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14/05/2015

Artigo 18 nº2

“Vendo as restrições limitar se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou


interesses constitucionalmente protegidos” esta alínea abrange:

Os casos de restrições no âmbito de estado de sítio e emergência e os casos de colisão


de direitos. Existe uma colisão de direitos quando o exercício de um direito
fundamental por parte do seu titular colide com o exercício de um direito fundamental
por parte de outro titular. Como se resolve uma colisão de direitos? Através dos
princípios constitucionais o princípio da proporcionalidade e da proibição do excesso
ou seja a restrição de direitos deve ser adequada, necessária e proporcional em
sentido estrito, razoável. Quando na medida restritiva dos direitos fundamentais é
apropriada para persecução dos fins invocados pela lei. Necessidade a medida
restritiva dos direitos fundamentais e necessária para obter o fim protecção visado
pela constituição ou pela lei ou seja uma medida será necessária quando não for
possível escolher um meio alternativo eficaz mas menos restritivo de direitos, sendo
que neste sentido e necessário ponderar todas as alternativas de acordo com os custos
e benefícios dessa restrição para os destinatários na mesma, o princípio fundamental.

Proposta para resolver colisão de direitos fundamentais.

- Verificar se o direito fundamental e susceptível de restrição através da lei.

- Se o direito fundamental não admite restrição ou se essa restrição afecta o núcleo


essencial desse direito (conteúdo essencial de cada direito fundamental) ou ainda se a
restrição viola ouros direitos fundamentais, neste caso podemos optar por dois
critérios:

- Critério valorativo, que consiste na aplicação preferencial do direito


fundamental considerado valorativamente superior em relação a outro direito ou bem
jurídico.

- Principio da concordância ou da harmonização, que consiste que perante


diversos direitos fundamentais e bens jurídicos equivalentes. Devesse proceder a
harmonização desses direitos e só a partir dessa harmonização poderemos
eventualmente considerar que alguns dos direitos prevalece sobre o outro.

A colisão de direitos e diferente da concorrência de direitos. Numa concorrência de


direitos, existe um cruzamento de direitos fundamentais, o mesmo comportamento o
titular do direito e incluído no âmbito de protecção de outros direitos. Por exemplo o
direito de criar um partido político. A criação de um partido está em contacto com
outros direitos, a liberdade de associação e a liberdade de expressão.

20/05/2015

Concorrência de direitos – ou seja o mesmo comportamento de um determinado


titular pode ser subsumido no âmbito de vários direitos que se cruzam entre si ou seja
determinado bem jurídico pode conduzir a acumulação na mesma pessoa de vários
direitos fundamentais, por exemplo a protecção do bem constitucional “participação
na vida pública” artigo 48º esta relacionado com o tomar parte na vida pública e na
direcção dos assuntos políticos do país, artigo 48º, direito de sufrágio 49º liberdade
partidária 51º ou como direito de manifestação artigo 45º. Na concorrência de direitos
o titular desses direitos pode exerce-los ao mesmo tempo ao contrário da colisão de
direitos. A concorrência de direitos só e uma problemática quando os vários direitos
estão sujeitos a limites divergentes por exemplo: liberdade de expressão está sujeita a
reserva de lei restritiva mas a natureza dessa liberdade de expressão não esta sujeita a
limites legais, artigo 37º. Nos termos de artigo 270º os militares e agentes
militarizados têm por lei o seu direito de expressão reunião restringido. Será que esta
disposição abrange todo o conteúdo destes direitos fundamentais, se os direitos de
expressão, reunião, manifestação, ou associação não colocarem em causa a segurança
pública poe exemplo quando não estão em causa assuntos militares mas sim assuntos
relativos a actividades artísticas culturais.

Artigo 18 nº 3

Tem de revestir carácter geral e abstracto ou seja as restrições de direitos


fundamentais aplicam se a todos os cidadãos que estejam em determinada situação
mas não a casos concretos. Fora dos casos decididos pelos tribunais de forma a decidir
colisão de direitos, as leis restritivas de direitos fundamentais:

- Não podem ser aplicadas a casos concretos, pois tem carácter geral e abstracto.

- Não podem ter efeito retroactivo – toda a lei que restrinja direitos fundamentais s se
aplica a partir do momento da sua entrada em vigor e não nas situações constituídas
ou a factos passados antes da entrada e vigor da nova lei restritiva de direitos
fundamentais. 29º Nº4

- Nem diminuir a extinção nem o alcance do conteúdo essencial dos preceitos


constitucionais.
Para perceber qual e a extensão e conteúdo de um preceito fundamental e preciso
analisar cada um dos direitos fundamentais em questão, e necessário verificar se o
próprio direito fundamental permite restrições, e em que sentido, caso contrario cabe
ao legislador ou juiz ou entidade competente criar ou aplicar leis restritivas direitos
fundamentais de acordo com os princípios fundamentais, (universalidade, igualdade,
não discriminação, dignidade humana, proporcionalidade.)

Importa sublinhar que a interpretação por conteúdo essencial dos direitos


fundamentais tem um carácter subjectivo podendo ser influenciada por concepções
políticas e religiosas.

21/05/2015

O senhor X deixou em testamento uma fracção de um imóvel situado em Lisboa ao


partido político. Entretanto esse imóvel foi classificado pelo estado como de relevante
interesse cultural por ser um exemplar de arquitectura do princípio do século 20, desta
forma a realização de qualquer iniciática pública no referido imóvel ficaria sujeita a
previa autorização de utilização da câmara municipal de Lisboa. O partido político
pretende realizar tertúlias públicas sobre a temática do estado democrático e social na
referida fracção pelo que requer a autorização a câmara de Lisboa. Contudo a
autarquia indeferiu tal pedido com seguinte fundamento:

O imóvel e um importante exemplo de arquitectura e design da primeira metade do


século 20 o que seria manifestamente incompatível com as actividades promovidas
pelo partido político conduziriam a degradação de um património inestimável.

A) Um partido político e titular de direitos fundamentais? Se sim quais?

De acordo com a lei dos partidos políticos um partido político e uma associação de
direito privado ao qual se conhece direitos fundamentais compatíveis com a sua
natureza de pessoa colectiva, partido político têm direito a propriedade privada. O
partido tem direito a liberdades fundamentais, nomeadamente liberdade de criação
do partido político, e apenas necessário registo, liberdade de actuação e associação
partidária. Sobre os partidos políticos não pode existir nenhum controlo ideológico ou
programático salvo por proibições de organizações de ideologia fascista e não e
admissível também nenhum controlo de uma entidade externa sobre a organização
interna desse partido partido político goza de direito de igualdade de oportunidade ou
seja os partidos devem ser reconhecidos juridicamente e a todos se deve dar iguais
possibilidades de desenvolvimento e participação na formação da vontade popular.
Igualdade de oportunidades ao nível do financiamento público dos partidos. Os
direitos fundamentais dos partidos resulta da ideia de democracia participativa
associada a expressão de opinião que pode influenciar as decisões da opinião pública
bem como as próprias decisões politicas, neste sentido os partidos políticos gozam de
liberdade de expressão e de informação, ou seja da expressão dos seus pontos de vista
político sem coacção sem censura ou discriminação, e o direito de informarem as
pessoas sobre esse ponto de vista. Liberdade de imprensa ou seja de forma a exprimir
as suas opiniões de forma livre através dos meios de comunicação social. Liberdade de
reunião ou seja a faculdade das pessoas que sem partido político de livremente se
juntarem para trocarem opiniões ou levarem, a cabo projectos políticos. Liberdade de
manifestação, liberdade das pessoas que fazem parte desse partido de se juntarem no
sentido de exteriorizarem os seus pontos de vista. Liberdades de associação, liberdade
de criar o partido, ou seja a faculdade das pessoas livremente criarem pessoas jurídicas
colectivas associativas, não carecendo de qualquer autorização pública, baseando-se
apenas na sua autonomia privada. Direito de petição perante órgãos públicos ou seja a
facultada e das pessoas fazerem chegar a autoridades públicas pedidos, reclamações,
este direito mas não necessariamente o partido político. Direito de oposição política,
artigo 40º, 51º, 45º e 47º. Os direitos fundamentais dos partidos políticos enquanto
pessoa colectiva estão previstos no artigo 37º, 38º, 40º, 46º nº2/4 e no 51º.

B) Será que a Câmara municipal teria razão ou estaria a violar os direitos do


agora proprietário do imóvel?

A entidade administrativa não tem competência para restringir direitos, liberdades e


garantias a não ser de acordo com lei que por sua vez estará de acordo com a
constituição. A lei pode restringir o direito da propriedade privada para defesa do
património cultural. Isto resulta, esta admissibilidade da restrição tem por fundamento
a função social do direito da propriedade privada. Neste sentido a câmara municipal de
acordo com a lei de protecção do património cultural poderia emitir um regulamento
de forma a proteger esse património cultural, por exemplo proibir a circulação de
automóveis, veículos pesados na rua onde se situa o imóvel, a decisão da câmara ou
de um município não se justifica como a função social da propriedade privada aliás, o
impedir as tertúlias afecta ainda a liberdade de expressão e de informação do partido
político. O fim de uma tertúlia não e danificar o imóvel mas sim esclarecer
determinadas questões de forma a informar os cidadãos ou construir um projecto
político. Neste sentido a medida ou o regulamento não e adequada nem necessária
nem razoável para atingir fim imposto pela lei restritiva direitos fundamentais e pela
própria constituição. Não existe aqui uma colisão de direitos no sentido em que apesar
do município invocar a defesa do património cultural, o fundamento de proibição da
tertúlia, fundamento subjacente a essa decisão não e legitimo a não ser que o
município provasse que a tertúlia, pelo grande número de pessoas ou pelas actividades
acessória a essa tertúlia, colocasse em causa esse imóvel.

Este princípio significa que o núcleo essencial dos direitos sociais já garantidos através
de medidas legislativas não pode ser aniquilado o que seria também uma violação do
princípio da protecção da confiança e da segurança dos cidadãos no âmbito
económico-social e cultural. O reconhecimento desta protecção dos direitos
adquiridos constitui um limite jurídico do legislador e ao mesmo tempo uma obrigação
de persecução de uma política congruente com os direitos concretos e espectativas
subjectivamente alicerçadas. Todavia esta proibição do processo social não pode ser
encarada de uma forma fundamentalista visto que nos dias de hoje e em grande parte
devido a questões demográficas, aumento esperança de vida a manutenção e a
viabilidade do estado social passam obrigatoriamente pela existência de reformas que
se produzem na redução de algumas despesas sociais. Não se pode dizer que principio
do não retrocesso social vigore absolutamente porque esta sempre dependente de
uma avaliação concreta que pertence ao domínio da conjunturalidade, nos quais não
são permitidos controlos de juridicidade cumprindo ainda levar em linha de
consideração as condições económicas e sociais de realização desses mesmos direitos
nunca se podendo finalmente excluir a hipótese de a sua regressão ser ditada por
essas mesmas condições.

Caso prático 2

O partido político Y pretende contratar uma pessoa formada em direito ou em ciência


política para redigir os discursos políticos dos seus dirigentes. Na sequência deste
concurso foi escolhido o senhor B. a senhora N candidata a este emprego intentou
uma acção contra o partido fundamentando se no facto de ter sido excluída por estar
filiada num partido político diferente e por ser mulher, os candidatos admitidos a
entrevista era apenas homens e todos filiados no partido político Y, quem terá razão?

Decorre do princípio do social a igualdade social ente cidadãos, ou seja entre homem e
mulheres, igualdade de oportunidades que impede a não discriminação nos termos do
artigo 13º Nº2 contudo no caso concreto temos de indicar a autonomia e a liberdade
contratual, de um partido político. A aplicação do principio da igualdade no domínio a
celebração de contratos individuais privados reconduz se no essencial a
compatibilização entre a igualdade e a liberdade negocial, só aqui existira violação do
principio da igualdade quando a acção do partido político tiver como objectivo
descriminar um individuo, contudo o partido político enquanto uma espécie de
empresa ideológica e também as congregações religiosas ou os sindicados, não se esta
a discriminar e atentar se contra o principio da igualdade quando se exclui um
individuo que e filiados noutro partido por que neste caso a autonomia privada deve
prevalecer pois a relação laborar exige uma especial comunhão ideológica, entre a
entidade empregadora e os trabalhadores.

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