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MODELO DE RESENHA

I) OBRA

LAFER, Celso. Da dignidade da política: Sobre Hannah Arendt. In: ARENDT, Hannah.
Entre o passado e o futuro. 7. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 9-28.

ARENDT, Hannah. Prefácio: A quebra entre o Passado e o Futuro. In:_____. Entre o


passado e o futuro. 7. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 10-42.

ARENDT, Hannah. A crise na Educação. In:_____. Entre o passado e o futuro. 7. Ed.


São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 221-247. Cap. 5.

II) CREDENCIAIS DA AUTORIA

Hannah Arendt oi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais
influentes do século XX. Em 1924, começa seus estudos na Universidade de Marburg e
durante um ano assiste às aulas de filosofia de Martin Heidegger e de Nicolai Hartmann,
e as de teologia protestante de Rudolf Bultmann, além de estudar grego. Heidegger, pai
de família de 35 anos, e Arendt, estudante, dezessete anos mais jovem que ele, foram
amantes, ainda que tivessem de manter em segredo a relação

III) CONCLUSÕES DA AUTORIA

IV) DIGESTO

-Da dignidade da Política: Sobre Hannah Arendt1

Lafer (2013), ao apresentar os estudos de Arendt traz uma reflexão política do séc. XX e
referencia a lacuna entre o passado e o futuro que trata da crise profunda do mundo
contemporâneo. Aponta-se que o homem, após o fenômeno do Estado estar no controle
por uma única pessoa (totalitarismo), não há limites para a criação de novas formas de
governo. Frente a esta deformação, encontra-se um cenário onde os padrões morais e as

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Assim, segundo Arendt, as massas são: [...] pessoas que, simplesmente devido ao seu número, ou à sua
indiferença, ou a uma mistura de ambos, não se podem integrar numa organização baseada no interesse
comum, seja partido político, organização profissional ou sindicato de trabalhadores (ARENDT, 1998, p.
361) - ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
categorias políticas se tornam inadequados para fornecer regras para a ação, ou seja,
para compor uma realidade histórica e os fatos do mundo moderno.

Continuada a crise, verifica-se o conflito entre o contemporâneo e a tradição, pois com a


perda do senso comum, a confiança é abalada pelos resultados apresentados na
‘ciência’, ou seja, questiona-se a fé e tudo que é definido pelos homens. A ciência
contemporânea nega o senso comum e busca respostas por trás de fenômenos naturais,
levanta explicações e determinações desenvolvendo assim a linguagem científica, pois
novos eventos não eram possíveis explicar na linguagem comum.

Se opondo ao conceito tradicional, ao considerar o homem como ser racional Nietzche


insiste na vontade de poder do homem que “esbarra na incompatibilidade entre a
contestação de valores transcendentais... e a sociedade moderna” (LAFER, 2013, p.12).
Neste ponto, Lafer (2013) reflete na classe média em ascensão que transforma o ato de
consumir cultura na forma de diversão.

A indústria da diversão serve de consumo para a sociedade de massas de forma que


sedimenta o comportamento de consumo, algo que dificilmente se alterará “em vez de
enfrentar valores vigorosos criados pela cultura, se esvai no contato indigno com a
diversão” (LAFER, 2013, p.XX). Ao citar Marx, a autora retoma que o trabalho cria o
homem, sendo um ataque direto aos conceitos tradicionais de Deus como criador,
considera ainda outros pontos para reflexão da Filosofia para a Política, sendo “a
violência é parteira da história” e “a atualização da Filosofia na Política”. É importante
considerar tais transformações, já que a autora cita tais transformações nos conceitos de
História e as importantes avaliações da quebra entre a modernidade e a tradição.

Da ação política, Arendt não considera ver atual definição no campo da razão pura ou
da razão prática. A política, segundo a autora, se insere no campo do pensamento plural,
sendo, este pensamento “ser capaz de pensar no lugar e na posição dos outros” (p.18).
Desta forma, a ética ocidental não se apresenta adequada já que pressupõe estar de
acordo com a própria consciência. Kant definiu como mentalidade alargada, que trata do
pensamento como “diálogo com os outros com os quais devo chegar a um acordo”
(LAFER, 2013, p.18).

Tem-se que habilidade política é a capacidade de receber e formular juízos. Analisa-se a


relação entre verdade e política, que a verdade fatual trata da verdade da política,
pressupondo que sendo verdade e ainda, tendo os fatos ocorridos de certa maneira, não
poderão ser modificados. Sob influência das técnicas de comunicação, somada a
inserção das massas nos sistemas políticos, a verdade fatual sofre manipulação de
opinião. Observa-se na ação de reescrever a História, pois no ato da manipulação fere
sua conceituação que trata “de registrar os feitos e acontecimento decorrentes da
política” (LAFER, 2013, p.20).

Na análise do conceito de liberdade, na política é considerado um axiomai no campo do


pensamento, ou seja, um campo que pertence ao diálogo, que gera grandes perguntas
metafísicas. O campo da política é o do diálogo plural, que permite o aparecimento da
liberdade, porém as instituições políticas são instituições sujeitas e dependentes de
outros para subsistirem. Cabe considerar o pensamento de Jasper, da filosofia da
humanidade, que a comunicação é ilimitada e sem fronteiras, sendo esta a única forma
de revelação ou instauração da verdade.

- A quebra entre o passado e o futuro

Após contextualizar os movimento e redes que durante a 2ª guerra Mundial não


aceitavam a submissão do Estado Francês ao poder nazista (la Resistance), Arendt
(2013) demonstra o quão as revoluções se concluíram para os resistentes/revoltados
com o que se trata de ‘o tesouro’ perdido das revoluções: a felicidade pública. O que
nos põem a questionar “qual a herança das revoluções?”. A autora cita Franz Kafka
considerado por ela um dos escritores mais notáveis para responder, sendo “É o futuro
que remete a mente do homem de volta ao passado, até a mais remota antiguidade”
(p.XX).

Nos acontecimentos passados, onde aguarda a conclusão ‘nas mentes que herdaram e
questiona’ essa geração, esta que não se encontra em paz, torna-se porta voz criadora do
existencialismo. Define-se então, como existencialismo “uma fuga dos impasses da
Filosofia moderna para o compromisso incondicional com a ação” (Arendt, 2013, p.
34). O passado e o futuro devem ser entendidos como forças e não como um fardo da
humanidade que “esse passado, empurra para frente e é o futuro que nos impele ao
passado” (p.XX). Porém há a necessidade da terceira força; a diagonal, pois entre o
choque entre as duas primeira citada surgiria a terceira força, sendo ela infinita e
ilimitada. Tal reflexão se volta na experiência de como pensar e como se movimentar na
lacuna entre o passado e o futuro.

-A crise na educação

A reflexão perpassa pela crise periódica na educação, considerada também um problema


político na América e reflexo das questões do mundo. Refletir tal crise traz a
necessidade de considerar que a essência da educação é o fator da natalidade, ou seja,
que pessoas nascem, e se nascem em um novo mundo de etnias diversas,
necessariamente precisam ser educados para o mundo que se encontram, é possível
ainda completar que “A educação está entre as atividades mais elementares e
necessárias da sociedade humana, que jamais permanece tal qual é, porém se renova
continuamente através do nascimento, da vinda de novos seres humanos.” (Arendt,
2013, p.234).

Tratar da crise na educação na América também significa pensar no papel que a


imigração desempenha, ou seja, realizar a fusão dos grupos étnicos mais diversos que se
dá prioritariamente pela instrução, a educação e a americanização dos imigrantes.
Apesar da chegada a um novo país vir a ser a representação de uma nova ordem, um
novo mundo contra o antigo e a ilusão de que o novo está sendo construído mediante a
educação das crianças, a educação como papel político lida com aqueles que já foram
educados em outro Estado, reflete a autora que “o que quer que o mundo adulto possa
propor de novo é necessariamente mais velhos que eles mesmos” (Arendt, 2013, p.
226).

É prescindível comparar os níveis escolares americanos aos níveis dos países europeus,
o que entende atraso em seus padrões, porém trata de um reflexo de ser um país jovem
que não atingiu os padrões ditados pelo Velho Mundo. E não só por essa característica,
esses níveis são, principalmente, reflexos da singularidade de adotar as teorias mais
modernas no campo da Pedagogia, de forma servil, indiscriminada que apresenta a
decadência da educação progressista e também, em apresentar o problema de ter surgido
de uma sociedade de massas e em resposta às suas exigências. Ao tratar de uma
sociedade de massas, afirma Arendt (2013, p.228) que a educação não é mais um
privilégio das classes abastadas, trata de um dos direitos cívicos onde a frequência
escolar obrigatória se estende a idade de dezesseis anos.
Retornando a questão que a crise educacional na América é reflexo do temperamento
político, que pode ser explicado por três pressupostos, sendo, primeiro em considerar o
grupo e não a criança individualmente que torna o grupo sujeito a autoridade e tirania
do adulto; o segundo que trata o ensino, onde “a Pedagogia transformou-se em uma
ciência do ensino em geral a ponto de se emancipar inteiramente da matéria efetiva a ser
ensinada” (Arendt, 2013, p.231); e terceiro, que traz a expressão conceitual sistemática
no Pragmatismo, ou seja, que só é possível conhecer e compreender aquilo que fazemos,
o que traz a substituição do aprendizado pelo fazer. Aliados aos pressupostos têm-se
ainda a tentativa de reforma do sistema educacional que resulta na condução do ensino
com autoridade.

Sobre a criança como objeto da educação, há a consideração desta ser um objeto


inserido em um mundo novo em formação e ela mesma estar em formação, porem é
cercada por um mundo compreendido pela autoridade política: temos a autoridade dos
pais sobre os filhos e a dos professores sobre os alunos. “A crise da autoridade na
educação guarda a mais estreita conexão com a crise da tradição, ou seja, com a crise de
nossa atitude face ao âmbito do passado.” (Arendt, 2013, p.243) e nesse ponto é que o
papel do educador permanece em conflito, pois tem em seu papel, ser mediador entre o
velho e o novo e ainda, manter um respeito pelo passado. Cabe então romper com o
mundo tradicional para ter com as crianças uma atitude completamente diversa e ensiná-
las como o mundo é como pontua abaixo,

“O problema da educação no mundo moderno está no fato de, por sua


natureza, não pode esta abrir mão nem da autoridade, nem da tradição, e ser
obrigada, apesar disso, a caminhar em um mundo que não é estruturado nem
pela autoridade nem tampouco mantido coeso pela tradição.”
(Arendt, 2013, p.243)

Conclui se, portanto, com o papel da educação na sociedade, que por necessidade de
tem um final previsível, tem como fundamento o ensinar e o aprender. E ainda, traz
conhecimentos conduzidos pelos pedagogos que assumem assim a responsabilidade
pelo mundo e pelas crianças por meio da educação.

V) METODOLOGIA DA AUTORIA
VI) QUADRO DE REFERÊNCIA DA AUTORIA

VII) QUADRO DE REFERÊNCIA DO RESENHISTA

VIII) CRÍTICA DO RESENHISTA

IX) INDICAÇÕES DO RESENHISTA

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Proposição evidente que não precisa ser demonstrada.

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