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INTRODUÇÃO
Portanto, a dissertação sobre AGRICULTURA FAMILIAR NO CONTEXTO DA AGROENERGIA
DO DENDÊ NO NORDESTE PARAENSE1 analisa a produção do dendê incentivada pelos
governos federal e estadual no Pará, como política pública de promessa de
desenvolvimento econômico, social e ambiental com objetivo de criar instrumento de
(in)formação de agricultores em busca de melhoria de qualidade de vida. Tal política
pública tem encontrado aderência não apenas dos agricultores familiares, devido
às “promessas” de ganhos econômicos significativos do governo e das empresas
beneficiadoras do biodiesel e do óleo de palma de dendê (Elaeis guineensis).
A necessidade de compreender o processo de implantação da dendeicultura no
Nordeste Paraense, como forma alternativa de fonte energética, inclusão social e
de suposta melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares visa entender
os processos de agregação de uma maior renda a estes. A pesquisa partiu da
experiência realizada junto aos Colegiados de Desenvolvimento Territorial no
Estado do Pará, quando se teve a oportunidade de observar e discutir a política
territorial pensada para os territórios no estado, especificamente no Território da
Cidadania Nordeste Paraense – TENEPA (p.19) onde movimentos sociais e
representantes da sociedade civil organizada encontram-se com os representantes dos
entes governamentais das três esferas, para discutir seus interesses e visões de
desenvolvimento voltados para as suas comunidades (p. 20).
No Brasil, assim como em todo o mundo, a agricultura encontra-se dividida entre dois
polos distintos em seus modos de produzir: um representado pela agricultura familiar,
também denominada agricultura familiar camponesa por autores como Ploeg (2009) e
Sabourin (2009), onde as famílias de agricultores praticam seus policultivos em pequenas
extensões de terras, com o emprego de técnicas tradicionais e integradas ao meio
ambiente voltados principalmente para a produção de alimentos; e outro concebido pelo
agronegócio, desenvolvido pelas grandes empresas capitalistas, a qual utiliza grandes
extensões de terra e tecnologia de ponta com o emprego de sementes modificadas
geneticamente e a utilização massiva de agrotóxicos, bem como, o incentivo ao
monocultivo. (p. 23).
Caporal e Petersen (2012, p. 64) defendem, nesse contexto, que o Estado, entendido como
ente público que detém a governança da sociedade, tem procurado possibilitar a
convivência equilibrada entre os dois modelos contrastantes de desenvolvimento rural: o
agronegócio e a agricultura familiar. E, ainda, de acordo com os autores, essa “retórica da
coexistência exerce grande influência no atual quadro político já que oculta das
organizações da agricultura familiar a sua crescente subordinação ao agronegócio além de
legitimar as políticas públicas perante a sociedade”. E, não apenas isso, confirmam ainda a
preponderância do papel dos grupos do agronegócio na construção das políticas de
desenvolvimento. (p. 26).