Você está na página 1de 69

Guia da

Pré-Safra
como se preparar para
seu próximo cultivo

REALIZAÇÃO
Básico Intermediário Avançado
Para quem está come- Esse Ebook é feito para Estes materiais serão
çando a se envolver ajudar produtores ru- bem mais complexo e
com a agricultura. A rais no período que profundos, o que requer
abordagem será mais antecede a safra, para que você já possua um
superficial com expli- que estejam totalmen- conhecimento bastan-
cação de conceitos bá- te preparados para os te significativo da área.
sicos. Estes materiais próximos cultivos . Por- Serão conteúdos espe-
serão de conteúdos in- tanto, os agricultores cíficos para quem quer
trodutórios. já estão familiarizados avançar ainda mais na
com os temas da agri- carreira profissional.
cultura. Aqui explica-
mos e ensinamos com
maior aprofundamento
nos assuntos. Devido a
tudo isso, esse Ebook é
considerado de nível in-
termediário.
SOBRE OS AUTORES

Antônio Brasil
Analista de Comunicação e Marketing - AEGRO

José Luiz Zuliani Jr.


Analista de Comunicação e Marketing - InCeres

Lucivaldo Lopes
Assistente de Marketing - InCeres

Maiara Maria Franzoni


Engenheira Agrônoma - AEGRO

Maikon Schiessl
Analista de Marketing - AEGRO

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 2


Sobre o Ebook
O “Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu
próximo cultivo” é totalmente interativo!
Aqui você vai encontrar links para outros sites,
textos ou materiais para saber ainda mais sobre
um assunto específico. Os links aparecerão des-
se jeito aqui.
Você também pode clicar em um tópico do índi-
ce que mais lhe interessa e assim ir para a parte
do Ebook em que tratamos desse assunto.
Fique à vontade também para dar zoom e poder
visualizar melhor as informações.
Boa Leitura!

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 3


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
SEGREDOS DA ALTA
PRODUTIVIDADE
p.6

CAPÍTULO 2
MANEJO DE PLANTAS
DANINHAS
p.16

CAPÍTULO 3
MANEJO DE
PRAGAS
p.27

CAPÍTULO 4
MANEJO DE
DOENçAS
p.37

CAPÍTULO 5
COMPRA DE
INSUMOS
p.48

CAPÍTULO 6
AGRICULTURA
DIGITAL
p.59
INTRODUÇÃO
Planejar a próxima safra em cima da máquina, colhendo a
safra atual, é algo que admiramos muito nos produtores bra-
sileiros. É muita coisa para pensar e pouco tempo para fazer.
Devido a isso, realizamos entre 05 e 10 de Março de 2018 a
“Semana da Pré-Safra”, com vários especialistas em 6 dias
de palestras online (webinares).
Inspirados nessa íncrivel “Semana da Pré-Safra”, fizemos esse
Ebook para te ajudar na preparação de seu próximo cultivo. A
Pré-Safra é o momento que antecede a cultura e, por isso, é
nesse período que precisamos estar atentos e planejar.
Aqui você vai aprender como fazer esse planejamento através
dos principais pontos que devemos nos atentar na Pré-Safra:
Os segredos da alta produtividade: dicas essenciais para
sua eficiência;
Manejo de plantas daninhas: o que fazer antes ou no iní-
cio da safra para controlar;
Manejo de pragas: esteja preparado para combatê-las;
Manejo de doenças: como manejar corretamente;
Compra de insumos: o que você precisa saber para fazer
sua lista de compras ;
Agricultura digital: como a tecnologia lhe ajuda a obter
alta rentabilidade.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 5


CAPÍTULO 1

Segredos
da alta
produtividade

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 6


Segredos da Alta
Produtividade

Para a obtenção de altas produtividades devemos nos atentar a nutrição


da cultura.
Se você acha que o crescimento vegetativo e nutrição de plantas é com-
plicado, saiba que isso pode ser simples conforme verá aqui.
A composição de grãos de soja, por exemplo, contém 6% de nitrogênio
(N) e 5% da soma de todos os elementos (cálcio, magnésio, etc). O res-
tante (89%) é composto por carbono, oxigênio e hidrogênio, os quais são
provenientes da fotossíntese.
É desse jeito que você percebe a importância do nitrogênio na soja! E,
consequentemente, a importância da nodulação dos fixadores de nitro-
gênio, já que são esses micro-organismos que fornecem o N para a cul-
tura de soja.
São as folhas que alimentam os grãos. Por Tenha em men-
isso, soja de alta rendimento tem bem distri-
buída na planta 3 legumes de 3 grãos e uma fo- te que a cultura
lha sadia que termina de encher esses grãos. “bebe” nutriente
A fase de enchimento de grãos é muito im- todos os dias. O
portante. O mesmo número de grãos pode ter “cocho” de alimen-
mais peso devido ao enchimento realizado de
forma adequada. Diante disso, precisamos tação é o solo.
de folhas sadias e bem nutridas até R6 para a
soja conseguir completar seu ciclo e encher os grãos.
Tenha em mente que a cultura “bebe” nutriente todos os dias. O “cocho”
de alimentação é o solo.
E para isso, a planta precisa de muita raiz. Para extrair água e nitrogênio
(N) é preciso 1 cm de raiz por cm³ de solo, enquanto que para fósforo é
preciso de 5 cm de raiz por cm³ de solo. Ou seja, são quilômetros de raízes.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 7


Desafios para alta
produtividade
Temos dois grandes desafios: reduzir o trânsito de máquinas para não
compactar o solo e melhorar estrutura do solo.
A superação desses desafios é obtida com um bom planejamento agrí-
cola, o que permite o uso consciente das aplicações de defensivos agrí-
colas, com rotas mais eficientes dentro da lavoura e que assim reduza o
trânsito de maquinários.
A adubação verde também é essencial para criar estrutura de solo que
seja como uma esponja: solo com poros que drenam a água quando cho-
ve demais (macroporos) e com poros que guardam a água quando for
período de estiagem (microporos).
A integração lavoura-pecuária é outra ótima forma de melhorar a estrutu-
ra do solo e produtividade. Repare que após cortar o pasto essas plantas
precisam criar mais raízes para continuar se desenvolvendo, e é isso que
melhora a estrutura. Assim, é preciso fazer um processo de adubação
verde e rotação de culturas, que se bem manejado é rentável.
Precisamos também ajustar população de gado
para que ele se alimente melhor e não pre-
cise caminhar tanto nos mesmos locais,
não compactando o solo. Adubar o pasto Lembre-se tam-
é outro fator importante da integração, bém que pasto deve
permitindo produzir mais palha e raiz. ser sinônimo de di-
versidade de espécies:
não use só uma espé-
cie de pasto.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 8


Distribuição de plantas
A distribuição de plantas por m² também define a produtividade. Com
toda tecnologia embarcada na semente - mais o tratamento de semen-
tes - cada uma resulta em um custo médio de R$ 11,20 por hectare. Fica
claro que não há mais espaço para uma cultura sem planejamento e com
sementes abaixo de 95% de germinação.

Cada cultivar tem seu espaçamento, mas


em geral os cultivares de ciclo curto (100 100 dias
dias) é recomendado espaçamento entreli- 25-33cm

nhas de 25 a 33 cm, enquanto cultivares de 0 10 20 30 40 50

ciclo longo (120 dias) o espaçamento fica


de 45 a 50 cm. 120 DIAS
45-50cm
Sem dúvida é necessário qualidade de se- 0 10 20 30 40 50
meadura. Do ponto de vista de interceptação
de radiação solar e de ocupação de espaço
para extrair água e nutrientes, o espaçamento de plantas pode variar com
o cultivar (arquitetura e tamanho de planta), mas de modo geral a cada 10
cm devemos ter uma planta. Se não tivermos, perdemos produção.
Isso porque cada planta de soja produz em média 18 g de grãos, o que re-
sulta em 180 Kg por hectare (3 sacas
de soja). Assim, se falhar duas plan-
Saiba mais tas já perdemos 6 sacas de soja por
hectare.
Como saber seu custo Se atente a proteção de plantas, já que
de produção agrícola insetos também pode causar falhas
Webinar: Como conquis- na lavoura, como o ataque da lagar-
tar uma produtividade ta-elasmo. Além disso, o manejo ade-
campeã no campo? quado de plantas daninhas e doenças
é essencial para proteger a produtivi-
dade.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 9


O grande segredo
Você pode ter reparado que todas essas dicas que influen-
ciam diretamente da produtividade da lavoura são relaciona-
das ao manejo. E o manejo é feito por pessoas.
No fundo, colhemos conhecimento, habilidade e atitude. Co-
nhecimento para saber o que deve ser feito, habilidade para
fazer e a atitude de fazer tudo bem feito.
O grande investimento tem que ser em conhecimento e pla-
nejamento para produzir e manejar melhor e depois prote-
ger para garantir essa produção e rentabilidade.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 10


O espectador
pergunta

Dirceu Gassen
responde
•••
Qual o provável motivo do abortamento de vagens de soja na última safra?
Estresses tem consequências diretas na queda de legumes, já que a plan-
ta prioriza sua sobrevivência. Isso é relacionado a fonte e dreno da planta
(fonte de fotoassimilados e dreno que são folhas mais velhas e os legu-
mes), quando ocorre estresse nessa ligação e a planta vai fazer o aborta-
mento de legumes.

•••
O que fazer para obter maior eficiência na semeadura?
Devemos pensar como planta e entender a lógica da planta, compreen-
dendo que as falhas na semeadura ou plantio agrupado resultam sempre
em competição entre elas ou perdem espaço de energia solar e água
com nutrientes.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 11


Como observamos o vigor da semente em campo?
Vigor é a capacidade da semente em desenvolver uma plântula na su-
perfície e que produz o primeiro e segundo trifólio da soja. Para fazer um
teste de vigor podemos pegar uma quantidade conhecida de sementes e
semeá-las em profundidade maior (por volta de 6 cm), molhar bem o solo
e depois observar quantas dessas sementes tiveram vigor.

•••
É melhor a quebra de dominância apical na soja via química ou mecânica?
A via química é feita por 2,4D e afins, mas a soja não tem a mesma lógi-
ca que algodão e algumas variedades de trigo, em que é realizado essa
prática. Esses produtos irão prejudicar as folhas de soja que foram atingi-
das por eles, resultando em perda dos grãos daqueles nós. Enquanto que
na via mecânica vamos perder os grãos com maior qualidade. O melhor
mesmo é escolher bem os cultivares e a distribuição de plantas. Nossos
cultivares tem crescido demasiadamente, e um dos principais motivos é
a genética, ou seja, temos que repensar a escolha de cultivares.

•••
Qual sua opinião sobre soja agrupada?
A unidade de produção de soja é uma planta. Em plantio agrupado uma
planta fará sombra sobre a outra, além de que 3 plantas juntas compe-
tem por água e nutrientes. A distribuição das plantas de soja tem que ser
equidistantes e de acordo com arquitetura de cada cultivar.

•••
Qual é a área foliar ideal de soja e como fazer essa medição?
A área foliar ideal é 4:1, ou seja, 4m² de área foliar para cada m². Para me-
dir isso, tenha o comprimento e largura da folha. O ajuste para formato da
folha é feito descontando 30% do comprimento multiplicado pela largura.
Multiplique esse valor pelo número de folíolos, no caso da soja são três
folíolos. Multiplique pelo n° de folhas por planta e número de plantas por
m², resultando na área foliar em 1 m².

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 12


Em média, qual a porcentagem de área foliar que pode ser perdida por ata-
que de insetos sem afetar a produtividade de soja?
Se tenho uma planta ajustada para máxima produção, não há espaço para
perder essa produção. Especialmente até R6, já que essas folhas enchem
os grãos.

•••
Qual a importância do enxofre para alcançar alta produtividade?
Precisamos de uma nutrição equilibrada, com macro e micronutrientes.
Devemos disponibilizar todos esses nutrientes para alta produção da soja
por meio de uma boa estrutura de solo e matéria orgânica.

•••
O fornecimento de muito fósforo via
sulco de semeadura pode favorecer o
crescimento vegetativo?
Estudos indicam que vale a pena apli-
car fósforo e enxofre no sulco de seme-
adura para o arranque inicial da planta
de soja e estabelecimento de rizóbios,
os quais fixam nitrogênio.

•••
A aplicação de nutrientes via foliar é
viável?
É viável, mas o solo é a base da nutri-
ção. Adubações foliares são para es-
tratégias de estímulo para crescimen-
to da planta.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 13


Existe viabilidade em rotacionar as culturas de soja e arroz? É viável culti-
vá-las na várzea?
Existe viabilidade desde que seja feito uma ou até duas adubações ver-
des entre a cultura do arroz e a cultura da soja. É importante que essa
prática seja feita com diversidade de espécies de adubo verde, que vão
estruturar o solo com suas raízes, possibilitando adequada aeração para
soja, especialmente para possibilitar sua apropriada nodulação.

•••
Qual relação entre clima e crescimento excessivo de soja?
O clima afeta o crescimento, mas com mesmo clima temos variedades
que crescem demais e que crescem menos. A principal variável que in-
fluencia um crescimento exagerado é a variável genética. O clima é uma
variável sem controle e difícil de prever, por isso precisamos eleger as
variedades adequadas em distribuição correta.

•••
Como melhorar o manejo para descompactação do solo no milho para si-
lagem?
O problema da compactação de solos em área para milho silagem é o
trânsito de máquinas para colher essa silagem. É importante tentar re-
duzir o que puder no trânsito de máquinas, e não transitar quando o solo
estiver molhado.

•••
Quais espécies usar para adubação verde a fim de descompactar o solo?
Espécies que crescem bem na sua região, porque estão totalmente adap-
tadas a esse tipo de solo, clima, pragas, etc. Mas sempre é importante
alternar as espécies, até mesmo fazer a mistura de 5 espécies em cada
área, o que vai preparar o solo para cultura principal de geração de renda.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 14


Qual sua opinião sobre manejo fisiológico com bioestimulantes e em qual
fase é mais eficiente?
Isso funciona na planta, mas é fundamental lembrar que a planta não tira
do solo aquilo que ele não tem. Uma planta bem nutrida e com boa estru-
tura de solo produzirá defesas e estimulantes que precisa. Usar os bioes-
timulantes sem corrigir o solo e sua estrutura resultará em frustrações.

WEBINAR

Semana da Pré-Safra:

Veja aqui nossa con-


versa com Dirceu Gas-
sen sobre obtenção de
altas produtividades na
lavoura.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 15


CAPÍTULO 2

MANEJO DE
PLANTAS
DANINHAS

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 16


Manejo de Plantas
Daninhas
Como está o controle de plantas daninhas “Começar no lim-
da sua lavoura para a sua safra?
po” é garantia de
“Começar no limpo” é garantia de vantagem
competitiva da cultura, sendo o primeiro
vantagem compe-
passo para um bom manejo. titiva da cultura,
Caso contrário, a ocorrência de elevada po- sendo o primeiro
pulação de plantas daninhas logo no início passo para um
do desenvolvimento da cultura pode resul- bom manejo.
tar em grandes perdas de produção.

Dessecação
Na dessecação podem ser utilizados herbicidas dessecantes associados
a herbicidas residuais.
Dessa forma, em uma única operação, são feitas a dessecação e a aplica-
ção do herbicida residual (ou pré-emergente), que terá o papel de manter
a cultura sem invasoras durante a parte inicial do seu ciclo.
Por isso, é importante ter conhecimento do seu campo e fazer o planeja-
mento agrícola. Assim, essas estratégias podem ser pensadas anterior-
mente, contribuindo para economia de recursos sem perda de produção.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 17


Controle de plantas
daninhas em milho
Você pode pensar que para o controle de plantas daninhas em milho,
especialmente o milho feito em 2ª safra (safrinha), não é recomendado
fazer grandes investimentos.
Isso até pode ser verdade, mas algum controle é preciso realizar. Com um
bom planejamento, e por meio das dicas a seguir, você consegue fazer
um bom controle sem grandes problemas (inclusive os financeiros).

V2 V7
% da produção potencial (testemunha)

120

10

80
% da produção
potencial 60
(testemunha)
40

20

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

DAE
DAE

Na figura V2 a V7 corresponde ao período crítico de prevenção a interfe-


rência de plantas na cultura de milho, sendo indicado a aplicação de her-
bicidas nesse intervalo.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 18


CONTROLE EM

pré-emergência pós-emergência
A atrazina é um excelente produto É claro que o glifosato é o herbicida
para plantas daninhas de folhas lar- mais utilizado em pós-emergência
gas e gramíneas na cultura do milho, em milho tolerante a esse herbicida.
além de ótimo efeito residual, garan- Mas a associação com outros her-
tindo o controle por pelo menos dois bicidas é essencial para não sele-
meses nas doses adequadas. cionar biótipos de plantas daninhas
resistentes ao glifosato.
A dose de atrazina é por volta de 3
L/ha , com o máximo de 4 L/ha para Assim temos novamente a atrazina,
solos mais argilosos. especialmente no controle de plan-
tas com folhas largas, a aplicação de
Para aplicação em pré-emergência mesotrione+atrazina no estádio V2
no milho é recomendado a atrazina dessa cultura (pós-emergência ini-
+ s-metolachlor. O s-metolachlor em cial), mostra eficiência no controle.
associação com atrazina asseguram
o controle de gramíneas na área. Se atente para a mistura da atrazi-
na com glifosato, já que a atrazina
A aplicação de amicarbazone em interfere negativamente na ação
pré-emergente é muito eficaz, in- do glifosato. Por isso, incremente a
clusive em plantio direto, se na sua dose do glifosato em pelo menos 3
área o problema é com corda-de- a 3,5L quando associado a atrazina.
viola, ou outras plantas daninhas de
folhas largas e sementes grandes. No manejo outonal (de entressafra)
de buva com 2,4D é importante fi-
O isoxaflutole tem boa ação em car atento ao fato de que, nesse pe-
gramíneas, e algumas espécies da- ríodo, o 2,4 D não transloca muito
ninhas de folhas largas, mesmo so- e a planta daninha irá rebrotar, sen-
bre palha e com alguma estiagem. do necessário fazer controle com
Agora vamos para o controle após algum herbicida de contato em se-
a emergência da cultura e das plan- quência.
tas daninhas:

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 19


Métodos preventivos
no manejo de plantas
daninhas
O método preventivo evita a introdução, o estabe-
lecimento e a disseminação de novas espécies
de plantas daninhas. “Melhor
prevenir do que
E assim você não precisa “remediar” tanto, ou remediar”
seja, é possível reduzir as aplicações de herbici-
das já que as infestações serão menores com o
adequado manejo preventivo.
Para isso, algumas medidas são vitais:
Limpeza rigorosa de máquinas e implementos;
Manejo adequado das plantas daninhas, inclusive em cercas, beiras
de estradas, etc.;
Controlar as plantas daninhas no período de pousio;
Fazer a rotação de culturas e de herbicidas.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 20


Sistema de
plantio direto (SPD) no
controle de invasoras
O sistema plantio direto (SPD) contribui na O banco de se-
redução da germinação das plantas dani-
nhas e do banco de sementes do solo. mentes são as
O banco de sementes são as sementes de sementes de dani-
daninhas contidas no solo e que ainda es- nhas contidas no
tão viáveis. Em média, as sementes de inva- solo e que ainda
soras permanecem viáveis em solos cultiva-
dos por mais de cinco anos. estão viáveis. Em
A cobertura do solo impede que a maioria média, as semen-
dessas sementes germinem, virem plantas tes de invasoras
que produzam sementes e enriqueçam ain- permanecem viá-
da mais o banco de sementes. Tudo isso
proporciona um melhor controle de plantas veis em solos cul-
daninhas em pós-emergência. tivados por mais
Isso evita que algumas plantas invasoras, de cinco anos.
como a guanxuma, trapoeraba, erva-quente,
poaia-branca e buva causem problemas futuros.
Saiba todos os efeitos da palha nas sementes de plantas daninhas:
Efeitos Alelopáticos: muitas substâncias são liberadas pela palha e
impedem a germinação de sementes de plantas daninhas;
Efeitos Físicos: é preciso que a semente tenha reservas significativas
para conseguir transpor a palha, fazendo com que somente semen-
tes grandes germinem; com menos luz chegando ao solo, apenas as
sementes fotoblásticas negativas ou neutras (que germinam no es-
curo ou são indiferentes) conseguem germinar;
Efeitos Biológicos: degeneração das sementes por macro ou micro
-organismos do solo.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 21


Consórcio milho-
braquiária no manejo de
plantas daninhas
O consórcio do milho com a braquiária vem trazendo resultados positivos
para a cultura no manejo de plantas daninhas.
Mas alguns cuidados são necessários para que a braquiária não se torne
um problema na propriedade ou que se consiga o bom estabelecimento
dessa planta.
Algumas medidas são essenciais para isso, como:
Semear o milho antes da braquiária;
Semear a braquiária somente nas entrelinhas, onde há menor forne-
cimento de nutrientes;
Semeadura da braquiária em maior profundidade;
Aplicação de herbicidas a fim de parar o crescimento da braquiária.
Se atente também para o fato de que o tembotrione (muito conhecido co-
mercialmente como “Soberan”) tem efeito muito prejudicial para braquiá-
ria, fazendo com que essa planta não consiga se desenvolver e realmente
estabelecer o consórcio.
Porém, tenha precaução em situações de Saiba mais
estresse hídrico, já que a braquiária pode
ganhar vantagem competitiva e prejudicar
a produção de grãos de milho. 9 plantas daninhas re-
sistentes a herbicidas
Ademais, pelos estudos recentes, braquiá- (+3 livros e guias para
ria não tem substâncias alelopáticas que controlar)
prejudique o milho. Portanto, caso você te- Webinar: Debate sobre o
nha notado algum efeito negativo é mais uso dos mapas de pro-
provável que isso seja devido a competi- dutividade no Brasil
ção.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 22


O espectador
pergunta

Pedro Christoffoleti
responde
•••
Qual melhor forma de manejar o banco de sementes e qual sua importân-
cia?
O banco de sementes é resultante do balanço da entrada e saída de se-
mentes do solo e é extremamente importante. Em geral, parte significa-
tiva da infestação da área é proveniente de sementes do solo (banco de
sementes).
Para manejá-lo corretamente, devemos minimizar as entradas de semen-
tes no solo por “chuva de sementes” das plantas não controladas na área
e sementes trazidas pelas operações e insumos e sementes. Ou seja,
precisamos controle eficiente de todas as plantas daninhas da proprieda-
de, fazer limpeza rigorosa dos maquinários e comprar sementes de boa
qualidade.
Também podemos maximizar as retiradas de sementes do solo, estimu-
lando a germinação/emergência do banco de sementes.
O sistema de plantio direto é outra forma de manejar o banco de semen-
tes, já que a palha causa falha de germinação/emergência por fatores
físicos, alelopáticos e biológicos.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 23


•••
A formulação do glifosato pode influenciar no controle de plantas dani-
nhas na área?
Sim. Como o glifosato é um ácido fraco, ele precisa ser transformado em
sal, pela adição de uma base, sendo que o ácido formado pode influen-
ciar na eficácia
Diferenças na absorção e translocação do glifosato são o que proporcio-
nam as variações na eficácia. Os principais sais são:
• Diamômico: maior penetração na planta;
• Isopropilamina: absorção mais rápida que o diamônico;
• Potássico: menor evaporação da gota e com maior tempo de molha-
mento e maior resistência a chuva.
As formulações também podem conter adjuvantes. Cada adjuvante tem
um efeito dependendo da situação, mas todos visam melhorar a distribui-
ção da calda de pulverização na folha.

•••
Como fazer controle de amargoso em milho e em soja?
Na cultura da soja, em pré-plantio e com o amargoso antes da pereniza-
ção, é recomendado uma aplicação de inibidor da ACCase. Se o capim
-amargoso já estiver perenizado, faça aplicação sequencial, com a pri-
meira com inibidor da ACCase e a segunda com um produto de contato,
como o paraquat. Após a implantação da soja, pode utilizar herbicidas
pré-emergentes (como Spider ou Dual Gold) e pós-emergentes também
inibidores da ACCase.
No milho, o manejo em pré-plantio é o mesmo da cultura da soja, porém
com intervalo de 15 dias entre o graminicida e plantio de milho. Após a
implantação da cultura, uso de Soberan ou Callisto associados a atrazina
podem ser utilizados, enquanto que o nicosulfuron não tem boa eficácia
para capim-amargoso.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 24


•••
É possível fazer dessecação antecipada, com uma aplicação com Primes-
tra Gold (atrazina+s-metolaclor) e não fazer mais aplicações?
Se houver uma boa dessecação antecipada e sem plantas daninhas re-
sistentes, é possível fazer isso. Mas devemos sempre monitorar e verifi-
car se é necessário ou não outra aplicação.

•••
Como fazer controle de caruru?
O Amaranthus palmeri é um caruru resistente ao glifosato e aos inibido-
res da ALS que foi introduzido no Mato Grosso. Na cultura da soja o uso
de herbicidas auxínicos e inibidores da protox em pré-plantio e pós-emer-
gência é com certeza uma excelente alternativa
Em pré-plantio é recomendado o uso de herbicidas auxínicos (como 2,4D),
inibidores da protox (como flumioxazin e sulfentrazone), inibidores do fo-
tossistema II (Sencor), além dos herbicidas Dual Gold e trifluralina tam-
bém apresentarem boa eficácia.
Após a implantação da soja, inibidores da protox, como o lactofen e o fo-
mesafen, são os mais utilizados.
Há outras espécies de caruru de ocorrência natural no Brasil, sendo o
controle feito por aplicação de glifosato e inibidores da ALS, no entanto
para este último há diferenciação de controle entre as espécies.

•••
Em relação ao nicosulfuron, quantos dias se deve esperar para evitar a in-
toxicação das plantas por adubação nitrogenada no milho?
Para a adubação nitrogenada e aplicação de nicosulfuron os resultados
são bastante variáveis, desde sem efeitos na produtividade até efeitos
significativos.
Essa interação depende também do híbrido ou variedade e das condi-
ções climáticas. Assim, é prudente aguardar sete dias entre a adubação
nitrogenada e a aplicação de nicosulfuron

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 25


•••
Qual sua opinião sobre o uso de flumioxazin na pré-emergência da cultura
do milho?
É recomendado para a cultura do milho, na dose máxima de 80 g de pro-
duto comercial por hectare em condição de pré-emergência. No entanto,
demonstra efeito residual curto.
Tem sido bastante utilizado para o manejo de plantas daninhas difíceis
de controlar, como a erva-quente e poaia-branca. Apresenta também efei-
to sinérgico com glifosato, se tornando uma boa opção para dessecação.

•••
Quais as principais dicas para manejar a WEBINAR
braquiária em consórcio durante e logo
após a cultura do milho?
Semana da Pré-Safra:
Durante o desenvolvimento da cultura
Veja aqui essas e ou-
pode ser utilizado subdoses de Callisto + tras perguntas, além
atrazina. O nicosulfuron associado com a de um bate papo incrí-
atrazina também pode ser utilizado, porém vel com o Prof. Dr. Pe-
em doses mais baixas que para o controle dro Christoffoleti.
convencional.
O Soberan não é recomendado porque pre-
judica muito o desenvolvimento da braquiária.
Após a colheita do milho, o pastejo é a alternativa mais barata, podendo
também ser dessecado com glifosato para formação de palhada.

•••
Controle fazer o controle do capim-rabo-de-burro?
É uma planta daninha que tem causado problemas no Sul. Pode ser con-
trolada por glifosato, mas pelo fato de que sua folha é fina, a retenção
desse herbicida é dificultada, sendo necessário trabalhar com doses al-
tas de glifosato. Os herbicidas graminicidas, como cletodim, fluazifop,
entre outros também são recomendados.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 26


CAPÍTULO 3

Manejo de
Pragas

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 27


Manejo de Pragas
As pragas preocupam os produtores desde a semeadura até a colheita.
Elas podem devastar as lavouras e resultar na perda do trabalho de um
ano inteiro.
Esteja preparado para combatê-las com as informações a seguir:

Manejo Integrado
de Pragas (MIP)
Manejo Integrado de Pragas (MIP) surgiu na década de 1940 e voltou a
tona com as infestações intensas da lagarta Helicoverpa spp., demons-
trando que uma única ferramenta de controle não é sustentável ao longo
do tempo e pode até agravar a situação com o desenvolvimento de resis-
tência a inseticidas.
Devemos nos atentar ao MIP para que as Se você ainda não
perturbações agroecológicas sejam diminu-
ídas. Se você ainda não se convenceu sobre
se convenceu so-
a importância do MIP, pense nele como um bre a importân-
mecanismo para evitar a seleção de insetos cia do MIP, pense
resistentes.
nele como um
Atualmente não são muitas as opções para mecanismo para
as principais pragas das lavouras brasilei-
ras. Com o desenvolvimento da resistência, evitar a seleção
perdemos mais opções e o controle dessas de insetos resis-
pragas se torna difícil e ainda mais caro. tentes.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 28


MIP é conjunto de medidas (táticas) que visam manter as pragas abaixo
do nível de dano econômico. Ou seja, abaixo de um nível que a praga não
prejudique economicamente o produtor rural.
No MIP podemos usar inseticidas? Sim! No MIP utilizamos várias táticas
de manejo, sendo uma delas o controle químico, juntamente com contro-
le cultural, biológico, manejo ambiental, entre outros.
No entanto, o monitoramento é essencial para aplicação de inseticidas
dentro do MIP, porque assim sabemos onde e quando aplicar, fazendo
com que a aplicação seja muito mais eficiente e sem desperdícios de
produtos.
Agora temos as principais pragas de milho, sorgo e feijão e como comba-
tê-las:

Lagarta-do-cartucho
(Spodoptera frugiperda)
A lagarta-do-cartucho é um inseto polífago, ou Temos uma boa
seja, ataca inúmeras culturas. Mas no milho
e sorgo, é uma das principais pragas e pode opção de ma-
causar grandes prejuízos aos produtores, che- nejo que são as
gando até a 60% de perdas. variedades resis-
Hoje essa lagarta não age somente no cartu- tências a essa la-
cho do milho, mas também corta a base das garta, como a tec-
plantas e ataca a espiga do milho.
nologia Bt., mas
Temos uma boa opção de manejo que são as lembre-se que de-
variedades resistentes a essa lagarta, como
a tecnologia Bt., mas lembre-se que devemos vemos sempre fa-
sempre fazer área de refúgio para plantas Bt. zer área de refúgio
Se você não conhece muito bem sobre essa
prática clique aqui.
para plantas Bt.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 29


Adulto
(vários dias)

Ovos
As fêmeas vivem de 10 a 12 dias (3 - 5 dias)
e podem produzir 1000 ovos
Pupa
(7 - 13 dias)
Lagarta-do-cartucho
(Spodoptera frugiperda)

Larva Larvas
(14 - 22 dias) recém-nascidas
Ataque
ao milho

Nem sempre essa medida sozinha é suficiente. Por isso temos que pen-
sar no manejo do sistema como um todo, inclusive no manejo da entres-
safra, até porque essa praga é polífaga, o que permite sua sobrevivência
na área o ano todo.
Manejo: além das variedade resistentes, a principal forma de contro-
le da lagarta-do-cartucho é através da aplicação de inseticidas, po-
rém existe um importante inimigo natural dessa praga, a “tesourinha”
(Doru luteipes), que preda ovos e lagartas pequenas.

Lagarta-da-espiga
(Helicoverpa zea)
A lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea) é outra importante praga
do milho que também ataca o sorgo.
Manejo: o controle químico através de inseticidas para o manejo de
lagarta-da-espiga não é muito eficiente, já que a larva está protegida
na espiga. Uma das alternativas para o manejo é o controle biológi-
co, com o uso de parasitóides e predadores, como a tesourinha (Doru
luteipes) ou com Trichogramma que parasita os ovos da lagarta.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 30


Percevejo-barriga-verde
(Dichelops spp.)

O percevejo-barriga-verde era mais predominante na cultura de soja e hoje


está atacando o milho, demonstrando a adaptação das pragas às culturas.
Esse percevejo se adaptou principalmente ao milho 2ª safra (safrinha),
com sintomas de perfilhamento, podendo causar perdas de até 25%.
Manejo: tratamento de sementes e medidas gerais de controle.

Cigarrinha-do-milho
(Dalbulus maidis)

A cigarrinha-do-milho vem crescendo em muitas regiões do Brasil. Esse


inseto causa danos diretos pelo seu ataque e danos indiretos, já que é
vetor do enfezamento vermelho ou pálido.
Manejo: temos dificuldade de produtos para controlar, assim é melhor
o uso de variedades mais resistentes e época de plantio adequada.

Aspectos biológicos
da Praga Período ninfal
Dalbulus Maidis 15 a 17 dias

Período Ciclo biológico


embrionário 23 a 27 dias
8 a 10 anos

Adulto

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 31


Pulgão-do-milho
(Rhopalosiphum maidis)

O pulgão-do-milho é outra praga que vem crescendo em importância den-


tro da cultura do milho, podendo transmitir viroses, além dos danos dire-
tos pelo ataque desses insetos.
Manejo: escolha de variedades menos sensíveis e controle químico
de V4 até VT (pendoamento).

Helicoverpa armigera
Por fim, não podemos deixar de falar da Helicoverpa armigera. Essa
praga causou grande preocupação entre os produtores de soja, milho e
algodão.

Manejo: manejo integrado de pra-


gas, utilizando cultivares genetica- Saiba mais
mente modificadas que expressam
a toxina Bt, inseticidas biológicos e
químicos, que sejam seletivos aos Tudo o que você preci-
inimigos naturais. sa saber sobre Mane-
jo Integrado de Pragas
(MIP).

Webinar: Agrometeoro-
logia de precisão

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 32


Medidas gerais de
controle de pragas
É claro que as pragas tem suas particularidades, e você já
viu sobre elas ao decorrer do texto.
Mas há medidas fundamentais para combater todas essas
pragas:
Histórico e monitoramento das pragas na área;
Rotação de culturas;
Dessecação antecipada;
Tratamento de sementes;
Escolha da tecnologia Bt (fazendo sempre a área de re-
fúgio).
Tudo isso faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP),
que é indispensável para uma estratégia eficiente e menos
custosa no controle de pragas.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 33


O espectador
pergunta

Pedro Yamamoto
responde
•••
Qual é o melhor manejo de percevejo no milho?
Não existe receita pronta. No milho temos maiores problemas com per-
cevejo na 2ª safra, sendo importante fazer dessecação precoce do plan-
tio de cobertura para ir eliminando a praga. É importante também fazer
tratamento de sementes e aplicação de inseticidas quando necessário.

•••
Qual é o melhor manejo para lagarta-do-cartucho?
Tecnologia Bt ajuda bastante, diminuindo a incidência da praga. É essen-
cial fazer área de refúgio e manejar essa área, com monitoramentos, apli-
cação de inseticidas logo no começo de visualização de folhas raspadas,
além uso de Trichogramma spp. (controle biológico).

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 34


A aplicação noturna para lagarta-do-cartucho é mais eficiente?
Algumas coisas favorecem a aplicação noturna, como condições ambien-
tais, temperatura e maior umidade, sendo necessário verificar o aspecto
legal dessa prática. No entanto, com um bom manejo do sistema como
um todo, a aplicação pode ser de dia ou à noite.

•••
O consórcio milho e braquiária favorece a lagarta-do-cartucho?
As duas plantas são hospedeiras da praga, então pode ser que sim, já que
aumentamos o número de hospedeiros. Porém, tudo depende de um bom
manejo.

•••
Atualmente, os pousios são eficientes para quebrar o ciclo das pragas?
É muito relativo. Qual praga e qual a composição de plantas em sua re-
gião? Se pensarmos em pragas específicas (que atacam somente algu-
mas culturas) o pousio é uma prática efetiva. Se pensarmos em pragas
polífagas (como mosca-branca, lagarta-do-cartucho, etc.) o pousio não
será eficaz, já que as plantas da área, como áreas de preservação e plan-
tas daninhas, também podem ser hospedeiras desses insetos.

•••
Como fazer manejo da entressafra para reduzir a infestação das pragas na
lavoura?
Tem que ser feito levantamento populacional, com dessecação anteci-
pada e progressiva (com várias aplicações). Se a área estiver com alta
população de pragas, pode fazer a dessecação com inseticida. Existem
correntes que acreditam que nessa aplicação deveria ser utilizado inseti-
cidas de largo espectro, enquanto outras correntes acreditam que o ideal
é aplicação de inseticida de contato, para proteger os inimigos naturais.
Tudo isso vai depender da sua situação na propriedade.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 35


O melhor manejo para cigarrinha do milho é o manejo integrado como um
todo?
Sim. Na verdade, para todas as pragas é o melhor e mais eficiente ma-
nejo, sendo que para esse inseto em específico o uso de variedades me-
nos suscetíveis ao seu ataque é recomendado como um dos métodos de
controle.

•••
As geadas têm efeito de controle para mos- WEBINAR
ca branca na região Sul do país?
Todas as pragas que ocorrem na nature- Semana da Pré-Safra:
za, em um período mais frio reduzem sua Falamos aqui sobre
população, mas não somem. o manejo de pragas
com o Prof. Dr. Pedro
Yamamoto, onde ele
•••
também tirou dúvidas
Em áreas com ocorrência de viroses trans- dos espectadores.
mitidas por insetos vetores, a tolerância
quanto à população desses insetos deve
ser menor?
Sim, a tolerância deve ser quase zero.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 36


CAPÍTULO 4

Manejo de
DOENÇAS

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 37


Manejo de Doenças
Muitas doenças podem provocar danos em sua lavoura de 50%, 60%, che-
gando até 100%. A redução desses danos começa com o conhecimento
das doenças da sua lavoura e como combatê-las.
Para que uma planta fique doente é necessário que a planta seja suscetí-
vel, o ambiente favorável, especialmente temperatura e umidade, ou seja,
água livre na superfície da folha, e que tenhamos a presença do agente
causal da doença (patogênico). Esses três fatores formam o triângulo da
doença:

TRIÂNGULO DA DOENÇA

AGENTE AMBIENTE
PATOGÊNICO Condições que
Infecciosidade, favorecem a doença
abundância etc

PLANTA
Condições que favorecem
a susceptabilidade à doença

Uma planta doente resulta em danos, que variam pelo patógeno ambien-
te e planta atacada, mas pode chegar até perda total: 100% da lavoura
pode ser perdida por doenças.
Para você evitar essas perdas, conheça as principais doenças de milho,
sorgo e feijão:

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 38


Cercosporiose ou
mancha de cercospora
Esta doença no milho é causada por três espécies de fungos Cercospora
zea-maydis, C. zeina e C. sorghi sp. maydis.
Em cultivares suscetíveis, a doença pode provocar perdas superiores a 80%.
A cercosporiose no sorgo é causada pelo fungo C. sorghi, que, como já
citamos, pode causar essa doença também no milho.
Os sintomas ocorrem nas folhas com lesões paralelas às nervuras. A cor
das lesões inicialmente varia de verde a marrom. Quando em condições
de alta umidade, as folhas ficam cobertas de esporos, adquirindo colora-
ção cinza.

Ferrugens na
cultura do milho
Há três ferrugens que podem atacar a cultura do milho:
Ferrugem comum (Puccinia sorghi);
Ferrugem polysora (Puccinia polysora);
Ferrugem tropical ou branca (Physopella zeae).
Dessas três, a ferrugem polysora pode ser considerada a mais agressiva
e destrutiva, podendo ter perdas de até 65%.
A principal medida de controle para as ferrugens no milho é o plantio de
híbridos resistentes.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 39


Condições ambientais
Doença Sintomas
favoráveis

Manchas elípticas e alon-


Baixas temperaturas
Ferrugem gadas em ambas as fa-
e alta umidade rela-
Comum ces; esporos de cor mar-
tiva do ar (UR)
rom-canela

Temperaturas mais
Manchas pequenas, circu- elevadas, e menos
Ferrugem
lares a elípticas, com cor dependente da umi-
Polysora
amarelo dourado dade do ar que a fer-
rugem comum

Pequenos grupos de man-


Ferrugem chas paralelas às nervu- Ambiente úmido e
Tropical ras; esbranquiçadas, ama- quente
reladas ou castanhas

Ferrugem do sorgo
(Puccinia purpura)

Essa é a ferrugem causada por Puccinia purpura, que é uma espécie de


fungo diferente daqueles que causam ferrugens na cultura do milho.
Recomenda-se também o uso de cultivares resistentes, sementes sadias
e devidamente tratadas, rotação de culturas e a eliminação de plantas
hospedeiras.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 40


Antracnose
(Colletotrichum graminicola)

O fungo que causa a antracnose é o Colletotrichum graminicola. Essa do-


ença pode trazer perdas de até 40% na produção e pode atacar várias
culturas, como milho, sorgo e feijão.
Esse fungo pode atacar qualquer parte da planta, se tornando mais im-
portante quando ataca as folhas (antracnose foliar) e o colmo (antracno-
se do colmo).
E como você pode identificar esta doença nas
plantas de milho? Os sintomas são: A antracnose
Nas folhas formam lesões necróticas, apresenta maio-
arredondadas a alongadas de colora- res problemas em
ção castanha; áreas que realizam o
plantio direto, por au-
No colmo são lesões estreitas com mentar o inóculo na
coloração castanha, os tecidos inter- sua lavoura.
nos ficam escuros (desintegração).

Enfezamento
(Candidatus Phytoplasma asteris)

Causado por fitoplasma (Candidatus Phytoplasma asteris), ocasiona pro-


blemas na cultura do milho e há dois tipos: enfezamento vermelho e en-
fezamento pálido.
Os sintomas característicos dessa doença são a redução no desenvol-
vimento da planta, e surgimento de manchas nas folhas do milho de cor
vermelha no enfezamento vermelho, e de cor amarelada no enfezamento
pálido.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 41


Fazer o controle do vetor (cigarrinha-do-milho) é a principal medida para
essa doença. Você pode conferir como realizar o manejo da cigarrinha na
parte de pragas desse Ebook.

Doença Açucarada ou Ergot


(Claviceps africana/ Sphacelia sorghi)

Essa doença tem afetado bastante a produção comercial e de sementes


de sorgo, com sintomas bastante característicos de gotas de solução
açucarada que aparecem na panícula da planta.
Para o controle, é interessante:

Uso de híbridos altamente produ-


tores de pólen;
Evitar cultivo em regiões ou épocas
frias;
Rotação de culturas;
Eliminar hospedeiros alternativos
(capim-massambará, espécies de
sorgo).
Para produção de sementes híbridas
pode ser feito também a utilização adi-
cional de fungicidas nas plantas macho
-estéreis.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 42


Doenças na cultura
do Feijão
Principais doenças que ocasionam podridões radiculares nas plantas de
feijão:
Podridão radicular seca (Fusarium solani f. sp. phaseoli);
Podridão cinzenta do caule (Macrophomina phaseolina) ;
Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum f.sp. phaseoli).

Principais doenças da parte aérea:


Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum);
Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum);
Mancha angular (Pseudocercospora griseola);
Murcha de Curtobacterium (Curtobacterium flaccumfaciens pv. flac-
cumfaciens);
Mosaico dourado (“Bean golden mo-
saic virus” - BGMV): problema espe- Saiba mais
cialmente no cultivo de inverno.
Para todas essas doenças recomenda- Se prepare na pré-safra:
se uso de cultivares menos sensíveis às Como combater as prin-
cipais doenças de milho,
principais doenças da sua região, além
feijão e sorgo
do uso de fungicidas inclusive no trata-
mento de sementes. O uso de sementes Webinar: Agroclimato-
sadias e o manejo adequado da cultura logia no monitoramento
também são fundamentais para o contro- fitossanitário
le dessas doenças.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 43


Medidas gerais de
controle de DOENÇAS
Algumas medidas precisam ser tomadas dentro das cultu-
ras para que o controle das doenças seja alcançado de for-
ma eficiente:
Cultivares resistentes e rotação desses cultivares, já que
sem a rotação podemos perder a eficiência dessas tec-
nologias;
Cultivares menos suscetíveis às doenças da sua região;
Utilização de fungicidas foliares;
Fungicidas no tratamento de sementes;
Rotação de culturas com espécies não hospedeiras com
doenças problemáticas na área;
Adubação equilibrada;
Utilizar a população de plantas adequada;
Irrigação adequada;
Manejo correto de pragas e plantas daninhas.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 44


O espectador
pergunta

José Otávio Menten


responde
•••
A aplicação de triazol no estádio vegetativo em feijão favorece o engalha-
mento?
Quando o feijão está com vegetação intensa podemos aplicar triazóis
na pré-floração, assim há estímulo para formação de mais flores e, con-
sequentemente, maior produção. O que devemos evitar é a aplicação de
triazóis após a floração.

•••
Quais as principais dicas de como fazer controle preventivo de doenças
em milho?
A escolha do cultivar adequado para uma região é muito importante tan-
to a primeira como na segunda safra. Conheça o histórico de doenças,
buscando materiais que tenham bons níveis de resistência a maior parte
dessas doenças de maior frequência na sua propriedade. Outro aspecto
essencial é o tratamento de semente com produtos corretos, além de se
fazer um estande com número de plantas por hectare adequado para que
não haja um microclima favorável para o desenvolvimento de doenças.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 45


•••
Qual o melhor manejo para antracnose na cultura do milho?
A antracnose é uma doença cujo o patógeno é transportado por semente.
Assim, é sempre importante escolher um cultivar que tem um bom nível
de resistência e fazer o tratamento de sementes. É necessário fazer o
monitoramento dessa doença na cultura e, caso necessário, aplicação
de fungicida de amplo espectro, seguindo sempre as recomendações de
produtos do Ministério da Agricultura.

•••
A antracnose afeta até que estádio da cultura de milho?
Nós devemos tomar cuidado durante todo ciclo porque esse é um pató-
geno que além de se estabelecer nas folhas, onde os sintomas são mais
evidentes, pode se estabelecer no colmo, causando a queda um tomba-
mento de plantas, e também nas espigas.

•••
Qual o melhor manejo para combater fer-
rugem-asiática da soja?
Nós devemos fazer o manejo integrado,
sempre procurando realizar a semeadura
o mais cedo possível, evitando uma se-
meadura tardia, quando há uma grande
quantidade de inóculo proveniente das
culturas que foram plantadas mais cedo.
Fazer o vazio sanitário é uma das manei-
ras mais eficientes para baixar o potencial
de inóculo, além de cuidar da eliminação
dos hospedeiros alternativos. Uma das
medidas mais importantes é a escolha de
cultivares, procurando cultivares menos
suscetíveis, embora infelizmente nós não
tenhamos muitos cultivares com bom ní-
vel de resistência.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 46


É importante a aplicação de fungicidas de forma preventiva, ou seja, antes
mesmo de aparecimento da primeira pústula e levando em consideração
as condições climáticas observações das lavouras ao redor.
Essa aplicação geralmente é feita no estádio vegetativo da soja. Se a
aplicação for feita somente após o surgimento dos primeiros sintomas é
importante utilizar um fungicida curativo (sistêmico).

•••
Em regiões com grande período de chuvas frequentes como fazer o mane-
jo de doenças?
Com o excesso de chuva temos pelo menos dois problemas muito sé-
rios. O primeiro é que isso cria uma condição extremamente favorável ao
desenvolvimento dos patógenos que, via de regra, precisam de água livre
para sua infecção.
O outro problema das chuvas frequentes é a retirada (lavagem) de produ-
tos produtos fungicidas que são aplicados. Então, se o agricultor estiver
em um período de muita chuva, ele deve acompanhar com bastante rigor
as previsões das condições climáticas.
WEBINAR

Semana da Pré-Safra:

Nosso bate papo com


Prof. Dr. Menten ex-
plicando ainda mais
sobre o manejo de do-
enças está disponível
aqui.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 47


CAPÍTULO 5

COMPRA DE
INSUMOS

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 48


Compra de Insumos
Quando está chegando a hora de começar mais um ciclo de cultivo, co-
meçam as dúvidas para elaborar sua lista de compra de insumos.
Aqui explicamos tudo o que você precisa prestar atenção nesse momen-
to!

Calagem:
como fazer o cálculo
Uma boa correção do solo faz muita diferença. Na cultura do milho, por
exemplo, a produtividade pode aumentar em até 50% com correção ade-
quada do solo.
A partir dos resultados da análise química do solo determina-se a quanti-
dade de calcário necessária para se elevar a saturação por bases (V%) a
um valor considerado ideal.
Em geral o V deve ser elevado para em torno de 60%, porém, este valor
pode variar em função da cultura e da região do Brasil. Para o cerrado,
pensando em uma lavoura de soja, o valor de V deve ser elevado por volta
de 60%. Para lavouras do Paraná e São Paulo, entre 60 e 70%.
A Necessidade de Calagem (NC) pode ser calculada levando em conta as
análises de solo. Confira como fazer na imagem a seguir:

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 49


Cálculo da Necessidade de Calagem (NC)

NC = _________________
[ (V2-V1) x T x f ]
100

NC = Necessidade de Calagem em toneladas por hectare


V1 = % por saturação de bases encontrado na análise do solo
V2= % por saturação de bases que se deseja (normalmente 60 a 70%)
T = CTC (capacidade de troca de cátions) a pH 7,0
f = 100/PRNT do calcário que será utilizado

EXEMPLO:

pH M.O. P K Ca Mg H+Al SB CTC V m


(CaCl2) (g dm-3) (mg dm-3) (cmolc dm-3) %
5,1 21 22 0,4 2,6 0,7 11,3 3,7 15 25 5

Considerando PRNT do calcário de 80%

NC = [ (60-25) x 15 x (100/80) ]
_________________________
100
NC = 6,6 t/ha de calcário

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 50


Recomendação de calcário feito na InCeres.

O que é PRNT?
Esta é a sigla para Poder Relativo de Neutralização Total, do calcário a
ser utilizado. O PRNT é uma medida de qualidade dos corretivos. Quanto
maior o PRNT, mais rápida é a reação do calcário no solo.
Contudo as recomendações de calagem são baseadas em PRNT 100%,
a dose a ser aplicada deve ser corrigida com base no PRNT do material
disponível.
Dose a ser aplicada (t/ha) = Recomendação (t/ha) x 100/PRNT

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 51


Por exemplo, com base na sua análise de solo, você chegou a uma reco-
mendação de 2 t ha-1, e o calcário a ser utilizado tem um PRNT de 85%.
• Dose a ser aplicada (t/ha) = Recomendação (t/ha) x 100/PRNT
• Dose a ser aplicada (t ha-1) = 2 t/ha x 100/85
• Dose a ser aplicada (t ha-1) = 2,35 t/ha

Qual calcário utilizar?


Os calcários que contém até 5% de MgO são denominados calcíticos, os
que apresentam entre 5 a 12% são denominados de magnesianos; e su-
perior a 12% são chamados de dolomíticos.
Em solos com deficiência de Mg, como por exemplo os solos do cerrado,
recomenda-se utilizar calcário dolomítico ou magnesiano.
Além disso, voltamos ao PRNT. Quanto maior o PRNT, menos calcário
você precisa aplicar.

Qual a melhor a época


de aplicação?
Para que o calcário cumpra o papel de corrigir a acidez é preciso que a
calagem seja realizada antes da semeadura da sua lavoura de verão.
Em geral, as recomendações são de 2 a 3 meses antes do plantio. O im-
portante é que o solo esteja em boas condições de umidade.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 52


No cerrado a calagem deve ser realizada antes do fim da estação chu-
vosa, assim haverá tempo do calcário reagir no solo antes do plantio da
próxima safra.
Importante lembrar que em áreas de plantio direto a calagem é realizada
em superfície, então antes de iniciar esse sistema é fundamental corrigir
a acidez em profundidade.

Gessagem
O gesso agrícola é um subproduto da fabricação de fertilizantes fosfata-
dos, constituído por cálcio, enxofre, fósforo e flúor.
Pode ser utilizado como um melhorador do
ambiente radicular no perfil do solo, mas é
importante lembrar que o gesso não corrige O gesso fornece
acidez!
principalmente
O gesso fornece principalmente cálcio e en- cálcio e enxofre, e
xofre, além de reduzir a quantidade de alu-
mínio tóxico das camadas mais profundas reduz a quantida-
do solo. Mas quando você deve realizar a de de alumínio tó-
gessagem? xico das camadas
Em geral, esse insumo deve ser aplicado mais profundas
quando análise de solo indicar, na camada
de 20-40 cm, saturação por alumínio maior
do solo.
que 20%. Também deve ser aplicado quando
o teor de cálcio for menor que 0,5 cmolcdm-3.
A aplicação ainda possui efeito residual, cerca de 5 anos! A gessagem
vai proporcionar um maior desenvolvimento radicular das plantas de soja
ou milho, e assim uma maior absorção de água e nutrientes.
Outro ponto importante aplicação de gesso pode ser realizada de manei-
ra simultânea com a calagem, sem interferências negativas na correção
da acidez.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 53


Defensivos agrícolas:
quais comprar?
Para saber quais defensivos agrícolas
comprar é preciso conhecer sua área por Saiba mais
meio do monitoramento e histórico.
O monitoramento é simplesmente ir para Esteja preparado e não
o campo e ver o que está acontecendo. se engane na pré-safra:
Você com certeza já faz isso, mas é pre- saiba quais corretivos
ciso fazer com uma certa frequência e re- utilizar
gistrar o que você encontra.
Webinar: Acidez do solo
Os registros dos monitoramentos das sa- e seu impacto na produ-
fras passadas resultarão no histórico da ção agrícola
sua propriedade.

Monitoramento georreferenciado de pragas feito no AEGRO.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 54


Por isso que para saber na pré-safra o que utilizar e quanto utilizar, você
verifica o histórico da área, já que não há cultura para fazer o monitora-
mento.
Com o registro de monitoramentos anterio-
res (histórico da área) você tem certeza de
quais produtos precisa. Com as observa-
Lembre-se que
ções sobre o nível de infestação das in-
você deve consul-
vasoras, insetos ou doenças, também é
tar um engenheiro(a)
possível estimar a dose que será usada.
agrônomo(a) para a
O motivo disso é que os problemas de correta utilização dos
uma safra provavelmente serão os mes- defensivos agríco-
mos problemas do seu próximo cultivo. las.
Isso ocorre especialmente se for a mesma
cultura.

Saiba mais

Tudo o que você precisa


saber sobre resistências
a defensivos agrícolas

Webinar: Mapas de pro-


dutividade em grãos, ce-
reais e fibras

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 55


O espectador
pergunta

Carlos Eduardo *

responde
•••
Qual o melhor manejo para solos salino-sódicos?
A melhor estratégia para diminuir o sódio no solo é lavar o solo, mas co-
mercialmente não é viável fazer isso. Assim, podemos utilizar o gesso
agrícola que vai diminuir o sódio e ainda fornecer cálcio, o que favorece a
CTC do solo.

•••
Como fazer adubação de origem animal na soja?
A adubação de origem animal é uma linha da adubação orgânica, em que
precisamos saber a quantidade de nutrientes, matéria seca e índices de
conversão. Isso porque, cada adubo de origem animal tem suas caracte-
rísticas a depender do tipo de animal e qual foi sua alimentação. Sabendo
esses parâmetros e do que o solo precisa, podemos conhecer a dose a
ser aplicada desse adubo.

•••
* Farmer’s Consultoria

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 56


Qual a melhor maneira de saber a dose de calagem e seu parcelamento?
Para saber a dose é preciso fazer amostragem de solo de maneira estrati-
ficada. A Farmer’s Consultoria recomenda a amostragem do solo nas pro-
fundidades: 0-10cm; 10-20cm e 20-40cm. Para o cálculo de calagem no
Sul do país consideramos o V%, elevando esse parâmetro para 60 a 70%,
e respeitando o equilíbrio de cálcio, magnésio e potássio na CTC do solo.
Quanto ao parcelamento, vai depender muito mais do orçamento, sendo
o parcelado a dose de calcário para diluir os custos em mais safras.

•••
Com quantos meses de antecedência é preciso fazer a calagem para que
essa prática seja efetiva na safra?
Para a prática ser efetiva na safra devemos entender melhor alguns fa-
tores do calcário, especialmente o PRNT e seu poder residual. Quanto
maior o valor de PRNT, mais rápida será a correção do solo. Se o efeito
residual for longo, o efeito da calagem irá demorar mais a aparecer, mas
será mais duradouro.

••• WEBINAR
Qual o melhor grid de amostragem?
Semana da Pré-Safra:
O grid de amostragem será definido pe-
los fatores que queremos levantar no A Farmer’s consultoria
nosso solo. Por exemplo, o fósforo tem conversou com a gen-
uma baixa repetibilidade, ou seja, o va- te sobre a compra de
lor dele varia muito de um ponto para insumos e você pode
conferir esse bate
outro. Assim, para o fósforo, o grid tem
papo aqui.
que melhorar nossa precisão, fazendo
maior número de amostras.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 57


Qual é o manejo recomendado para área de soja infestada com nematói-
des?
O melhor manejo é a rotação de culturas com espécies que tenham fa-
tor de reprodução menor que 1. O fator menor que 1 demonstra que o
nematóide tem dificuldade de hospedar aquela planta. Cada espécie de
nematóide tem um índice de reprodução em cada espécie de planta, por
isso precisamos saber quais espécies de nematóides temos nos talhões
e relacioná-los com as espécies de adubação verde.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 58


CAPÍTULO 6

Agricultura
Digital

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 59


Agricultura Digital
À primeira vista pode até parecer que a agricultura é total-
mente tradicional, mas a verdade é que os agricultores sem-
pre abraçaram a tecnologia, revolucionando continuamente
sua forma de cultivo.
O uso de tecnologia Bt, sementes com resistência a herbici-
das, a utilização de defensivos agrícolas, e até mesmo o sis-
tema de plantio direto são provas de tecnologias que revolu-
cionaram a agricultura do mundo inteiro.
Hoje a tecnologia toma a forma de “agricultura digital”, utili-
zando a Tecnologia da Informação (TI) e das comunicações
digitais para mudar a forma de fazer as operações agrícolas
e gerenciar a fazenda.
A Agricultura de Precisão (AP) entra nesse contexto transfor-
mando as operações agrícolas, especialmente o uso de in-
sumos. Não precisamos mais aplicar a mesma dose de um
fertilizante, corretivo ou defensivo agrícola. A AP permite que
a aplicação somente do que é necessário em cada pequeno
pedaço de nossa propriedade, evitando desperdícios.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 60


Com mapas de fertilidade, de compactação de subsolo e de produtividade
o produtor consegue ver com clareza onde estão os problemas e quais os
prováveis motivos para que eles ocorram. A AP também está embarcada
nos tratores, facilitando e resultando em maior eficiência das operações
de plantio e colheita.
A gestão agrícola na agricultura digital coloca os números da sua fazen-
da literalmente na palma da sua mão e com alguns cliques. Não apenas
isso, análises de custos e ponto de equilíbrio, que antes demoravam se-
manas para serem levantados, hoje podem ser verificadas diariamente.
Isso também evita gastos desnecessários, sendo decisivo para aumentar
a rentabilidade e segurança nas tomadas de decisões.
A organização financeira básica e próxima do seu planejamento agrícola
já resulta em uma gestão melhor, trazendo melhores resultados para a fa-
zenda em todos os aspectos, especialmente de produção e rentabilidade.

O AEGRO nasceu para dar agilidade aos


produtores e consultores, permitindo uma Hoje, muitos apli-
visão através dos anos, analisando os cus- cativos (como
tos (custo de produção por talhão, ponto de
equilíbrio, etc), analisando as aplicações, o AEGRO e InCeres)
acompanhamento das operações agrícolas, podem funcionar
o monitoramento de pragas, e outros.
offline (sem cone-
Isso possibilita a visualização do sistema xão internet) e os
global, uma visão “de cima” para que a ge-
rência realmente tenha o controle do negó-
dados coletados
cio e segurança na tomada de decisão. irão sincronizar
InCeres é uma plataforma online para Agri-
assim que você vá
cultura de Precisão e manejo da lavoura que a algum lugar com
reúne agilidade e facilidade de uso com um internet, como a
sistema sofisticado de gerenciamento de da-
dos. sede da fazenda,
por exemplo.
Com essa plataforma é possível ver mapas
de recomendação, sem demora no processa-
mento de dados e geração de relatórios. Tudo isso é concebido por uma
sólida base geoestatística e profundos conhecimentos agronômicos.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 61


Hoje, muitos aplicativos (como AEGRO e InCeres) podem funcionar offli-
ne (sem conexão internet) e os dados coletados irão sincronizar assim
que você vá a algum lugar com internet, como a sede da fazenda, por
exemplo.
Você pode perceber que a agricultura digital não veio para ser um arma-
zenador digital de dados. Essa informação tem que funcionar a favor do
produtor e da agricultura.
A agricultura digital veio para trazer informações de forma simples e cla-
ra para o produtor poder trabalhar e tomar decisões seguras baseados
nesses dados reais e precisos. E isso poderá se traduzir em maior pro-
dutividade e rentabilidade.

Saiba mais

Como fazer administra-


ção rural com essas 3
ferramentas mesmo não
sabendo nada de tecno-
logia

Webinar: Comprei um
drone e agora?

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 62


O espectador
pergunta

Pedro Dusso e *

Ricardo Nardon **

responde
•••
Quero trabalhar com tecnologia na minha plantação e não sei por onde
começar. Qual o primeiro passo?
Quando me perguntam sobre isso sempre penso no caso da aspirina:
ninguém vai tomar uma aspirina se não tiver dor de cabeça. A tecnologia
veio para resolver uma “dor” (problema) dentro do processo produtivo.
Conheça sua propriedade e encontre os principais problemas, para então
escolher a tecnologia que realmente irá te ajudar.

•••
Em tipo de tecnologia devo direcionar meus próximos investimentos como
produtor rural?
Uma das principais tecnologias que podemos investir hoje na lavoura e
uma das necessidade mais básicas é um sistema de gestão agrícola. To-

* AEGRO
** InCeres

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 63


dos precisamos controlar o caixa, controlar os estoques e coordenar as
operações agrícolas. Isso vai manter sua equipe trabalhando integrada,
com recursos financeiros consolidados, clareza nas operações agrícolas,
controle do estoque, entre outros que darão controle do seu negócio e
segurança nas tomadas de decisões.

•••
Como a agricultura digital pode de fato ajudar a aumentar minha produti-
vidade?
Com a agricultura digital podemos ter uma visão muito mais inteligente
da fazenda, sabendo quais talhões precisam de mais insumos, os proble-
mas específicos de cada área, com todos os dados facilmente acessíveis,
etc. Além do mais, tudo isso agiliza as decisões triviais e o produtor fica
com mais tempo para as decisões mais complexas e estratégicas.

•••
Como a Agricultura de Precisão pode ajudar minha lavoura e meus negó-
cios?
A Agricultura de Precisão é um sistema de manejo que auxilia o produtor
a minimizar riscos da atividade agrícola, facilitando a tomada de decisão,
sendo possível visualizar a resposta real da cultura frente ao manejo utili-
zado, identificação de zonas mais produtivas e as áreas limitantes a pro-
dução. Todos esses fatores colaboram com o produtor na gestão mais
eficiente da fazenda.

•••
Sou recém-formado e presto consultoria para alguns clientes. O que a tec-
nologia pode agregar para meu empreendimento?
A tecnologia pode ajudar a você a poupar tempo e aumentar a lucrativi-
dade, isso porque otimiza a capacidade de processamento de dados, tor-
nando seus dados mais acessíveis e de fácil compreensão, o que resulta
em maior qualidade dos seus serviços prestados.

•••

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 64


Como a tecnologia pode tornar minha lavoura mais sustentável?
Um dos principais benefícios do uso da tecnologia, especialmente da
Agricultura de Precisão, está no aumento da eficiência na utilização dos
insumos, resultando em sustentabilidade do negócio e do meio ambiente.

WEBINAR

Semana da Pré-Safra:

Pedro e Ricardo dis-


cutiram sobre a agri-
cultura digital e como
ela pode te ajudar na
lavoura, além das ten-
dências para a tecno-
logia do campo. Você
pode essa conversa
aqui.

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 65


CONCLUSÃO
Se preparar para a safra é algo que devemos fazer para a ob-
tenção de bons resultados. É nesse período que você vai re-
ver o que fez nas últimas safras, avaliando o que deu certo e
o que deu errado.
É nesse período também que podemos saber o que há de
novo em termos de manejo da lavoura e de tecnologia para
continuar com alta competitividade e rentabilidade.
Assim vamos melhorando o nosso negócio: a fazenda, permi-
tindo que a lavoura continue sustentando a nossa família.
Aqui você viu o que grandes especialistas recomendam e pen-
sam sobre altas produtividades; manejo de plantas daninhas,
pragas e doenças; compra de insumos e como a agricultura
digital pode te ajudar na lavoura.
Se beneficie de toda essa informação colocando em práticas
essas dicas incríveis, reveja esse Ebook sempre que precisar
e... boa safra!

Guia da Pré-Safra: como se preparar para seu próximo cultivo 66


Planeje a sua
melhor safra com o

CONHEÇA O AEGRO

Você também pode gostar