PM; inventariados 166 bens imóveis, 4 bens móveis e 4 arquivos. Sua população descende de portugueses, espanhóis,
italianos, angolanos, árabes, libaneses, turcos e japoneses e parte da cultura raiz destes países é presente até hoje, seja nos
costumes, religião, música, vestimenta, artesanato e principalmente na culinária. Os saberes e fazeres trazidos pelos
imigrantes se fundiram entre si e aos costumes dos indígenas, criando o que consideramos atualmente a “comida tradicional
mineira”.
26
Cozinha Tradicional Mineira
A população uberabense descende de portugueses,
espanhóis, italianos, angolanos, árabes, libaneses,
turcos e japoneses e parte da cultura raiz destes países
é presente até hoje, seja nos costumes, religião,
música, vestimenta, artesanato e principalmente na
culinária. A base da cozinha brasileira vem da
influência colonizadora de Portugal, mas também dos
dois grandes povos que caracterizam a maior parte da
cultura do país, os Índios e Africanos. Com o tempo a
comida brasileira foi sofrendo variações em cada
região, isso devido à diversidade de ingredientes e
combinações. DOCE DE LEITE NA PALHA
FONTE: ARQUIVO AUTORA
Para se pontuar a culinária mineira, deve-se analisar a
era de exploração do ouro no século XVIII, onde a
riqueza em pedras e diamantes atraiu exploradores de
todas as regiões do país, diversificando ainda mais a
cultura local. Em suas viagens à procura das pedras os
bandeirantes carregavam em sua maioria grãos de
milho e feijão e carne de porco, deixando assim sua
herança, assim como os diversos estrangeiros que
vinham pelo mesmo motivo para as Minas Gerais e
incorporavam suas tradições às já existentes na
região. As receitas vindas de cada local foram
adaptadas, ou sofreram alterações de ingredientes,
construindo assim a “típica comida mineira”.

QUEIJO CURADO
FONTE: ARQUIVO AUTORA

27
A imagem de um mineiro típico está aliada à ideia de comida caseira, onde os ingredientes eram todos
encontrados no próprio quintal, porém segundo Mônica Chaves Abdalla, desde a década de 1980, as tradicionais
reuniões familiares vem sendo reduzidas aos finais de semana, ou pequenos encontros casuais, isto se dá, devido à,
modificações nos padrões tradicionais das refeições, mudanças na sociabilidade, por interferência de regras
dietéticas alternativas ou de caráter médico e pelo aumento no consumo de produtos industrializados. Em cidades
como Uberaba, algumas manifestações culturais como a Congada, as Folias de Reis e Festas Juninas permanecem,
com suas mesas fartas de alimento, fazendo parte do Patrimônio Imaterial uberabense como formas de expressão
e celebrações.

Mesmo as mais tradicionais manifestações culturais se transformam ao longo do tempo inevitavelmente, elas não
conservam sua “pureza” original, pois os saberes são reinterpretados e reapropriados de acordo com a
necessidade dos dias atuais. É comum na maior parte das residências uberabenses encontrar antigos cadernos de
receitas que sobreviveram à gerações como o caso de Maria Rosa, que ensinou suas filhas Rosa e Maria José, o que
aprendeu com sua mãe Mariquinha Pena, que colhia frutos no pomar da fazenda onde morava e testava receitas
que aprendia com vizinhos. Estes saberes são passados e também incorporados à novos meios, desenvolvendo
novos padrões que serão posteriormente revigorados e renovados, gerando assim um ciclo, que se desenvolve,
constituindo um patrimônio cultural sobrevivente ao tempo e caracterizado como parte da formação pessoal
desses indivíduos como cita Mônica Chaves Abdalla criando o termo ‘’cozinha materna’’.


Podemos falar de cozinha materna, da mesma forma como falamos de

língua materna, que permanece como referência viva mesmo na memória

daqueles que migram, constituindo elemento importante na pauta da

identidade.” (ABDALLA, Mônica Chaves, 2007)

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Algo que se tornou comum e é um dos pilares justificativos desta proposta de trabalho, é o fato de todo o aprendizado
adquirido através das gerações se tornar fonte de renda familiar. Inicialmente vendidos de porta em porta, em feiras
municipais, quermesses e bazares beneficentes, paralelamente à globalização de hábitos alimentares, o maior poder de
compra, a vida das pessoas mais corrida, fez surgir um nicho de mercado onde o “feito em casa” é supervalorizado. Esta
supervalorização mantém viva a identidade cultural regional e suas tradições, como as reuniões em torno da mesa e o
hábito de comer a fruta ‘’direto do pé’’ além de difundi-las por regiões anteriormente inatingíveis devido ao fluxo de
mercado, como afirma a pesquisadora Mônica Chaves Abdalla:


Desse modo, a receita da broa de massa de queijo e do biscoito de polvilho, que
reuniram a família em tantas merendas imemoriais, o pau-a-pique, na folha de
bananeira, que alimentava os nove filhos na fazenda, o licor das frutas do quintal e
as compotas de frutas, geléias, doces de leite aprendidos nos cadernos de receita
presenteados pelas avós - cadernos estes que eram peças obrigatórias do enxoval -,
transformam-se em mercadorias atrativas, atendendo às exigências de praticidade da
vida doméstica contemporânea, em que o hábito de comprar pronto substitui o de fazer
em casa. “ (ABDALLA, Mônica Chaves, 2007)

Esta percepção da valorização do processo artesanal e das memórias afeitvas, citado por Mônica Chaves Abdalla, se
reflete na criação dos espaços de projeto como a praça pomar, a cozinha materna que remete às antigas cozinhas
externas, os cadernos de receita se transformam em um lugar, uma cozinha experimental, onde se pode unir processos e
ingredientes, além do hábito de se reunir em torno da mesa ou debaixo das sombras das árvores seja para uma conversa
ou para um momento de descanso.

Algo muito comum na disseminação das tradições típicas como mercadoria é a interferência de órgãos públicos, como a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural (EMATER) que instituem normas de higiene, saúde e qualidade aos produtos e produtores.
Porém em diversos casos há a alteração de cor e sabor dos produtos e para isso são feitas algumas concessões para que
conhecimentos adquiridos continuarem sendo utilizados, como a colher de pau, o fogão de lenha, as matérias-primas
vindas diretamente da fazenda, mantendo assim as tradições originais que nunca serão imitados pela indústria.


Compra-se o fogão a gás para ajudar no aumento da produção, mas considera-se
que a broa de fubá, o mané pelado, o queijo e o requeijão, a geleia de mocotó, a
farinha, se não são feitos no fogão a lenha, “não pegam cor”, “não ficam a mesma
coisa”. (ABDALLA, Mônica Chaves, 2009)

29
Após alguns dias de pesquisa por feiras, mercado
municipal, Associação de Mulheres Rurais de Uberaba
(AMUR) e Prefeitura, foram encontrados mais de 500
produtores catalogados e que comercializam seus
produtos, desde matéria-prima como farinhas, ovos e
mel, até os produtos já embalados, como compotas,
doces e queijos. Mas este número vai muito além
quando a produção é familiar e não comercial,
principalmente nos bairros mais antigos, como centro,
Estados Unidos, Mercês e Boa Vista,
predominantemente mulheres, produzem bolos, pão
MULHERES PRODUTORAS de queijo e as famosas “quitandas” diariamente,
FONTE: AMUR
mantendo sempre viva a identidade cultural dessa
região. Dentre os produtos a lista é grande: rapadura,
melado, mel, queijo trança, queijo curado, queijo
fresco, queijo meia cura, requeijão cremoso, requeijão
moreno ou branco, antepasto de jiló, quiabo ou
tomate, conser va de jurubeba, de pimentas;
goiabada, doce de leite em pasta, de cortar, na palha
ou quadradinho; geléia de mocotó, de laranja,
jabuticaba e até de pimenta; licor de jabuticaba, de
jenipapo, murici e de laranja; doces cristalizados ou
secos, compota de mamão, figo, jenipapo,
laranja,limão, abóbora, figo, pêssego, goiaba, folha de
mamão; doce de nata, ameixa de queijo, quadradinho
COZINHEIRA NO FOGÃO de amendoim, leite e abóbora, pé de moleque, bala de
FONTE: AMUR

30
Além das carnes de lata, das esfihas (forte influência AMUR - Associação de Mulheres Rurais de Uberaba,
da imigração árabe e síria), pães de queijo, broa de podemos considerar como saberes e práticas
fubá ou milho, pamonha de doce ou sal, biscoitos de tradicionais da cidade de Uberaba e parte de seu
queijo e polvilho, mané pelado (bolo de mandioca), Patrimônio Imaterial os seguintes produtos: Doce de
roscas, suspiros e sequilhos. Já no prato a guariroba, leite ( cremoso, em barra e na palha); Pé de moleque;
taioba, orapronóbis, quiabo, banana (que pode ser Ambrosia; Goiabada; Geléia de Mocotó; Queijo Minas
frita ou não), frango moreno, quiabo, cajamanga, jiló, Curado; Requeijão Queimado; Requeijão Cremoso;
rabada são parte do cotidiano de muitos “mineiros Doce de mamão; Doce de pau de mamão; Doce de
típicos”. Nata; Doce de Manga; Doce de Abóbora; Pão de
É fato que a cultura em sua originalidade não se queijo; Rosca de nata; Biscoito de Polvilho; Licores de
mantém intacta, pois com o tempo novos saberes e frutas e Geléia de frutas.
técnicas vão sendo apropriados, o importante é a
Sabe-se que a cozinha é um espaço de grande valor
manutenção e a valorização destes saberes
para a cultura mineira, não apenas pela culinária, mas
promovendo a construção de identidades culturais.
pelo valor afetivo das reuniões que se dão ao redor
Assim a proposta do presente trabalho busca a
dela.
manutenção destes saberes e a sua valorização
A produção culinária caseira é diversificada e
através de espaços para estudo, práticas e interação
acontece toda em um único espaço, a mesma mesa
com as diversas manifestações culturais presentes na
em que se descascam frutas, se sova a massa do pão,
cidade de Uberaba. O espaço busca manter as
porém, para melhor espacialização dos tipos de
tradições e dissemina-las para a população que não
cozinha em projeto foi proposto este diagrama
tem acesso a este tipo de manifestação cultural,
indicando os processos utilizados na preparação de
podendo até mesmo se tornar forma de renda em seu
cada produto, gerando a criação de duas cozinhas
futuro, além de proporcionar aos que produzem uma
maternas com forno e fogão à lenha e duas cozinhas
forma de contato e expressão diferente do que estão
experimentais que permitem a utilização de todos os
habituados.
Após pesquisas e levantamentos feitos no Mercado processos para a produção culinária.
Municipal de Uberaba, Peirópolis, CONPHAU e na

31
GELÉIA DE FRUTAS
LICORES DE FRUTAS AMBROSIA

GOIABADA LISA GELÉIA DE MOCOTÓ


GOIABADA LISA DOCE DE NATA LICORES DE FRUTAS

GELÉIA DE FRUTAS
Coar PÉ DE MOLEQUE
QUEIJO CURADO
GOIABADA LISA DOCE DE ABÓBORA

GOIABADA CASCÃO
GELÉIA DE MOCOTÓ LICORES DE FRUTAS
Triturar
FARINHA DE MANDIOCA DOCE DE MAMÃO
FARINHA DE MANDIOCA
Cozinhar REQUEIJÃO QUEIMADO

DOCE DE LEITE EM BARRA


REQUEIJÃO CREMOSO
ROSCA DE NATA DOCE DE ABÓBORA
DOCE DE LEITE NA PALHA ROSCA DE NATA
DOCE DE LEITE CREMOSO
BISCOITO DE POLVILHO
FARINHA DE PÃO DE QUEIJO
MANDIOCA
GELÉIA DE MOCOTÓ PÃO DE QUEIJO

Assar
BISCOITO DE POLVILHO
LICORES DE FRUTAS
Misturar
BISCOITO DE POLVILHO

LICORES DE FRUTAS
PÃO DE QUEIJO QUEIJO CURADO

GELÉIA DE FRUTAS FARINHA DE MANDIOCA


Descansar
GELÉIA DE FRUTAS
GOIABADA CASCÃO
GELÉIA DE MOCOTÓ
LICORES DE FRUTAS
GELÉIA DE MOCOTÓ
GOIABADA LISA DOCE DE ABÓBORA
DOCE DE LEITE NA PALHA
Cortar AMBROSIA
PÉ DE MOLEQUE
DOCE DE PAU DE MAMÃO Baixar Temperatura
DOCE DE MAMÃO DOCE DE NATA GOIABADA CASCÃO
DOCE DE LEITE EM BARRA
DOCE DE MANGA 32
Escolha da Área A área escolhida para projeto se localiza em uma edificação pré-existente na Praça Afonso Pena e avança a Rua Arthur
Machado, além da Padre Zeferino, no centro histórico de Uberaba, local onde se concentra grande parte das atividades
culturais e do Patrimônio Material da cidade, buscando relação direta com as atividades já desenvolvidas no local.

Fonte: Produzido pela autora

33
34
Diagnósticos
GABARITO
No entorno imediato ao lote escolhido para projeto
grande parte das construções são de no máximo 2
pavimentos, já ao longo da Rua Arthur Machado e nas
vias arteriais Fidélis Reis e Odilon Fernandes, há a
presença de edifícios de mais de 6 pavimentos. Porém
estas edificações mais altas, estão posicionadas em
relação a orientação solar de uma forma que não
impactarão em grande incidência de sombras na área de
projeto. Após análise de gabarito e incidência solar, a
intenção de projeto é de não exceder o gabarito do
entorno, para que a nova edificação se insira na malha
urbana de forma harmônica, sem se destacar das
demais, já existentes.

Fonte: Produzido pela autora

35
USO
O entorno da área de projeto se revela de uso misto, de um lado, uma das
principais ruas de comércio e serviços da cidade, de outro uma área
predominantemente residencial, a região é de amplo acesso à transporte
público e apresenta um público potencial de acesso à atividades culturais
propostas em diversos períodos, atraindo novas concentrações e atividades
Fonte: Produzido pela autora à região.
36
Por se tratar da área central da cidade que historicamente é
a primeira parcela de solo a ser ocupada pela população,
nota-se que está praticamente toda utilizada, quase não
sobrando lotes vazios. Porém como ocorre em diversas
cidades, devido ao processo de descentralização grande
parte das edificações estão inutilizadas e abandonadas,
descaracterizando a imagem da região. Pode-se perceber
na análise de áreas verdes, que estas são escassas na
região, poucas ainda se fazem presente. A inserção de
equipamentos culturais em regiões centrais, valorizam a
área tanto economicamente, quanto socialmente, dando à
população a oportunidade de acesso à cultura, à história
esquecida da cidade e desenvolve uma nova atividade à
áreas anteriormente degradadas. Uma outra premissa de
projeto é a utilização e preservação da área verde existente
no terreno, buscando a melhor qualidade ambiental do
projeto e a conscientização populacional para a
preservação e contato com áreas verdes.

Fonte: Produzido pela autora


37
Fonte: Produzido pela autora

A área de projeto está localizada em uma região com topografia declinada, e os lotes para
projeto não apresentam a topografia original, possuem dois arrimos e desnível de mais de 4
metros, o que proporciona o trabalho da edificação em níveis e com diversos acessos,
proporcionando à população um ambiente de grande facilidade de fluxo e integração com
seu entorno e cidade. Já a proximidade de vias arteriais e coletoras favorece também o
acesso de públicos de todas as regiões do município, promovendo a integração da
sociedade.
38
FACHADA EDFÍCIO PRÉ-EXSITENTE FACHADA LATERAL
FONTE: ARQUIVO AUTORA FONTE: ARQUIVO AUTORA

RUA PADRE ZEFERINO


PRAÇA AFONSO PENA
CONCHA ACÚSTICA

RUA ARTHUR MACHADO VISTA DO TERRENO VAGO


FONTE: ARQUIVO AUTORA

VISTA DA PRAÇA
FONTE: ARQUIVO AUTORA
39
O programa partiu do conceito inicial de grandes áreas e setorização para então elaborar uma tabela de possíveis
áreas e número de usuários, para então relacionar a circulação entre os espaços e iniciar a distribuição ao longo da
área.

Cozinha materna
Praça pomar

Área técnica

RUA PADRE ZEFERINO


PRAÇA AFONSO PENA
CONCHA ACÚSTICA

RUA ARTHUR MACHADO

Cozinhas experimentais
Horta

40
Área Técnica Área Total: 150m²
AMBIENTE QT EQUIPAMENTOS PESSOAS ÁREA APROX.
(m²)
Recepção 01 Cadeiras, bancada, computadores Funcionário/ público 8
em geral
Carga e 01 Espaço para recepção de produtos Funcionários 15
Descarga
Administrativo 01 Mesas de trabalho, cadeiras, Funcionários (máx. 16
armários/estantes e computadores 04)

Copa 01 Mesas, cadeiras, balcão, lavatório, Funcionários 25


geladeira, micro-ondas.
Instalações 02 Feminino/Masculino/PNE: Funcionários 25
Sanitárias lavatórios, bacias sanitárias,
mictórios
Bodega 01 Estantes, mesas, vitrine fria Funcionários/ 25
público em geral
Cozinha Materna Área Total: 140 m²
AMBIENTE QT EQUIPAMENTOS PESSOAS ÁREA APROX.
(m²)
Recepção de 0 Câmara fria e armários Funcionários 30
alimentos 1
Cozinha típica 02 Bancadas de trabalho com fornos, Professores/ alunos 80
mineira pias, geladeiras, fogões, armários, (turmas máx. 12)
prateleiras e coifas.
Instalações 02 Feminino/Masculino/PNE: Público em geral 25 (total 50)
Sanitárias lavatórios, bacias sanitárias,
mictórios

41
Praça Pomar Área Total: 600m²
AMBIENTE QT EQUIPAMENTOS PESSOAS ÁREA APROX.
(m²)
DML 01 Equipamentos hidráulicos, armário. Funcionários 6
Pomar - Espécies vegetais frutíferas Público em geral 300
Espaço livre 01 Mesas, bancos, sofás, redes Público em geral 250
para
alimentação e
exposição
Instalações 01 Feminino/Masculino/PNE: Público em geral 25
Sanitárias lavatórios, bacias sanitárias,
mictórios
Horta + Espaço de Convívio Área Total: 60 m²
AMBIENTE QT EQUIPAMENTOS PESSOAS ÁREA APROX.
(m²)
Floreiras 8 Irrigadores Público em geral 20
Convívio - Redes, bancos, mesas Público em geral 20
DML 01 Equipamentos hidráulicos, armário. Funcionários 6
Cozinhas experimentais Áreas Total:
AMBIENTE QT EQUIPAMENTOS PESSOAS ÁREA APROX.
(m²)
Cozinhas 02 Bancadas de trabalho com fornos, Professores/ alunos 40 cada módulo
modulares pias, geladeiras, fogões, armários, (turmas máx 6) (80 total)
prateleiras, equipamentos de
cozinha e coifas.
Central de Gás 01 Gás Funcionários 6

Lanchonete/ca 01 Cozinha, copa, DML, despensa, Público em geral 50


fé espaço público para atendimento,
42
Caixa e área de administração.
43
Leituras de Projetos 44
Museu do Pão
Esta leitura de projeto do MUSEU DO PÃO em Ilópolis, RS MOINHO FACHINETTO
desenvolvido pelo escritório Brasil Arquitetura em 2007, é FONTE: moinhosdovale.com.br
relevante à aplicação no trabalho em relação aos conceitos de
USO, FORMA, PARTIDO, MATERIALIDADE, RELAÇÃO COM A
CIDADE e FUNCIONALIDADE que serão reinterpretados e
aplicados nas fases de desenvolvimento, anteprojeto e projeto
executivo do presente trabalho final de graduação.

MOINHO MARCA
FONTE: moinhosdovale.com.br

MOINHO VICENZI
FONTE: moinhosdovale.com.br

Os moinhos presentes no Brasil fazem parte da herança arquitetônica de um


período de grande imigração europeia para o Brasil no início do século XX. Os
imigrantes se fixaram em todo o território brasileiro e na região da Serra Gaúcha as
comunidades se formaram em torno da produção de farinha. As construções da
região neste período são resultado da união entre as técnicas trazidas da Europa e
os materiais do local, como a madeira araucária, porém com os avanços
tecnológicos e a modernização da produção, estes locais foram sendo
MOINHO CASTAMAN abandonados e até destruídos. Em 2003 foi lançada a ideia do Caminho dos
FONTE: moinhosdovale.com.br Moinhos, uma rota que valorizasse o turismo e a importância cultural dessa região.
45
. O primeiro Moinho restaurado foi o Moinho Colognese em Ilópolis. CROQUI DO MUSEU
FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

Programa, uso e funcionalidade


Uma das premissas do projeto era a volta do
funcionamento do moinho para a produção
de farinha e, devido à alta relevância cultural
do local, foi proposto ao programa uma
Oficina de panificação, uma Bodega e um
Museu, que apresenta aos visitantes todas as
fases de produção do pão e seus
equipamentos e conta também com um
auditório. O museu promove o encontro entre
a comunidade e sua história, através da
arquitetura, dos objetos, das aulas e produção.

CROQUI DO MUSEU
FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

O fluxo e circulação internos, são


favorecidos no nivelamento dos novos
blocos à mesma cota do moinho
existente, com a divisão do programa
em ambientes amplos e a criação de
passarelas que interligam dos espaços.

PLANTA DO MUSEU
FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

46
VISTA AÉREA DE ILÓPOLIS VISTA DO COMPLEXO
FONTE: GOOGLE EARTH FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

Relação com a cidade


A implantação dos dois novos blocos à paisagem se faz de forma natural, sem contrastes, com adequação de gabarito e
pontos de visão que permitem acesso à todo o lote. A concentração da edificação em apenas uma parcela do lote,
também conversa com o entorno, criando grandes espaços de convívio

BODEGA O MUSEU O MOINHO


FONTE: BRASILARQUITETURA.COM FONTE: BRASILARQUITETURA.COM FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

O museu Dentro do conjunto tudo pode ser considerado


Segundo o Caderno de Diretrizes Museológicas do Governo museu: o Moinho, os equipamentos originais que se
Federal, os museus tem dentre suas funções: desenvolver mantiveram e representam o processo produtivo
ações de preservação e criação cultural e científica; desde o grão até o prato, uma coleção de pedras mó
teatralizar o universal, nacional, regional, local, étnico e o (granito e basalto) que eram utilizadas para a
individual como espaço de mediação ou comunicação; moagem de milho e de trigo, incluindo um pequeno
disponibilizar narrativas menos ou mais grandiosas, menos riacho que delimita os limites do museu e a própria
ou mais inclusivas, para diversos públicos. arquitetura.
47
Museu + oficina = forma e materialidade COZINHA
FONTE: BRASILARQUITETURA.COM
Os dois novos volumes possuem áreas semelhantes e
ficam perpendiculares entre si, distinguindo-se devido
ao uso e materiais. O museu, possui a transparência do
vidro, já a oficina apresenta a robustez do concreto.
Este contraste de superfícies ocasiona uma forma final
simples e harmônica. A interligação entre os volumes, o
moinho restaurado e o restante da cidade se dá através
da elevação do piso, alcançando o mesmo nível da pré-
existência mas principalmente na presença da madeira
Araucária. Os pilares de concreto possuem capitéis de A cozinha
madeira inspirados na estrutura interna do galpão, os Os equipamentos da cozinha escola se distribuem de forma
painéis brise são referência à fachada do moinho, os setorizada, com bancadas individuais de trabalho, onde os
guarda-corpos das passarelas que rodeiam o conjunto alunos podem trabalhar ao mesmo tempo. As aberturas
remetem às casas dos imigrantes e suas varandas, o acompanham as bancadas e iluminam o ambiente com luz
museu se apoia em duas grandes empenas de madeira natural. Uma grande mesa central serve para execução de
e até o concreto apresenta as marcas das formas tarefas e também para refeições. Há ainda um espaço para
referenciando a linearidade das réguas de madeira. aulas teóricas e instalações sanitárias para os usuários deste
ambiente.

IMAGEM EXTERNA PLANTA COZINHA


FONTE: BRASILARQUITETURA.COM FONTE: BRASILARQUITETURA.COM

48
Esta leitura de projeto do SESC POMPÉIA em São Paulo, SP CROQUI DA ARQUITETA
Sesc Pompéia
FONTE: VITRUVIUS.COM
desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1986, é
relevante à aplicação no trabalho em relação aos conceitos
de RELAÇÃO PRE-EXISTÊNCIA E NOVO; MATERIALIDADE e
ESTRUTURA que serão reinterpretados e aplicados nas fases
de desenvolvimento, anteprojeto e projeto executivo do
presente trabalho final de graduação.

Lina foi convidada para promover o projeto de reforma e adequação


do Centro Cultural Desportivo do SESC, em uma antiga fábrica no
bairro de Pompéia, Zona Oeste de São Paulo. O SESC já desenvolvia
atividades de cultura e esportes no local improvisado e há um relato
em que Lina disse: “ O que queremos é exatamente manter e
amplificar aquilo que temos aqui, nada mais.” Esta sensibilidade da
arquiteta é perceptível ao longo de todo o projeto, principalmente na
forma como ela projetou, o programa e os desenhos eram
FÁBRICA ANTES DA REFORMA desenvolvidos dentro do espaço e através de experimentações.
FONTE: VITRUVIUS.COM

49
Estrutura e Materialidade
Em meio ao processo de projeto Lina percebeu que a
estrutura de concreto armado do edifício havia sido
moldada por um pioneiro desta técnica no Brasil, o
francês François Hennebique, agregando valor
histórico e arquitetônico ao projeto. A partir daí, foi
proposto um processo de “descobrimento” da fábrica,
com a retirada de camadas de reboco e aplicações de
jatos de areia, chegando à sua forma e materiais
primários no piso, parede e teto. Lina admitia fazer um
‘’Restauro Crítico’’ e utilizava o termo ‘’ presente
histórico’’ onde ela busca a valorização do edifício,
criando seu próprio estilo de intervenção, sem ignorar VISTA DA FÁBRICA
as teorias de restauro. FONTE: VITRUVIUS.COM

VISTA DA FÁBRICA COM CAMADAS ORIGINAIS DE TIJOLINHO


FONTE: VITRUVIUS.COM

OPERÁRIOS RETIRANDO O REBOCO


FONTE: VITRUVIUS.COM

50
As referências à materialidade e estrutura fabril
continuam, presentes nos novos edifícios, no telhado
e até mesmo no mobiliário, sem serem óbvias e
literais. Há uma releitura de materiais, formas e
adequação à função.

TIJOLO, CONCRETO, METAL E VIDRO


FONTE: PEDRO KOK

ESTRUTURA FABRIL RELAÇÃO CONCRETO E TIJOLO


FONTE: ARCHIDAILY.COM FONTE: VITRUVIUS.COM
51
FÁBRICA E NOVOS EDIFÍCIOS
FONTE: ARCHINECT.COM

FÁBRICA E NOVOS EDIFÍCIOS


FONTE: ARCHINECT.COM

Relação pré-existência e novo


Utilizando o contraste formal, através da grande diferença
de escalas e gabarito entre o edifício pré-existente e a nova
construção, os blocos interagem através dos materiais, do
programa de necessidades e de uma grande rua interna,
formada pela interligação entre circulações. FÁBRICA E NOVOS EDIFÍCIOS
FONTE: ARCHINECT.COM

52
53
Uberaba 54
Valor Histórico
A formação de Uberaba teve início com a busca por minérios no interior do país e devido à sua localização central
se tornou ponto de parada dos exploradores. A ocupação da região foi se intensificando, gerando a necessidade
de comércio e hospedarias, a construção de uma capela caracterizava a criação de um arraial, o primeiro nome
Arraial de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba. O movimento em torno da Capela aumenta o fluxo de
circulação de pessoas, que passam à construir suas moradias em seu entorno. Devido ao crescimento populacional
e financeiro, há a instalação da Câmara Municipal, o arraial então se torna Vila e a Capela Igreja Matriz, a atual
Catedral Metropolitana de Uberaba. Seguindo o fluxo de desenvolvimento natural da paisagem urbana, surgem a
Rua Direita (atual Vigário Silva) e a Rua do Comércio (Arthur Machado).
A Rua Arthur Machado se mantém até hoje como ponto de atividade comercial da cidade e no início do século XX,
se tornou o eixo de ligação com a recém chegada estação ferroviária. Ao fim desta via, próxima à Estação
Ferroviária foi criada a Praça Afonso Pena, que por muitos anos foi conhecida como Praça da Gameleira, devido à
grande árvore presente em sua paisagem, porém em 1964 o marco do local foi retirado e em 1970 foi construído
um palco em forma de Concha e uma platéia, assim desde então a praça passou a ser conhecida como Praça da
Concha Acústica. Por muito tempo este espaço foi subutilizado e praticamente abandonado. Atualmente a Praça
da Concha Acústica é palco de eventos musicais e culturais, principalmente aos finais de semana, se tornando um
ponto de intensa diversidade cultural.
A área escolhida para projeto se localiza em uma edificação pré-existente na Praça Afonso Pena e avança a Rua
Arthur Machado, além da Padre Zeferino, no centro histórico de Uberaba, local onde se concentra grande parte
das atividades culturais e do Patrimônio Material da cidade, buscando relação direta com as atividades já
desenvolvidas no local.
A Rua Arthur Machado se mantém até hoje como ponto de atividade comercial da cidade e no início do século XX,
se tornou o eixo de ligação com a recém chegada estação ferroviária. Ao fim desta via, próxima à Estação
Ferroviária foi criada a Praça Afonso Pena, que por muitos anos foi conhecida como Praça da Gameleira, devido à
grande árvore presente em sua paisagem, porém em 1964 o marco do local foi retirado e em 1970 foi construído
um palco em forma de Concha e uma platéia, assim desde então a praça passou a ser conhecida como Praça da
55
Concha Acústica. Por muito tempo este espaço foi MAPA CENTRO DE UBERABA 1855
FONTE: ÁLBUM DE GABRIEL TOTI
subutilizado e praticamente abandonado.
Atualmente a Praça da Concha Acústica é palco de
eventos musicais e culturais, principalmente aos finais
de semana, se tornando um ponto de intensa
diversidade cultura

ÀREA DE PROJETO

PRAÇA AFONSO PENA


FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DE UBERABA

RUA ARTHUR MACHADO, INÍCIO SÉCULO XX


GAMELEIRA NO LOCAL ONDE HOJE SE LOCALIZA A PRAÇA FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DE UBERABA
FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DE UBERABA
56
Conceito, partido e aspectos legais

INTERIOR DO EDIFÍCIO INTERIOR DO EDIFÍCIO


FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

A área está localizada na ZONA DE COMÉRCIO E SERVIÇOS I (ZCSI) e pode abrigar atividades comerciais e de serviços de
baixo impacto ambiental. A taxa mínima de ocupação no lote é de 70% e o Coeficiente de Aproveitamento é 2. Os
afastamentos pemitidos até dois pavimentos são: FRONTAL 2 metros complementando o passeio; LATERAIS E FUNDOS
1,5 metros com abertura de vãos. A área possui 3 acessos diferentes, para as ruas Padre Zeferino, Arthur Machado e Praça
Afonso Pena (conhecida como Praça da Concha Acústica). A partir destes acessos um dos conceitos para projeto é a
fluidez espacial que permita a livre circulação em todos os sentidos. As áreas verdes existentes no terreno serão mantidas
e ampliadas através das hortas e do pomar, melhorando a qualidade ambiental e o conforto térmico da edificação. A
coexistência entre o antigo e o novo é proposta em uma arquitetura contemporânea que se referencia nos estilos
históricos através da materialidade e de técnicas construtivas vernaculares como a taipa de pilão e a estrutura de
madeira.
A utilização do edifício pré-existente no centro da cidade, que se encontra em estado degradado e abandonado, e
antigamente abrigava uma fábrica, sofreu descaracterização em sua fachada original, mas seu interior guarda uma
antiga estrutura de madeira que sustenta a cobertura, com fechamentos independentes, sem função estrutural,
proporcionando flexibilidade de usos e ambientes. A intenção projetual é reparar e preservar as tesouras de madeira, e
proporcionar a livre circulação no espaço existente. Um outro partido adotado é a relação direta entre o Instituto e a
Concha Acústica, que hoje é palco dos grandes eventos culturais da cidade, sendo a área de projeto uma extensão destes
eventos, através da culinária.
57
ESTUDO DE INSOLAÇÃO NO SOLSTÍCIO DE VERÃO 22/12 10:00
ESTUDO DE INSOLAÇÃO NO SOLSTÍCIO DE INVERNO 21/06 10:00
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

Após verificação de incidência solar e feito estudo de


sombras relacionados ao entorno, nota-se que a
edificação recebe iluminação ao longo de todo o dia e
ao longo de todo ano, propiciando a utilização de
iluminação natural. O sentido dos ventos também
possibilita o uso e ventilação natural e cruzada em
toda a área.
A utilização dos condicionantes naturais em projeto
possibilita a criação de áreas livres para convívio,
gerando um espaço público de qualidade como fácil
acesso à população, devido a permeabilidade e
fluidez de seus acessos.

ESQUEMAS DE VENTOS E INSOLAÇÃO


FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA
58
59
Projeto 60
VISTA GERAL DE PROJETO
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

61 VISTA GERAL DE PROJETO


FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA
62
63
JARDIM DAS FLORES

JD DA SORTE

JARDIM DAS SAMAMBAIAS

64
DECK POMAR CIRC. CONVÍVIO
+252 +247 +252 +247

CALÇADA HALL COZINHA DESP


+5
GÁS
00 +5 +5 +5

CONVÍVIO PAV. INFERIOR


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

POMAR
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
65
POMAR
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

ÁREA DE CONVÍVIO
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

ESTRUTURA DE MLC SOB VIDRO INSULADO

COBERTURA EXISTENTE RESTAURADA

COBERTURA SANDUÍCHE SOB PÉRGOLAS DE MADEIRA

CALÇADA
+252 HALL COZINHA CONVÍVIO CONVÍVIO SAN PNE ADM. DEP. JD. DA SORTE CALÇADA
+252 +252 +247 +252 +350 +352

66
INTERIOR DO GALPÃO PRÉ EXISTENTE
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

67
ÁREA DE CIRCULAÇÃO E CONVÍVIO
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
68
FACHADA ATUAL PRAÇA AFONSO PENA
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

NOVA FACHADAPRAÇA AFONSO PENA


69 FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA
70
FACHADA ATUAL RUA PADRE ZEFERINO
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

71 ESQUEMA FACHADA PADRE ZEFERINO


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
FACHADA PADRE ZEFERINO DIURNA
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

FACHADA PADRE ZEFERINO NOTURNA


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
72
FACHADA ATUAL RUA ARTHUR MACHADO
FONTE: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA

ESQUEMA FACHADA ARTHUR MACHADO


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

73
FACHADA RUA ARTHUR MACHADO DIURNA
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

FACHADA RUA ARTHUR MACHADO NOTURNA


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
74
75
COZINHA MATERNA FOGÃO
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

COZINHA MATERNA FORNOS


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
76
COZINHA DE PÃES E DOCES
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

COZINHA DE QUEIJOS
77 FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA
78
VISTA DO POMAR PELO DECK
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

VISTA DO POMAR
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

VISTA DO GERAL INTERNA


FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

79
A estrutura de madeira laminada
colada (MLC) é o elemento de
ligação formal entre as três entradas
do projeto, em momentos funciona
como cobertura e outros como
elemento estrutural.

ESTRUTURA
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

ESTRUTURA
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA

ESTRUTURA
FONTE: PRODUZIDO PELA AUTORA 80
Espécies vegetais utilizadas

O projeto paisagístico tem como partidos a funcionalidade, a


contemplação e a qualidade ambiental.
A distribuição ao longo do terreno e as espécies utilizadas são
referência aos quintais e jardins, local onde se encontravam
alimentos, ervas e era comumente utilizado para reuniões ao ar livre.
81
82
O paisagismo foi dividido em: Jardim da Sorte, Jardim das Flores,
Jardim das Samambaias, Pomar e Jardineiras horta.
83
84
85
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86

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