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18/03/2018 Como testes do Facebook e curtidas viraram arma política em novo escândalo - Notícias - Tecnologia

Como testes do Facebook e


curtidas viraram arma política em
novo escândalo
Do UOL, em São Paulo 18/03/2018 14h42

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iStock/Getty

Curtidas e testes do Facebook foram usados em escândalo que envolve eleição de Trump

A denúncia de que a empresa Cambridge Analytica, que atuou na campanha de


Donald Trump e também no Brexit, roubou dados de 50 milhões de eleitores norte-
americanos no Facebook despertou mais uma vez o medo de como redes sociais
podem ser usadas. Ainda mais porque o caso envolve questões simples que quase
todos fazem no site de Mark Zuckeberg: testes e curtidas.

O escândalo divulgado pelos jornais The New York Times e The Guardian já fez
vítimas, com a empresa sendo removida do Facebook. Pedidos de investigações já
foram feitos por autoridades tanto dos Estados Unidos quanto do Reino Unido. Mas
o mais impressionante é a forma que perfis em redes sociais viraram
poderosas armas políticas capazes de influenciar uma eleição.

Veja também: 

Para a ONU, Facebook é "um monstro" que espalha discórdia e conflito


(http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/13/para-a-onu-facebook-e-
uma-besta-que-espalha-discordia-e-conflito.htm)
Como empresas ganham dinheiro com os testes de Facebook
(http://tecnologia.uol.com.br/noticias/bbc/2018/02/22/como-os-testes-de-
facebook-usam-seus-dados-pessoais---e-como-empresas-ganham-dinheiro-com-
isso.htm)
Inventor da internet defende regulamentação das redes sociais: "são
armas" (http://tecnologia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/03/12/grandes-
tecnologias-devem-ser-regulamentadas-diz-inventor-da-internet-mundial.htm)

Tudo começou há cinco anos, quando pesquisadores de psicologia notaram que


algumas curtidas aleatórias do Facebook podem indicar muito sobre uma
pessoa: o fato de um usuário curtir "batatas fritas encaracoladas" ou a loja Sephora
poderia dar dicas sobre a inteligência, curtidas em Hello Kitty poderiam indicar
visões políticas e assim vai.

https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/18/como-testes-do-facebook-e-curtidas-viraram-arma-politica-em-novo-escandalo.htm 1/4
18/03/2018 Como testes do Facebook e curtidas viraram arma política em novo escândalo - Notícias - Tecnologia

Em meio a esses estudos, o poder do Facebook foi ficando cada vez mais claro:
alguns poucos likes podem revelar tendências políticas, raça, gênero, inclinação
sexual, se os pais do usuário ainda são casados e muito mais – tudo isso sem
sequer checar mensagens privadas, posts e updates de status na rede social. Só
os 'likes'.

Do estudo para os negócios

O resultado das pesquisas mostrou que uma pessoa gay não precisava sequer
admitir na rede social que era homossexual para ser colocado em um grupo com
alta porcentagem de ser gay. Na época, os pesquisadores Michal Kosinski, David
Stillwell and Thore Graepel perceberam o caráter assustador do estudo e
levantaram questões sobre a privacidade da rede social.

U Campanhas comerciais, instituições


governamentais ou até seus próprios amigos do
Facebook podem usar um software para inferir
atributos como inteligência, orientação sexual e
visões políticas que um indivíduo pode não querer
compartilhar
 

Pesquisadores em estudo psicológico sobre o Facebook

E foi exatamente isso que aconteceu.

No começo de 2014, o chefe da Cambridge Analytica, Alexander Nix, firmou um


acordo com dos colegas de Kosinski em Cambridge, chamado Aleksandr Kogan. O
negócio visava uma empreitada comercial privada à parte das atuações do
professor na universidade.

Na época, o acadêmico tinha desenvolvido um app ligado ao Facebook que


continha um teste de personalidade. A Cambridge Analytica começou a pagar para
que pessoas fizessem o teste e achou uma mina de ouro: o aplicativo gravava os
resultados de cada quiz e ainda coletava dados da conta do Facebook envolvida.
Pior: também coletava dados dos amigos das pessoas que participavam do
teste.

Um algoritmo assustador

Foi aí então que passou a ser construído um algoritmo de deixar qualquer um de


cabelo em pé. Cada resultado do quiz era pareado para buscar padrões que
construíssem um algoritmo que previsse o resultado para outros usuários do
Facebook que sequer tinham feito o teste. Os amigos dos usuários que participaram
do teste fizeram parte da construção da "fórmula" que tornasse tudo viável
politicamente.

Para fazer o teste, a pessoa precisava ter uma conta do Facebook e votar nos
Estados Unidos. De um grupo inicial de mil pessoas, os pesquisadores
conseguiram obter nada menos que 160 mil perfis.

Justin Sullivan/Getty Images/AFP

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Rede social de Mark Zuckerberg foi usada em novo escândalo

Eventualmente, 320 mil pessoas foram pagas de US$ 2 a US$ 5 para fazer os
testes com a sua conta do Facebook. Como dados de amigos eram coletadas, a
Cambridge Analytica acabou roubando dados de 50 milhões de usuários da
rede social. Sim, roubando, já que Kogan não tinha permissão de usas os dados
do Facebook para fins comerciais, apenas acadêmicos.

Os resultados do teste de personalidade, pareados com curtidas, foram usados em


um algoritmo que visavam que as pessoas recebessem propagandas altamente
personalizadas – incluindo eleitorais. Assim, a empresa passou a saber para quem
enviar seu marketing e o que enviar. Algo capaz de influenciar uma eleição. 

E agora?

Kogan afirma que suas ações foram totalmente legais e que ele tinha "uma relação
próxima" com o Facebook, que deu permissão para seus apps. O Facebook nega
que o caso envolva uma violação de dados e afirma que, se as notícias são reais, o
caso é um "sério abuso de nossas regras".

Na época, o Facebook permitia que dados de amigos que participavam de apps


fossem coletados, mas apenas para usos no contexto do Facebook com fins de
interação. Vender os dados, como ocorreu com a Cambrige Analytical para fins de
marketing político, era vetado.

Em um comunicado, o Facebook disse que Kogan "ganhou acesso às


informações por meio legítimo e pelos canais corretos, mas não seguiu nossas
regras na sequência", referindo-se ao fato de passar os dados para terceiros. Há
um temor até de que o caso dificulte pesquisas futuras feitas por acadêmicos com o
Facebook para investigar o impacto da rede social na sociedade.

Veja também

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redes sociais

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pode ter cometido um erro

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seu auge e pode começar a perder influência

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