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Uso de ferramenta computacional na análise de estabilidade global de uma edificação em concreto

armado dezembro/2015
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Uso de ferramenta computacional na análise de estabilidade global


de uma edificação em concreto armado
José Julian de Lacerda Almeida – julianlacerda86@gmail.com
MBA Projeto, execução e controle de estruturas e fundações
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
João Pessoa, PB, 22 de maio de 2015

Resumo
Toda edificação construída em concreto armado deve ser dimensionada e executada de forma
que seu destino final de utilização esteja em concordancia com os critérios previamente
definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnica na “Norma Brasileira 6118 –
Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos”. Estes critérios garantem suas condições
de segurança e estabilidade em serviço e durante toda a sua vida útil sob quaisquer
condições ambientais, deste que respeitadas às condições de manutenção. Este artigo se
propõe a analisar a estabilidade global de um edifício em concreto armado com o uso de uma
ferramenta computacional, tendo como base tais critérios estabelecidos. Para o
desenvolvimento das rotinas de análise foi empregado o software de dimensionamento
estrutural Eberick, em um edifício modelo de quatro pavimentos. O artigo demonstra a
utilização da configuração e modelagem do software, como também alternativas que possam
melhorar o comportamento da estrutura em relação aos parâmetros necessários a
estabilidade global. Observou-se que a facilidade na obtenção dos resultados, devido ao uso
dessa ferramenta computacional, reduz consideravelmente o tempo gasto na resolução das
rotinas de cálculo, acarretando em um maior tempo disponível ao calculista para uma
análise criteriosa a fim de garantir a segurança e condições de uso da edificação.

Palavras-chave: Análise de estabilidade global. Uso de ferramenta computacional.


Comportamento da estrutura. Dimensionamento estrutural. Coeficiente Gama-z.

1. Introdução
Aborda-se neste artigo uma avaliação e recomendações dos resultados obtidos com o
programa computacional Eberick, em sua versão 8 Gold, do coeficiente Gama-z, utilizado na
análise de estabilidade global da estrutura. A avaliação dos resultados do programa será uma
verificação do atendimento aos requisitos das normas brasileiras, estabelecido pela
Associação Brasileira de Normas Técnica (2007:93) na NBR 6118 – Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento, com ênfase no item 15.5.3.
O Eberick é um software de dimensionamento de estruturas de concreto armado que permite o
lançamento, dimensionamento, análise e detalhamento dos elementos estruturais. Possui um
poderoso sistema gráfico de entrada de dados que permite toda essa apreciação das estruturas
e, no momento atual, é um dos softwares mais empregados nos escritórios de cálculo no
Brasil. Por esta razão, fez-se uso deste na elaboração do presente projeto.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Uso de ferramenta computacional na análise de estabilidade global de uma edificação em concreto
armado dezembro/2015
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Neste trabalho serão analisados somente os resultados para análise global das estruturas. A
utilização do programa computacional associado à análise da estrutura através de um modelo
de pórtico espacial e a diversos recursos de dimensionamento e detalhamento dos elementos
estruturais, como lajes, vigas, pilares, blocos sobre estacas e sapatas, possibilita a visualização
da estrutura completa em 3D e os resultados são fornecidos através de janelas de
dimensionamento em forma de planilhas. A estrutura da edificação é estabelecida através de
pavimentos, que representam os diversos níveis existentes no projeto arquitetônico. O
lançamento dos elementos é feito de forma gráfica, diretamente sobre a planta arquitetônica,
proporcionando estabelecer diversas hipóteses na análise do modelo e, caso sejam feitas
alterações, elas podem ser rapidamente experimentadas, assim o calculista pode alterar as
configurações otimizando e personalizando o detalhamento. O Eberick possui um conjunto de
configurações que possibilitam ao usuário flexibilidade na análise, dimensionamento e
detalhamento da estrutura. Com isso, o programa proporciona uma maior aproximação das
necessidades de projeto e das adequações do usuário.
O intuito deste trabalho é avaliar os procedimentos aferidos pelo programa Eberick para a
análise de estabilidade global do edifício modelo e promover soluções para aumentar a rigidez
de toda a estrutura, promovendo alternativas quanto a solução dos problemas evidenciados.
Para isto, a estrutura será dimensionada e os esforços calculados serão considerando a
geometria inicial da estrutura, sem deformações quando solicitadas. O parâmetro principal a
ser verificado será o coeficiente ɤz (Gama-z), de acordo com ABNT(2007:88), na NBR 6118
em seu item 15.1, ele é definido como um “coeficiente de majoração dos esforços globais
finais de 1ª ordem para obtenção dos finais de 2ª ordem”, tal índice é adotado pelo Eberick e
pode ser determinado a partir dos resultados de uma análise linear de primeira ordem, para
cada caso de carregamento.
A partir do valor do ɤz, poderá ser classificada a estrutura quanto a sua estabilidade global,
como veremos a seguir neste artigo.

2. Análise de estabilidade global do edíficio pelo método Gama-z


De acordo ABNT (2007:185), na norma supracitada em seu item 24.5.8, “todas as estruturas
devem ser analisadas quanto a sua estabilidade global”. Desta maneira, a estabilidade pode ser
verificada de duas formas: através do parâmetro de instabilidade α, um parâmetro que leva em
consideração a quantidade de andares, a altura total da estrutura, o somatório das cargas
verticais e as rigidezes dos pilares na direção considerada; e do coeficiente Gama-z, um
coeficiente de grande importância na avaliação dos esforços globais de segunda ordem e
válido para estruturas reticuladas de no mínimo quatro andares, conforme o exposto na
ABNT(2007:92-93).
Segundo Araújo (2009:128), o coeficiente Gama-z tem vantagem em relação ao parâmetro
Alfa, devido ao fato de que o α apenas indica se a estrutura pode ser definida indeslocável,
enquanto que o ɤz permite uma maior aproximação dos esforços globais na estrutura.
Os esforços de 1ª ordem são aqueles baseados na geometria indeformada da estrutura, já
aqueles em que levam em consideração a deformação da estrutura, devido as cargas
solicitantes, são os esforços de 2ª ordem.
Para uma melhor compreensão dos efeitos causados por esses esforços, tomemos a seguinte
idealização:

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Imagina-se uma estrutura submetida simultaneamente a uma carga vertical e uma


ação horizontal. É fácil concluir-se que haverá um acréscimo do momento fletor
inicial, chamado de momento de primeira ordem, representado pelas cargas verticais
atuando nos deslocamentos produzidos pelas ações horizontais [...]. Esse acréscimo,
chamado momento de segunda ordem, somente não ocorreria se a estrutura pudesse
ser considerada indeslocável, o que é impossível quando se considera que qualquer
material tem sua flexibilidade. (RAMALHO; CORRÊA, 2008:68).

Figura 1 – Momento de segunda ordem


Fonte: RAMALHO & CORRÊA (2008:68)

Como todas as estruturas se deformam, os efeitos de 2ª ordem deveriam sempre ser levados
em consideração no cálculo, porém a norma, em seu item 15.5, permite alguns processos
aproximados que possam levar a dispensa desses efeitos globais de segunda ordem, sem a
necessidade de um cálculo mais rigoroso, desde que algumas considerações sejam tomadas
(ABNT, 2007:92).
De acordo com Carvalho e Pinheiro (2009: 217-218), para efeito de cálculo, a estrutura pode
ser classificada em dois tipos, estruturas de nós fixos e de nós móveis. As estruturas de nós
fixos são aquelas onde os deslocamentos horizontais dos nós são consideravelmente pequenos
e desta forma podem ser desprezados os efeitos de 2ª ordem, aqueles em que são considerados
a estrutura deformada. Desta forma, as estruturas de nós móveis são aquelas em que não se
podem desprezar os efeitos causados pela deformação da estrutura, ou seja, aquelas as quais
os efeitos globais de 2ª ordem devem ser considerados no cálculo.
Utilizando como base os critérios estabelecidos pela norma mencionada, tomamos como foco
o coeficiente Gama-z, por ser o parâmetro de instabilidade utilizado pelo software empregado
no nosso modelo estrutural.
Obtendo os valores de Gama-z da edificação para as suas direções principais, poderemos
avaliar a importância da consideração da situação deformada do edifício, em relação a sua
estabilidade global. A verificação deste coeficiente só é válida para estruturas reticuladas de
no mínimo quatro andares, aquelas formadas por elementos estruturais lineares, tais como as
vigas e pilares, interligados por seus nós, que formam os pórticos da estrutura (CARVALHO;
PINHEIRO, 2009:223).
O coeficiente Gama-z é obtido por meio de uma análise elástica, considerando a não
linearidade física dos elementos estruturais, em função dos momentos de tombamento: M1,tot,d,
este considerando o momento devido a ação de todas as forças horizontais, com seus valores
de cálculo, em cada pavimento em relação a base da estrutura; e o momento de tombamento
ΔMtot,d, que considera a ação das forças verticais, com seus valores de cálculo, atuantes pelos

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deslocamentos horizontais nos pontos de aplicação, obtidos da análise de primeira ordem.


Considera-se que a estrutura é de nós fixos, se for obedecida a condição ɤz ≤ 1,1, caso
contrário, deverá ser considerada a estrutura de nós móveis (ABNT, 2007:93).
Outra recomendação da norma, é que o processo de análise dos efeitos de segunda ordem de
uma estrutura só é válido para ɤz ≤ 1,3, dessa forma, recomenda-se que seja revisto o arranjo
estrutural adotado de forma a torná-lo menos deslocável, deste modo, atingir os valores
limites do Gama-z de 1,1 para desprezar os efeitos de segunda ordem global (ABNT,
2007:94).
Diversas formas podem ser adotadas na estrutura para diminuir os valores obtidos do Gama-z,
uma delas seria definir o sistema de contraventamento, que segundo Araújo (2003: 113), é
aquele formado por elementos de maior rigidez, cuja finalidade seria resistir às ações
horizontais. Além de absorver as ações horizontais que agem na estrutura, ele deve contar
com uma rigidez suficiente para assegurar a indeslocabilidade da edificação.

3. Metodologia utilizada para obtenção do coeficiente Gama-z


O projeto elaborado apresenta quatro pavimentos, sendo eles, um pavimento térreo, referente
ao nível das vigas baldrames, três pavimentos tipo, um pavimento de cobertura e os
pavimentos referentes a base e ao topo do reservatório superior. O edifício tem uma altura
total, incluindo o reservatório, de 14,50m. Tem-se então o modelo 3D inicial da edificação
conforme figura 2.

Figura 2 – Visão 3D inicial do edifício modelo


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

Os lançamentos dos pavimentos do exemplo foram feitos através do menu “Estrutura -


Pavimentos...”, em seguida insere-se os nomes dos pavimentos e suas alturas na janela de
“Pavimentos”, como indicado na figura 3.

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Figura 3 – Janela “Pavimentos”


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

O modelo adotado possui 28 pilares de seção transversal 20 cm por 40 cm, interligados por
vigas de seção transversal de 15 cm por 40 cm e lajes maciças de 10 cm de espessura. A
seguir apresenta-se a planta de forma do lançamento da estrutura do pavimento “TIPO 1”,
referente ao primeiro andar, com suas vigas, pilares, lajes e indicação da direção dos eixos X
e Y, de acordo com a figura 4.

Figura 4 – Planta do pavimento TIPO 1 do edifício modelo


Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Após o lançamento dos elementos estruturais, é necessário o preenchimento das


configurações do programa em relação a análise da estrutura. Esse menu pode ser visualizado
através do menu de configurações, acessando a linha de entrada “Análise...” e a janela se
apresentará como indicado na figura 5. Nesta janela para a análise, deverá ser preenchido os
itens com relação ao modelo estrutural adotado, as considerações em relação as rigidezes das
ligações e dos elementos estruturais, as considerações em relação a não linearidade física e a
ativação do uso do processo P-Delta, um método de cálculo que leva em consideração a
estrutura como sendo de nós móveis, caso necessário.

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Figura 5 – Diálogo Configurações-Análise


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

Para nosso estudo, foi adotado no tópico “Processo” o item “Pórtico espacial”, no tópico
“Geral”, para os casos seguintes foi adotado “redução no engaste para nós semirrígidos” de
15%, no tópico “Não linearidade física” foi adotado, baseado em Carvalho e Pinheiro
(2009:226) e Araújo (2009:126-127), o valor 0,7 para as rigidezes das vigas e dos pilares,
devido a estrutura de contraventamento ser composta exclusivamente por vigas e pilares e
Gama-z ser inferior a 1,3. Em relação ao tópico “P-Delta”, a opção será desmarcada, porém
deverá ser verificado, ao final do processamento da estrutura, se o programa acuse a
mensagem “estrutura deslocável” e tomar a decisão a partir daí se irá utilizar o processo P-
Delta ou adotar diretrizes que busquem tornar a estrutura indeslocável.
Com o menu de configurações da análise contemplado, passaremos a configuração do menu
devido a ação do vento, que influencia no processamento da análise global da estrutura.
Seguindo a linha de análise, conforme prescrições contidas na ABNT (2007:56), os esforços
devidos a ação do vento devem ser considerados de acordo com o disposto na norma 6123.
Desta maneira, os valores da força do vento são calculados para cada pavimento e para cada
direção e em todos os sentidos, tanto para direção X quanto a Y.
Para o cálculo do pórtico, estrutura reticulada composta por vigas e pilares, supõe-se que a
força total aplicada em cada pavimento é uniformemente distribuída por este e depois
decomposta pela quantidade de pilares e aplicada como cargas concentradas horizontais em
cada pilar. Para esta situação de carregamento é necessário que as lajes funcionem como
diafragmas rígidos, sendo assim, consideradas como infinitamente rígidas no seu plano,
fornecendo ao pórtico uma condicionante que impeça qualquer deslocamento horizontal dos
nós de seu contorno, dessa forma faz com que todo o conjunto estrutural se desloque
juntamente. No caso específico do Eberick, o programa considera os efeitos do vento como
um carregamento estático, portanto não são considerados efeitos dinâmicos na estrutura.
As configurações sobre os efeitos do vento devem ser contempladas através do menu de
configurações e acessando a linha de entrada “Vento...”, a janela será exibida como indicado
na figura 6.

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Figura 6 – Diálogo Configurações-Vento


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

O preenchimento da caixa de diálogo de “Configurações de Vento” seguirá as prescrições


contidas na ABNT (1988:passim), assim a velocidade adotada poderá ser verificada clicando
no botão “Mapa”, onde teremos o gráfico de isopletas, conforme figura 7, supondo a região
que corresponde a cidade de João Pessoa, Paraíba, logo a velocidade de 30 m/s será adotada.

Figura 7 – Janela “Velocidade do Vento”


Fonte: Eberick V8 (2015)

No tópico referente a topografia, adotou-se S1=1,0, correspondente a terrenos planos e


demonstrado na figura 6, na descrição “Demais casos”, conforme item 5.2 da norma
mencionada (ABNT, 1988:5).
No tópico referente a edificação, teremos o nível do solo de 100 cm, no software corresponde
à cota da base do edifício, desta forma teremos a incidência do vento em toda estrutura acima
dessa cota.
Com relação a “maior dimensão horizontal ou vertical”, a edificação adequa-se a classe B,
onde a maior dimensão horizontal ou vertical está entre vinte e cinquenta metros, conforme a
ABNT (1988:9), no item 5.3.2.

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Dando prosseguimento, a edificação se caracteriza na categoria II de rugosidade do terreno,


consonante a regiões com terrenos planos, com poucos obstáculos e edificações baixas
(ABNT, 1988:8).
E finalmente, o fator estatístico adotado será S3=1,00, condizente a edificações residenciais
que considera o grau de segurança e a vida útil da edificação, de acordo com a ABNT (1988:
10).
Os itens referentes a “Aplicação do Vento” devem ficar ativados para que o processamento da
estrutura feito pelo Eberick possa considerar os efeitos devido as ações solicitantes do vento.
Finalizado os preenchimentos dos menus de configuração referente a análise e ao vento, entre
outras configurações que o usuário também julgar necessário, iniciará o processamento da
estrutura.
Acessando o menu “Estrutura” e através do botão “Processar estrutura”, teremos a seguinte
janela de opções de “Análise da estrutura”, figura 8.

Figura 8 – Diálogo “Análise da estrutura”


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

Ativando apenas a opção “Análise estática linear”, o programa faz um cálculo independente
da estabilidade global da estrutura, como indicado na figura 8.
Após o processamento da estrutura feita pelo software, será exibido a janela de mensagens
com os resultados obtidos e clicando no botão “Resultados” teremos os valores calculados na
análise estática linear, figura 9, e a partir daí o calculista poderá verificar o comportamento da
estrutura e fazer possíveis correções necessárias.

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Figura 9 – Diálogo “Análise Estática Linear” – “Resultados”, “Mensagens”


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

A seguir serão feitas as considerações em relação aos valores determinados nesta análise.

4. Avaliação dos resultados


A mensagem do software após finalizado o processamento da estrutura indica “Estrutura
processada com avisos”, logo deverá ser verificado qual o seu motivo. Clicando no botão
“Resultados” teremos os valores calculados no processamento da estrutura relacionados a
análise estática linear. O valor do Gama-z na direção X foi de 1,16 e na direção Y foi de 1,06.
Dessa forma, a estrutura é considerada deslocável, pois na direção X o valor do coeficiente foi
superior ao limite admitido, como pode ser observado nas janelas apresentadas na figura 9.
Uma estrutura que tiver valores de Gama-z maiores que os limites recomendados pela ABNT
(2007:93), como já explicitado no índice 2 deste artigo, é considerada como sendo uma
estrutura de nós móveis, dessa forma teríamos que considerar os efeitos de segunda ordem na
análise.
A seguir indicam-se procedimentos através dos quais pode-se melhorar o comportamento da
estrutura com relação aos efeitos globais de 2ª ordem e buscar diminuir os valores de cálculo
do coeficiente Gama-z, a fim de obter uma estrutura considerada de nós fixos e evitar uma
análise mais aprofundada que necessitaria de outros métodos de análise global, como o
processo P-Delta, um método de análise que leva em consideração os efeitos da não
linearidade física e geométrica, e os efeitos globais e locais de 2ª ordem. Este processo P-
Delta foi desabilitado na janela de configurações de análise no início do processamento da
estrutura.
De uma maneira geral, o Eberick além de informar o relatório com os valores obtidos para o
coeficiente Gama-z e a situação de deslocabilidade da estrutura, ele disponibiliza a
visualização da deformação da edificação. Esta deformação da estrutura, pode ser acessada
através do menu “Estrutura”, indo em seguida a opção “Pórtico”, onde posteriormente é
possível selecionar o item “Elástico-Deslocamentos”, prevendo assim o comportamento
global da estrutura em relação aos seus deslocamentos nodais dos elementos estruturais de

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acordo com a combinação de cálculo selecionada.


Além de poder conferir a deformada da estrutura, o calculista poderá examinar os
deslocamentos dos pilares. Selecionando o pavimento que deseja verificar e acessando o
menu “Pavimentos”, depois “Pilares”, em seguida “Deslocamentos”, poderá visualizar a
direção e os valores de seus deslocamentos e assim definir o melhor posicionamento dos
pilares a fim de enrijecer a estrutura, conforme combinação de carregamento observada.
Vejamos algumas alternativas que poderão requintar o desempenho da estrutura em busca de
torna-la como de nós fixos, abstendo da necessidade de se considerar os efeitos de 2ª ordem,
fazendo com que os valores de Gama-z sejam inferiores aos limites pré-estabelecidos.
Dessa forma, iniciemos os procedimentos usuais para enrijecer a estrutura e assim torna-la
indeslocável. Neste projeto, foi adotado em todas as ligações entre as vigas e os pilares como
ligações rotuladas, para exemplificar no estudo a influência deste tipo de rigidez entre os
elementos estruturais, o que é algo que torna a estrutura suscetível a deslocamentos
excessivos, pois as ligações entre as peças serão insuficientes. Como um primeiro
procedimento serão considerados todos os nós como ligações engastadas, aquelas em que não
será permitido nenhum deslocamento entre os elementos no seu dimensionamento. Na figura
10, mostra exemplos das ligações rotuladas e posteriormente as ligações já engastadas. No
software, para utilizar esse comando basta acessar o menu “Elementos”, em seguida “Vigas”
e depois “Engastar todas”.

Figura 10 – Pilar P2 com todas as suas ligações com vigas rotuladas e a direita com essas ligações engastadas
Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

Da mesma forma, pode-se alterar as vinculações dessas ligações para nós semirrígidos, de
acordo com o critério utilizado pelo calculista, que deve ter domínio de qual vinculação
deseja atribuir nos projetos.
Outra maneira de enrijecer a estrutura seria mudando a direção de maior dimensão dos pilares
para a direção com menor inércia da edificação. No edifício modelo, a mais desfavorável é a
direção-X, dessa forma, direcionando os pilares de uma linha de pórtico que estejam na
direção de maior comprimento do prédio para a de menor comprimento, aumentando a inércia
e consequentemente a rigidez na direção necessária. Deve-se avaliar o direcionamento dos
pilares dos pórticos para não comprometer a rigidez da estrutura na direção que for
modificada, observando o parâmetro Gama-z posteriormente a nova análise da estrutura.
Neste momento, deve-se analisar a consideração de quais pórticos utilizar nos subsistemas de
contraventamento na direção mais desfavorável. Na figura 11, é visto a mudança de direção
do pórtico que contém os pilares P1, P2, P3 e P4 e simetricamente foi feito nos pilares do
pórtico P25, P26, P27 e P28 no projeto em estudo.

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Figura 11 – Pórtico P1, P2, P3 e P4, a esquerda na direção Y e a direita na direção X


Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

A busca pelo aumento da rigidez da estrutura favorece a diminuição nos valores obtidos do
coeficiente Gama-z, assim empenha-se em tornar a estrutura como de nós fixos e portanto
indeslocável, tornando-a uma estrutura com melhor comportamento quanto a sua estabilidade
global, desconsiderando na sua avaliação os efeitos de 2ª ordem por se tornarem desprezíveis,
quando inferiores a 10% dos respectivos esforços de 1ª ordem e não sendo necessário
utilização do processo P-Delta, necessário para análise de estruturas com nós móveis.
Dando prosseguimento, o calculista pode manipular seu projeto dentre várias alternativas
possíveis para o aumento da rigidez da estrutura. Introduzindo vigas ou pilares em pontos de
encontro entre vigas, que são regiões de cargas concentradas que podem influenciar em
deslocamentos significativos nos pórticos, no projeto em questão, foram inseridos os pilares
P10 e P20, com seções de 15 cm x 50 cm, nos encontros das vigas V3 e V13, e V6 e V12,
para combater quaisquer deslocamentos excessivos, como demonstrado na figura 12.
Lembrando que após inserir os novos elementos, deve-se renumerá-los.

Figura 12 – Pilares P10 e P20 inseridos no encontro entre as vigas V3 e V13, e V6 e V12, respectivamente
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Mencionamos mais alguns procedimentos, tais como:


a. Aumentar a seção transversal dos elementos estruturais, acrescentando maior inércia
aos pórticos que integram a estrutura, que pode ser alterado através do menu de
propriedades das peças;
b. Acrescentar novos pilares;

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c. Utilizar poço do elevador, ou a estrutura de suporte do reservatório superior e/ou das


escadas para gerar um núcleo central de rigidez na estrutura;
d. Aumentar o fck (resistência característica do concreto) para acrescer rigidez aos
elementos estruturais e consequentemente as suas ligações, que pode ser atribuído
através do menu “Configurações”, em seguida “Materiais e Durabilidade”;
e. Adoção de novos subsistemas de contraventameto na estrutura, de forma a resistir os
deslocamentos e enrijecer a estrutura na direção de menor inércia;
f. Atribuir na ligação entre os pilares e as fundações vínculos de engastes, evitando a
rotação entre estes elementos estruturais, dessa forma, esta rotação será transferida as
fundações que deverão suportar esses esforços. Podem ser alteradas essas
configurações através do menu de “Vínculo de apoio” das fundações.

Toda concepção estrutural atribuída a elaboração do projeto arquitetônico influencia na


disposição do pórtico espacial da edificação e tem papel fundamental na estabilidade global
da estrutura. Devem ser feitas considerações que garantam uma solução favorável a segurança
aliada a economia do edifício.
Após algumas alterações como a modificação no direcionamento dos pilares dos pórticos já
mencionados, da direção Y para direção X de menor inércia, do lançamento dos pilares P10 e
P20 sob o encontro das vigas e a atribuição de todas as vinculações das ligações entre as vigas
e os pilares com o intuído de torná-las engastadas, foi dado o comando para renumerar os
elementos estruturais e a edificação passou a ter dois novos pilares acrescidos aos 28
anteriores.
A nova planta baixa que será analisada contendo ligações engastadas entre vigas e pilares,
trinta pilares e dois novos pórticos de contraventamento na direção X, será conforme a figura
13.

Figura 13 – Planta baixa modificada do pavimento Tipo-1 do edifício modelo


Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Processando novamente a estrutura com todas essas modificações, obteve novos valores para
os coeficientes Gama-z. Na direção Y têm-se ɤz=1,03 e na direção X têm-se ɤz=1,02, indicado
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na figura 14. Assim, a estrutura em relação a sua estabilidade global é considerada de nós
fixos e, portanto, indeslocável.

Figura 14 – Diálogo Análise estática linear


Fonte: Elaborado pelo autor com uso do Eberick V8 (2015)

Sendo assim, a estrutura não necessita de uma análise mais aprofundada dos efeitos de 2ª
ordem globais. Caso os valores obtidos do coeficiente Gama-z fossem superiores a 1,30, o
processo de análise dos efeitos de 2ª ordem da estrutura não seria válido, de acordo com a
ABNT (2007:94). Logo, a concepção estrutural deveria ser reavaliada a fim de tornar a
estrutura menos deslocável. Na eventualidade das medidas de Gama-z forem superiores a 1,10
e deseje analisar a estrutura com esses valores deve-se conduzir o processamento da estrutura
usando o método P-Delta, habilitando-o no menu “Configurações”, “Análise”, para
contemplação dos efeitos globais de 2ª ordem.

5. Considerações Finais
Neste artigo buscou-se retratar diversas possibilidades que pudessem tornar os efeitos de 2ª
ordem desprezíveis na análise da estabilidade global da estrutura, de forma a tornar mais
simples esta avaliação.
Limitando o valor do parâmetro de maior importância nesta análise, o coeficiente Gama-z, em
1,1, esses efeitos puderam ser insignificantes e assim sua importância deixada de lado,
avaliando assim se a estrutura seria considerada como de nós fixos ou de nós móveis.
Verificou-se que algumas possibilidades de enrijecimento, fazendo algumas mudanças na
proposta inicial da estrutura geraram diferenças significativas na redução dos deslocamentos
horizontais da estrutura, diminuindo assim as medidas do Gama-z.
No entanto, é necessário ao calculista fazer uma avaliação específica para cada procedimento
mencionado e emprega-las de forma a não comprometer nenhuma das direções. O uso de um
programa computacional simplifica e agiliza as etapas de verificação pois o usuário não
precisa se preocupar com os cálculos e interações que deveriam ser feitos para se ter os
valores do coeficiente Gama-z, podendo dar um maior foco na função da análise dos
resultados do parâmetro mencionado e a verificação da deformada da estrutura tridimensional,

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Uso de ferramenta computacional na análise de estabilidade global de uma edificação em concreto
armado dezembro/2015
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para avaliar as considerações necessárias perante a concepção e modelagem dos elementos


estruturais que causariam possíveis riscos futuros a realidade da edificação, caso os limites
estabelecidos pela ABNT (2007) na NBR 6118 não fossem satisfeitos.

Referências

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças


devidas ao vento em edificações: procedimento. Rio de Janeiro, 1988.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projetos de


estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2007.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. Rio de Janeiro: Dunas, 2003. v.3

ARAÚJO, José Milton de. Projeto Estrutural de Edifícios de Concreto Armado. Rio
Grande: Dunas, 2009.

CARVALHO, Roberto Chust; PINHEIRO, Libânio Miranda. Cálculo e Detalhamento de


Estruturas Usuais de Concreto Armado. São Paulo: PINI, 2009. v.2.

RAMALHO, Márcio Antônio; CORRÊA, Márcio Roberto Silva. Projeto de Edifícios de


Alvenaria Estrutural . São Paulo: Pini, 2008.

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