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CADASTRESE FALE CONOSCO
Sextafeira, 12 de maio de 2017
ISSN 1983392X
quentes Honorários advocatícios recursais são majorados em 1%
CPC na prática
por Elias Marques de M. Neto, André Pagani de Souza, Daniel Penteado de Castro,
Rogerio Mollica
O artigo 1029 do NCPC e a competência para
apreciação do pedido de atribuição de efeito
suspensivo ao recurso especial
quintafeira, 11 de maio de 2017
Elias Marques de Medeiros Neto
Nos termos do artigo 995 do Novo Código de Processo Civil ("NCPC"), é regra geral que o recurso
especial não tem efeito suspensivo, sendo aqui ressalvada a hipótese do artigo 987 do NCPC.
Caso haja a necessidade de se requerer a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial, o
parágrafo quinto do artigo 1029 do NCPC disciplina que: (i) caso o recurso especial já tenha sido
admitido, o pedido de atribuição de efeito suspensivo deverá ser formulado perante o Superior
Tribunal de Justiça ("STJ"); (ii) caso o recurso especial já tenha sido admitido, e já tenha sido
designado relator no STJ, o pedido de atribuição de efeito suspensivo deverá ser dirigido ao relator;
e (iii) caso o recurso especial ainda não tenha sido admitido (por falta de apreciação de sua
admissibilidade pelo tribunal recorrido), o pedido de atribuição de efeito suspensivo deverá ser
dirigido ao presidente ou ao vicepresidente do tribunal recorrido.
Dúvida ocorre quando, na hipótese do parágrafo quinto, inciso III, do artigo 1029 do NCPC, o
presidente ou o vicepresidente do tribunal recorrido indefere a atribuição de efeito suspensivo ao
recurso especial, sem decidir, ainda, sobre a admissibilidade – ou não – do recurso especial. Em
outras palavras, há situações em que o tribunal recorrido se manifesta apenas sobre o pedido de
atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial, sem decidir, no mesmo ato, acerca da
admissibilidade – ou inadmissibilidade – do recurso.
Na situação acima descrita, surge inevitável dúvida sobre o passo processual a ser adotado pela
parte que realmente precisa da concessão do efeito suspensivo ao seu recurso especial interposto:
(i) a decisão do presidente ou do vicepresidente do tribunal recorrido que indeferiu a atribuição de
efeito suspensivo ao recurso especial deve ser objeto de agravo interno, nos termos do artigo 1021
do NCPC e de acordo com o regimento de cada tribunal?; ou (ii) a parte deverá renovar o pedido de
efeito suspensivo perante o STJ, mesmo que o recurso especial ainda esteja aguardando decisão do
tribunal recorrido acerca de sua admissibilidade?
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro já vem consolidando entendimento de que, na hipótese
acima, é incabível o agravo interno, devendo a parte renovar o pedido de efeito suspensivo perante o
STJ, mesmo que o recurso especial ainda esteja aguardando decisão do tribunal recorrido acerca de
sua admissibilidade:
http://www.migalhas.com.br/CPCnaPratica/116,MI258614,31047O+artigo+1029+do+NCPC+e+a+competencia+para+apreciacao+do+pedido+de 1/4
2017512 O artigo 1029 do NCPC e a competência para apreciação do pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial CPC na prática
SUSPENSIVO AO RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO – INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA –
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
(...). É cediço que, na forma do art. 1029, § 5º, III do CPC/2015, compete ao Presidente ou ao
VicePresidente do Tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso
e a publicação da decisão de admissão, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, a
análise do pedido concessão do efeito suspensivo.
Ocorre que não há no NCPC previsão de recurso a ser interposto em face da decisão proferida
pelo Terceiro Vicepresidente que defere ou indefere o pleito de concessão de efeito suspensivo
a recurso excepcional. O referido diploma no artigo 1.030 §2º c/c o artigo 1.021 estabelece,
apenas, que será cabível o Agravo Interno em sede de juízo de admissibilidade dos recursos
excepcionais nas hipóteses em que houver a negativa de seguimento ou o sobrestamento do
recurso em virtude da aplicação da sistemática dos recursos repetitivos, não tendo elencado a
possibilidade da interposição do referido recurso em face da decisão do Terceiro VicePresidente
que analisa o pedido de efeito suspensivo. (...)." (Ag. Int. no Req. de Concessão de Efeito
Suspensivo ao REsp 001810992.2003.8.19.0021, TJ/RJ – Órgão Especial, Des. Rel. Celso
Ferreira Filho, j. 12/12/2016, Dje 14/12/2016).
(...) Trata de Agravo Interno interposto contra decisão que, em Ação Cautelar, indeferiu a
concessão de efeito suspensivo a Recurso Especial interposto pela ora Agravante. (...)
Examinados os autos, verifico que o presente recurso não se revela a via processual adequada à
impugnação de decisão que não concede efeito suspensivo a recurso excepcional, estando seu
cabimento restrito às hipóteses de que atualmente cuida o artigo 1030, parágrafo 2º, do Código
de Processo Civil em vigor e de que, sob a égide do Código de Processo Civil de 1973, tratava o
artigo 200 do Regimento Interno deste Tribunal de Justiça. (...)
(...) A conta de tais fundamentos, deixo de conhecer do presente Agravo Interno (...).” (Ag. Rg.
na MC 000953407.2016.8.19.0000 no REsp 004204592.2015.8.19.0000, TJRJ – Órgão
Especial, Des. Rel. Celso Ferreira Filho, j. 19/07/2016, Dje 20/7/2016).
O STJ, em casos similares, já reconheceu sua competência:
"AGRAVO INTERNO EM TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. DEFERIMENTO DO PEDIDO.
CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. IMPENHORABILIDADE DO
BEM DE FAMÍLIA. POSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE DUPLICIDADE DE ENTIDADE
FAMILIAR. AGRAVO QUE NÃO É CAPAZ DE INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. É possível a concessão diretamente pelo Superior Tribunal de Justiça de efeito suspensivo a
recurso especial pendente de juízo de admissibilidade na origem, quando efetivamente
demonstrada, além dos requisitos próprios da tutela de urgência, situação de manifesta
ilegalidade ou teratologia. (...)." (Ag. Int. no Pedido de Tutela Provisória 18 / SP, STJ – 1º Turma,
Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, j. 4/4/2017, Dje 17/4/2017).
1. É possível que o Superior Tribunal de Justiça controle, mediante ação cautelar própria aqui
ajuizada, a decisão do Tribunal a quo que confere efeito suspensivo ao recurso especial, uma
vez que essa decisão não pode ser submetida à apreciação do órgão colegiado local. (...).
2. No caso dos autos, o requerente pleiteia a reversão do efeito suspensivo concedido pelo 1º
VicePresidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul a recurso especial do
Ministério Público Estadual. (...) Medida cautelar improcedente. Pedido de reconsideração
prejudicado". (MC 24.205 / RS, STJ – 2º Turma, Min. Rel. Humberto Martins, j. 18/4/2016, Dje
19/4/2016).
"AGRAVO INTERNO NA TUTELA DE URGÊNCIA QUE VISA A CASSAÇÃO DO EFEITO
SUSPENSIVO AO RECURSO ESPECIAL CONCEDIDO NA ORIGEM – AÇÃO ANULATÓRIA.
1. No caso, o VicePresidente do Tribunal de origem, nos termos do artigo 1029, § 5º, inciso III,
do NCPC, antes do exercício do juízo de admissibilidade recursal, concedeu o efeito suspensivo
http://www.migalhas.com.br/CPCnaPratica/116,MI258614,31047O+artigo+1029+do+NCPC+e+a+competencia+para+apreciacao+do+pedido+de 2/4
2017512 O artigo 1029 do NCPC e a competência para apreciação do pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial CPC na prática
ao recurso especial em virtude de vislumbrar a presença dos requisitos para a concessão da
medida. (...)
2. Esta Corte Superior tem admitido, em situações excepcionais, a apreciação de medida
cautelar/tutela de urgência que vise à cassação do aludido efeito suspensivo a recurso especial
(contracautela), condicionando sua procedência à demonstração da inexistência de perigo da
demora (periculum in mora) e a inviabilidade do apelo (fumus bonis iuris), (...)." (Ag. Int. na
Petição 11.734 / RJ, STJ – 4º Turma, Min. Rel. Marco Buzzi, j. 16/2/2017, Dje 22/2/2017).
Esta orientação, de certa forma, se alinha com a corrente que predominou no STJ anteriormente à
vigência do NCPC:
"PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO LIMINAR NA MEDIDA CAUTELAR. CONCESSÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL PENDENTE DE ADMISSIBILIDADE PELO TRIBUNAL A
QUO. MEDIDA CAUTELAR PROPOSTA PERANTE A PRESIDÊNCIA DA CORTE DE ORIGEM
INDEFERIDA. EXAURIMENTO DAS VIAS PRÓPRIAS. VÁCUO DE JURISDIÇÃO. NÃO
APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 634 E 635 DO STF. DEMONSTRAÇÃO DA PLAUSIBILIDADE DO
DIREITO INVOCADO E DO PERIGO NA DEMORA. SUBMISSÃO AO ÓRGÃO COLEGIADO,
CONFORME FACULTA O ART. 288, § 2º, DO RISTJ. LIMINAR DEFERIDA.
(...) Quanto ao Pedido formulado no presente feito, de início, é ressabido que a Medida Cautelar
tem por escopo garantir resultado útil à pretensão deduzida no Processo Principal. Entretanto,
essa Medida de Urgência, quando dirigida ao Superior Tribunal de Justiça, via de regra, nos
termos da Súmulas 634 e 635 do STF, pressupõe a existência de prévio crivo de admissibilidade
do Recurso Especial pelo Tribunal de origem, de forma a inaugurar a Instância Extraordinária
desta Corte Superior. Entretanto, compulsando os autos, verifico que a Corte local exauriu a
análise de tal pretensão Cautelar, posto que a sua Terceira VicePresidência já apreciou e não
concedeu o Efeito Suspensivo ao Recurso Especial em comento. Assim, dada as peculiaridades
do caso, que evidenciam o aludido vácuo de Jurisdição, reconheço a excepcional competência
desta Corte Superior para processar e julgar esta Medida Cautelar, assegurando, dessa forma, o
Direito Constitucional à devida e oportuna Prestação Jurisdicional. Sobre a possibilidade de
mitigar o rigor procedimental encartado nas súmulas 634 e 635/STF: MC 20.212/PE, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 5/2/2013 (...).” (MC 23481 / RJ, STJ – 1º
Turma, Min. Rel. Benedito Gonçalves, j. 06/11/2014, Dje 12/11/2014).
É bem de ver que a tendência que deverá ser predominante em nossas Cortes, quanto à hipótese do
inciso III do parágrafo quinto do artigo 1029 do NCPC, é a de que uma vez sendo indeferido pelo
Tribunal recorrido o pedido de efeito suspensivo, deve a parte renovar seu pedido diretamente
perante o STJ, mesmo que o recurso especial ainda não tenha tido sua admissibilidade (ou
inadmissibilidade) decretada.
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André Pagani de Souza é doutor, mestre e especialista em Direito Processual
Civil pela PUC/SP. Bacharel em Direito pela USP. Professor de Direito Processual
Civil e coordenador do Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Presbiteriana
Mackenzie em São Paulo. Pósdoutorando em Direito pela Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa. Autor de diversos trabalhos na área jurídica. Membro
do IBDP, IASP e CEAPRO. Advogado.
Daniel Penteado de Castro é mestre e doutor em Direito Processual pela
Universidade de São Paulo. Especialista em Direito dos Contratos pelo Centro de
Extensão Universitária. Membro fundador e conselheiro do CEAPRO – Centro de
Estudos Avançados em Processo. Professor na pósgraduação Lato Sensu na
Universidade Mackenzie, Escola Paulista de Direito e Escola Superior da
Advocacia. Professor de Direito Processual Civil na graduação do Instituto de
Direito Público. Autor de livros jurídicos.
Rogerio Mollica é doutor e mestre em Direito Processual Civil pela USP.
Especialista em Administração de Empresas CEAGFGV. Especialista em Direito
Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET. Bacharel em
Direito pela USP. Professor doutor nos cursos de mestrado e doutorado na
Universidade de Marilia Unimar. Coordenador e professor da pósgraduação Lato
Sensu em Direito Processual do Instituto de Direito Público de São Paulo
(IDP/SP). Advogado. Membro fundador e Presidente do Ceapro Centro de
Estudos Avançados de Processo. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
Processual (IBDP). Membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).
Associado efetivo do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).
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