Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila
Apostila
D CG = D/2
Q D = duração da precipitação
Tc Tc = tempo de concentração
Tp = tempo de pico
Ta = tempo de ascensão
A e C = inflexões da hidrógrafa
CG = centro de gravidade da
Tp precipitação
Ta
Deflúvio
QC C
QA Escoamento
A
subterrâneo
Ta Tc Tempo
O deflúvio pode ser separado por quatro procedimentos, sendo o mais usual
aquele que considera uma reta crescente entre as inflexões A e C na hidrógrafa. Ao
determinar o coeficiente angular desta reta [(Ta,QA);(Tc,QC)], calcula-se a parcela do
escoamento base incrementando-se, em cada intervalo de tempo, o valor deste
coeficiente, começando pelo valor de vazão QA até que o valor QC seja atingido.
Assim, dispondo-se do valor total da vazão, previamente medido, subtrai-se o valor do
escoamento base, encontrando-se os valores de vazão do escoamento superficial
direto.
As inflexões A e C podem ser determinadas visualmente com base nos valores
de vazão, (no caso de A), e dividindo-se os últimos valores de vazão, os quais
pertencem apenas ao escoamento base, pelos valores anteriores, obtendo-se um
valor aproximadamente constante. Isto é feito até que se encontre um valor
consideravelmente diferente dos já obtidos, significando que um valor de vazão
consideravelmente mais alto foi atingido. Uma outra forma é plotar num papel
monolog, os valores de vazão; como o escoamento base tem característica
exponencial, este será uma reta quando plotado em papel monolog; assim, fica fácil
verificar, neste gráfico, o ponto de inflexão C. Este procedimento é o mesmo das
constantes, porém de forma gráfica.
Esta análise é possível devido a algumas considerações sobre o
comportamento do escoamento base, uma vez que a partir de C somente este tipo de
escoamento existe. Este escoamento pode ser matematicamente representado por
uma equação diferencial ordinária de primeira ordem:
2
C.R.Mello/Marciano
dQ
= −K × Q (1)
dt
cuja solução é:
Qf dQ tf
∫ = ∫−K×t (2)
Qi dt ti
Qf
Ln = −K × (tf − ti) (3)
Qi
Como Qf é menor Qi (há depleção do escoamento base com o passar do
tempo), o sinal negativo do segundo membro da equação 3 é anulado. A diferença tf –
ti pode ser considerada constante, uma vez que o intervalo de tempo entre as leituras
normalmente é fixo. Chamando tf – ti de ∆t, tem-se:
Qf
= e ( − K × ∆t ) (4)
Qi
O segundo membro da equação 4 é uma constante, uma vez que ‘e’
representa o número de Neper (2,718282), K é conhecido como fator de reação,
dependente das características do meio, sendo uma constante própria das condições
locais de escoamento e ∆t é constante. Desta forma, ao se obter a razão entre vazões
do escoamento base, obter-se-à um valor próximo, praticamente constante,
justificando o emprego desta metodologia para separação dos escoamentos.
Uma outra forma de obtenção da inflexão C é por meio de equações empíricas,
que relacionam o tempo decorrido entre a vazão de pico e a inflexão:
N = a × A BHb (5)
- Se QA for maior QC: escoamento tipo I, caracterizando uma não recarga do aqüífero
provocada pela precipitação e a depleção do mesmo continua. (efeito de uma chuva
de elevada intensidade e curta duração no início do período chuvoso).
Q
A
C
tempo
- Se QA = QC: escoamento tipo II, não há recarga, mas a depleção do aqüífero não
continua.
3
C.R.Mello/Marciano
C
A
tempo
- Se QA é menor QC: escoamento tipo III, havendo recarga do aqüífero.
Q
C
A
tempo
TA T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 TC
Esta metodologia consiste em considerar o escoamento base com aumento (ou
Tempo
redução) de vazão, por meio de uma reta, com alterações proporcionais à inclinação
da reta AC. O procedimento consiste em, primeiramente, separar o escoamento base
e por subtração do escoamento total, o escoamento superficial direto. A inclinação da
reta AC é dada por:
4
C.R.Mello/Marciano
QC − QA
m = tg(α ) = (6)
TC − TA
Deve-se alertar para o fato de que o valor a ser adicionado ou subtraído (no
caso da figura acima, adicionado), deve ser corrigido para o intervalo de tempo da
hidrógrafa (∆t = T1-TA, T2 – T1, T3 – T2, e assim por diante) e não por unidade de
tempo na fórmula acima. Assim, tem-se:
J = m × ∆t (7)
Se o cálculo pela equação 8 estiver correto, a soma QSB9 + J será igual a QC.
As vazões do escoamento superficial são dadas pela diferença entre a vazão total e
vazão subterrânea:
5
C.R.Mello/Marciano
b) Metodologia 2
Q
D
C
A
Tempo
c) Metodologia 3
Q
C
D
A
Tempo
Aqui, prolonga-se a depleção a partir de A até encontrar com a reta vertical que
passa pela vazão de pico. A reta DC é então determinada. Observa-se que a
metodologia 3 superestima o escoamento superficial direto, enquanto a metodologia 2
subestima, em relação à metodologia 1. Portanto, esta última tem produzido melhores
resultados e deve ser privilegiado.
6
C.R.Mello/Marciano
Escoamento Escoamento
T (30 min) Q (m3s-1) K Subterrâneo Superficial
(m3s-1) (m3s-1)
1 5 - 5,0 0,0
2 5 - 5,0 0,0
3 4,5 - 4,5 0,0
4 5 (A) - 5,0 0,0
5 10 - 6,25 (=5+1,25) 3,75 (=10-6,25)
6 15 - 7,50 (=6+1,25) 7,50 (=15-7,50)
7 18 - 8,75 9,25
8 25 - 10,0 15,00
9 27 - 11,25 15,75
10 24 - 12,5 11,50
11 20 - 13,75 6,25
12 15 (C) 0,75 15,0 (=13,75+1,25) 0,0
13 13 0,87 13,0 0,0
14 11 0,85 11,0 0,0
15 10 0,91 10,0 0,0
16 9 0,90 9,0 0,0
17 8 0,89 8,0 0,0
18 7 0,88 7,0 0,0
- Cálculo da taxa de variação da vazão (inclinação da reta de escoamento –
vide Figura 4)
∆Q 15 − 5
= = 1,25 m3s-1/30 minutos
∆t 12 − 4
- Cálculo do deflúvio: “Regra do Trapézio” =
∑ Q ⋅ ∆t = 69,00 * 30 * 60 = 124200 m3
- Supondo uma bacia de área 10 km2, o deflúvio, em lâmina será:
124200 m3/10x106m2= 0,01242m x 1000 = 12,42 mm.
O monitoramento dos valores de vazão numa bacia hidrográfica deve ser feito
na seção de controle da mesma, uma vez que toda a rede de corpos d’água drenam
para este ponto. Para se conseguir monitorar a vazão, utiliza-se instrumentos de
medição, entre os quais pode-se destacar:
- vertedores
- calhas Parshall ou WSC
- estações fluviométricas (ou linmétricas)
Em todas as situações, deve-se instalar um equipamento conhecido como
linígrafo, o qual monitora os valores de lâmina d’água. Portanto, para os 3 dispositivos
destacados, é necessário que haja uma prévia calibração (ou relação matemática) dos
valores de vazão com a respectiva altura da lâmina d’água que passa pelos
equipamentos. O dimensionamento de vertedores e calhas seguem algumas normas
padronizadas, e maiores informações podem ser encontradas em Azevedo Neto e
Alvarez, (1991).
Uma vez obtida a série de níveis (linigrama), transforma-se esta série em uma
série de vazão através do uso da curva-chae daquela seção. Curva-chave é o termo
7
C.R.Mello/Marciano
usado na hidrologia para designar a relação entre a cota (nível d'água) e a vazão que
escoa numa dada seção transversal de um curso d'água. Também conhecida como
curva de calibragem, cota-vazão e cota-descarga a qual permite o cálculo indireto da
vazão na referida seção a partir da leitura da cota num dado momento.
A curva-chave de uma seção pode ser representada de três formas: a forma
gráfica, a equação matemática e a tabela de calibragem.
No primeiro caso da representação gráfica, tem-se os valores de cota (H) no eixo das
e abscissas os valores de vazão (Q) no eixo das ordenadas (Figura 3).
0,3
0,2
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
h(m)
A forma de potência:
Q = a (H - Ho)n
onde: a e n - coeficientes de ajuste para cada curva-chave
H - cota referente a uma vazão Q
Ho - cota referente a vazão nula
É comum ajustar mais de uma equação à curva-chave, por faixas de cota, visto
que raramente uma única equação é capaz de representar a curva-chave em toda sua
extensão.
Outra forma de apresentação é a Tabela de Calibragem, cujos valores são
extraídos do gráfico da curva-chave ou da aplicação direta da(s) equação(ões) aos
valores de cota. Trata-se de uma tabela onde se apresentam duas colunas, uma para
os valores de cota e outra para os valores de vazão, e tantas linhas quanto
necessárias para se obter a aproximação desejada da curva traçada. Os valores
intermediários, em geral, são calculados por interpolação linear (Sefione, 2002).
8
C.R.Mello/Marciano
9
hidrográfica do Ribeirão Marcela, Nazareno, MG.
Figura 4 - Exemplo da obtenção do fluviograma por meio do linigrama para a bacia
Nível d'água (m)
Q(m 3/s)
0,2
0,4
0,6
0,8
1,2
1,4
1,6
1,8
0
2
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
1,400
31/01/04 20:46
31/01/04 20:46 01/02/04 17:31
01/02/04 16:16 02/02/04 09:39
02/02/04 09:36 03/02/04 01:24
02/02/04 21:39 3 03/02/04 22:09
03/02/04 17:09
Q (m /s) 04/02/04 18:54
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
04/02/04 12:39 05/02/04 15:39
0
05/02/04 08:09 06/02/04 21:54
0
06/02/04 03:39 07/02/04 18:39
07/02/04 08:39 08/02/04 15:24
0,2
08/02/04 23:39 10/02/04 08:55
09/02/04 19:10
11/02/04 05:40
10/02/04 14:40
12/02/04 02:25
CURVA CHAVE
11/02/04 10:10
12/02/04 23:10
0,4
12/02/04 05:40
FLUVIOGRAMA 13/02/04 19:55
13/02/04 01:10
R2 = 0,9935
Data/hora
14/02/04 16:40
13/02/04 20:40
LINIGRAMA
15/02/04 13:25
H (m)
Data/hora
14/02/04 16:10
0,6
16/02/04 10:10
15/02/04 11:40
17/02/04 05:54
16/02/04 07:10
18/02/04 02:39
17/02/04 01:39
18/02/04 23:24
0,8
17/02/04 21:09
19/02/04 20:09
18/02/04 16:39
19/02/04 12:09 20/02/04 16:54
C.R.Mello/Marciano
25/02/04 00:39
1,2
23/02/04 13:39
24/02/04 09:09 25/02/04 21:24
25/02/04 04:39 26/02/04 18:09
26/02/04 00:09 27/02/04 15:09
26/02/04 19:39 28/02/04 11:54
27/02/04 15:24 29/02/04 08:39
10
28/02/04 10:54
29/02/04 06:24
C.R.Mello/Marciano
11
C.R.Mello/Marciano
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 V1
V2
H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 Hn
V3
V4
V5
12
C.R.Mello/Marciano
2 3
Vertical Prof (cm) V(m/s) Vm(m/s) Área(m ) Q(m /s)
20%P 16 0,221
1 60%P 49 0,155 0,1455 0,164 0,0239
80%P 66 0,051
20%P 19 0,355
2 60%P 57 0,501 0,4280 0,354 0,1515
80%P 76 0,355
20%P 19 0,315
3 60%P 58 0,488 0,3980 0,384 0,1528
80%P 77 0,301
20%P 18 0,368
4 60%P 55 0,400 0,3078 0,378 0,1163
80%P 74 0,063
20%P 7 0,076
5 60%P 20 0,081 0,0780 0,316 0,0246
80%P 26 0,073
13
C.R.Mello/Marciano
conservacionistas de uso do solo e seus efeitos poderão ser avaliados em longo prazo
com técnicas de determinação do balanço hídrico em bacias hidrográficas.
1. Introdução
2 Método Racional
Este método leva o nome racional pela coerência na análise dimensional das
variáveis, sendo o mais simples e mais usual em pequenas áreas. É um modelo
empírico cujo objetivo é aplicar um redutor na precipitação intensa, significando um
percentual do total precipitado que escoa, superficialmente sendo que este redutor é
influenciado pela cobertura vegetal, classe de solos, declividade e tempo de retorno da
precipitação, existindo tabelas com valores propostos para este fator (Tabela 1). A
forma geral do método é:
Q = C⋅I ⋅A (1)
3 -1 -1
Em que Q é a vazão (L T ), I, a intensidade da precipitação (L T ), A, área da
bacia (L2) e C, o fator de redução (adimensional), conhecido como coeficiente de
escoamento superficial ou de deflúvio. Observe que ao se multiplicar I por A, resulta
na unidade de Q. Para se obter a vazão em m3 s-1, trabalhando-se com a intensidade
de precipitação em mm h-1 e área em ha, a equação 1 fica:
C ⋅I ⋅ A
Q=
360
Observa-se que o método Racional transforma um processo complexo, com
muitas variáveis envolvidas, em algo bastante simples, resumindo toda a
complexidade apenas no fator C. Os principais problemas deste método, quando
aplicado a bacias hidrográficas são:
- não existir nenhuma consideração sobre variabilidade espacial e temporal
da precipitação na bacia, assim como de fatores físicos, em especial
14
C.R.Mello/Marciano
15
C.R.Mello/Marciano
- Equação de Kirpich
tc = 57 ⋅ L0, 77 ⋅ S −0,385
(2)
Em que tc é o tempo de concentração (minutos), L é o comprimento do
talvegue principal (aproximadamente igual ao comprimento do curso d’água principal)
(km) e S a declividade de L (m/km).
- Equação de Picking
1
L2 3
tc = 51,79
(4)
S0
Em que
tc = tempo de concentração (minutos),
L =comprimento do talvegue principal (km),
S0 =declividade média do talvegue, m km-1.
- Equação de Giandotti
4 A + 1,5L
tc = (5)
0,8 H
Em que
tc = tempo de concentração (h),
A = área da bacia, km2
L =comprimento do talvegue principal (km),
H =diferença de nível entre a nascente e a foz (m).
0,7
0,8 1000
− 0,5
tc = 3,42L − 9 So (6)
CN
em que;
tc = tempo de concentração (h),
L =comprimento do talvegue principal (km),
S0 =declividade média do talvegue, m km-1.
CN = número da curva
16
C.R.Mello/Marciano
Equação de Manning:
1 23
V= ⋅ Rh ⋅ I 1 2
n
(8)
Em que n é o coeficiente de rugosidade de Manning, Rh é o raio hidráulico e I é
a declividade do canal ou trecho (m/m). Rh deve ser obtido dividindo-se a área
molhada pelo perímetro molhado do canal.
- Equação de Dodge
−0,17
tc = 21,88 A0,41So
(9)
Em que
tc = tempo de concentração (minutos),
A = área da bacia, km2
S0 =declividade média do talvegue, m m-1.
Quanto às equações de determinação do tempo de concentração, faz-se
necessárias algumas observações a respeito das áreas de drenagem das bacias para
as quais as mesmas foram geradas:
• Kirpich, embora largamente utilizada, foi desenvolvida para bacias de até
0,5km2.
• Ven Te Chow foi obtida para bacias de até 24,28 km2
• SCS –Lag bacias rurais com áreas de drenagem até 8Km2. A equação
apresenta resultados compatíveis com as demais para valores de CN próximos
a 100 e para valores de comprimento do talvegue inferiores a 10 km. Como o tc
é muito dependente do CN a equação aplica-se a situações em que o
escoamento sobre a superfície do terreno é predominante.
• Dodge foi determinada para bacias rurais com áreas variando de 140 a 930
km2. Como estas bacias têm grande porte, supõe-se que seus parâmetros
reflitam melhor as condições de escoamento em canais.
17
C.R.Mello/Marciano
1
p = 1 − (1 − P) n sendo P = (13)
TR
1 n
p = 1 − (1 − ) (14)
TR
1
TR = 1
(15)
n
1 − (1 − P)
1
TR = 1
(16)
n
1 − (1 − k )
onde k é o risco assumido para a obra a ser projetada e n a vida útil da obra (anos)
18
C.R.Mello/Marciano
td = tc
td < tc
td > tc
tempo
Figura1 – Comportamento da hidrógrafa de acordo com a duração da precipitação
considerada
Exemplo 1. Seja uma bacia hidrográfica de área igual a 50 ha, que apresenta
comprimento do talvegue principal igual a 5 km e declividade entre a extremidade do
curso d’água e a seção de controle igual a 8%, com a seguinte distribuição das
características de superfície: 10 ha, ocupando 1 km de comprimento, coberto por
floresta, com declividade de 10%; 20 ha, ocupando 2 km de comprimento, coberto por
milho, com declividade de 4% e 20 ha, ocupando 2 km de comprimento, coberto com
pasto e declividade de 20%. Determinar a vazão de projeto para uma barragem a ser
construída na seção de controle da mesma, utilizando a fórmula de Kirpich e o método
da velocidade média para o tempo de concentração. Considere uma vida útil de 30
anos e um risco de 80% para o projeto e a seguinte equação de chuvas intensas:
842,702 ⋅ TR0,179
I= , em que I é expresso em mm/h, TR, em anos e td, em minutos.
(10,39 + td)0,736
a) Determinação do coeficiente de escoamento superficial
Neste caso, deve-se calcular o fator C, com base numa média ponderada pela
área. Assim, aplicando-se a Tabela 4, tem-se:
19
C.R.Mello/Marciano
1 1
TR = 1
= 1
= 19,14anos
30
1 − (1 − k ) n 1 − (1 − 0,8)
20
C.R.Mello/Marciano
D
Q
tp
Qp
tempo
ta te
Qp × ta Qp × te
+ =Q (24)
2 2
Em que, Q é a quantidade de deflúvio, Qp a vazão de pico da hidrógrafa, ta o
tempo de ascensão da hidrógrafa, te, o tempo de recesso. Ainda na Figura 3, D
representa o tempo de duração da precipitação unitária, normalmente igual ao tempo
de monitoramento da precipitação para apenas 1 evento efetivo; tp representa o tempo
de pico da hidrógrafa.
O valor de te é ajustado ao valor de ta como sendo:
te = H × ta (25)
A partir de avaliação de várias bacias norte-americanas, concluíram que H é
igual 1,67. Para uma precipitação efetiva unitária qualquer Pu (0,1 mm; 1,0 mm; 10,0
mm), tem-se valor de Q na equação 24. O desenvolvimento da equação para o cálculo
da vazão de pico para a hidrógrafa unitária fica:
Da equação 24, tem-se, multiplicando cruzado:
qp ⋅ (ta + te ) = 2 ⋅ Pu (26)
E isolando-se qp:
2 ⋅ Pu
qp = (27)
ta + te
Substituindo a equação 25 na 27, considerando H = 1,67, obtém-se:
21
C.R.Mello/Marciano
2 ⋅ Pu
qp = (28)
2,67 ⋅ ta
Ao se analisar as unidades da equação 28, observa-se que para Pu em mm e
ta, em horas, a vazão de pico (qp) será obtida em mm h-1 ou, em termos de análise
dimensional, LT-1. Para obter a vazão em unidades L3T-1, é necessário multiplicar a
equação 28 pela área da bacia, que possui unidade em L2:
2 Pu
qp = ⋅ ⋅A (29)
2,67 ta
Para obter a vazão de pico (qp) em m3 s-1, a partir da equação 29, trabalhando-
se com Pu em mm, A em km2 e ta em horas, é necessário multiplicar esta equação por
uma constante de transformação de unidades da seguinte forma:
- km2 para m2 = multiplica-se por 106 (no numerador da equação da 29);
- mm para m = dividi-se por 103 (no numerador da equação da 29);
- hora para segundo = multiplica-se por 3600 (no denominador da equação
29);
Assim, a constante será:
10 6 1
⋅ = 0,278
3 3600
10
Multiplicando-se a equação 19 por 0,278, obtém-se:
0,208 ⋅ Pu ⋅ A
qp = (30)
ta
Em que, qp é a vazão de pico do HUT, em m3 s-1, Pu, a precipitação unitária,
em mm, A representa a área da bacia, em km2 e ta tempo de ascensão, em horas.
Esta equação é válida para bacias menores que 8 km2 (800 ha).
A determinação do tempo de pico (tp) do HUT é feita com base no tempo de
concentração da bacia. O SCS-USDA produz a seguinte equação empírica para este
cálculo, considerando as características fisiográficas da bacia, e o fato, observado em
várias bacias, de que, em média, tp = 0,60 x tc:
0 , 70
S
2,6 ⋅ L ⋅ 0 ,80
+ 1
tp = 25,4 (31)
1900 ⋅ X 0,50
Em que, tp é obtido em horas, L é o comprimento hidráulico ou comprimento do
curso d’água principal (m), S, capacidade máxima de absorção de água da bacia (vide
método CN) e X, a declividade do curso d’água, em percentagem.
Observa-se pela Figura 3 que:
D
ta = tp + (32)
2
*
Ocorreram precipitações nos últimos 5 dias, com o solo saturado, considerando o total precipitado maior
que 53 mm, para a época de crescimento, e maior que 28 mm em outro período.
22
C.R.Mello/Marciano
- Cálculo de tp e ta
0 , 70
52
0 ,80
2,6 ⋅ (120) ⋅ + 1
25,4
tp = 0,5
= 0,039 horas = 2,33 minutos
1900 ⋅ (12,5)
Como D é igual a 10 minutos, ta será igual a:
ta = 10/2 + 2,33 = 7,33 minutos = 0,122 horas.
O valor da vazão de pico unitária será (área = 1,5 ha ou 0,015 km2):
0,208 ⋅ 10 ⋅ 0,015 3 -1
qp = = 0,256 m s
0,122
Observe que este valor diz respeito à vazão de pico unitária, ou seja, para um
evento de 10 mm em 10 minutos. Recordando, do tópico anterior, que Q = P x q, tem-
se que:
P = 13,8/10 = 1,38
Assim, a vazão de pico para este evento será:
Note que, para obtenção da vazão de pico final, que é o objetivo do exercício,
não faz diferença o valor de Pu adotado. Assim, por exemplo, se Pu for igual 1, a
vazão de pico unitária seria 0,0256 m3 s-1. Porém, a relação entre a precipitação
efetiva e Pu seria de 13,8 e vazão final não mudaria.
Obs.: Com o deflúvio, calculado pelo método do número da curva (CN) e a vazão de
pico, calculada por esta metodologia, ficam definidas as condições necessárias para o
desenvolvimento de projetos hidráulicos, como terraços, bacias de contenção,
barragens e aplicação de modelos para estimativa da perda de solo em bacias, a ser
apresentado no próximo tópico.
23