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AQÜICULTURA E PESCA, UMA CULTURA REGIONAL OS SEUS DESAFIOS NA

CONTEMPORANEIDADE: Desenvolvimento sustentável e sua inserção no mercado


capitalista
Daniela Nunes de Jesus1
Aline Jamylli de Souza Pinheiro2
Marconi Martins Viana3
Erika Cecília Vidal Freitas4
Sonilde Saraiva Januario5

Resumo: Trata-se de um estudo socioeconômico realizado


em meio a pescadores na comunidade da Jurema, município
de Orós, estado do Ceará. Com objetivo de analisar a
trajetória e resultados desta associação, da sua criação
(2004) a atualidade, enfocando o papel das políticas públicas
e de profissionais capacitados para a implementação e
acompanhamento destas políticas. Conclui-se, que esta
comunidade de pescadores luta ainda, em prol de melhorias
e apoio dentro de sua própria organização. Estando aberta a
novas concepções de desenvolvimento.
Palavras chaves: Aqüicultura pesca e desenvolvimento.

Abstract: This paper approaches a social and economic


study carried out on Jurema fishermen community, in the city
of Orós, Ceará state. It has as objective to analyze the
trajectory and results of this association, since its creation (in
2004) until nowadays, focusing on the paper of public politics
and the trained professionals for the implementation and
accompaniment of these politics. It concludes that that
fishermen community still fighting for improvements and
support inside its own organization, being receptive to new
development conceptions.
Keywords: Aquaculture, fishing and development.

1
Estudante de Graduação Faculdade Vale do Salgado. danielanunes-@hotmail.com
2
Estudante de Graduação Faculdade Vale do Salgado. rainha.aline@hotmail.com
3
Estudante de Graduação Faculdade Vale do Salgado.
4
Estudante de Graduação Faculdade Vale do Salgado. erikavidal-sophia@hotmail.com
5
Especialista. Faculdade Vale do Salgado. sonildesaraiva@gmail.com
1 - INTRODUÇÃO

Da forma como ocorreu a chamada "Revolução Verde" na agricultura, no setor


pesqueiro, a nível global e local, vêm ocorrendo transformações, as quais já intitulam de
"Revolução Azul", e que passam, assim como na agricultura, pela tecnificação e
profissionalização da produção. Desde os primórdios, segundo a história, a pesca
artesanal vem sendo uma atividade provedora do sustento familiar de muitas pessoas,
mas diante do crescente aumento do sistema capitalista, todas as formas de trabalho
artesanal passaram a ser inviável diante desse contexto, que teve como seu marco
principal, a revolução industrial. Diante disso fez-se necessário, a tecnificação das
atividades pesqueiras, como alternativa para um desenvolvimento sustentável que
abranja toda uma comunidade. No município de Orós, mesmo tendo o terceiro maior
reservatório hídrico do Brasil, com capacidade de 2,1 bilhões de m3, viviam as suas
margens na comunidade da Jurema, cerca de setenta famílias em estado de pauperismo
e tinham como fonte de renda principal o beneficio do Bolsa Família que era em média R$
70.00, por família. Essa renda era complementada com a venda dos peixes que excediam
do próprio consumo e com agricultura familiar. Sem nenhuma perspectiva futura para os
homens, mulheres e crianças daquela comunidade, restavam a eles esperar completarem
a idade para passarem a receber ou uma aposentadoria ou um BPC como uma fonte de
sustento para toda família. Em 2004 essa realidade mudaria com a implantação do
Programa Nacional de Geração de Emprego e Renda (Pronager) designados pelo
Ministério da Integração Nacional, que deu como promessa, a melhoria na renda das
pessoas daquela localidade, seria um projeto de criação de peixes em tanques de redes.
Mas a comunidade logo demonstrou entusiasmo e ao mesmo tempo preocupação com
esse projeto. Eles queriam que o mesmo viesse abranger não só os tradicionais
pescadores, mas também as mulheres e os jovens da Jurema. Nascia então um grande
desafio. Segundo dados do SEBRAE (2007): O programa tinha como desafio capacitar os
piscicultores do município de Orós com práticas modernas de tecnologia de pesca. A
metodologia do programa previa a definição das seguintes etapas de implementação:
seleção, mobilização para inscrição, sensibilização e capacitação. Dessa forma os
piscicultores foram treinados para usar novas técnicas na pesca e no processamento do
peixe para produção de novos produtos provenientes do peixe, como por exemplo: o
peixe em bolinhas, rissoles, lingüiças, filé de peixe, hambúrguer, e a buchada de peixe.
Além das bolsas, cintos e sapatos que eram feitos a partir do couro curtido de forma
artesanal pelas mulheres. Sete anos se passaram desde o inicio da implantação do
programa, e segundo dados que nos foi relatados pela a senhora Maria Cândida da Silva,
mais conhecida por Aurilene, líder e principal interlocutora do grupo, a renda per capta
dos trabalhadores da Jurema, passou de R$ 70,00 (setenta reais) por família para R$
600,00 (seiscentos reais) por pessoa em média. Ao todo são setenta famílias beneficiadas
pelo programa e o índice de desemprego é zero. Reflexo disso é um visível
desenvolvimento econômico com construções de novas casas, reformas, compra de
veículos, melhor qualidade de alimentação e ampliação da fabrica de processamento.
Quando indagada o que precisaria para melhorar ainda mais o desenvolvimento daquele
programa, Aurilene disse: “que precisaria de apoio dos órgãos competentes, seja na
assistência técnica ou por parte de outros profissionais que conseguissem transformar a
atual Associação da Jurema em uma Cooperativa.” Frente a esta necessidade faz-se
necessário a atuação do (a) assistente social para implementação e organização desse
programa, levando em conta que o assistente social tem uma importante habilidade
de avaliação, planejamento, organização, negociação, mobilização de recursos, gerência,
e monitoramento, que é indispensável para esta comunidade, no tocante conhecimento
dos seus direitos sociais básicos, visando o desenvolvimento sustentável. O papel deste
profissional é essencial na construção das descobertas das potencialidades individuais.

2 - MATERIAL E MÉTODO
A presente pesquisa está sendo realizada na população da comunidade da
Jurema às margens do açude no município de Orós (CE). A população da Jurema tinha
uma vida pacata e esquecida, tendo como subsistência o plantio de arroz, feijão, criação
de ovelhas e a pesca, vivendo de aposentadoria os mais velhos. Os mais jovens ficavam
ociosos, sem perspectiva de emprego, com isso, quem interessasse de algo a mais teria
que se deslocar para um lugar mais desenvolvido, já que na localidade tinha apenas
oportunidade para o básico no ensino. Esta comunidade também era marcada pelo difícil
acesso às necessidades básicas de sobrevivência, como saneamento básico e acesso à
educação, traço marcante em pequenas localidades nordestina. Em 2004, esta
comunidade começou a receber recurso financeiro do Ministério da Integração Nacional,
pra ser beneficiada com recursos do Programa Nacional de Geração de Emprego e
Renda (PRONAGER), com a proposta de identificar, com o auxílio da população local, as
vocações econômicas dos municípios, dando oportunidade para o aprendizado inicial,
organizando uma estrutura produtiva para as comunidades locais e com a promessa de
melhoria de renda, sendo beneficiada com um projeto de criação de peixe em tanques de
redes (História de Sucesso- SEBRAE 2007). Para o levantamento estão sendo adotada
como metodologia a pesquisa etnográfica, possibilitando com isso, um convívio direto
com o campo da investigação, ou seja, os sujeitos e situações a serem pesquisadas. Com
isso é permitida obter dados descritivos do cotidiano como, relações, ações, saberes,
fatos e formas de linguagem, estruturando com isso um quadro da realidade estudada, os
dados estão sendo coletados por meio de observação participante, conversas informais e
entrevistas.

Imagem dos pescadores na manutenção e alimentação dos alevinos na comunidade da


Jurema, localizado no municipio de Orós- CE
“Marciano da Silva Rodrigues, 29 anos, é um dos exemplos dessa mudança. Depois de
trabalhar como garçom em São Paulo durante 10 anos, ele resolveu voltar para junto da
família e trabalhar como piscicultor. Ele conta que morava no bairro paulistano de Santo
Amaro e gastava diariamente uma média de duas horas no deslocamento para o trabalho,
na região central da cidade. Ganhava uma média de R$ 1 mil por mês, mas pagava R$
300 de aluguel e mais de R$ 180 com transporte. Hoje, como piscicultor, ele consegue
uma renda de R$ 400 por mês. Apesar de ter uma remuneração bem inferior à que
possuía em São Paulo, ele diz que praticamente não tem despesas e conseguiu mais
qualidade de vida. Com o projeto também existe a possibilidade de ampliação de renda.
Marciano, por exemplo, acredita que em breve deverá passar a receber R$ 700.”
(JORNAL O POVO, 2010)

3 - RESULTADO E DISCUSSÃO
Segundo informações repassadas pela senhora Maria Cândida da Silva, mais
conhecida por Aurilene, líder comunitária e hoje presidente da associação, no período de
implantação do projeto, a mesma ficou esperançosa, passando entusiasmo para a sua
comunidade, com esta proposta de melhoria, onde daria ocupação(trabalho) para os
homens(pais de família), mulheres e jovens da localidade. Seria um grande desafio não
só na implantação desse projeto, mas, no desenvolver do trabalho. Estas famílias
necessitavam de um acompanhamento constante de profissionais capacitados, pois sem
esse acompanhamento poderia haver uma quebra no desenvolver do trabalho, e o sonho
dessas famílias não seria realizado. A senhora Aurilene em conversa lembra que, neste
período, o recurso financeiro repassado para a comunidade foi para dez gaiolas, ração e
alevinos, em um período de seis mêses, sendo financiado pelo Desenvolvimento Local
Sustável(Banco do Brasil), sendo capacitadas 100 pessoas, em média 25 famílias. Após
um ano de execução do projeto, algumas famílias desistiram, pois ficaram
desestimuladas, com pouca assistência, ficando a penas 10 famílias. Dentro de uma
organização entre os próprios pescadores, tendo como enfrentaste a senhora Aurilene, a
comunidade foi tendo aos poucos, resultado positivo, com o retorno financeiro. Ao ver
este resultado as outras famílias se interessaram e retornaram aos trabalhos. De dez
gaiolas, no início, passou para 1.500, hoje. A renda de toda a comunidade de Jurema
provém principalmente da pesca, com um valor entre 600,00 a 1.000,00 mensal por
pessoa. Na entrevista , a senhora Aurilene relata que o espaço (espelho d’agua) é de livre
acesso não apenas para a sua comunidade, mais para pessoas interessadas, que sejam
de outras localidades.
4 – CONCLUSÃO
Ressaltamos a importância do papel desempenhado pelos moradores da
comunidade de Jurema no município de Orós, estado do Ceará num processo de
desenvolvimento, na busca de melhores condições de vida a partir da cultura de
aqüicultura agregando novos valores e fortalecendo as rendas familiares onde outras
perspectivas de consumo e necessidades são atendidas além das necessidades básicas
e as de sobrevivência. A união de esforços faz com a comunidade de Jurema forme cada
vez mais pessoas capazes de compreender o mundo que os cerca, através de políticas
publicas eficientes capazes de tornar pessoas ativas em suas transformações. Baseada
nas competências do serviço social é correta afirmar que o Assistente Social efetiva sua
intervenção nas relações entre os homens no cotidiano da vida social por meio de ações
de cunho socieducativo, no planejamento, organização, negociação, mobilização de
recursos financeiros e humanos, monitoramento ou na socialização de prestações de
serviços, contribui no processo de discussão das organizações, bem como na elaboração
e implementação de programas, projetos, serviços e benefícios sendo assim necessário o
trabalho do assistente social da comunidade de Jurema na realização de diagnósticos
sociais indicando possíveis alternativas, no processo de inclusão e na busca do acesso
das famílias aos direitos, na identificação e no desenvolvimento de suas potencialidades
individuais e coletivos.

REFERENCIAS:

JORNAL MD, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome Nº 25, Junho de


2010.
DUARTE, Renata Barbosa de Araújo Histórias de sucesso : agronegócios : aqüicultura e
pesca / coordenadora nacional do projeto Casos de Sucesso – Brasília: Sebrae, 2007.

ARAÙJO, A sustentabilidade da exploração da artemia, Fábio Ricardo Procópio de- Mossoró –


RN 2002.

FONTENELE, Neila.Jornal O Povo, 06.11.2010.


ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do
trabalho. São Paulo: Boi Tempo, 1999.

MARLOVA, Elaine/ ALMEIDA, Cristina lima de. Trabalho, Território, Cultura: Novos
prismas para o debate das politicas públicas. São Paulo: Cortez 2007.

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