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DIREITOS DA PERSONALIDADE

Personalidade e direitos da personalidade

- Toda pessoa possui personalidade jurídica. O direito só estuda a pessoa


porque esta possui personalidade jurídica. No Código Civil de 1916,
personalidade jurídica era a aptidão para ser sujeito de direito. Pontes de
Miranda questionou este conceito, uma vez que entes despersonalizados como
a sociedade de fato, o condomínio edilício, a herança jacentes, entre outros
possuem a aptidão para serem titulares de relações jurídicas (sujeitos de direito).

- Abraçando às críticas de Pontes de Miranda, o CC de 2002 estabeleceu que a


pessoa possui personalidade jurídica e dispõe de proteção elementar que são
os direitos da personalidade (CC; art. 1°)1. Os direitos da personalidade
constituem a categoria jurídica fundamental do sistema do direito privado. Ser
pessoa significa ter proteção, caracterizando o movimento de repersonalização
do direito civil em correspondência do direito civil em correspondência com o
direito civil constitucional. O conceito de personalidade se prende às relações
existenciais.

- O STF no RE 201.819/RJ2 consagrou a tese da eficácia horizontal dos direito


fundamentais, ou seja, a aplicação direta de direitos fundamentais nas relações

1
“Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
2
“EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO
DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente
no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas
físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição
vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos
particulares em face dos poderes privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À
AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a
qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial,
dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República,
notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia
privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios
constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia
privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede
constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência
e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição,
cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas,
em tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE
privadas. Segundo essa decisão, toda relação privada deve ser compreendida
conforme as garantias constitucionais.

> Capacidade jurídica é a aptidão para ser sujeito de direito. Os entes


despersonalizados, como o nome sugere, não possuem personalidade, mas
possuem capacidade, sendo, portanto aptos para serem sujeitos de direito. Por
isso todos os possuidores de personalidade também possuem capacidade,
entretanto a recíproca não necessariamente é verdadeira.

- Tendo a personalidade como um conceito de proteção, é possível concluir que


nenhuma pessoa sofrerá limitação à sua personalidade, sendo, pois, um
conceito uno e indivisível. Porém o conceito de capacidade admite gradação. Ela
se divide em capacidade. Ela se divide em capacidade de direito (gozo) e
capacidade de exercício (fato). A capacidade de direito é a possibilidade de
titularizar ralações jurídicas e a capacidade de exercício é a possibilidade de ser
sujeito pessoalmente. A teoria das incapacidades incide sobre a capacidade de
exercício (fato) apenas.

- Os direitos da personalidade constituem a proteção fundamental para as


pessoas nas relações privadas. Os direitos da personalidade são
exemplificativos e não taxativos.

Cláusula geral de proteção da personalidade

- No ordenamento jurídico brasileiro, assim como o de outros países, existe uma


cláusula geral de proteção da personalidade, também chamado de direito geral

INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE
SÓCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas que exercem função predominante em
determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus associados em relações de dependência
econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que não-estatal. A
União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD
e, portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos
autorais de seus associados. A exclusão de sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla
defesa, do contraditório, ou do devido processo constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o
qual fica impossibilitado de perceber os direitos autorais relativos à execução de suas obras. A vedação
das garantias constitucionais do devido processo legal acaba por restringir a própria liberdade de exercício
profissional do sócio. O caráter público da atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo
associativo para o exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos
direitos fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º,
LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO”.
da personalidade. A cláusula geral é a dignidade da pessoa humana. Dignidade
da pessoa humana, portanto, é a cláusula geral da pessoa humana (CF; art. 1°;
III). É a âncora que dá sustentação e firmeza a todos os direitos da
personalidade. Logo será direito da personalidade tudo aquilo que for necessário
para garantir dignidade humana nas relações privadas.

- A dignidade se aplica nas relações privadas. Servirá como limite de atuação do


Estado e das relações dos privados.

> Conteúdo jurídico da dignidade da pessoa humana:

1. Integridade física e psíquica (lei 11.346/06);

2. Liberdade e igualdade (STF; ADIn 4277-DF)3 – união homoafetiva;

3
“EMENTA: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL
DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO.
CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO.
Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir
interpretação conforme à Constituição ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação.
2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA
HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A
PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM
AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA
SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE
É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo
das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, não se presta
como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da Constituição
Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de promover o bem de todos. Silêncio
normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana
norma geral negativa, segundo a qual o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está
juridicamente permitido. Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta emanação do
princípio da dignidade da pessoa humana: direito a autoestima no mais elevado ponto da consciência do
indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do preconceito para a proclamação
do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das
pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da intimidade e da privacidade
constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. 3. TRATAMENTO
CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO FAMÍLIA NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA
JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO
DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família,
base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em
seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou
informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A
Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão família, não limita sua formação a casais heteroafetivos
nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada que,
voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma
necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos
direitos fundamentais que a própria Constituição designa por intimidade e vida privada (inciso X do art.
5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido
3. Direito ao mínimo existencial/ direito ao patrimônio mínimo.

Momento aquisitivo do direito da personalidade

- O momento aquisitivo dos direito da personalidade é a concepção (nidação). O


nascituro possui direito da personalidade. O natimorto possui direitos da
personalidade (enunciado 1 da Jornada de direito civil)4. Os direitos da
personalidade do natimorto (nome, imagem e sepultura).

se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. Família como figura
central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da interpretação não-reducionista
do conceito de família como instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil.
Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo
como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribunal Federal para manter,
interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da coerência, o que passa pela
eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO
CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA
ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU
SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL
DOS CONCEITOS DE ENTIDADE FAMILIAR E FAMÍLIA. A referência constitucional à dualidade básica
homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não se perder a menor
oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no âmbito das sociedades
domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência patriarcal dos costumes
brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de
1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro.
Dispositivo que, ao utilizar da terminologia entidade familiar, não pretendeu diferenciá-la da família.
Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um
novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado entidade familiar como sinônimo perfeito
de família. A Constituição não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração
do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de proteção de um legítimo
interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub judice. Inexistência do
direito dos indivíduos heteroafetivos à sua não-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos.
Aplicabilidade do § 2º do art. 5º da Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não
expressamente listados na Constituição, emergem do regime e dos princípios por ela adotados, verbis: Os
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte. 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que os
Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso convergiram no particular entendimento
da impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união homoafetiva nas espécies de família
constitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre parceiros do mesmo sexo
como uma nova forma de entidade familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízo do
reconhecimento da imediata auto-aplicabilidade da Constituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO
CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA INTERPRETAÇÃO
CONFORME). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES.
Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do
Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de interpretação
conforme à Constituição. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o
reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família.
Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união
estável heteroafetiva”.
4
“A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da
personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”.
Obs.: O embrião laboratorial (enunciado 2 jornada de direito civil) 5, pelo
estabelecido no art. 5° da lei 11.105/05 (lei de biossegurança), deve ficar
guardado pelo médico no prazo de 3 anos; findo esse prazo, o casal pode
realizar uma nova fertilização ou, se este não tiver interesse, o embrião deve ser
descartado e encaminhado para pesquisas com células tronco. Este dispositivo
negou a personalidade ao embrião criogênico (STF; ADIn 3510/DF6).

5
“Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede
adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto
próprio”.
6
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANCA.
IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE
BIOSSEGURANCA). PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO
DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS
CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS
CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO DIREITO À SAÚDE
E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO
CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANCA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM
RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS
REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANCA. As "células-tronco
embrionárias" são células contidas num agrupamento de outras, encontradiças em cada embrião humano
de até 14 dias (outros cientistas reduzem esse tempo para a fase de blastocisto, ocorrente em torno de 5
dias depois da fecundação de um óvulo feminino por um espermatozoide masculino). Embriões a que se
chega por efeito de manipulação humana em ambiente extracorpóreo, porquanto produzidos
laboratorialmente ou "in vitro", e não espontaneamente ou "in vida". Não cabe ao Supremo Tribunal
Federal decidir sobre qual das duas formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa com
células-tronco adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza científico-
tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro, pois ambos são mutuamente
complementares. II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS
TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. A pesquisa científica com células-tronco
embrionárias, autorizada pela Lei nº 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e
traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes
degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais
progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral amiotrófica, as neuropatias e as
doenças do neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Biosseguranca não significou um desprezo ou
desapreço pelo embrião "in vitro", porém uma mais firme disposição para encurtar caminhos que possam
levar à superação do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o
seu preâmbulo qualifica "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já significa incorporar
o advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida
ou vida social em clima de transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais tramas
do acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade
que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões "in vitro", significa apreço e
reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e
da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco embrionárias (inviáveis
biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento aos que
se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade
(Ministro Celso de Mello). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREITOS
INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início
da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida
humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque
nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da "personalidade
condicional"). E quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias
individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz
destinatário dos direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade",
entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como
direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional hermeneuticamente significante de
transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa
humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas
ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o
embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa
humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biosseguranca ("in
vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam
possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem
factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo
variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana
anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é
um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição. IV - AS
PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. MATÉRIA ESTRANHA À PRESENTE
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a proposição de que toda gestação humana
principia com um embrião igualmente humano, claro, mas nem todo embrião humano desencadeia uma
gestação igualmente humana, em se tratando de experimento "in vitro". Situação em que deixam de
coincidir concepção e nascituro, pelo menos enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for introduzido
no colo do útero feminino. O modo de irromper em laboratório e permanecer confinado "in vitro" é, para
o embrião, insuscetível de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do reconhecimento de que o zigoto
assim extra corporalmente produzido e também extra corporalmente cultivado e armazenado é entidade
embrionária do ser humano. Não, porém, ser humano em estado de embrião. A Lei de Biosseguranca não
veicula autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele embrião. Eliminar ou desentranhar
esse ou aquele zigoto a caminho do endométrio, ou nele já fixado. Não se cuida de interromper gravidez
humana, pois dela aqui não se pode cogitar. A "controvérsia constitucional em exame não guarda
qualquer vinculação com o problema do aborto." (Ministro Celso de Mello). V - OS DIREITOS
FUNDAMENTAIS À AUTONOMIA DA VONTADE, AO PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. A
decisão por uma descendência ou filiação exprime um tipo de autonomia de vontade individual que a
própria Constituição rotula como "direito ao planejamento familiar", fundamentado este nos princípios
igualmente constitucionais da "dignidade da pessoa humana" e da "paternidade responsável". A
conjugação constitucional da laicidade do Estado e do primado da autonomia da vontade privada, nas
palavras do Ministro Joaquim Barbosa. A opção do casal por um processo "in vitro" de fecundação artificial
de óvulos é implícito direito de idêntica matriz constitucional, sem acarretar para esse casal o dever
jurídico do aproveitamento reprodutivo de todos os embriões eventualmente formados e que se revelem
geneticamente viáveis. O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana opera por modo binário,
o que propicia a base constitucional para um casal de adultos recorrer a técnicas de reprodução assistida
que incluam a fertilização artificial ou "in vitro". De uma parte, para aquinhoar o casal com o direito
público subjetivo à "liberdade" (preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como autonomia
de vontade. De outra banda, para contemplar os porvindouros componentes da unidade familiar, se por
eles optar o casal, com planejadas condições de bem-estar e assistência físico-afetiva (art. 226 da CF).
Mais exatamente, planejamento familiar que, "fruto da livre decisão do casal", é "fundado nos princípios
da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável" (§ 7º desse emblemático artigo
constitucional de nº 226). O recurso a processos de fertilização artificial não implica o dever da tentativa
de nidação no corpo da mulher de todos os óvulos afinal fecundados. Não existe tal dever (inciso II do art.
5º da CF), porque incompatível com o próprio instituto do "planejamento familiar" na citada perspectiva
da "paternidade responsável". Imposição, além do mais, que implicaria tratar o gênero feminino por
modo desumano ou degradante, em contrapasso ao direito fundamental que se lê no inciso II do art. 5º
da Constituição. Para que ao embrião "in vitro" fosse reconhecido o pleno direito à vida, necessário seria
reconhecer a ele o direito a um útero. Proposição não autorizada pela Constituição. VI - DIREITO À SAÚDE
COMO COROLÁRIO DO DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O § 4º do art. 199 da Constituição,
versante sobre pesquisas com substâncias humanas para fins terapêuticos, faz parte da seção normativa
dedicada à "SAÚDE" (Seção II do Capítulo II do Título VIII). Direito à saúde, positivado como um dos
Obs.: O embrião laboratorial pode titularizar ralações patrimoniais (CC; art.
1.798)7. O embrião pode receber herança ou legado, estando este ato
condicionado ao nascimento com vida.

Momento extintivo dos direitos da personalidade

- Extinguem-se os direitos da personalidade com a morte. O momento final dos


direitos da personalidade é o óbito do titular.

> Questões controversas sobre o término dos direitos da personalidade:

1. Sucessão processual (NCPC; art. 110)8 – ocorre quando o titular sofre


um dano ainda vivo, promove a ação e falece no curso do procedimento.

primeiros dos direitos sociais de natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro dos
direitos constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo constitucional de nº 194). Saúde que é
"direito de todos e dever do Estado" (caput do art. 196 da Constituição), garantida mediante ações e
serviços de pronto qualificados como "de relevância pública" (parte inicial do art. 197). A Lei de
Biosseguranca como instrumento de encontro do direito à saúde com a própria Ciência. No caso, ciências
médicas, biológicas e correlatas, diretamente postas pela Constituição a serviço desse bem inestimável
do indivíduo que é a sua própria higidez físico-mental. VII - O DIREITO CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE
EXPRESSÃO CIENTÍFICA E A LEI DE BIOSSEGURANCA COMO DENSIFICAÇÃO DESSA LIBERDADE. O termo
"ciência", enquanto atividade individual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais da pessoa
humana (inciso IX do art. 5º da CF). Liberdade de expressão que se afigura como clássico direito
constitucional-civil ou genuíno direito de personalidade. Por isso que exigente do máximo de proteção
jurídica, até como signo de vida coletiva civilizada. Tão qualificadora do indivíduo e da sociedade é essa
vocação para os misteres da Ciência que o Magno Texto Federal abre todo um autonomizado capítulo
para prestigiá-la por modo superlativo (capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O Estado
promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas" (art. 218,
caput) é de logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218) que autoriza a edição de
normas como a constante do art. 5º da Lei de Biosseguranca. A compatibilização da liberdade de
expressão científica com os deveres estatais de propulsão das ciências que sirvam à melhoria das
condições de vida para todos os indivíduos. Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a
Constituição Federal dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005 do necessário
fundamento para dele afastar qualquer invalidade jurídica (Ministra Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS
CAUTELAS E RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANCA NA CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biosseguranca caracteriza-se como regração legal a salvo da
mácula do açodamento, da insuficiência protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa,
filosófica e eticamente sensível como a da biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Trata-
se de um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de vida
humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biosseguranca não conceitua as categorias
mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus
textos, pois é de se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas com o significado
que elas portam no âmbito das ciências médicas e biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Afasta-se o
uso da técnica de "interpretação conforme" para a feitura de sentença de caráter aditivo que tencione
conferir à Lei de Biosseguranca exuberância regratória, ou restrições tendentes a inviabilizar as pesquisas
com células-tronco embrionárias. Inexistência dos pressupostos para a aplicação da técnica da
"interpretação conforme a Constituição", porquanto a norma impugnada não padece de polissemia ou de
plurissignificatidade. Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente”.
7
“Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”.
8
“Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á sucessão pelo seu espólio ou pelos seus
sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1° e 2°”.
Os herdeiros se habilitarão no processo e darão continuidade ao
procedimento iniciado.

Nesta situação, não houve transmissão de direito da personalidade, pois


se trata de uma questão meramente processual.

2. Transmissão do direito à reparação dos danos (CC; Art. 943) 9 –


caracteriza-se quando o titular sofre um dano à sua personalidade e
falece, posteriormente, sem promover a ação. Nesse caso, os herdeiros
do falecido podem promover a ação em nome do morto, reclamando
direito patrimoniais não requeridos em vida. Não há transmissão de direito
da personalidade. Só é possível aos herdeiros promover a ação em nome
do falecido se não houver prescrevido a pretensão.

3. Lesados indiretos (CC; art. 12; parágrafo único)10 – quando o dano


ocorre depois da morte do titular, atinge diretamente ao morto e, por isso,
não produzirá nenhum efeito jurídico. Todavia, além de atingir diretamente
o morto, o dano atingirá também os seus familiares vivos indiretamente.

Trata-se de caso típico de legitimidade ordinária, autônoma para o


processo porque os lesados indiretos pleiteiam em nome próprio um
direito próprio.

*Lesados indiretos:

a. Descendentes;

b. Ascendentes;

c. Colaterais até o 4° grau;

d. Cônjuge sobrevivente, companheiro sobrevivente (interpretação


conforme) e parceiro homoafetivo (ADIn 7247, STF).

STF; RE 477.554 – reconheceu o caráter exemplificativo do rol dos


lesados indiretos. Direito de afeto.

9
“O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”.
10
“Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
STJ; REsp. 521.697/RJ – em uma biografia do ex-jogador de futebol,
Garrincha, um jornalista afirmou que o jogador possuía uma condição
anatômica avantajada.

- é possível lesados indiretos em relação ao natimorto.

Obs.: de acordo com Cristiano Chaves, o rol dos lesados indiretos é


exemplificativo. Pois o fundamento desse rol é o afeto e não o vínculo
biológico. Ex.: enteado, namorada ou noiva.

ATENÇÃO: em se tratando de direito de imagem, o parágrafo único do


art. 20 do CC exclui dos lesados indiretos o colateral até o quarto grau.

Direito da personalidade e liberdades públicas

- Os direitos da personalidade constituem aquilo que é necessário para se ter


uma vida digna nas relações privadas. Proteção da dignidade nas relações
privadas.

- A concretização dos direitos da personalidade pode exigir condutas positivas


ou negativas do Estado. Para dar efetividade aos direitos da personalidade,
eventualmente são impostas obrigações ao Estado (positivas ou negativas).

- As obrigações impostas ao poder público são as liberdade públicas.

Exemplo: o direito de locomoção – o qual é um direito da personalidade – pode


exigir uma conduta do Estado (Habeas Corpus).

Fontes dos direitos da personalidade

- Fonte significa origem, ou seja, é o nascedouro dos direitos da personalidade.


Duas teses se apresentam:

A) Maria Helena Diniz e Pablo Stolze afirmam que a fonte dos direito da
personalidade é o jusnaturalismo. Os direito da personalidade advêm de
uma ordem anterior ao sistema jurídico. Ex.: julgamento de Nuremberg;

B) Cristiano Chaves, Pontes de Miranda, Gustavo Tepedino, entre outros


afirmam que os direitos da personalidade não são naturais, mas são
positivistas. Não é a ordem preconcebida, mas o próprio ordenamento
jurídico que garantem. Se os direito da personalidade fossem naturais,
não poderia haver exceções. O ordenamento jurídico permite a pena de
morte em tempo de guerra por opção jurídico. Se os direitos da
personalidade fossem naturais, eles seriam universais. Os direitos
autorais, por exemplo, não são inatos, porém garantidos juridicamente.

Direitos da personalidade da pessoa jurídica (art. 52, CC) – “Aplica-se às


pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade”.

- A pessoa jurídica não dispõe de direitos da personalidade, posto que não existe
dignidade da pessoa jurídica. Os direitos da personalidade constituem uma
categoria criada pelo homem e para o homem.

Enunciado 286 da jornada de direito civil 11 – as pessoas jurídicas não dispõem


de direitos da personalidade.

- O art. 52 do CC reconhece que a pessoa jurídica não dispõe de direitos da


personalidade. Mesmo não dispondo, as pessoas jurídicas merecem a mesma
proteção que deles decorre.

- A expressão “no que couber” indica aquilo que a falta de estrutura


biopsicológica da pessoa jurídica permitir realizar.

STJ, súmula 227 (atributo de elasticidade dos direitos da personalidade) – a


pessoa jurídica pode sofrer dano moral, NO QUE COUBER.

Características dos direitos da personalidade

(Art. 11, CC)12 – os direitos da personalidade admitem restrição voluntária nos


casos previstos em lei (autonomia privada).

* Intransmissibilidade

* Irrenunciabilidade

* Indisponibilidade relativa – admitem restrição voluntária

11
“Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua
dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos”.

12
“Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”.
> Limites aos atos de disposição de direitos da personalidade:

1) não pode ser permanente. Todo ato de disposição é


limitado no tempo;

2) não pode ser genérico. O ato de disposição dos direitos


da personalidade é sempre específico;

3) não pode violar a dignidade do titular, mesmo que ele


consinta.

Enunciado 4 da jornada de direito civil – reconhecimento de


limites aos atos de disposição.

- Outras características dos direitos da personalidade:

a. Absolutos – oponíveis erga omnes;

b. Inatos à condição humana;

c. Extrapatrimoniais – não possuem conteúdo econômico. Uma vez


violados, geram consequências econômicas;

d. Impenhoráveis;

e. Vitalícios – se extinguem com o titular. Os direitos da personalidade são


vitalícios e não perpétuos, uma vez que não se transmitem com a morte
do titular.

f. Imprescritíveis – não há prazo extintível para sua proteção. A


indenização que pode decorrer dos direitos da personalidade prescrevem
em 3 (três) anos (CC, art. 189). O prazo começa a fluir da data da lesão
do direito. A doutrina construiu a teoria da actio nata.

Sumula 278, STJ13 – os prazos prescricionais só podem começar a fluir a


partir da data do conhecimento.

13 “O termo inicial
do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência
inequívoca da incapacidade laboral”.
STJ, AgRg 970.753/MG14 = no julgamento desse recurso, uma tese
diferente foi consagrada. O direito à indenização decorrente de tortura não
prescreve.

Proteção dos direitos da personalidade (tutela jurídica) – (CC, art. 12, caput)
– “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei”.

- O binômio lesão-sanção do código civil de 1916 era insuficiente, pois era


extremamente patrimonial. O art. 12 do CC consagrou uma nova sistemática de
proteção. Estabeleceu um binômio protetivo preventivo e compensatório sem
prejuízos.

> A tutela preventiva se dá através de tutela específica.

> A tutela compensatória se dá através de indenização por dano moral.

A) Tutela preventiva dos direitos da personalidade – é a decisão adequada para


um caso concreto. Na tutela específica, o juiz adotará a providência que se
mostre necessária para a obtenção do resultado prático equivalente. Qual é a
tutela necessária?

14
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PRISÃO ILEGAL E TORTURA DURANTE O
PERÍODO MILITAR. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL PREVISTA NO ART. 1º DO DECRETO 20.910/32. NÃO-
OCORRÊNCIA. IMPRESCRITIBILIDADE DE PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DURANTE O PERÍODO DA DITADURA MILITAR. RECURSO INCAPAZ
DE INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. São imprescritíveis
as ações de reparação de dano ajuizadas em decorrência de perseguição, tortura e prisão, por motivos
políticos, durante o Regime Militar, afastando, por conseguinte, a prescrição quinquenal prevista no art.
1º do Decreto 20.910/32. Isso, porque as referidas ações referem-se a período em que a ordem jurídica
foi desconsiderada, com legislação de exceção, havendo, sem dúvida, incontáveis abusos e violações dos
direitos fundamentais, mormente do direito à dignidade da pessoa humana. 2. "Não há falar em
prescrição da pretensão de se implementar um dos pilares da República, máxime porque a Constituição
não estipulou lapso prescricional ao direito de agir, correspondente ao direito inalienável à dignidade"
(REsp 816.209/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 3.9.2007). 3. "No que diz respeito à prescrição, já
pontuou esta Corte que a prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/32 não se
aplica aos danos morais decorrentes de violação de direitos da personalidade, que são imprescritíveis,
máxime quando se fala da época do Regime Militar, quando os jurisdicionados não podiam buscar a
contento as suas pretensões" (REsp 1.002.009/PE, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de
21.2.2008). 4. Agravo regimental desprovido”.
Tutela inibitória, sub-rogatória, remoção do ilícito, entre outras. O rol de
possibilidades da tutela específica é exemplificativo. É a providência
necessária. Enunciado 14015 da jornada de direito civil.

* Todas as providências a título de tutela específica podem ser


concedidas, ampliadas, reduzidas, substituídas e revogadas de ofício até
encontrar a tutela específica.

- Mandado de distanciamento (restrição do direito de locomoção ou do


direito de ir e vir): proteção da integridade física e psíquica nas ações de
separação de corpos.

- Prisão civil.

B) Tutela compensatória dos direito da personalidade – se dá através da


indenização por dano moral.

O dano moral não se confunde com o sentimento negativo, nem com o


aborrecimento. O dano moral possui uma concretização técnica. Dano
moral é a violação ao direito da personalidade. A prova do dano moral se
submete a critério objetivo. A prova do dano moral é in re ipsa (ínsita no
próprio fato).

Para a quantificação do dano, o juiz levará em conta a repercussão


subjetiva. O rol das hipóteses de dano moral são exemplificativas. Dano
moral, em última análise, é a violação da dignidade humana.

Súmula 37, STJ = o dano moral é cumulável com o dano material. Ex.:
indenização por morte de parente (CC, art. 948).

É possível a cumulação de dano moral com dano moral, bem como de


dano moral com dano estético (STJ, súmula 383).

* A cada bem jurídico personalíssimo violado decorrerá uma indenização.

* O juiz não pode dar de ofício a tutela compensatória.

15
“A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício,
enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo”.
* A indenização por dano moral não possui natureza reparatória, mas
compensatória. A condição econômica e social da vítima interessa na
quantificação.

Punitive damage – natureza punitiva do dano moral. O ordenamento


jurídico brasileiro não admite.

> Finalidade pedagógica da indenização por dano moral – ao fixar o


quantum reparatório, o juiz deve levar em conta a punição do agente.

* Processualmente não há dúvidas de que a fixação de indenização por


dano moral é uma questão fática. (STJ; súmula 7) – não se admitia
recurso especial para se discutir o quantum reparatório. Porém essa
súmula não vale mais. Logo, admite-se recurso especial para se discutir
o quantum reparatório.

- (STJ, REsp 202.56416 – dano material) = Dano moral contratual –


existem casos em que o inadimplemento contratual pode gerar dano
moral quando violar a dignidade do contratante. O dano moral contratual
tem natureza extracontratual.

Dano moral difuso – atinge à coletividade como um todo.

Dano moral coletivo – atinge uma categoria jurídica específica.

- todo dano moral difuso ou coletivo tem de ser requerido por meio de
ação civil pública e a liquidação e execução serão difusas ou coletivas.
Nem toda ação civil pública em que se discute dano moral dirá respeito à
dano moral difuso ou coletivo. Dano individual homogêneo.

16
“EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE AUTOR. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. DANO
MORAL. INOCORRÊNCIA EM REGRA. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL NÃO CARACTERIZADA. PRESCRIÇÃO.
TERMO INICIAL. CAUTELAR DE ANTECIPAÇÃO DE PROVA.EFEITO INTERRUPTIVO. MEDIDA PREPARATÓRIA
DE AÇÃO INDENIZATÓRIA. CPC, ARTS. 219 E 846. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - O
inadimplemento do contrato, por si só, pode acarretar danos materiais e indenização por perdas e danos,
mas, em regra, não dá margem ao dano moral, que pressupõe ofensa anormal à personalidade. Embora
a inobservância das cláusulas contratuais por uma das partes possa trazer desconforto ao outro
contratante - e normalmente o traz - trata-se, em princípio, do desconforto a que todos podem estar
sujeitos, pela própria vida em sociedade. Com efeito, a dificuldade financeira, ou a quebra da expectativa
de receber valores contratados, não tomam a dimensão de constranger a honra ou a intimidade,
ressalvadas situações excepcionais. II - Na sistemática do Código de Processo Civil de 1973, a cautelar de
antecipação de prova interrompe a prescrição quando se tratar de medida preparatória de outra ação,
tornando inaplicável, nesses casos, o verbete sumular nº 154/STF, editado sob a égide do CPC/1939”.
Direitos da personalidade das pessoas públicas

- Relativização dos direitos da personalidade – desde que não haja desvio de


finalidade, aplica-se a proteção. A personalidade é flexibilizada em razão do
ofício ou profissão.

Classificação dos direito da personalidade

- Critério classificatório do código civil:

Integridade física (corpo);

Integridade psíquica (alma) – valores imateriais;

Integridade intelectual (intelecto) – proveniente da inteligência humana.

Direito ao corpo vivo (CC, art. 13) –

“Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio


corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física,
ou contrariar os bons costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial”.

- proteção da integridade física da pessoa humana. Toda e qualquer violação ao


corpo vivo constitui dano estético. Não se exigem sequelas permanentes (STJ;
REsp 575.576/PR).

- O conceito de integridade física abrange não apenas o corpo como um todo,


mas também partes do corpo humano eventualmente separadas.

- O embrião preparado em laboratório pertence à mulher. Se já houve


concepção, o homem não dispõe mais do seu esperma.

- Atos de disposição do corpo: o titular pode dispor livremente do seu corpo,


desde que não gere diminuição permanente da integridade física.

Exceção: atos de disposição corporal com redução permanente da integridade


física só por exigência médica.

> Cirurgia de transgenitalização


(CFM, Res. 1.955/10) – o transsexualismo é patológico.

- o transexual fará 2 (dois) anos de tratamento psicológico. Se não surtir


efeitos, a cirurgia de mudança de sexo será realizada;

- Feita a adequação de sexo, o transexual terá direito de mudar o seu


nome e o estado sexual sem qualquer referência ao estado anterior para
garantir a privacidade. Não se indica a razão da mudança.

- Hipoteticamente (CC, art. 1.557), pode ser caso de anulação de


casamento por erro.

- A professora Maria Berenice Dias entende que o direito à mudança do


nome e do estado sexual independe de cirurgia.

Obs.: Intersexual – se for registrado com sexo distinto, o registro será


retificado (art. 109, LRP) = vara de registros público

> Barriga de aluguel (gestação em útero alheio)

- (Res. 1.957/10, CFM): é possível realizar barriga de aluguel.

- Requisitos:

1. As pessoas envolvidas sejam da mesma família. Se as mulheres


envolvidas não forem da mesma família, somente pode ser realizado com
autorização judicial;

2. Comprovação da impossibilidade gestacional da mão biológica;

3. Gratuidade.

O filho será da mãe biológica, obviamente.

Direito ao corpo morto (CC, art. 14, caput) – “É válida, com objetivo
científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte”.

- O titular pode dispor do seu corpo no todo ou em parte para depois da morte.

- Testamento vital (living will) – escolher a morte. O indivíduo prefere morrer a


viver em determinadas circunstâncias. É proibido no Brasil.
Transplantes (lei 9.437/97) em vida e por morte.

1) Transplante entre vivo:

- Gratuidade;

- Que as pessoas envolvidas sejam da mesma família. Se não, autorização


do MP;

- O objeto só pode ser órgão dúplice ou regenerável;

- Intervenção do MP: antes da realização da cirurgia, o médico é obrigado a


comunicar ao MP.

Essas regras não submetem a doação de sangue, medula óssea, sêmen,


leite materno, óvulo, mas devem ser gratuitos.

2) Transplante por morte:

- Gratuidade;

- Possibilidade de aproveitamento de todos os órgãos;

- Respeito à fila (critério de emergência) = princípio da universalização da


saúde;

Obs.: o art. 6° da lei 9.43417 impede a retirada de órgãos, para fins de


transplantes, de pessoas que morrem como indigentes. O corpo dele pode
servir como objeto de pesquisa.

Obs.: é necessário o consentimento da família para retirada de órgãos após


a morte, se o morto não tiver disposto em vida. Enunciado 277 da jornada de
direito civil18. Todavia a doutrina majoritária entende que toda doação após a
morte depende de autorização dos familiares.

17
“É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não identificadas”.
18
“O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo
científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de
órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n.
9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador”.
Autonomia do paciente (consentimento informado) (CC, art. 15) – “Ninguém
pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica”.

- Ninguém pode ser obrigado ou compelido a se submeter a tratamento médico


ou intervenção cirúrgica contra a sua vontade. O paciente é sempre o sujeito e
nunca o objeto do tratamento.

- Possibilidade de responsabilização civil do médico por violação do dever de


informação. Boa-fé objetiva. Informação dada ao paciente ou à família.

- Proibição de internação forçada. Toda internação médica depende da vontade


do paciente. A exceção é quando houver interesse decorrente de saúde pública.

Nome civil (CC; arts. 16 a 19)

- Nome: espécie de etiqueta colocada nas pessoas após o nascimento com vida.
No Brasil, nome é um direito da personalidade.

- Os pais apenas indicam o nome. No primeiro ano após a aquisição da


maioridade civil ou emancipação, o titular pode imotivadamente modificar o seu
nome. Transcorrido o prazo, a escolha é tácita. A mudança do nome pode ser
realizada desde que não prejudique a origem familiar.

- Se o oficial entender que o nome viola a dignidade, ele pode se recusar a


efetuar o registro.

- Procedimento de dúvida (LRP; arts. 198 e 203): procedimento administrativo


iniciado pelo próprio oficial quando houver conflito. O procedimento é presidido
pelo juiz. Formaliza o contraditório, ouve o MP e, em seguida, profere sentença
dirimindo a dúvida. Contra a sentença cabe apelação. Podem apelar o particular
e o MP.

- Dúvida inversa: provocada pelo particular.

> Elementos componentes do nome (art. 16, CC)19:

19
“Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
- Prenome: pessoas (simples ou duplo) = gêmeos com o mesmo nome
devem possuir nomes duplos diferenciadores;

- Sobrenome (patronímico): origem familiar;

- Agnome (eventual): partícula diferenciadores (júnior, neto, terceiro);

- Títulos;

- Pseudônimo (heterônimo/cognome): nome utilizado para atividades


profissionais. (Art. 19, CC)20 – não integra o nome, mas merece a mesma
proteção.

Obs.: o pseudônimo não pode ser confundido com o hipocorístico =


apelido notório que serve para identificar alguém pessoal e
profissionalmente.

- A tutela jurídica do nome é autônoma e independente. É independente dos


outros direitos da personalidade.

> Princípio da imutabilidade relativa do nome: o nome pode ser modificado nos
casos previstos em lei ou em outras hipóteses em que se reconheça
judicialmente justo motivo.

1) Casos previstos em lei:

- Adoção (art. 47, ECA) = a mudança do sobrenome é obrigatória e


a mudança do prenome é facultativa. Se o adotando tem mais de
12 (doze) anos, exige-se o seu consentimento;

- Acréscimo de sobrenome de padrasto ou madrasta (lei 11.924/09)


= consentimento do padrasto ou madrasta + decisão judicial;

- Casamento e união estável: todos estão permitidos a mudar o


nome. Se o casamento terminar, a regra é que aquele que mudou
o nome permaneça com ele.

(CC, art. 1.578) – o cônjuge só perde o nome se for declarado


culpado e não houver prejuízo para a identificação.

20
“O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome”.
2) Casos não previstos em lei:

- Viuvez;

- Abandono afetivo: nesse caso, o filho pode retirar o sobrenome


dos pais;

- Divórcio dos pais com mudança de nome.

Direito à imagem (CC, art. 20, caput) – “Salvo se autorizadas, ou se


necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a
fins comerciais”.

- Direito à identificação

- Imagem:

* Retrato – características fisionômicas;

* Atributo – características psicológicas (imateriais);

* Voz – timbre sonoro identificador.

- O direito à imagem é autônomo, ou seja, para que ser violado, não é necessário
dano à honra ou à privacidade.

- Relativização do direito à imagem (mitigação):

1) Função social da imagem (art. 20, CC) – possibilidade de utilização de


imagem alheia quando necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública;

2) Pessoas públicas;

3) Pessoas que estão em lugar público (STJ; REsp 595.600/SC) – foto do


local;

4) Consentimento do titular (expresso ou tácito).


Direito à privacidade (CC, art. 21); (CF; art. 5°; XII).

- São as informações que pertencem ao titular;

Teoria dos círculos concêntricos:

Privacidade

Segredo

Intimidade

- O segredo pode ser compartilhado em nome do interesse público;

- A intimidade pertence ao titular e a mais ninguém.

Obs.: nem toda informação privada é íntima, mas toda informação íntima
é privada.

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